sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Abandonada em floresta, puma domesticada, ferida e desnutrida sobrevive e agora vive em santuário

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Abandonada em floresta, puma domesticada, ferida e desnutrida sobrevive e agora vive em santuário

Comprar e domesticar animais silvestres não é nada glamuroso, como pode parecer para algumas pessoas, e dificilmente resulta em um final feliz. Não é justo com o animal e não satisfaz quem o compra. A história da puma Anastasia – aqui, chamamos essa espécie de suçuarana ou onça-parda – é um exemplo.

E esta história só não terminou em tragédia porque ela foi encontrada ainda com vida por pessoas que conseguiram capturá-la e entregá-la aos cuidados do The Wildcat Sanctuary (Santuário do Gato Selvagem, em tradução livre), em Sandstone, Minnesota, Estados Unidos, onde se recupera.

Anastasia foi comprada e domesticada, mas, aos quatro meses, os “donos” a abandonaram, certamente ao perceberem que seria muito difícil manter um animal selvagem em casa. Devem ter imaginado que era só soltá-la na natureza para que ficasse bem. Mas ela não conhecia a vida na floresta.

Desde bebê, foi alimentada e aprendeu a ser mansa, não a caçar e a se defender do ataque de outros animais. Abandonada à própria sorte, ficou desnutrida e sofreu com picadas de insetos e graves escoriações na face. Foi encontrada em péssimas condições e corria risco de vida.

Tammy Thies, diretora executiva do santuário, chegou a duvidar que a pequena puma sobreviveria. “Animais nascidos em cativeiro não podem sobreviver na selva. Infelizmente, quando os gatos vêm até nós, nunca serão selvagens novamente, mas tentamos permitir que sejam selvagens no coração”.

E ela acrescenta: “Anastasia era apenas uma ‘criança’, e teve a sorte de um bom samaritano avistá-la. Chegou a pesar menos de dez quilos, estava com infecção urinária e tinha feridas e mordidas por todo o corpo. Seu rabo foi despelado por algum animal e ela ainda tinha uma ferida horrível no nariz”.

Em geral, pumas saem de seus ‘esconderijos” no início da noite, mas devido à sua história, Anastasia é especialmente retraída com os tratadores. E ainda não convive com os outros cinco pumas do santuário.

“Ela só confia em si mesma, então precisamos abrir o mundo aos poucos para ela, para que possa confiar que mais nada de ruim vai acontecer. Nosso objetivo é que Anastasia seja apresentada a outro puma de resgate e possa ter companhia aqui no santuário”.

A pequena puma se recupera bem, mas costuma passar o dia se escondendo sob uma plataforma de madeira, no espaço protegido onde está. Recebe carinho, cuidados e dedicação e já apresenta melhoras físicas.

“Desfruta seus dias na grande propriedade do santuário com muitos brinquedos, lugares para relaxar e para tirar sonecas sob o sol”, conta a Anda – Agência de Notícias de Direitos Animais, em seu site.

Assim que estiver totalmente recuperada, vai se mudar para um habitat livre, com cavernas para se esconder e vai aprender a fazer escolhas, finalmente. Esse será um momento muito especial em sua vida. Ela não escolheu ser comprada e se tornar um animal de estimação, nem ser abandonada e passar por tudo que passou.

A ‘lista pet’ é um crime: assine as petições!

Nos Estados Unidos, o comércio de animais silvestres – para transformá-los em animais de estimação – é liberado e tem causado grandes impactos na fauna local.

Nesse mercado, “você tem os criadores e os negociantes”, explica Thies. “Eles estão lá para ganhar dinheiro, eles querem sensacionalizar a si mesmos e aos seus animais. E encontram nos ‘amantes dos animais’, pessoas que acreditam que podem se tornar especiais ao terem um animal selvagem. Isso pode parecer muito mais glamoroso do que a realidade”.

No Brasil, o comércio de felinos selvagens não é permitido, destaca a ONG Ampara Silvestre, “mas a proposta de lista pet (lista de animais para a o comércio pet) enviada para a avaliação dos órgãos ambientais estaduais (ABEMA) no final de 2020, incluía ao menos três espécies de felinos”.

Em fevereiro deste ano, publicamos artigo da advogada Fernanda Tripode, ativista jurídica pelos direitos dos animais. Vale a leitura: Anta e Jaguatirica podem entrar em lista de espécies com criação em cativeiro e comércio permitidos pelo governo.

Se você é contra a venda de animais silvestres no país e deseja que a fauna seja mantida na natureza, assine as petições das ONGs Ampara Silvestre e Proteção Animal Mundial.

Fotos: The Wildcat Sanctuary/Diivulgacao

Animais voltam a ser observados na região que foi devastada pela tragédia de Brumadinho

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Animais voltam a ser observados na região que foi devastada pela tragédia de Brumadinho

Animais voltam a ser observados na região que foi devastada pela tragédia de Brumadinho

Faz mais de dois anos que os brasileiros choraram diante de uma das maiores tragédias ambientais do país, que tirou a vida de mais de 270 pessoas e destruiu mais de 250 hectares de vegetação da Mata Atlântica no estado de Minas Gerais. No dia 25 de janeiro de 2019, a barragem de resíduos Córrego do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu em Brumadinho e destruiu tudo o que encontrou pela frente. Um ano após o desastre, as águas do rio Paraopeba ainda continuavam impróprias para uso e continham metais pesados.

Mas como a natureza sempre nos dá lições incríveis de resiliência, pouco a pouco, ela mostra sua recuperação na região de Brumadinho. Armadilhas fotográficas e sensores de calor instalados nas áreas afetadas pelo vazamento têm registrado a volta de diversos animais silvestres. Já foram observados tucanos, jaguatiricas, tamanduás-bandeiras, pacas e onças-pardas.

“A presença de animais de diferentes níveis da cadeia alimentar é um forte indicativo que esses locais já estão desempenhando serviços ecológicos sistêmicos importantes, como a dispersão de sementes, a polinização, a fertilização de solo por meio de fezes, entre outros”, afirma o analista ambiental Gustav Specht. “Com o passar do tempo, essas áreas formam uma espécie de corredor verde e ampliam as áreas florestadas que abrigam todo tipo de animal de Brumadinho e região”.

Segundo a Vale, foram reflorestados mais de 12 hectares de áreas diretamente impactadas e outras protegidas e colocados na mata bebedouros, poleiros e abrigos artificiais para o uso dos animais.

Relatos de 2019 contaram que centenas de animais foram atingidos pelo rompimento da barragem. Peixes morreram ao longo do Paraopeba, um dos formadores do São Francisco. Vídeos divulgados na redes sociais mostravam os animais sem vida… Pequenos e grandes, como enormes surubins, dourados e tambaquis.

Moradores disseram ainda que viram cavalos, bois e vacas sendo levados pelo mar de resíduos de mineração. Outros ficaram ilhados, sem acesso à água e a alimentos. Galinhas, gatos e cachorros foram perdidos no meio de tanta destruição.

Animais voltam a ser observados na região que foi devastada pela tragédia de Brumadinho

Um casal de quatis anda pela mata

Como eu escrevi na época da tragédia, Brumadinho chorou – e ainda chora -, por seus mortos e desaparecidos (dez corpos ainda não foram encontrados). Chorou por seus animais que foram levados e soterrados pela lama. Chorou pela sirene que não tocou. Chorou pela destruição. Chorou pela vida que nunca mais será a mesma. E chorou por um novo desastre (crime) ambiental que poderia ter sido evitado.

Pelo menos, a vida selvagem mostra que apesar da estupidez humana, ela é mais forte e consegue, em algumas situações, se recuperar.

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Fotos: reprodução armadilhas fotográficas