quarta-feira, 6 de março de 2019

Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonera 21 superintendentes do Ibama


 

 

por Redação Brasil de Fato* – 
 
Um dos superintendentes demitidos é o de MG que alertou em 2018 sobre risco de rompimento na barragem em Brumadinho

O Diário Oficial da União publicou nesta quinta-feira (28) a exoneração de 21 superintendentes regionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). O motivo das demissões ainda não foi divulgado pelo órgão responsável, o Ministério de Meio Ambiente (MMA), chefiado por Ricardo Salles.

Um dos funcionários exonerados foi Julio Cezar Dutra Grillo, superintendente do Ibama em Minas Gerais. Dutra Grillo participou de uma reunião extraordinária da Câmara de Atividades Minerárias (CMI), em 11 dezembro de 2018, cujo resultado foi a aprovação da licença para que as operações da Mina de Córrego de Feijão da Vale continuassem.

O superintendente expressou na reunião que algumas barragens no estado, como a de Brumadinho) não apresentavam “risco zero”. Conforme a ata da reunião extraordinária, Dutra Grillo teria afirmado: “Em uma negligência qualquer de quem está à frente de um sistema de gestão de risco, aquilo rompe. Se essa barragem ficar abandonada alguns anos, não for descomissionada, ela rompe, e isso são 10 milhões m³, é um quarto do que saiu de Fundão – em Mariana (MG), que rompeu há três anos –, inviabiliza Casa Branca e inviabiliza ao menos uma das captações do Paraopeba”.

Em entrevista à Rádio Itatiaia nesta quinta (28), o funcionário afirmou que a exoneração não foi surpresa. “O ministro do Meio Ambiente já tinha se manifestado algumas vezes dizendo que era intenção deles exonerar todos os superintendentes e encaminhar militares reformados para o lugar”, contou na entrevista.

Em novembro de 2018, superintendentes do Ibama de três estados da Amazônia enviaram uma carta ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, com críticas ao “esvaziamento das superintendências estaduais”.
A maioria dos superintendentes exonerados atuava no Norte e Nordeste. Seis deles no Norte (Tocantins, Roraima, Rondônia, Amapá, Acre e Amazonas), nove no Nordeste (Sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia, Ceará e Maranhão), três no Centro-Oeste (Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal), dois no Sudeste (Minas Gerais e Espírito Santo) e um no Sul (Santa Catarina).



Mais mudanças no Ibama
A Folha de S. Paulo divulgou, na terça-feira (26), o conteúdo de uma minuta de decreto enviada pelo MMA ao Ibama para análise. O texto propõe criar um “núcleo de conciliação” com poderes para analisar, mudar o valor e até anular as multas que são aplicadas pelo Ibama por crimes ambientais cometidos no território nacional.

Com a minuta, o MMA também propõe extinguir um sistema que hoje permite a participação de entidades públicas e organizações não governamentais em projetos de recuperação ambiental


O núcleo seria composto por “no mínimo dois servidores efetivos”, que seriam designados através de portaria conjunta do ministro do Meio Ambiente, ou seja Ricardo Salles, e “do dirigente máximo do órgão ambiental federal”.


O novo presidente do Ibama, Eduardo Bim, já tem se manifestado a favor da flexibilização das regras de regulação ambiental. Antes de assumir, em dezembro de 2018, Bim defendeu, por exemplo, o “licenciamento automático para o agronegócio”.


*Com informações da BBC e Rádio Itatiaia



(#Envolverde)

Participação da comunidade é essencial na conservação

Por  – 











O trabalho com as pessoas que habitam o entorno de Unidades de Conservação (UCs) é fundamental para o êxito das ações de preservação, na medida em que os serviços ecossistêmicos não são apenas explicados, mas percebidos. Essa terceira parte encerra uma série de reportagens especiais sobre o trabalho que a Associação Caatinga vem desenvolvendo na Serra das Almas e que envolve 40 comunidades, no Ceará e Piauí.


Existem aproximadamente 1.700 famílias no entorno da Reserva Natural Serra das Almas (RNSA). A maioria vive no município de Crateús, no Estado do Ceará, nos distritos de Tucuns, Queimadas, Poty e Ibiapaba; e uma pequena parcela no distrito de Jatobá, no município de Buriti dos Montes (Piauí). São 40 comunidades, sendo 30 no Ceará e dez no Piauí, incluindo três assentamentos e duas reservas indígenas (Tabajara e Potiguara).

Associação Caatinga, informa o biólogo e coordenador de conservação, Gilson Nascimento, acredita que, além dos esforços empregados na conservação do bioma, é preciso promover o envolvimento de toda comunidade do entorno em planos de ecodesenvolvimento, visando unir a preservação ambiental com a geração de renda para as famílias das comunidades. Por esse motivo, criou-se o Modelo Integrado de Conservação da Caatinga, que foi finalista do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na Edição 2009.

Assista ao vídeo
Foram desenvolvidos, junto às comunidades, projetos que buscam identificar atividades produtivas e ambientais que gerassem oportunidades e melhorias na qualidade de vida dos habitantes. Dentre as atividades realizadas, estão: a construção participativa de cisternas, a produção de mel de abelhas nativas, de sabonetes e essências naturais de plantas da Caatinga e de artesanatos, além do replantio de mudas de árvores nativas em áreas degradadas.

Resultados

  • 27 mil pessoas beneficiadas diretamente
  • Proteção dos 6.146 hectares de caatinga da RNSA
  • Dois planos de desenvolvimento local sustentável elaborados em conjunto com a comunidade
  • Dois planos ambientais comunitários elaborados
  • 400 agricultores capacitados para o uso de queimadas controladas
Capacitação
  • 25 meliponicultores (produtores de mel)
  • 14 jovens artesãos
  • 30 artesãs em palha de carnaúba
  • 12 trabalhadores em granja comunitária

Valor da floresta em pé

“No modelo de gestão da unidade tanto na RNSA quanto para o desenvolvimento sustentável das comunidades do entorno, o importante não é só ter a reserva bem cuidada, mas ter a participação de quem está próximo como aliado. Mudar um pouco a ideia de explorar a natureza, para ser sustentável. Um grande exemplo é a Meliponicultura, que demonstra o valor da floresta em pé”, afirma Gilson.
“A Meliponicultura, no Projeto “No Clima da Caatinga” (NCC), entra como Tecnologia Social. Os agricultores do entorno da Reserva Natural Serra das Almas (RNSA) recebem uma capacitação para o manejo básico com a jandaíra, abelha sem ferrão, e saem daqui aptos a desenvolver essa atividade”, destaca Carlito Rodrigues Lima, agente de mobilização da Associação Caatinga.

Gilson explica que, nas fases 1 e 2 do Projeto “No Clima da Caatinga”, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Sociambiental, foram capacitados em meliponicultura 86 agricultores familiares das comunidades do entorno, que receberam 200 enxames.

Carlito explica, no entanto, que a irregularidade das chuvas, que vem se repetindo desde 2010, afetou muito a atividade. “Essa ainda não é uma fonte de renda, mas uma promessa, uma vez que o manejo é fácil e o mel tem um valor dez vezes superior ao das abelhas africanas com ferrão”, esclarece.

Cícero Rufino do Nascimento continua cuidando das abelhas, apesar das dificuldades
 provenientes das chuvas irregulares | Foto: Eduardo Queiroz
No Assentamento Xavier, nós visitamos a casa do agricultor familiar Cícero Rufino do Nascimento, tornado também meliponicultor graças ao trabalho da Associação Caatinga. Ele conta que, antes, vivia só no cultivo de sequeiro (aquele que depende das águas das chuvas), principalmente na produção de milho e feijão. Participante do projeto entre 2006 e 2008, recebeu uma colmeia e fez mais quatro.

Em 2009, ainda chegou a tirar um bocado de mel, mas daí veio a seca e a atividade minguou. Mas ele não desistiu. “Eu quero muito bem as abelhas. É tão fácil que até uma criança pode cuidar delas”, declara. Hoje, além do cultivo de sequeiro, Cícero mantém uma pequena horta no quintal.
“Fora as tecnologias voltadas à produção, tem as de melhoria de qualidade de vida, como as cisternas, numa região que a água é bem salina para o consumo; e o fogão ecoeficiente, que usa menos lenha e tem uma chaminé que joga a fumaça para fora da casa, reduzindo o risco de doenças”, ressalta Gilson.

Antônia Generosa Lima está feliz da vida com o seu fogão ecoeficiente | 
Foto: Eduardo Queiroz
Na localidade de Pendência, conhecemos a agricultora e dona de casa Antônia Generosa Lima, 59. Hoje, ela gasta menos lenha e tem uma cozinha mais saudável e com uma aparência bem melhor que antes. “O fogão ecoeficiente economiza lenha por transmitir melhor o calor para a panela”, explica Carlito. “Diminuiu a fumaça, é mais rápido”, aprova dona Generosa.

Na localidade de Santa Luzia, nós visitamos a agricultora familiar Núbia Cardoso, 51, que transformou o seu pequeno quintal num verdadeiro oásis, em um ano e seis meses, graças a uma Tecnologia Sustentável que ainda é um projeto piloto para a Associação Caatinga, mas que já produz seus primeiros frutos: o Bioágua (sistema de reúso de águas cinzas).

A agricultora familiar Núbia Cardoso mostra com orgulho o seu quintal produtivo | 
Foto: Eduardo Queiroz
Sistema Bioágua, explica Carlito, foca na limpeza das águas cinzas, usadas na lavagem de roupas, louças e banho. “Por meio de uma caixa de gordura, filtro, tanque de reúso e bomba, leva a água ao quintal produtivo”, enumera.

“Tinha um poço de lama no quintal, juntava muito mosquito. Só tinha dois pés de goiaba. Agora, além de goiaba, tem cebola, maxixe, laranja, coco, manga, mamão, maracujá, cheiro verde, pimenta de todo tipo, uma fartura”, alegra-se a pequena agricultora Núbia.

Antônio José Rodrigues Vale conquistou a sonhada cisterna de placas para garantir
 água às necessidades básicas da casa | Foto: Eduardo Queiroz
Em Malinhos, estivemos com Antônio José Rodrigues Vale, 49, aposentado por invalidez. Ele, que mora sozinho, conta que estava desesperançoso de conseguir uma cisterna para ter água para beber e cozinhar, até conhecer a Associação Caatinga. Ele trabalhava como manobrista em São Paulo e, por causa de um tumor na coluna, se aposentou e resolveu retornar à sua terra e conta com o apoio de uma empregada, todas as manhãs.



(#Envolverde)

Como ruralistas transformaram o projeto de licenciamento ambiental em ataque à fiscalização

Como ruralistas transformaram o projeto de licenciamento ambiental em ataque à fiscalização

In Bancada Ruralista, De Olho na Política, De Olho no Ambiente
Substitutivo na Comissão de Agricultura da Câmara não tem nada a ver com ideia original; ele prevê autodeclaração, retirada do conceito de relevância ambiental e pode provocar uma guerra entre estados por empreendimentos devastadores

Por Júlia Dolce

O Projeto de Lei (PL) 3.729/2004, que muda as regras de licenciamento ambiental no país, não foi escrito originalmente para agradar os ruralistas. Ao longo de 15 anos o projeto apresentado por um deputado petista foi capturado pela bancada, a mais poderosa do Congresso, e transfigurado para atender os interesses empresariais, do agronegócio à mineração. Um ex-deputado que agora está no governo Bolsonaro, Valdir Colatto (MDB-SC), ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deixou sua digital nas alterações.

O projeto de licenciamento mais flexível é prioridade para a bancada ruralista. Um levantamento do De Olho nos Ruralistas mostra que a FPA se reuniu pelo menos 45 vezes desde maio de 2016, com direito à presença de Michel Temer, para pressionar por sua aprovação: “Desde maio de 2016, bancada ruralista se reuniu 45 vezes para falar sobre licença ambiental flexível“. 


A proposta também é prioridade para o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, condenado em São Paulo por adulteração de mapa ambiental para benefício de mineradoras e outras empresas, entre elas a Suzano.

O PL foi apresentado em 2004 ao plenário da Câmara pela bancada do PT, com a assinatura do deputado Luciano Zica (PT-SP). Ele tinha como objetivo regularizar e garantir segurança jurídica aos atos de licenciamento ambiental, estabelecendo regras e multas de acordo com o perfil do empreendimento. De lá para cá, o projeto passou por diversas comissões, teve outras propostas apensadas para tramitação em conjunto e foi modificado na forma de substitutivos. A proposta que tramita hoje virou um projeto guarda-chuva, feito à imagem e semelhança dos interesses dos ruralistas.

Ele foi votado em comissões como a de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a de Finanças e Tributação e a de Constituição e Justiça e de Cidadania. Em 2013, o então deputado Valdir Colatto, agora chefe do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura, requereu a inclusão da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural na análise do mérito. A partir daí o PL 3.729 teve uma inflexão e se tornou alvo de críticas de ambientalistas e órgãos públicos de preservação ambiental.

Colatto era membro ativo da bancada ruralista. Dono de terras em Rondônia, ele foi o autor do projeto de lei que deu origem ao atual Código Florestal. Em abril de 2017, o político defendeu a “reforma dos indígenas” como prioridade no Congresso. ” Nós vamos transformar nossos indígenas em cidadãos”, afirmou. “Vamos fazer com que os indígenas tenham renda, possam arrendar suas terras, ter royalties do petróleo, nos minerais, na floresta”.

‘QUEREM ACABAR COM QUALQUER REGRA’, DIZ EX-DEPUTADO

 

Autor do projeto original, Luciano Zica se aproximou da ex-ministra Marina Silva – ele foi secretário Nacional de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano – e migrou para o PV, depois para a Rede. Em entrevista ao observatório, ele conta que voltou a acompanhar o trâmite de seu projeto a partir do crime ambiental em Brumadinho, no dia 25 de janeiro. Com 134 mortos e 199 desaparecidos até agora, o rompimento de barragens da mina Córrego do Feijão trouxe a público a irresponsabilidade da aprovação relâmpago do licenciamento que ampliou a exploração da mina em dezembro.

Luciano Zica: “Essa versão abre a porteira”. (Foto: Mauricio Garcia de Souza/Alesp)

Afastado da vida pública desde 2007, Zica diz que a aprovação da forma atual de seu projeto pode levar a desastres ambientais de proporções similares:

– O que mais me choca e assusta é a fúria da bancada ruralista em assumir esse pensamento que submete a preservação do meio ambiente, que deveria ser o fundamental, a algo secundário. Tratando o empreendimento mais importante do que a preservação. Querem acabar com qualquer regramento para o licenciamento. 

O ex-deputado conta que a intenção era a preservação. Um dos recursos era o estabelecimento de multas elevadas. “A ideia era preservar a fúria devastadora dos empreendedores, na agropecuária, na indústria, na exploração de madeira”, afirma Zica. “A forma como o PL está hoje é toda chocante, é inaceitável, ou retomam sua tramitação nas comissões competentes ou ele precisa ser rejeitado. A comissão de agricultura não deve analisá-lo”.

Com relatoria do deputado ruralista Moreira Mendes (PSD-RO), morto no ano passado, uma nova versão do projeto foi aprovada por unanimidade na Comissão de Agricultura com uma série de anexos. Ele passou a ter itens como prazos curtos para o pronunciamento de órgãos de licenciamento, a diminuição da autoridade desses órgãos e a determinação quase exclusiva dos estados na formulação de critérios e parâmetros para os empreendimentos.

Em seu voto, Mendes disse que o texto proposto visa estabelecer previsões legais “que reduzam a discricionariedade dos agentes públicos e garantam a eficiência do processo”. Por isso ele sugeriu um substitutivo com um marco legal “que melhore a qualidade da gestão ambiental e do ambiente de negócios”.

A nova versão do PL, em 2015, já tinha treze outros projetos apensados. Voltou para a Comissão de Meio Ambiente com a relatoria do então deputado Ricardo Tripoli (PSDB-SP). Houve novas discussões e ele voltou, em parte, ao seu intuito original. Os prazos para o licenciamento foram dilatados e as atribuições que privilegiavam os estados foram retiradas, a partir do entendimento de que a Lei Complementar nº 140/11 regulamentou a preservação do ambiente como competência comum entre União, Estados e Municípios, com o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) como único outorgante de licenciamento ambiental no país.

A relatoria de Tripoli também reforçava a autonomia dos órgãos ambientais “ao se afirmar expressamente que o poder decisório compete a eles enquanto autoridades licenciadoras”. O documento foi aprovado, por unanimidade, em 14 de de outubro de 2015.

Foi quando o projeto seguiu para a Comissão de Finanças e Tributações, onde ganhou como relator o deputado Mauro Pereira (MDB-RS), derrotado nas eleições de 2018 quando disputava um segundo mandato. Membro da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pereira recuperou as medidas acrescentadas ao PL pela Comissão de Agricultura, tornando-o ainda mais danoso ao ambiente.

“Ele basicamente recuperou a versão do deputado Moreira Mendes”, afirma Rodrigo Vicentin, ex-presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), hoje assessor técnico de Meio Ambiente do PT na Câmara. “Nessa versão ele praticamente abre a porteira”.

Vicentin diz que Mendes desconsidera uma série de elaborações de Tripoli e da Comissão do Meio Ambiente, avançando ainda mais nos pontos que têm sido objetos de críticas, como a retirada do poder de veto de empreendimentos que afetam áreas protegidas dos órgãos gestores de unidades de conservação. E mais: o deputado gaúcho acrescentou a possibilidade de autodeclaração, pela qual o próprio empreendedor tem a responsabilidade de encaminhar pela internet a documentação exigida.
A nova versão transfere exclusivamente aos estados a definição de critérios e parâmetros para classificar os empreendimentos. O ex-presidente do ICMBio analisa:

– Eles excluíram o critério de relevância ambiental da área onde o projeto está sendo instalado, por exemplo, dentro de uma Terra Indígena ou no entorno de uma Unidade de Conservação. Ou seja, tanto faz instalar um empreendimento agrícola ou industrial em uma área de grande relevância ou de menor risco. Essa versão final do PL também flexibiliza a autonomia dos estados, o que pode ter como consequência prática o que chamam de guerra fiscal ambiental, na medida em que cada estado, para canalizar mais investimentos e empreendimentos, pode apresentar exigências mais flexíveis do que os demais.

SETORES DA CELULOSE E CARVÃO QUEREM FICAR ISENTOS

 

Uma das medidas previstas no projeto de Mauro Pereira é uma das mais cobiçadas pelos ruralistas: a exclusão da obrigatoriedade de licenciamento ambiental para as atividades agropecuárias. O texto afirma que a licença deve ser dispensada para empreendimentos de “cultivo de espécies de interesse agrícola temporárias, semiperenes e perenes, e pecuária extensiva, realizados em áreas de uso alternativo do solo, desde que o imóvel, propriedade ou posse rural estejam regulados ou em regularização”.

Mantovani: “Temos um desmonte da legislação”. (Foto: Facebook)

Segundo o ambientalista Mário Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, a iniciativa é uma forma de controle social do licenciamento. “Não querem que o licenciamento ambiental seja um instrumento de controle do agronegócio”, analisa o geógrafo. “A ideia deles é conquistar novas fronteiras agrícolas em cima de terras públicas, terras indígenas, unidades de conservação”.

Mantovani considera que a ação bancada pela FPA sinaliza para outros setores a possibilidade de ficarem isentos de fiscalização. “O setor da celulose também já pediu para retirar a atividade de plantio de celulose da Lei de Licenciamento, o setor de carvão também. Temos um desmonte da legislação”.

O ambientalista observa que o setor de mineração já está embalado para fazer parte desse rol. Isso foi constatado na proposta do novo Código de Mineração, relatada por Leonardo Quintão (MDB-MG), conhecido como “deputado da mineração”, agora com cargo no governo Bolsonaro, o de Secretário Especial para o Senado, sob o comando do ministro Onyx Lorenzoni, na Casa Civil.

PROJETO ATUAL JÁ BENEFICIA EMPRESAS

 

A atual legislação sobre licenciamento ambiental foi elaborada na década de 1980, através da Lei 6.938/81, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente e determinou que qualquer atividade potencialmente poluidora ou com capacidade de causar degradação deve passar pelo processo de licenciamento, por meio da elaboração de estudos de impacto ambiental, sendo sujeita à avaliação dos órgãos ambientais. O licenciamento cabe ao Sisnama, sistema vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como órgão executor.

Em 1996, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleceu a Resolução nº 237, que  distribuía as atribuições do licenciamento ambiental entre os entes federativos. Desde então, cabe ao Ibama, em âmbito federal, licenciar atividades desenvolvidas em mais de um estado, ou cujos impactos ultrapassem os limites territoriais de um estado. Para empreendimentos de menor porte, a competência é de órgãos estaduais e municipais. Tal determinação gera uma série de confusões, fraudes e interpretações que já isentam a agropecuária do licenciamento.

“Hoje em dia é evasivo e beneficia as empresas, levando aos crimes ambientais”, afirma o ex-deputado Luciano Zica. “É triste, muito triste. O sentimento que tenho é de me perguntar o que fizemos errado naquela época, porque não evoluímos nos dois anos do meu mandato, e como a degradação do Parlamento brasileiro chegou a esse ponto? O Congresso não acompanhou o cuidado do meio ambiente e a Frente Ambientalista é coordenada hoje por parlamentares que não têm interesse na preservação”.

Lama em Brumadinho: setor da mineração também pode ser beneficiado por 
regras flexíveis. 
(Foto: Mídia Ninja)

Rodrigo Vicentin, ex-ICMBio, diz que o projeto, como está agora, “enfraquece as instituições, indo na contramão de tudo que há de mais moderno em qualquer país desenvolvido”. Como o PL tem seu parecer elaborado com requerimento de urgência, explica, ele pode ir para o plenário a qualquer momento, mesmo com o vencimento de mandatos e comissões:

– Todas as matérias que não foram apreciadas na candidatura passada foram arquivadas, mas é só fazerem um requerimento que isso volta à pauta. E essa pauta deve voltar. Ricardo Salles tem destacado que, mesmo com os acontecimentos de Brumadinho, ele insiste em tramitar a proposta da Lei Geral de Licenciamento. Depende simplesmente do presidente da mesa, e da pressão e vontade política por trás do PL. Espero que com a opinião pública voltada para o caso de Brumadinho, consigamos prevenir esses interesses econômicos, porque a correlação de forças aqui no Congresso 
é absolutamente desigual.

“Banho no igarapé agora dá coceira”, diz quilombola afetada por mineração de bauxita no Pará

Por Julia Dolce, De Olho nos Ruralistas – 
 
Após 30 anos de denúncias, Oriximiná realizou primeira audiência pública sobre riscos de barragem da Mineradora Rio do Norte; município e estado não confirmam segurança de 25 barragens para comunidades ribeirinhas e quilombolas da região

O quilombola Manuel Edilson de Jesus, morador da Comunidade de Boa Vista, em Oriximiná (PA), achava que conseguiria, no dia 8, parte das respostas às denúncias que tem feito nos últimos 30 anos. Ele integra a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná, fundada em 1989 para resistir às invasões e ameaças contra seus territórios, há décadas pautando as potenciais ameaças trazidas pela exploração de bauxita pela empresa Mineração Rio do Norte (MNR).

Com o rompimento da barragem em Brumadinho (MG), a prefeitura do município paraense marcou para aquele dia a primeira audiência pública sobre o tema. A ação, no entanto, na opinião de Jesus, foi “inútil”. A audiência estava prevista para acontecer no período da manhã, mas se estendeu para o fim da tarde e acabou durando nove horas. Nas primeiras horas do dia, a MNR monopolizou a mesa com discursos técnicos que garantiam a segurança das 25 barragens de rejeitos instaladas no município.

Seis mil funcionários da MNR e seus familiares moram na vila de Porto Trombetas. 
(Foto: Reprodução/UFSC)
Elas ficam em área pública, dentro da Floresta Nacional de Saracá-Taquera, próxima de igarapés que desaguam no Rio Trombetas, afluente do Amazonas. Nas horas seguintes, segundo a liderança quilombola, os habitantes do município ouviram que tanto a Secretaria Municipal quanto a Estadual do Meio Ambiente não contavam com técnicos capazes de comprovar a garantia da mineradora.

“A mineradora fica insistindo que a barragem é segura, que não vai quebrar, mas não há técnicos no poder público para dizer o contrário”, questiona Jesus. “Quem tem essa competência? Nós queremos ser bem informados e Isso foi um dia perdido. Temos 30 anos de luta contra a barragem, e nunca fomos ouvidos. Nós temos muito medo de ela romper, com esse tanto de rejeito, como vamos ficar se ela estourar?”

Na audiência, lideranças das comunidades só conseguiram espaço de fala após incentivo da promotora Lilian Braga, do Ministério Público do Pará. A coordenadora da comunidade ribeirinha Boa Nova, Maria de Fátima Lopes, conta que naquele dia foi informada de que deveria ter realizado um cadastro prévio se quisesse expor alguma informação durante a audiência. “Não conseguimos nos manifestar”, afirmou ao De Olho nos Ruralistas.

Se tivesse tido espaço, a ribeirinha, de 41 anos, teria contado o que viu e o que ouviu de sua mãe, nas últimas três décadas, sobre as mudanças nas águas do Igarapé Araticum, cujas margens abrigam sua comunidade:

– As pessoas mais antigas, com quem a gente conversa, diziam que há 30 anos tinha fartura de peixes. Eu conto para os meus filhos que quando a gente passeava de canoa os peixes pulavam dentro dela. Pegavam 200 peixes com uma só jogada de malha dura. Com o passar do tempo eles foram sumindo. Os peixes não gostam de água suja, então a gente acredita que talvez, com a chuva, a bauxita escorra para dentro dos igarapés. Também percebemos que quando vamos tomar banho no igarapé ficamos com coceira no corpo todo, antes isso não acontecia. A diarreia e os problemas de estômago também estão cada vez mais frequentes, muita gente com problemas na vesícula.

QUILOMBO FICA A MENOS DE 500 METROS DE BARRAGEM

A possibilidade de vazamentos nas barragens assusta os moradores das comunidades da região, que ficaram ainda mais tensos com a tragédia de Brumadinho. O Quilombo Boa Vista Trombetas, com cerca de 120 famílias, fica a apenas 430 metros de duas das barragens da MNR, chamadas de barragens Água Fria. A empresa afirma que as duas barragens são consideradas de baixo dano potencial associado. Há dois anos, no entanto, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vistoriou as barragens e recomendou que passassem para a categoria de alto dano potencial associado. Solicitou ainda um Estudo de Ruptura Hipotética e a Elaboração de um Plano de Ação de Emergência.

De acordo com uma nota publicada pela Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI), organização que acompanha as comunidades de Oriximiná, os planos de ação elaborados pela MNR apontam graves consequências para um eventual rompimento, com risco, inclusive, de mortes. “Em um dos cenários de rompimento poderiam ser atingidas 30 estruturas da empresa em região onde trabalham 300 pessoas em horário administrativo”, diz a nota.

Terra quilombola fica exatamente na rota da barragem. (Foto: Carlos Penteado)
Os documentos da MNR, segundo a organização, indicam que um rompimento levaria à destruição da camada vegetal e da vida animal da região. Em setembro de 2018, a mineradora informou à Comissão Pró-Índio que os planos de evacuação, de abastecimento de água e acessibilidade seriam detalhados até, no máximo, o início de 2019. Em julho, a Agência Nacional de Mineração negou acesso aos relatórios das fiscalizações que realizou nas barragens em 2015 e 2018, argumentando que os documentos são sigilosos.

Entre as principais demandas das associações das comunidades da região está o treinamento dos moradores para um eventual desastre. De acordo com Maria de Fátima, a empresa garantiu, durante a audiência, a elaboração de um plano de segurança específico. “Garantir a segurança eles podem garantir, mas nós queremos um plano para nossas comunidades”, afirma. “As pessoas trabalham próximas a essas barragens. A partir da hora que uma barragem romper e sujar nossos igarapés nós vamos nos alimentar de quê? Queremos uma garantia, um treinamento, sirenes que possamos ouvir de nossas casas”.

Maria de Fátima destacou ainda que já informou a empresa de todos os sintomas de poluição do rio notados pela comunidade. “Eles fazem uma pesquisa mensal da água e todos os meses dizem que está tudo bem. Enviam relatórios extremamente técnicos que não conseguimos entender. Se está tudo bem, como sentimos essas consequências?”, questionou a coordenadora, que visitou as barragens de rejeitos pela primeira vez, a convite da empresa, somente no dia 6. “É um cenário assustador”, sintetizou.
Antes da construção das barragens, a Mineração Rio do Norte passou cerca de uma década lançando todo o rejeito de bauxita no Lago do Batata, jusante à Comunidade Boa Vista. Na época, as comunidades tiveram de parar de utilizar as águas do lago. Apenas na década de 1990 a empresa construiu o conjunto de tanques para despejo dos rejeitos.


O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), subordinado ao Ministério do Meio Ambiente, é o órgão encarregado da preservação da Flona Saracá-Taquera e da Reserva Biológica do Rio Trombetas (Rebio). De acordo com Deborah Castro, analista ambiental e chefe do Núcleo de Gestão Integrada do ICMBio Trombetas, todas as denúncias realizadas por comunidades que utilizam os rios e igarapés para subsistência estão sendo registradas.


Ela conta que, entre dezembro e janeiro, foram realizadas três vistorias técnicas para averiguar as denúncias relativas ao Igarapé do Teófilo, motivo de reclamações em mais de uma comunidade. “Em princípio não foi localizado nenhum ponto de contaminação pela MNR neste igarapé específico”, diz. Segundo Deborah, os demais igarapés com denúncias de contaminação também passarão pelo mesmo tipo de vistoria, inclusive o Arativum.


“A equipe do ICMBio Trombetas conta com apenas quatro servidores para realizar a gestão das unidades e averiguar todas as denúncias”, relata. “E não possuímos laboratórios nem técnicos especializados que possam fazer uma análise físico-química da água para constatar contaminações nesse nível. Nossas constatações são a nível visual”.

VALE E ALCOA TÊM QUASE 60% DAS AÇÕES DA MNR

Fundada há quarenta anos, a Mineração Rio do Norte é a quarta maior mineradora em número de barragens de rejeitos do Brasil, e a maior mineradora de Bauxita do país. A empresa já foi controlada pela então estatal Vale do Rio Doce. Hoje, a Vale (Bradesco, Mitsui, fundos de pensão) é a principal sócia da MNR, possuindo cerca de 40% de suas ações. A empresa registrou lucro líquido de R$ 106,3 milhões no ano de 2017, de acordo com seus registros financeiros.


Outros 18,2% das ações estão com a multinacional Alcoa, dos Estados Unidos; 14,8% com a australiana South 32, que já pertenceu à BHP Billinton (sócia da Vale na Samarco, a responsável pelo crime ambiental de Mariana, em 2015). Outros 12% das ações estão nas mãos de outra gigante mundial da mineração, a anglo-australiana Rio Tinto. A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), fundada por Antonio Ermírio de Moraes, detém 10% das ações. Finalmente, a norueguesa Hydro possui 5% das ações.

Empresas do Brasil, EUA, Inglaterra, Austrália e Noruega dividem ações da MNR. 
(Imagem: MNR)
Foi a MNR que construiu a vila de Porto Trombetas, distrito que leva o nome do rio em cujas margens vivem cerca de 6 mil habitantes, todos funcionários ou familiares de funcionários da empresa. A estrutura inclui escola, hospital, aeroporto e centro comercial próprio, além de uma sede do ICMBio. O processo de exploração de minério dentro das reservas é legal, mas tem seu zoneamento limitado. Precisa respeitar uma série de critérios, fiscalizados pelo Ibama e pelo ICMBio, entre eles o pagamento de uma taxa ao órgão, que simbolizaria o rendimento da mata caso ela continuasse viva, uma soma do valor da madeira, dos frutos e de outros produtos.


O plano de manejo da Flona Saracá-Taquera, segundo o ICMBio, deverá passar por um processo de revisão em breve, “principalmente no que tange as áreas das comunidades tradicionais no interior da Flona”, segundo a chefe do órgão na unidade. “A MNR já foi autuada diversas vezes pelo ICMBio e pelo IBAMA. Eu não saberia dizer quantas vezes ou quais artigos infracionais de enquadramento dessas autuações, mas o artigo 90 do Decreto 6514/2008, sobre causar dano a unidade de conservação, é um deles”, afirma.


Há mais de uma década, no entanto, as comunidades quilombolas da região pedem a titulação oficial das terras da região. A demarcação garantiria a posse da terra aos quilombolas, essa sim proibida dentro das unidades de conservação. A confusão fundiária gerou uma ação do Ministério Público Federal (MPF), que em 2013 pediu que o governo resolvesse a questão. Em 2015, a Justiça deu parecer favorável ao MPF, e estabeleceu um prazo de dois anos para a demarcação dos territórios quilombolas, sob pena de uma multa de R$ 2 mil por dia de atraso.

QUILOMBOLAS QUEREM COMPENSAÇÃO FINANCEIRA

Segundo a Comissão Pró-Índio, ainda existem cerca de mil hectares passíveis de mineração no território reivindicado por comunidades que reúnem 8 mil quilombolas. Como ainda cabe recurso para a decisão da demarcação, elas continuam aguardando. Com a demarcação, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais na área, R$ 42 milhões em 2015, segundo a ANM, deixaria de ir para o ICMBio, sendo destinada para as associações quilombolas. Além disso, a Mineração Rio do Norte teria de pagar royalties de 1,5% aos proprietários da terra, que se somariam aos 3% já pagos ao governo.


Documentos obtidos pela Comissão Pró-Índio junto ao Ibama indicam que a MNR planeja instalar 11 novas barragens na região nos próximos anos. No dia 22 de janeiro, o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, general Santa Rosa, anunciou também o Projeto Barão do Rio Branco na região, que prevê a construção de uma hidrelétrica no Rio Trombetas, próximo de Oriximiná, de uma ponte sobre o Rio Amazonas no município de Óbidos, e da extensão da BR-163 até a fronteira do Suriname.


Em resposta ao anúncio do projeto, oito associações, representando as 35 comunidades quilombolas de Oriximiná, divulgaram uma nota de repúdio, denunciando que os empreendimentos “certamente trarão grandes prejuízos para a população da cidade, especialmente para as comunidades que terão seus territórios diretamente afetados. No documento, as associações lembraram também que tais obras não podem ser aprovadas sem a consulta livre, prévia e informada dos povos tradicionais que vivem na região.


Leia também a declaração de comunidades quilombolas e ribeirinhas sobre a mineração na região.
(#Envolverde)

Ministério Público entra com ação contra mineração em terras indígenas

Por Redação CicloVivo

 
MPF aponta inconstitucionalidade em milhares de pedidos de títulos minerários.
 
 
O Ministério Público Federal do Amazonas ingressou com ação civil pública (ACP) pedindo o indeferimento de todos os requerimentos de pesquisa ou lavra minerais incidentes sobre terras indígenas (TIs) no estado do Amazonas. Os pedidos encontram-se suspensos (sobrestados, no linguajar técnico) na Agência Nacional de Mineração (ANM), o que confere às mineradoras solicitantes preferência em uma eventual regulamentação de artigos constitucionais relacionados à exploração minerária em TIs.

A ação requer, ainda, que a ANM seja impedida de sobrestar futuros pedidos voltados para a mineração em terras indígenas, tendo o órgão, obrigatoriamente, que indeferir solicitações dessa natureza. Segundo o texto protocolado pelos procuradores do MPF, a “suspensão dos procedimentos, levada a cabo pela ANM, não é albergada pela legislação brasileira constitucional e infraconstitucional, tratando-se de prática violadora das normas protetivas ao meio ambiente e às comunidades tradicionais indígenas”.

Para fundamentar parte da ação, MPF utilizou o estudo Mineração na Amazônia Legal e Áreas Protegidas, lançado pelo WWF-Brasil em outubro de 2018. Segundo a publicação, que utilizou dados do Ministério do Meio Ambiente, da Agência Nacional de Mineração e da Fundação Nacional do Índio (Funai), existem mais de 4 mil requerimentos de títulos minerários sobrepostos a terras indígenas na região amazônica, colocando em risco comunidades, biodiversidade e recursos naturais nesses territórios.

Segundo Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil, a ação ajuizada pelo Ministério Público é oportuna e deve ser vista como um importante alerta público. “No atual contexto, em que ganham força as ameaças a unidades de conservação, aos direitos e territórios dos povos tradicionais, é fundamental que toda a sociedade brasileira esteja vigilante em relação a ameaças como a mineração em terras indígenas”, analisou.

O texto da ACP reitera que qualquer ação voltada para pesquisa ou lavra minerária no interior de terras indígenas só pode ocorrer mediante autorização expressa do Congresso Nacional. Isso ocorre, ainda conforme os procuradores do MPF, pelas “peculiaridades inerentes aos impactos da atividade sobre o meio ambiente e as comunidades tradicionais”. Porém, uma vez que a regulamentação da atividade de mineração nas TIs não existe, tais solicitações não poderiam sequer ser acolhidas pela Agência Nacional de Mineração.

Adicionalmente, o artigo 231 da Constituição, bem como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, da qual o Brasil é signatário, determinam que qualquer projeto que proponha empreendimento com potencial impacto a povos tradicionais deva ser objeto de consulta prévia, livre, de boa-fé e informada, cabendo às comunidades deliberar sobre a possibilidade de se levar adiante ou não o processo. No caso em discussão, conforme o texto da ação civil pública, ao não rejeitar prontamente as solicitações das mineradoras, a ANM concretiza “medida administrativa capaz de afetar o povo titular do território sobre o qual incide o requerimento”, sem qualquer consulta, caracterizando flagrante inconstitucionalidade.

Os procuradores do MPF apresentaram, ainda, algumas decisões já tomadas em cortes em Roraima e Amapá (ainda em fase de apelação) em ações similares ingressadas pelo MPF. As duas ACPs mencionadas condenam a ANM, à época DNPM, a cancelar requerimentos pendentes de pesquisa e lavra mineral em terras indígenas nos dois estados amazônicos.

O coordenador de políticas públicas do WWF-Brasil, Michel Santos, lembrou que o garimpo ilegal é, reconhecidamente, um importante vetor de desmatamento na Amazônia. “É necessário o rápido indeferimento dos requerimentos de títulos em toda área protegida, com vistas a minimizar a corrida pela mineração e as atividades ilegais nesses territórios”, afirmou.

A ação é subscrita pelos procuradores Ana Carolina Haliuc Bragança, Fernando Merloto Soave e José Gladston Viana Correia.
(#Envolverde)

Ambientalistas criticam revisão açodada no funcionamento do Conama proposta pelo Ministério do Meio Ambiente

Ambientalistas criticam revisão açodada no funcionamento do Conama proposta pelo Ministério do Meio Ambiente



Para entidades, o MMA precisa justificar a motivação das mudanças no funcionamento do Conama e permitir maior participação da sociedade civil no órgão

Por Mauro Arbex

A revisão do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), de forma açodada em sem uma ampla discussão da sociedade civil, está sendo duramente criticada pelos ambientalistas, alguns dos quais fazem parte da entidade. Argumentam que o órgão é um espaço político essencial para a gestão ambiental participativa no Brasil e alterações no seu funcionamento trariam impactos em todo o território nacional, o que exige um amplo debate. O Conama tem elaborado resoluções que regulam a qualidade das águas, do solo e do ar, entre outras importantes normas ambientais.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) convocou reunião extraordinária para o próximo dia 20 de março visando discutir “propostas para aperfeiçoamento do Conama”. O MMA recebeu, até ontem (quarta-feira), sugestões dos conselheiros do Conama tanto em relação à composição da entidade como de seu funcionamento.

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, conselheiro do Conama, “o tema é complexo e as atribuições e responsabilidades do Conama nos remetem a discussões e reflexões aprofundadas, que exigem a devida participação, representatividade e paridade de diferentes setores da sociedade”. Para Bocuhy, a condução desse processo de revisão tem de ser cuidadosa, “para que os resultados não levem a atendimentos setoriais e prejuízo nas decisões do conselho”.

Os ambientalistas, sob a liderança do Proam, e com a participação de outras 50 organizações não governamentais (ONG), encaminharam ontem, quarta-feira, ao MMA, uma manifestação do setor contra a pressa na revisão do Conama. Eles pedem que o ministério esclareça a justificativa, a motivação e o método que irá adotar para a mudança na composição e funcionamento do Conama. E que informe a agenda e prazos para a discussão.

“Queremos a realização de uma ampla e democrática discussão, com a devida transparência, participação e controle social”, diz Bocuhy. Os ambientalistas sugerem uma paridade entre as representações da sociedade civil e do governo no Conama, que reflita participação social efetiva, além da diversidade de representações sociais, situação que hoje não existe. Defendem também maior participação da área científica para as decisões colegiadas.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/03/2019

"Ambientalistas criticam revisão açodada no funcionamento do Conama proposta pelo Ministério do Meio Ambiente," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 1/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/01/ambientalistas-criticam-revisao-acodada-no-funcionamento-do-conama-proposta-pelo-ministerio-do-meio-ambiente/.

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Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (janeiro de 2019) SAD

Boletim do desmatamento da Amazônia Legal (janeiro de 2019) SAD

Por Stefânia Costa

O Imazon publicou os dados do Boletim do Desmatamento (SAD) referentes ao mês de janeiro de 2019. No total, foram detectados 108 km² de desmatamento na Amazônia Legal. Segundo o boletim, no primeiro mês de 2019, houve um aumento de 54% em comparação com os dados de janeiro de 2018.

O estado do Pará é o primeiro do ranking com áreas mais desmatadas em janeiro, com 37% do total. O Mato Grosso tem 32%, Roraima tem 16%, Rondônia ficou com 8% e os estados do Amazonas e do Acre ficaram com 6% e 1%, respectivamente.


Em janeiro de 2018, não houve detecção de degradação florestal, porém, em 2019, foram detectados 11 km² de florestas degradadas. Essa degradação ocorreu nos estados do Mato Grosso (55%), Pará (27%), Amazonas (9%) e de Rondônia (9%).

Ainda de acordo com o boletim do Imazon, em janeiro de 2019, a maioria (67%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em assentamentos (21%), Terras Indígenas (7%) e Unidades de Conservação (5%).


A Unidade de Conservação mais desflorestada foi a APA Triunfo do Xingu, com 3 km² de desmatamento. Outras áreas de conservação como, a APA do Tapajós e a Resex Verde para Sempre, também localizadas no Pará, aparecem no ranking. A Terra Indígena Ituna/Itatá, no Pará, e Aripuanã, em Rondônia e Mato Grosso, foram as que apresentaram maiores índices de desmatamento, com 4 km² e 1,5 km², respectivamente.

Saiba mais a seguir:
Desmatamento na Amazônia
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Fonte: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 01/03/2019
"Imazon divulga dados do desmatamento na Amazônia e aponta aumento em comparação com janeiro do ano passado," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 1/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/01/imazon-divulga-dados-do-desmatamento-na-amazonia-e-aponta-aumento-em-comparacao-com-janeiro-do-ano-passado/.

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Conhecimento indígena, chave para projetos de restauração ecológica bem-sucedida

Conhecimento indígena, chave para projetos de restauração ecológica bem-sucedida


Projetos de restauração ecológica envolvendo ativamente povos indígenas e comunidades locais são mais bem-sucedidos.

Este é o resultado de um estudo realizado pela ICTA-UAB, que valoriza a contribuição do conhecimento indígena e local na restauração de ecossistemas degradados.
Universitat Autònoma de Barcelona*

Reflorestamento em Madagascar
Reflorestamento em Madagascar. Autor: Joan de la Malla

Os povos indígenas e as comunidades locais são afetados por mudanças ambientais globais porque dependem diretamente de seu ambiente imediato para atender às necessidades básicas de subsistência. Portanto, salvaguardar e restaurar a resiliência dos ecossistemas é fundamental para garantir a sua soberania alimentar e sanitária e bem-estar geral. Seu interesse em restaurar ecossistemas dos quais eles se beneficiam diretamente e seu conhecimento íntimo de suas terras, recursos e dinâmicas que os afetam, posiciona-os como elementos-chave na consecução dos objetivos dos projetos de restauração ecológica.

No entanto, as contribuições dos povos indígenas e comunidades locais continuam a ser amplamente ausentes nos fóruns de política ambiental internacional, nos quais a importância biológica e a viabilidade de restauração são priorizadas em detrimento da preocupação local.

O estudo, liderado pelo pesquisador do ICREA no ICTA-UAB Victoria Reyes-García, revisa centenas de casos nos quais, através de práticas tradicionais, os povos indígenas contribuem para o manejo, adaptação e restauração da terra, criando novos tipos de ecossistemas altamente biodiversos. “Há muitos exemplos em que os povos indígenas assumiram papéis de liderança na restauração de florestas, lagos e rios, pastagens e terras secas, manguezais e recifes e zonas úmidas degradadas por pessoas de fora ou mudanças climáticas, combinando com sucesso as metas de restauração e aumentando a participação da população local. ”, Explica Victoria Reyes-García.

Práticas tradicionais incluem queima antropogênica alterando aspectos espaciais e temporais da heterogeneidade de habitats para criar diversidade, práticas de deposição de resíduos resultando em enriquecimento de carbono do solo, sistemas rotacionais de roça capazes de manter cobertura florestal e diversidade de plantas, interplantando plantas úteis em florestas nativas aumentando a diversidade florestal e espalhando feno rico em espécies e limpando prados para manter a produtividade e resiliência das pastagens.

No entanto, a pesquisa ressalta que nem todas as iniciativas de restauração envolvendo povos indígenas e comunidades locais foram benéficas ou bem-sucedidas. “Algumas campanhas não envolveram com sucesso as comunidades locais ou impactaram os resultados do reflorestamento, devido à falta de clareza das políticas projetadas no nível central ou à negligência dos interesses locais”, diz Reyes-García. Ela destaca que os resultados positivos são normalmente associados a projetos nos quais as comunidades locais têm se envolvido ativamente em atividades de co-design, instituições consuetudinárias foram reconhecidas e tanto benefícios diretos de curto prazo para a população local quanto apoio de longo prazo para a manutenção de restaurados. áreas foram asseguradas.

Portanto, Victoria Reyes-García defende que “a fim de atender a Aichi Meta 15 da Convenção sobre Diversidade Biológica sobre a restauração de 15% dos ecossistemas globalmente degradados, é necessário aumentar a participação de povos indígenas e comunidades locais nas atividades de restauração ecológica”.
Referência:
Reyes García V., Fernández Llamazares A., McElwee P., Molnár Z., Öllerer Z., Wilson S.J., Brondizio E.S.. The contributions of Indigenous Peoples and Local Communities to ecological restoration. Restoration Ecology. (2018)
https://doi.org/10.1111/rec.12894

* Tradução e edição de Henrique Cortez, EcoDebate.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 28/02/2019
"Conhecimento indígena, chave para projetos de restauração ecológica bem-sucedida," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 1/03/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/03/01/conhecimento-indigena-chave-para-projetos-de-restauracao-ecologica-bem-sucedida/.

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A terra inabitável: o futuro segundo David Wallace-Wells, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

A terra inabitável: o futuro segundo David Wallace-Wells, artigo de José Eustáquio Diniz Alves


The Uninhabitable Earth: Life After Warming
Imagem: Amazon

A terra inabitável

[EcoDebate] O jornalista David Wallace-Wells publicou, no dia 09/07/2017, uma matéria denominada “The Uninhabitable Earth”, na revista New York Magazine (NYMag), pintando um cenário apocalíptico para o Planeta – um Armagedon climático – caso as tendências atuais se mantenham. O artigo se tornou viral e foi comentado amplamente em diversos países do mundo e passou a ser o artigo mais lido da revista (ALVES, 19/07/2017).

O texto começou de forma assustadora: “It is, I promise, worse than you think” (Prometo, é pior do que você pensa). O subtítulo diz do que se trata: “Fome, colapso econômico e um sol que nos cozinha: o que as mudanças climáticas podem causar – mais cedo do que você pensa”.
Evidentemente, o autor estava tratando de um cenário extremo e de baixa probabilidade, mas que pode ocorrer se nada for feito para mudar os rumos da insustentabilidade do crescimento econômico e suas externalidades negativas sobre o meio ambiente. Naquele momento, o jornalista Wallace-Wells escreveu um artigo urgente e aterrorizante, mas sua premissa básica foi perguntar: e se a mudança climática for realmente um pouco pior do estamos pensamos?

Um ano e meio depois, Wallace-Wells manteve os seus argumentos e transformou o artigo da NYMag no livro “The Uninhabitable Earth: Life After Warming” (fevereiro de 2019). O livro começa quase na mesma linha do artigo: “É pior, muito pior do que você pensa”.

A maior parte do livro é uma avaliação expandida e horripilante do que poderíamos esperar como resultado da mudança climática, se não mudarmos o curso do consumismo num cenário de crescimento econômico e populacional. O resultado é um texto convincente que apresenta a questão: diante da ameaça real do aquecimento global e da degradação ambiental, que papel a narrativa ambientalista deve desempenhar?

Wallace-Wells é um jornalista extremamente competente e que explica o assunto com muita clareza, apesar da dificuldade técnica da matéria. Ele descreve o impacto das mudanças climáticas considerando as escalas espaciais e temporais. O espaço talvez seja o mais fácil dos dois, pois embora o aquecimento global e a degradação ambiental sejam fenômenos globais, as coisas serão piores nos países tropicais e pobres, que provavelmente vão enfrentar desastres simultâneos e em efeito cascata.

O aquecimento global vai ser abrangente, terá um impacto muito rápido e vai durar muito tempo. Isto quer dizer que os efeitos danosos das mudanças climáticas vão se agravar com o tempo e, embora todas as gerações já estejam sendo atingidas, são as crianças e jovens que nasceram no século XXI que vão sentir as maiores consequências do colapso ambiental. A degradação ambiental vai ocorrer em várias áreas, com a acidificação dos solos, águas e oceanos, a precarização dos ecossistemas e os desastres climáticos extremos (secas, chuvas, furacões e inundações de grandes proporções).

Todavia, mesmo que a humanidade pare de emitir gases de efeito estufa nas próximas décadas, a quantidade emitida desde a Revolução Industrial e Energética e o processo de retroalimentação poderá liberar o metano aprisionado no permafrost, que contém até 1,8 trilhão de toneladas de carbono equivalente, consideravelmente mais do que o atualmente suspenso na atmosfera terrestre. O metano, dependendo de como você mede, é pelo menos dezenas de vezes mais potentes do que o dióxido de carbono.

Na seção “Caleidoscópio do Clima”, Wallace-Wells explica o leque de possibilidades para a destruição do mundo físico, considerando como essas mudanças irão afetar os seres humanos. Ele contesta a ideia de progresso. Através da lente focada nas mudanças climáticas, percebe-se que a sociedade industrializada é uma tragédia na qual pensávamos que havíamos construído algo duradouro. O uso generalizado dos combustíveis fósseis funcionou como uma miragem temporária, mas que acaba sufocando o conjunto da vida no Planeta.

Para quem acredita nas propostas miraculosas dos tecnófilos cornucopianos, a crítica mais severa do livro é dirigida aos gigantes da tecnologia e à atual acomodação da corrupção moral dos EUA que alimenta o Vale do Silício: o da libertação coletiva da tensão do trabalho e da privação material via “A Igreja da Tecnologia”. O autor critica a ideia de que “a tecnologia nos salvará”, um refrão frequentemente apreendido como meio de nos permitir continuar com nossos hábitos destrutivos sem nos sentirmos muito mal.

A resposta de Wallace-Wells aos críticos que argumentaram que ele estava e está improdutivamente assustando as pessoas é apontar, com detalhes, que há muito mais pessoas não alarmadas o suficiente sobre a mudança climática do que as pessoas que estão muito alarmadas.

O livro é para assustar as pessoas que estão tranquilas diante da dimensão dos problemas ambientais que se avolumam. Inegavelmente, trata-se de alarme. De um despertador para acordar as pessoas. Ele desafia o mundo a provar que ele está errado.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Referência:

ALVES, JED. Catástrofe climática: a Terra inóspita e inabitável, Ecodebate, 19/07/2017
https://www.ecodebate.com.br/2017/07/19/catastrofe-climatica-terra-inospita-e-inabitavel-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

As cores da degradação

Crédito: Divulgação
O fotógrafo mineiro Pedro Motta, de 41 anos, investiga os confrontos e fusões entre o comportamento humano e os fenômenos naturais. 

Na exposição “Estado da Natureza”, ele apresenta 45 trabalhos. Estes são divididos em três séries: “Naufrágio Calado” explora objetos náuticos que se degradam no silêncio na paisagem, como o cemitério de barcos em Roscanvel, na Bretanha (acima); 

“Falência#2” traz erosões de todos os tipos; e “Sumidouro” retrata a destruição dos garimpos no Rio das Mortes. 


Centro Cultural Fiesp, até 12/5.