terça-feira, 29 de maio de 2018

Sobre o consumismo e o uso abusivo de smartphones.


Resultado de imagen para smartphone uso excessivo imagensO Metrô estava cheio e as duas moças tagarelas não se importunavam com a audiência. E eu, que nunca perco a alma e a escuta de jornalista, prestei atenção e pesquei uma chance de refletir com vocês sobre consumismo e sobre o uso dos celulares. Vejam só:

– Cara, estou uma pilha de nervos. Você nem vai acreditar o que aconteceu.

– Não sei, mas pelo seu jeito...

– Meu filho, simplesmente, mexeu no meu celular de tal jeito que bloqueou!! Não posso ver nada nem mandar nada para ninguém. Um inferno! Até chorei hoje no trabalho por causa disso..

– Ah, se acontecesse comigo também eu ia me desesperar. Deus me livre! Mas você deixa o garoto pegar no celular?

– O que eu posso fazer? Ele também é viciado, que nem eu (risos)... Tem dois anos de idade, mas já sabe mexer em tudo. Só que às vezes dá ruim.

– E agora? O que você vai fazer?

– Vou descer numa estação antes da minha porque tem uma loja lá que talvez conserte. Se não consertar, vou me endividar outra vez e compro outro. Ah, sem celular é que eu não fico mesmo, já pensou?

Minha estação chegou antes, tive que abandonar a história. Mas não é muito difícil saber que o fim é mesmo aquele que a moça de aparência modesta, talvez pertencente à classe D, profetizou: mais dívidas, menos dinheiro sobrando no fim do mês de um parco salário. Em nome de quê?

Que pena que não pude conversar um pouco. Curiosidade de saber o que leva uma pessoa a ficar nervosa, a ponto de chorar, pela falta de um aparelho celular. Mas acho que já sei a resposta: vício, simples assim. Além de um consumismo extremo, às avessas, indiferente à crise econômica, ao desemprego, à falta de perspectiva. Quero deixar claro que isto não é um julgamento, e sim uma possibilidade de se pensar sobre a realidade.

Mas leio no “The Guardian” que tal vício já foi detectado até pelo Google, que prontamente se propôs a nos ajudar contra isso. Com o objetivo de melhorar nosso “bem-estar-digital”, o site está lançando uma série de recursos, entre eles um aplicativo que funcionará como uma espécie de painel, informando rapidamente como - e com que frequência – a pessoa usa o telefone.

“Ele permitirá que você defina limites de tempo por meio de um cronômetro de aplicativos e avise quando estiver usando por muito tempo”, explica o jornalista Matt Haig no artigo para o jornal britânico.

O jornalista se questiona até que ponto se pode apostar na eficácia de uma medida que usa mais tecnologia para combater o abuso da tecnologia. E completa:

“É irônico uma empresa que alimenta nosso vício em tecnologia nos dizer que ela é a chave para nos livrar dela. Isso funciona como um bom programa de marketing  e antecipa qualquer crítica futura à irresponsabilidade corporativa”.

De qualquer forma, prefiro também trazer a reflexão para a nossa medida de responsabilidade nisso. Não me parece razoável, embora tenha muito medo de julgar, que uma moça aparentemente de baixo poder aquisitivo se esforce tanto para obter algo que não vai ser definitivo para ajudá-la a respirar. Afinal, viver não é o propósito final? E sei que não se trata de um caso único, nem mesmo raro.

Uma pesquisa publicada há dois anos pelo Centro de Pesquisas Pew pode explicar bem a complexidade dessa era da interconexão à custa da tecnologia. Não é recente, mas vale a pena ser revisitada, porque colabora com a reflexão à qual estou me propondo.

O estudo, conduzido em 40 países, entrevistou 45.435 pessoas e concluiu que houve um aumento, considerado “notável” pelos pesquisadores, na porcentagem de pessoas em países emergentes que dizem estar conectadas e ter um smartphone.

“Em 2013, uma média de 45% de moradores de 21 países emergentes e em desenvolvimento relataram usar a internet pelo menos ocasionalmente, ou possuir um smartphone. Em 2015, esse número subiu para 54%, com grande parte desse aumento vindo de grandes economias emergentes, como Malásia, Brasil e China. Em comparação, uma média de 87% usam a Internet em 11 economias avançadas pesquisadas em 2015, incluindo EUA e Canadá, grandes nações da Europa Ocidental, países do Pacífico desenvolvidos (Austrália, Japão e Coréia do Sul) e Israel.”

Quando a pergunta feita era apenas sobre se a pessoa tinha ou não um smartphone, a diferença entre os países emergentes e os países ricos ficou na faixa de 31 pontos apenas.

“Os índices de propriedade de smartphones em países emergentes e em desenvolvimento estão aumentando extraordinariamente, passando de uma média de 21% em 2013 para 37% em 2015. E maiorias esmagadoras em quase todas as nações pesquisadas relatam possuir alguma forma de dispositivo móvel, mesmo que elas não sejam consideradas ‘smartphones’”, revelam os pesquisadores.

Quanto ao uso que fazem dos dispositivos, a conclusão é direta: “Usuários da Internet em países emergentes são usuários mais frequentes de redes sociais em comparação com os EUA e a Europa”. E os maiores seguidores de redes sociais estão no Oriente Médio (86%), na América Latina (82%) e na África (76%). Nos Estados Unidos este percentual é de 71% e em seis países europeus é de 65%.

O perfil daqueles que usam mais a internet é o de pessoas com mais escolaridade e de renda mais alta, tanto nos países desenvolvidos quanto nos pobres. A idade gira entre 18 e 34 anos.

Fico por aqui. Sem muitas chances de desenvolver o pensamento, lembro-me bem de observar, quando tive chance de viajar para outros países, diferenças  fundamentais nos usuários do Metrô. Há a maioria que lê livros e há a maioria que gruda os olhos em telas de smartphones. O que interessa para as empresas que produzem esses dispositivos, claro, é ver todo mundo usando. Mas, será mesmo que é progresso aquilo que trazem?

Greve dos caminhoneiros expõe o desperdício de alimentos

 Desperdício de alimentos no Ceasa (Foto: Amelia Gonzalez/G1)




O desperdício de alimentos se tornou pauta obrigatória durante esta greve (seria melhor dizer locaute?) dos caminhoneiros. Mesmo que tudo terminasse agora, mesmo que os caminhões passassem a circular livremente a partir do minuto seguinte a um acordo efetivo que deixasse as partes satisfeitas, assim mesmo haveria um grande, talvez incomensurável, montante de alimentos sendo jogados fora. 

Imaginem, por exemplo, um caminhão que está há quatro dias na estrada cheio de tomates. Ou de batatas, ou de chuchus, inhames... Esses ou quaisquer outros produtos que tenham sido retirados da terra e que estejam dentro de um compartimento fechado, mercê de temperaturas não naturais. É claro que não sairão do cativeiro direto para a gôndola dos supermercados ou feiras-livres. Estarão passados, talvez com fungos, amassados, ou seja, nada convidativos para consumo. 

Isso, para não falar do pior: cargas vivas. Animais que estão sendo transportados, segundo uma das muitas reportagens que tenho acompanhado sobre a greve, estão há dias sem alimentação adequada, o que é mais do que desperdício, um crime que só a humanidade tem coragem de cometer contra um ser vivo. 

Preciso acreditar que muitos dos transportadores já tomaram providências com relação a isso. Mas o gesto de caminhoneiros que ontem jogaram 500 mil litros de leite em parte da pista e acostamento da rodovia MG-050, em Passos, Minas Gerais, é emblemático. Será este o fim de outras toneladas de alimentos? Terão, ao menos, já aberto as caçambas e distribuído a quem precisa? Pode ser que não. O desperdício de alimentos é algo que nem sempre é considerado uma grave falha, como deveria. Tive um pai estrangeiro, que de vez em quando se irritava com isso e dizia:
"Vocês, brasileiros, só vão aprender a cuidar do que têm em abundância quando passarem por uma guerra".
Outro lugar que tem recebido, legitimamente, os holofotes da mídia nesses dias é a Central de Abastecimento, Ceasa de Irajá. Para lá convergem os produtos que chegam das fazendas, é onde se compra tudo mais barato e é também o termômetro para se saber os preços que são praticados pelo mercado. Com a greve, o total de 300 megacaminhões que chegam ali por dia tem ficado reduzido a 30, 50. A batata, produto dos mais procurados, cujo saco de 50 quilos é vendido a cerca de R$ 70, R$ 80, está custando R$ 300. Isso é um desastre e afeta, sobretudo, os pequenos restaurantes que vende a preço barato com um lucro baixo. 

Mas, falamos sobre desperdício. E semana passada estive na Ceasa, a trabalho, quando este assunto rendeu panos para mangas. Tomávamos um café, G. e eu, quando passou uma senhora bem carregada de milho. Deixou cair uma espiga. Fizemos menção de buscar do chão para ela mas não deu tempo: a mulher descartou nossa ajuda, fazendo um gesto com a mão que queria dizer que já estava carregada demais, não ia se importunar por causa de uma espiga. No segundo seguinte, um carregador passou também apressado e esmagou a espiga com as rodas de seu carrinho. Lá se foi um alimento.
Assim mesmo, pegamos do chão e oferecemos ao dono do café, que tem seu ponto ali no Ceasa há anos e quase se surpreendeu com nosso gesto: 

"Ih... esse negócio de desperdício é comum aqui. Já tivemos um programa, se não me engano se chamava Banco de Alimentos, quando tentaram educar o pessoal. Mas não deu certo. Já estou acostumado. Tem dias que incomoda mesmo, a gente vê uma quantidade grande de produtos que são jogados fora com tanta gente passando fome no mundo...", comentou o comerciante. 

Para ilustrar sua fala, busquei no site da Central de Abastecimento notícias sobre o tal programa, e fiquei feliz em saber que no mês de abril foram doados 91,5 toneladas de alimentos pelo Banco. Ao todo, foram atendidas 217 instituições que beneficiaram mais de 42 mil pessoas, diz a notícia.
"O Banco de Alimentos é um equipamento de segurança alimentar e nutricional, responsável por captar e distribuir alimentos que não foram comercializados, mas que estão em perfeitas condições para consumo", diz o texto explicativo. O Programa foi criado no governo Lula e funciona como uma espécie de distribuidora de alimentos que não estão em perfeitas condições para consumo, mas que servem ainda para nutrir. 

"Os produtos são doados por produtores, comerciantes e pelo Programa de Aquisição de Alimentos- PAA, modalidade que compra com doação simultânea, composto por recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), que consiste na compra do alimento do agricultor familiar que é doado para as instituições beneficiadas pelo Banco de Alimentos", completa o texto no site. 

Falta combinar com os consumidores e com o pessoal que não se inscreveu no Programa. É bacana ter doado mais de 90 toneladas de alimentos, mas dá para ver, in loco, que tem muito mais a fazer. Há enormes lixeiras entre um e outro dos 43 pavilhões da Ceasa que ficam cheios de alimentos descartados e, não raro, ali as pessoas sem recursos correm para se abastecer com o que pode. Retiram do lixo o alimento que vai servir para nutri-las. E não precisava ser assim. 

De qualquer forma, o comentário irritado e exagerado do meu pai não se aplicaria ap
enas aos brasileiros. Dados do ano passado liberados pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revelam que, por ano, aproximadamente um terço dos alimentos produzidos em todo o mundo não é consumido pela população, sendo perdido em alguma etapa da cadeia de produção ou desperdiçado no elo final, em restaurantes e residências. Isso representa cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que não são aproveitados ou, em valor monetário, uma quantia aproximada de US$ 1 trilhão

É sobre cultura que estamos falando, sobre mudança de hábitos. E será, sempre, a falta de contato verdadeiramente respeitoso com o meio ambiente que nos cerca, a responsável por tanto desmazelo com produtos que, no fim das contas, servem para nos manter vivos. 

Uma crise como esta, uma greve complexa, cheia de não-ditos e de não-combinados, há de, pelo menos, deixar visíveis essas falhas graves para que se possa pensar a respeito. Aqui perto de casa, por exemplo, tem um ponto final de ônibus e fico perplexa com o fato de o motorista deixar o motor ligado por cerca de cinco a dez minutos enquanto espera dar a hora da partida. Já fui até lá, expus a questão, pedi que desligassem, mas era tratada com um certo desdém. Pelo menos, assim eu percebia. É assim que me sinto sempre que mostro erros que cometemos contra a natureza. 

Hoje não ouço mais o barulho irritante da máquina, embora o ônibus continue ali. Por que economizar só quando a escassez bateu?

Circuito curto de alimentos, a saída possível para evitar dependência dos transportes

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Circuito curto de alimentos, a saída possível para evitar dependência dos transportes

Por Amelia Gonzalez, G1 

Enquanto vivemos desmandos que parecem tornar infindável um movimento tão desastroso para o país como esta greve dos transportes de carga, enquanto sigo sem conseguir entender muito os vai-e-vem que põe a todos nós, brasileiros, meio atordoados com as notícias, decidi me dedicar a um exercício para imaginar como poderia ser diferente tudo isso. Como poderíamos evitar a dependência dos combustíveis, dos caminhões, dos caminhoneiros, das empresas de transportes, para nos alimentar? Como poderíamos evitar o imenso desperdício de alimentos que se tornou marca registrada dessa greve? 

Sim, é possível, e não estou me dedicando a um exercício de ficção. Há uma semana escrevi sobre o documentário "Sustainable", e meu texto focou no aspecto de saúde alimentar, uma das mensagens do filme. Mas as cenas que mostram o trabalho do pequeno produtor rural, personagem principal, entregando pessoalmente, em sua caminhonete, seus produtos para restaurantes de Illinois, me fizeram lembrar do circuito curto de alimentos, uma forma de aproximar a produção do consumo, bandeira defendida por dez entre dez ambientalistas e agroecologistas. 

E já estivemos muito mais perto disso do que vocês, caros leitores, podem imaginar.
Em outubro de 2011 fiz uma entrevista para o "Razão Social" com Renato Maluf, então presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), orgão criado pelo sociólogo Betinho nos anos 90, recuperado pelo ex-presidente Lula em seu primeiro mandato, e que agora está bastante esvaziado. Maluf, que naquela época tinha um papel importante no cenário internacional no nicho de segurança alimentar, explicou-me como seria possível escapar do circuito longo dos alimentos, aquele que provoca nossa dependência dos transportes.
"Praticar o circuito local é usar a produção de pequeno porte diversificada e promover uma circulação regional. Essa concepção de abastecimento alimentar descentralizada é fundamental, com base em circuitos curtos", disse ele.
Em 2011 estava sendo formulado um Plano de Segurança Alimentar para o país para tentar acabar com os problemas já detectados pelo Consea, um órgão bipartite (governo e sociedade civil). Entre eles, o fato de uma parte da produção do país exportada ser baseada na monocultura, o que nos põe num lugar, nada invejável nem digno de orgulho, como o país que mais consome agrotóxicos na América Latina. Temos ainda um elevado nível de mecanização; o comprometimento de biodiversidade por conta da produção agrícola e uma alta concentração fundiária, lembrou-me Maluf.
"Temos aqui ainda uma enorme quantidade de corporações internacionais e nacionais que expressam o modelo de consumo de alimentos atual, que está nos levando, entre outras coisas, a vários problemas de saúde associados à alimentação", disse-me ele.
O foco do Consea, com reuniões frequentes entre seus membros, incluindo representantes do governo, era mudar esse quadro. Para isso, o modelo agrícola defendido é o da agroecologia, uma alternativa baseada no manejo ecológico dos bens naturais, incorporando aspectos sociais, coletivos e participativos dos grupos interessados. É um enfoque que visa ao desenvolvimento rural sustentável em todas as suas dimensões. 

Recorro ao livro "Agroecologia – um novo caminho para a extensão rural sustentável" (Ed. Terra Mater), cuja edição foi coordenada por Maria Alzira Brum Lemos, para esmiuçar um pouco mais sobre o tema. O cerne da agroecologia é a agricultura familiar, instituída no país como consequência do processo de democratização nos anos 80. Na década de 90, quando foi criado o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), extinto pelo governo Temer, uma das funções do novo órgão era elaborar, propor e executar políticas públicas para o segmento da agricultura familiar. Em 2004, foi criada a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão (Pnater). 

"De acordo com a Pnater, a agricultura familiar é aquela em que os trabalhos em nível de unidade de produção são exercidos predominantemente pela família, mantendo ela as iniciativas, o domínio e o controle do que e de como produzir, havendo estreita relação entre o que é produzido e o que é consumido (unidade de produção e consumo), mantendo alto grau de diversificação produtiva, tendo alguns produtos relacionados com o mercado", escreve a engenheira agrônoma Rejane Beatriz Mendes no livro sobre Agropecuária. 

A colheita de dados para o Censo Agropecuário, Florestal e Agrícola de 2017, que pode nos dar alguma referência sobre o consumo, na mesa dos brasileiros, de produtos que são produzidos pela agricultura familiar, terminou em fevereiro deste ano. O que se sabe é que o orçamento para o setor está estagnado. Segundo informações do site do Greenpeace, o governo Temer anunciou no ano passado o Plano Safra da Agricultura Familiar 2017/2018, com valor de crédito a ser liberado aos pequenos trabalhadores rurais de R$ 30 bilhões, a mesma quantia do ano passado.
"A agricultura familiar é a verdadeira responsável pela produção de alimentos no país. Incentivar esses produtores, que já adotam sistemas mais sustentáveis de produção, é fundamental. Porém, é tudo que o governo não vem fazendo. No ano passado, a diferença de investimento entre a agricultura convencional e a agroecológica foi de 75%. Independente de quem seja presidente, o governo federal é um dos principais responsáveis pela expansão desse modelo que aplica veneno em nossa comida”, defende Marina Lacorte, da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace, no site da organização. 

Mas, já foi diferente. Em 2014, a agricultura familiar era responsável por 70% dos alimentos que chegavam à mesa dos brasileiros, um percentual que assegurava alguma tranquilidade para muitas famílias no campo. Não vamos ser ingênuos, a ponto de afirmar que o Brasil já poderia estar liderando o circuito curto de alimentos e transformando a vida dos que produzem alimentos e não fazem parte da grande cadeia de empresas da indústria alimentícia. Historicamente, somos um grande produtor agrícola com base na propriedade, desde os tempos do Brasil Colônia. Mas há caminhos que nos mostram outras possibilidades, que bom que existem. 

Para atualizar o meu pensamento, busquei notícias mais recentes sobre Renato Maluf, que hoje continua sendo professor do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Numa palestra que proferiu no ano passado, Maluf comentou sobre tudo o que vimos refletindo neste texto e me deu a possibilidade de abrir um caminho a mais. Para ele, há um meio eficaz de mudar um cenário tão desastroso para a nossa agricultura: a participação incessante da sociedade civil. 

"E ela já vem desempenhando um papel importante, ao exercer a crítica sobre as tendências do sistema alimentar dominante. Ela deve ainda criar propostas alternativas em termos de como organizar a produção de alimentos e o consumo. E se unir em associações. Temos de superar a centralização de autoridade que ocorre no estilo tecnocrático de fazer políticas públicas, a fim de ter a sociedade civil realmente engajada na elaboração e monitoramento desse processo", diz ele.

Ficamos assim, para refletir.