domingo, 13 de junho de 2021

Manifesto em defesa do Refúgio de Vida Silvestre Garça Branca - QI 17 / QI 19, Brasília/DF

 

Manifesto em defesa do Refúgio de Vida Silvestre Garça Branca - QI 17 / QI 19, Brasília/DF

Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) Garça Branca está ameaçado. O Colégio Everest de Brasília-DF está construindo, desde julho de 2020, um empreendimento de quase 9.000 metros quadrados no local. O REVIS fica na área do Seminário Maior Arquidiocesano de Brasília (entre a SHIS QI 17 e QI 19, Lago Sul) e as obras foram iniciadas e quase concluídas sem Alvará de Construção e correspondentes licenças ambientais e urbanísticas. (Informações extraídas da Ação Civil Pública nº 0702727-30.2021.8.07.0018, proposta pelo Ministério Público Federal e Territórios – MPDFT, que tramita perante o Juízo da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF.)

O Alvará de Construção, concedido somente em 16 de abril de 2021, é questionado pelo MPDFT, porque as obras situam-se “dentro da Unidade de Conservação de Proteção Integral denominada Refúgio de Vida Silvestre Garça Branca (...) responsável por proteger nascentes, a mata ripária e o córrego Mata Gado, que deságua no Lago Paranoá (...)” e porque “a edificação e as atividades pretendidas são absolutamente incompatíveis com os objetivos do REVIS Garça Branca, que, por ser categoria de proteção integral, não permite, em seu interior, atividades de ensino particular”.

Apesar disso, o Juízo da Vara de Meio Ambiente negou o pedido de paralisação das obras, porque já estão em estágio avançado.

O Colégio foi projetado para atender 750 alunos e receber 5.000 pessoas em seu ginásio. Não há, porém, projeto urbanístico de novas vias para atender à intensa demanda de veículos. Há uma única via de acesso ao local: a estreita via de acesso à QI-19, que já enfrenta engarrafamentos com o usual tráfego de carros.

Se você se preocupa com nossas nascentes de água, com nossos animais silvestres, com nossa flora, com a vida urbanística ordenada do Distrito Federal, junte-se a nós nessa luta. Assine este documento para que as autoridades saibam que a sociedade clama pela paralisação das obras do Colégio Everest, de modo que sejam garantidos o tempo e a utilidade da análise dos argumentos do MPDFT na ação já proposta.

Mais informações:

1) A ACP proposta pelo MPDFT (ACP n. 0702727-30.2021.8.07.0018) destaca que:

- o Alvará de Construção nº 674/2021 foi emitido em absoluta afronta à legislação ambiental e urbanística em vigor;

- o IBRAM (Instituto Brasília Ambiental) foi ineficiente na fiscalização da atividade potencialmente degradadora do meio ambiente;

- o empreendimento é potencialmente degradador do meio ambiente e conflita com a legislação ambiental e com as normas incidentes sobre o lote situado dentro de Unidade de Conservação de Proteção Integral.

2) Notícias foram veiculadas em diversos meios de comunicação como, por exemplo, no site Metrópoles (Clique aqui para ler a matéria e ver imagens de drone da área ameaçada) e no jornal local DF 2 da Rede Globo (Clique aqui para assistir a matéria).

3) Para mais informações sobre os fatos, siga-nos no Instagram@sos_refugiogarcabranca

Desmatamento saltou 14% em 2020 em todo o Brasil

 


Desmatamento saltou 14% em 2020 em todo o Brasil

RELATÓRIO DO MAPBIOMAS QUE ENGLOBA OS SEIS BIOMAS BRASILEIROS APONTA QUE 99% DA DEVASTAÇÃO OCORRIDA EM 2020 FOI ILEGAL. ESTRAGO FOI CAUSADO POR APENAS 1% DAS PROPRIEDADES RURAIS.

Área desmatada na Amazônia: bioma concentra 61% da área devastada em 2020

Em todo o país, o corte da vegetação nativa emitiu 74.218 alertas de desmatamento em 2020. Os avisos capturados por satélites nos seis biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa – mostram que uma área de 13,8 mil km² foram perdidos de janeiro a dezembro do ano passado, um aumento de 14% em relação a 2019.

Os dados, publicados nesta sexta-feira (11/06) e que renderam mais de 100 mil laudos com análises, fazem parte do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, do MapBiomas Alerta, iniciativa que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

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O levantamento aponta que a ilegalidade é dominante no país: 99% dos alertas emitidos não tinham autorização para o corte, mostra o relatório. Segundo a legislação, o proprietário da área precisa de uma licença para suprimir a vegetação, registro que fica disponível no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

A impunidade para aqueles que cometem esse crime também é alta. A análise do MapBiomas revela que apenas 2% dos desmatamentos e 5% da área identificada entre 2019 e 2020 como ilegalmente desmatada renderam multas ou algum tipo de embargo. 

Todas as bases de dados consultadas para o relatório são públicas e podem ser acessadas por qualquer cidadão. “A gente quer a parceria dos estados, do governo, para acabar com o desmatamento, por isso a informação que a gente produz também é completamente pública”, pontua Marcos Reis Rosa, um dos autores do relatório. 

Uma minoria barulhenta

O Brasil tem, até o momento, 5,9 milhões de imóveis rurais. Esse é o número registrado no Cadastro Ambiental Rural (CAR), obrigatório desde a aprovação do Código Florestal, em 2012. A informação sobre o imóvel é declarada pelo proprietário e serve como um banco de dados para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento. 

É com base no CAR que o relatório do MapBiomas conclui que a minoria das propriedades rurais são responsáveis pela supressão ilegal da vegetação nativa. Das 5,9 milhões registradas, os alertas partiram de 52.766 delas, o que corresponde a 0,9%.

“É esse apenas 1% que causa o estrago gigantesco na nossa imagem lá fora e para toda a nossa biodiversidade. Esse 1% que desmata é muito barulhento e tem muita representatividade no Congresso”, lamenta Rosa, ressaltando que em 99% dos imóveis declarados não houve desmatamento.

Ainda sobre ilegalidade, um pouco mais de um terço dos alertas (39%) tem sobreposição com áreas de Reserva Legal (RL), Áreas de Preservação Permanente (APP) ou Áreas de Nascente declaradas no CAR e que são protegidas pelo Código Florestal.

“Há muito desmatamento causado por invasão de terra pública também. Isso é um problema brasileiro, em que as pessoas invadem essas área e depois tentam conseguir uma anistia e receber a propriedade privada no futuro”, comenta Rosa.

Na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 2633/2020, conhecido como “PL da Grilagem” tramita com celeridade e pode ser votado a qualquer momento. A proposta muda as regras relacionadas à ocupação de terras públicas e legaliza ocupações feitas por grileiros.

Um outro estudo feito pelo Instituto Socioambiental (ISA) revelou a aumento expressivo da invasão de terras públicas na Amazônia e a explosão da devastação relacionada a essas áreas desde a chegada de Jair Bolsonaro à presidência.

O levantamento do ISA mostrou que Unidades de Conservação federais, Parques e Florestas Nacionais são o principal alvo dos grileiros. Os registros de CAR sobrepostos a essas áreas aumentaram 54%, e o desmatamento dentro desses cadastros irregulares subiu 72%.

Como o CAR é autodeclaratório e deveria ser validado pelos órgãos ambientais, o que demora e algumas vezes nunca acontece, grileiros registram áreas invadidas como se fossem legais e ficam na expectativa da anistia do governo, o que ocorre com certa frequência.

“Regularizar essas áreas não impede o desmatamento, mas funciona como incentivo para desmatar uma área pública pra receber uma nova anistia no futuro”, comenta Rosa.

Ranking por bioma

O relatório do MapBiomas se baseia em alertas capturados por cinco sistemas que utilizam satélites: Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real, do Inpe);  SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento, do Imazon), SAD Caatinga (Sistema de Alerta de Desmatamento da Caatinga, desenvolvido  pela Universidade Estadual de Feira de Santana e Geodatin); GLAD (Global Land Analysis and Discovery, da Universidade de Maryland) e SIRAD-X (sistema de detecção de desmatamento por radar desenvolvido pelo Instituto Socioambiental).

Da área desmatada em 2020, a maioria, 61%, está na Amazônia. O estado campeão de destruição é o Pará, onde estão seis dos dez municípios que mais desmataram, com destaque para as cidades de Altamira e São Félix do Xingu, que ocupam a primeira e a segunda posições, respectivamente.

No Cerrado, que corresponde a 31% do total de desmatamento no ano passado, o tamanho da área desmatada por alerta aumentou. A média foi de cerca de 57 campos de futebol por registro, mostra o relatório do MapBiomas, uma alta de 3% em relação ao verificado em 2019.

O restante dos alertas vem dos biomas Caatinga (4,4% da área), Pantanal (1,7%), Mata Atlântica(1,7%) e o Pampa (0,1%).

No ranking por estado, o Pará é seguido por Mato Grosso, Maranhão, Amazonas, Rondônia e Bahia. Juntos, esses seis estados responderam por mais de 76% da devastação verificada em 2020.

Por que mapear

Criado em 2018, o MapBiomas Alerta tem o objetivo de reforçar os sistemas de monitoramento já bem-sucedidos no país e colaborar com políticas públicas voltadas para o fim do desmatamento ilegal. “Para isso, seria preciso garantir que todo o desmatamento ilegal resulte em algum tipo de ação”, pontua Rosa.

Um dos usos das informações produzidas pela iniciativa é o apoio à política de embargo das propriedades que cortam a vegetação na clandestinidade. Segundo essa política, que já foi responsável por quedas drásticas do desmatamento no passado, o imóvel infrator é notificado e fica impedido de receber financiamento de bancos públicos e de entidades que aderem à causa.

“A quantidade e a qualidade de informações que a gente já possui torna possível mudar esse cenário e frear esse desmatamento ilegal, que está fora de controle. Com vontade política, dá para acabar com essa sensação de impunidade, que hoje predomina”, finaliza Rosa.

Fonte: Deutsche Welle

Quase 500 m³ de madeira são apreendidos no maior flagrante feito em operação da PRF em RO



Quase 500 m³ de madeira são apreendidos no maior flagrante feito em operação da PRF em RO

MAIOR PARTE DA CARGA SERIA COMERCIALIZADA NO SUDESTE DO PAÍS. AO TODO, PRF FEZ TRÊS DIAS DE OPERAÇÃO.

Quase 500m³ de madeira ilegal são apreendidas em rodovias de Rondônia — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

Uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em rodovias de Rondônia, apreendeu 464 m³ de madeira ilegal em três dias de fiscalizações. Segundo balanço da corporação divulgada nesta sexta-feira (11), esta foi a maior apreensão de madeira irregular feita pela PRF no estado.

A operação foi realizada em pontos da BR-364 para combater o transporte irregular de madeira, já que, conforme os agentes, a rodovia é a principal rota das madeireiras no estado.

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Entre as espécies apreendidas estavam castanheiras, mognos, seringueiras e aroeiras. De acordo com a PRF, por lei, essas espécies apreendidas não podem ser extraídas ou comercializadas no Brasil. A suspeita é que a maior parte da carga seria vendida no sudeste do país.

“O sudeste do Brasil já teve sua exploração [de madeira] em quase sua totalidade. O estado de Rondônia, além de ter uma quantidade muito grande de madeira, se agrega o valor ao chegar ao sudeste, onde já estão quase extintas essas madeiras”, explicou o agente da PRF Jussigle Rodrigues.

De acordo com o consultor florestal Adilson Pepino, as apreensões de 464 m³ de madeira demonstram o avanço do desmatamento no estado.

Todo desmatamento por si só já gera impactos irreversíveis, tanto no âmbito ambiental, social e econômico. Na Amazônia nós precisamos conscientizar a população, os produtores e a sociedade em geral sobre esses impacto, precisamos retrair esse desmatamento da Amazônia”, falou.

Segundo a PRF, 17 motoristas foram autuados por fazer o transporte ilegal das cargas durante a operação. Todos assinaram termos de responsabilidade e se condenados, podem pagar multas de até R$ 30 mil.

As madeiras apreendidas foram guardadas no pátio da corporação até a justiça decidir qual o destino delas.

Análise da madeira

Na tentativa de driblar a polícia, as empresas que fazem a extração e comercialização das madeiras, misturam as espécies proibidas com outros tipos que são permitidos.

Por isso, 25 policiais, que atuaram na operação, passaram por treinamentos para saber como identificar a mistura. Dessa forma, cada carregamento foi devidamente averiguado pelos agentes.

Agente coletando amostras de madeira para análise — Foto: Rede Amazônica/Reprodução

“O trabalho é feito identificando a madeira serrada na parte da carga do veículo, tirada uma amostra para ser analisada com uma lupa de amento pelo servidor da PRF, identificando as características da madeira”, explicou o agente da PRF Anderson Idalgo.