quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Imagens lindas celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram que precisamos lutar pela preservação da fauna do planeta

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Imagens lindas celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram que precisamos lutar pela preservação da fauna do planeta

Imagens incríveis celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram porque precisamos lutar tanto pela preservação da fauna do planeta

Neste dia 4 de out

ubro celebramos o Dia Mundial dos Animais. Além do Brasil, a data é comemorada em outros 35 países. Ela é muito importante para ressaltar ainda mais, a importância da preservação de milhões de espécies da fauna do planeta, que sofrem cada vez mais ameaças como a perda de habitat e os impactos provocados pela mudança climática. De acordo com o relatório divulgado no mês passado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), de 138.374 espécies monitoradas pela organização em 2021, 902 já foram extintas e 8.404 estão muito próximas disso. Outras 14.647 mil são citadas como “em perigo de extinção” pela nova atualização da Lista Vermelha da entidade (leia mais aqui).

Para marcar este Dia Mundial dos Animais, uma das mais importantes publicações do mundo da área ambiental, a National Geographic, fez uma seleção de imagens de fotógrafos que são seus colaboradores “com o intuito de incentivar a reflexão sobre o cuidado com os animais, preservação e a importância deles na Terra”.

A imagem que abre este post, por exemplo, é de um macaco peludo peruano (Lagothrix cana), espécie em risco de extinção. Ela foi feita num centro de reabilitação de vida selvagem em Manaus pelo fotógrafo Joel Sartore, idealizador do projeto Arca de Noé da Extinção, uma iniciativa em parceria com a National Geographic Society, sobre o qual eu escrevi aqui no Conexão Planeta, neste outro texto, em 2016. Já são mais de 11 mil espécies de animais fotografadas nos últimos anos.

Além de Sartore, várias outros fotógrafos, muitos deles brasileiros, se dedicam a esse trabalho tão essencial e lindo de registrar a vida selvagem. Então, aqui a segue a galeria de imagens da National Geographic para homenagear este Dia Mundial dos Animais:

Imagens lindas celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram porque precisamos lutar tanto pela preservação da fauna do planeta

Nas florestas de várzea, as onças-pintadas (Panthera onca) agem de forma diferente de qualquer outro grande felino em terra firme: elas passam um terço de sua vida nas copas das árvores, onde caçam, se reproduzem e criam os filhotes
Foto: André Dib

Imagens lindas celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram porque precisamos lutar tanto pela preservação da fauna do planeta

Bandos de flamingos (Phoenicopterus ruber) forram o lago Bonome, no Amapá.
Foto: André Dib

Imagens lindas celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram porque precisamos lutar tanto pela preservação da fauna do planeta

A preguiça-de-três-dedos (Bradypus tridactylus) aninha-se em uma embaúba
na Estação Ecológica de Maracá-Jipioca, no Amapá
Foto: André Dib

Imagens lindas celebram o Dia Mundial dos Animais e nos lembram porque precisamos lutar tanto pela preservação da fauna do planeta

Uma tamanduá-bandeira fêmea carrega seu filhote tranquilamente pelos campos
da Pousada Aguapé, em Aquidauna (MS)
Foto: João Marcos Rosa

Uma jararaca-ilhoa se desloca no galho de uma árvore na Ilha da Queimada Grande
Foto: João Marcos Rosa

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Fotos: divulgação National Geographic

Em discurso no Parlamento, Rainha Elizabeth apresenta novas leis pelo bem-estar dos animais no Reino Unido

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Em discurso no Parlamento, Rainha Elizabeth apresenta novas leis pelo bem-estar dos animais no Reino Unido

Em discurso no Parlamento, Rainha Elizabeth apresenta novas leis pelo bem-estar dos animais

Hoje foi o dia do tradicional discurso da Rainha Elizabeth no Parlamento do Reino Unido. Uma vez por ano a monarca, durante o “State Opening”, a monarca britânica fica diante dos parlamentares da Casa dos Lordes e da Casa dos Comuns (House of Commons e House of Lords) e apresenta um breve resumo dos planos elaborados por seu governo para o ano, delineando políticas e propostas de legislações futuras.

Um dos pontos do discurso de hoje foi uma série de propostas para garantir e aumentar o bem-estar dos animais no Reino Unido. Três novas leis deverão entrar em vigor a partir de junho.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, detalhou posteriormente o conteúdo das novas propostas:

– Reconhecimento da senciência animal, a capacidade dos animais de terem sentimentos, incluindo dor e sofrimento, por meio da Lei de Bem-Estar Animal;
– Proibição da exportação de animais vivos para engorda e abate;
– Limitar ainda mais o comércio de foie gras;
– Assegurar um melhor tratamento ao gado;
– Proibição da posse de primatas como animais de estimação;
– Melhoria das condições e padrões de zoológicos;
– Repressão ao contrabando de cachorros;
– Obrigatoriedade de implante de microchip em gatos.

Outra questão importantíssima que o governo da Rainha quer é acabar com a importação dos chamados “troféus de caça“, ou seja, animais empalhados ou partes deles, obtidos em viagens de caça. Além disso, pretende-se banir a publicidade que promove este tipo de atividade.

Diversas organizações de proteção animal comemoraram o anúncio das novas legislações. “Obrigado a todos que assinaram a petição e fizeram lobby com seus parlamentares. A senciência animal foi finalmente reconhecida pelo governo!”, agradeceu Vanessa Amoroso, da World Animal Protection.

A Rainha Elizabeth é conhecida pelo seu amor aos animais. Desde muito jovem é apaixonada por cavalos e sempre teve muitos cães. Seu marido, o Príncipe Phillip, Duque de Edinburgh, que faleceu recentemente, foi o primeiro presidente do WWF-Reino Unido e ficou nesse cargo entre 1961 e 1982. Ele também presidiu o WWF-International entre 1981 e 1996.

Já o filho do casal, o futuro herdeiro do trono, o Príncipe Charles, é um ativista pela sustentabilidade. Em suas viagens e discursos, sempre defendeu a proteção ao meio ambiente e o combate às mudanças climáticas, ao desmatamento e à poluição dos oceanos. Em janeiro, lançou a “Terra Carta”: um plano de recuperação para o planeta com o apoio de empresas e indústrias.

*Com informações da BBC News

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Foto: Annie Leibovitz/Facebook The Royal Family

Em Londres, crianças entregam petição com mais de 100 mil assinaturas para que Família Real restaure florestas

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Em Londres, crianças entregam petição com mais de 100 mil assinaturas para que Família Real restaure florestas

Crianças entregam petição com mais de 100 mil assinaturas para que Família Real restaure florestas do Reino Unido

Família Real britânica, de quem a Rainha Elizabeth é a principal representante, é a maior proprietária de terras do Reino Unido. Estima-se que ela seja a dona de nada menos do que 300 mil hectares, incluindo aquelas que pertencem à coroa, o que equivale ao dobro da área da Grande Londres. E num ranking global que analisa os lugares do mundo que possuem mais ecossistemas intactos, o Reino Unido aparece numa posição nada boa, no 189o lugar. A poucas semanas da realização da Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP-26, em Glasgow, na Escócia, a monarquia se vê pressionada a dar um exemplo melhor de conservação e principalmente, restauração do meio ambiente.

No final de semana, centenas de crianças fizeram uma passeata no centro de Londres até os portões do Palácio de Buckingham, onde a Rainha Elizabeth mora, para entregar uma petição com mais de 100 mil assinaturas pedindo para que a Família Real promova o reflorestamento de suas terras.

“É uma grande quantidade de terra. E grande parte dela não está no que eu chamaria de boas condições ecológicas”, disse Chris Packham, ambientalista e famoso apresentador inglês de programas de televisão, que acompanhou as crianças durante a manifestação, promovida pela organização não-governamental Wild Card.

Crianças entregam petição com mais de 100 mil assinaturas para que Família Real restaure florestas do Reino Unido

A manifestação em frente ao Palácio de Buckingham, em Londres

Em junho, 120 cientistas, pesquisadores, jornalistas, esportistas, escritores e celebridades já tinham enviado uma carta endereçada à Rainha Elizabeth e também os príncipes Charles e William, os futuros herdeiros do trono britânico, demonstrando preocupação sobre a situação.

“Enquanto a Grã-Bretanha se prepara para receber líderes mundiais para a COP26 em Glasgow, a escassez ecológica de nosso país esvazia nossas reivindicações de liderança ambiental global, ao mesmo tempo que mina o moral e o bem-estar de seus cidadãos”, dizia o texto.

De acordo com os signatários da carta, a Família Real tem dever moral para servir de exemplo. “Acreditamos que essa seja uma oportunidade única e histórica de transformar radicalmente o estado de degradação da natureza. Assumir um compromisso público de restaurar a biodiversidade das propriedades reais por meio do reflorestamento enviaria um sinal de que um novo capítulo começou: um capítulo em que a natureza é honrada e valorizada, em vez de erodida e explorada… comprometer-se publicamente com a ideia de enriquecimento da biodiversidade, como um primeiro princípio de gestão de longo prazo da terra em todas as suas propriedades, seria inovador e revolucionário. Outros, sem dúvida, os seguiriam”.

A cobertura florestal das terras da Família Real é menor do que a média de outras áreas verdes do Reino Unido.

“Este é um momento de ação. O tempo para conversar acabou. Estamos em apuros desesperados e se eles adotassem isso antes da COP-26, pense que mensagem isso enviaria ao mundo. Eles estão em uma posição muito poderosa para fazer algo muito poderoso. Acho que é hora de avançar”, ressaltou Packham.

Crianças entregam petição com mais de 100 mil assinaturas para que Família Real restaure florestas do Reino Unido

Menininha que fez parte do protesto na Inglaterra: “Recupere as terras reais”

Em nota, um porta-voz do Royal Estates afirmou que “Os membros da Família Real têm um compromisso de longa data com a conservação e a biodiversidade e, por mais de 50 anos, defendem a preservação e o desenvolvimento dos ecossistemas naturais. As propriedades reais estão em constante evolução e procuram novas maneiras de continuar a melhorar a biodiversidade, a conservação e o acesso público aos espaços verdes, além de abrigar comunidades e negócios prósperos que fazem parte da estrutura da comunidade local”.

Ou seja, uma resposta padrão. Sem mudanças no horizonte. Infelizmente.

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Fotos: reprodução Facebook WildCard campaign

Especialistas pedem efetivas proteções da biodiversidade de água doce

 

Especialistas pedem efetivas proteções da biodiversidade de água doce

Mais de 570 especialistas de 97 países exortam a ONU a fortalecer as proteções da biodiversidade de água doce enquanto a humanidade enfrenta perdas catastróficas de espécies aquáticas e habitats

Pela International Rivers*

Espécies insubstituíveis de água doce e habitats dos quais a humanidade depende estão sendo perdidos em um ritmo mais rápido do que na terra ou nos mares; os líderes mundiais devem priorizar ações urgentes e direcionadas para proteger e restaurar esses ecossistemas e defender os direitos das comunidades indígenas e marginalizadas desproporcionalmente afetadas por essas perdas.

A International Rivers divulgou uma carta assinada por mais de 570 especialistas, cientistas, engenheiros, pesquisadores e profissionais de 97 países pedindo às Nações Unidas e aos delegados nacionais que fortaleçam as ações para proteger os ecossistemas de água doce e a biodiversidade conforme se reúnem nesta semana para a Décima Quinta Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica.

Esses líderes de pensamento em questões de água – incluindo cientistas de várias disciplinas, engenheiros, profissionais de saúde pública, gestores de recursos hídricos, economistas, executivos de negócios, planejadores ambientais, líderes indígenas, vencedores dos MacArthur Fellowships, Goldman Environmental Prizes e Stockholm Water Prizes, diretores da organizações de pesquisa e defesa e outros especialistas envolvidos na proteção e restauração de rios, pântanos, riachos e lagos – alertam que a humanidade está enfrentando uma perda catastrófica dos sistemas de água doce dos quais dependemos para nossas vidas.

“Ecossistemas de água doce em todo o mundo estão sendo degradados mais rapidamente do que em terra ou no mar, e peixes de água doce e outros animais aquáticos enfrentam riscos de extinção muito maiores do que seus equivalentes terrestres ou marinhos. Um quarto dos rios do mundo agora seca antes de chegar ao oceano. O uso humano atual dos recursos de água doce é totalmente insustentável e piora a cada década. No entanto, ainda há tempo para evitar os piores resultados se agirmos rapidamente. Planos de ação e tecnologias já estão disponíveis para ajudar a conservar e restaurar os ecossistemas de água doce e seus serviços ambientais críticos. A hora de agir é agora ”, diz o professor James S. Albert, professor de Ecologia e Evolução da Universidade de Louisiana em Lafayette e principal autor do artigo revisado por pares“ Advertência dos cientistas à humanidade sobre a crise da biodiversidade de água doce ”, publicado no Ambio em janeiro de 2021.

Ikal Ang’elei, um líder queniano das comunidades Omo-Turkana, destaca o que está em jogo para as comunidades indígenas: “Por gerações, os povos indígenas da bacia de Turkana protegeram a biodiversidade da bacia de Omo-Turkana que sustentou suas vidas e represas em todo o mundo continuam a impactar os povos indígenas desproporcionalmente, e nós, os povos indígenas Omo-Turkana, vimos o Lago Turkana, que serve como uma tábua de salvação para meio milhão de pessoas e espécies incontáveis, alterado irrevogavelmente pelas barragens Gibe no Rio Omo. ” A Sra. Ang’elei é a fundadora da Friends of Lake Turkana e uma ativista de direitos humanos e ambiental que foi homenageada por seu trabalho com o Prêmio Ambiental Goldman em 2012.

Os líderes que assinaram a carta incluem:

  • Líderes indígenas e aliados protegendo terras ancestrais, rios, pescas e direitos humanos, incluindo Ikal Ang’elei, Nnimmo Bassey, Joji Cariño, Comissão Indígena de Peixes e Vida Selvagem dos Grandes Lagos, Rios a Rios e Sobrevivencia, entre outros;
  • 11 vencedores do Prêmio Ambiental Goldman trabalhando para salvaguardar os direitos humanos e ambientais, dois vencedores do Prêmio Right Livelihood, um MacArthur Fellow e vários outros prêmios notáveis;
  • Gus Speth, ex-administrador do Programa de Desenvolvimento da ONU;
  • James Albert, Roberto Reis e Kirk Winemiller, co-autores do artigo Ambio revisado por pares de 2021 “Alerta dos cientistas à humanidade sobre a crise da biodiversidade de água doce”;
  • Vencedores do Stockholm Water Prize: Sandra Postel (2021) e Jackie King (2019);
  • 22 membros do comitê da IUCN;
  • Mark Angelo, fundador do Dia Mundial dos Rios, presidente emérito do Rivers Institute no Instituto de Tecnologia da Colúmbia Britânica e vencedor do prêmio inaugural de administração das Nações Unidas.
  • Zeb Hogan, um cientista americano e apresentador do “Monster Fish”, o popular show National Geographic, e
  • Rajeev Raghavan, um cientista indiano com dois peixes recém-descobertos em sua homenagem, o Channa rara e o Indoreonectes rajeevi.

Apenas nos últimos cinquenta anos, as populações de vertebrados de água doce diminuíram 84%, o que é mais do que o dobro do declínio observado para espécies terrestres ou marinhas, de acordo com a ONU. “Os rios, lagos e pântanos da Ásia abrigam coletivamente quase um terço das espécies de peixes de água doce do mundo, muitos dos quais são endêmicos e existem em uma pequena faixa. Trinta e duas espécies dependentes de água doce já foram extintas do continente asiático, com um adicional de 450 espécies vivendo na borda – avaliada como “Criticamente Ameaçada”. As ameaças de estressores antropogênicos incluem poluição, desenvolvimento de energia hidrelétrica, espécies exóticas e superexploração, mas infelizmente a biodiversidade de água doce na Ásia sofre de ‘fora da vista’ e ‘fora da mente’ para a maioria dos formuladores de políticas e políticos. Temos que agir agora e agir fortemente para dobrar a curva da perda de biodiversidade ”, disse Rajeev Raghavan, Coordenador do Sul da Ásia do Grupo de Especialistas em Peixes de Água Doce da IUCN.

As ações direcionadas necessárias para proteger e preservar os ecossistemas de água doce atualmente não existem. Juliana Delgado, Coordenadora de Ciência dos Andes do Norte e América Central do Sul para a Conservação da Natureza na Colômbia afirma: “Por muito tempo, presumimos que a proteção da terra salvaguardaria inerentemente os sistemas de água doce dentro dela. Com o apoio de décadas de pesquisa, agora entendemos a falha dessa lógica. Na América Latina e em todo o mundo, as barragens continuam a ser construídas em áreas protegidas – e os habitats de água doce, a biodiversidade e os modos de vida continuam a desaparecer. A décima quinta Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica é a oportunidade única em uma geração para que os líderes globais reflitam esse entendimento e mudem a trajetória dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. ”

“Como esses especialistas deixam claro, um futuro saudável, justo e resiliente depende da proteção e restauração de nossos ecossistemas de água doce e das plantas, animais e pessoas que eles sustentam”, disse Darryl Knudsen, Diretor Executivo da International Rivers. “Como os povos indígenas e outros nos lembram: água é vida. Nossa sobrevivência depende de pescarias, pântanos, pássaros, água limpa, rios de fluxo livre, insetos e toda a rede de sistemas de água doce para alimentação, saúde e cultura. ”

Citações adicionais de assinantes de cartas:

“Trabalhamos nesta carta com cientistas de todo o mundo para aumentar a visibilidade desta crise de água doce com os líderes mundiais na reunião da Convenção sobre a Biodiversidade e para amplificar as vozes no terreno que estão clamando por metas mais fortes de proteção da biodiversidade de água doce, metas explícitas de água doce e mecanismos de apoio adequados para salvar os ecossistemas e espécies remanescentes de água doce. Precisamos de liderança e ação forte ”, disse Deborah Moore, copresidente do Conselho de Diretores da International Rivers e ex-comissária da Comissão Mundial de Barragens.

“Soluções inovadoras baseadas na natureza já existem e se dermos a elas o apoio e a prioridade necessários para o sucesso, então temos um caminho a seguir para proteger nossos ecossistemas de água doce”, disse Julie Claussen, Diretora de Operações da Fisheries Conservation Foundation e um líder co-autor desta carta.

“A água une todas as espécies que perambulam pelo planeta. Sem ele, morremos. ” diz Maria Gunnoe, com sede em West Virginia, Estados Unidos, é Vencedora do Prêmio Ambiental Goldman de 2009 e ganhadora da Medalha Wallenberg de 2012 por seu trabalho em direitos humanos. Ela é uma especialista no impacto comunitário da mineração de carvão para remoção do topo das montanhas na água, no ar e nas pessoas frequentemente esquecidas de Appalachia. Seu trabalho salvou inúmeros riachos e as pessoas que dependem desses riachos. Maria atualmente atua como Diretora da Mother Jones Community Foundation.

*****

Carta em inglês: https://intlrv.rs/CBDFreshwaterLetter

Carta em espanhol: https://intlrv.rs/CBDAguaDulceCarta

Fonte: International Rivers

 

Henrique Cortez *, tradução e edição.

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2021

 

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A expansão da mancha urbana e a perda de biodiversidade em Porto Seguro, Bahia, artigo de Elissandro Santana

 

A expansão da mancha urbana e a perda de biodiversidade em Porto Seguro, Bahia, artigo de Elissandro Santana

O avanço dos condomínios ocorre por diversos pontos na cidade, interferindo na dinâmica de ecossistemas, dentre eles, manguezais e isso pode gerar uma série de problemas, além dos que já existem

 

expansão da mancha urbana e a perda de biodiversidade em porto seguro 1

Imagem capturada a partir do Google Earth, em 09 de outubro de 2021.

São muitos os entraves à conservação da biodiversidade em Porto Seguro, no Extremo Sul da Bahia, e a expansão da mancha urbana, a partir da cultura da construção de condomínios e outras formas de moradia na cidade, de forma insustentável, é uma delas.

A cada ano, em muitas partes do município, em especial, no perímetro urbano da sede, as fronteiras do verde são rompidas para a instalação de grandes condomínios – complexos de moradia fixa ou para fins de veraneio – e outros conjuntos habitacionais.

Existem muitas explicações para esse fenômeno, mas, com certeza, o fator que mais sustenta essa expansão, principalmente, a cultura do condomínio, com a consequente redução das áreas verdes, é a noção equivocada, ainda alicerçada na perspectiva colonial, que se vende de Porto Seguro como um paraíso a ser explorado, imagética que se dá por várias vias pelos atores econômicos que lucram com o turismo predatório na região e são muitos esses personagens.

A cada complexo levantado, há a redução da vegetação, principalmente, no perímetro urbano da sede municipal. Isso se dá com a destruição de áreas naturais, por mais que quase tudo ocorra de forma “legal”, ou seja, historicamente, com o aval dos órgãos de fiscalização. Nesse ínterim, cabe destacar que, à medida que as construções avançam, morre-se não somente a flora, como também cursos d’água como riachos e rios, problemas esses que, por si, já seriam um grave problema ambiental, a curto e longo prazo. Na natureza, como tudo se dá em rede e a conservação deve ser entendida, pelo menos, a partir de três pilares, diversidade de espécies, diversidade genética e diversidade de ecossistemas, com a perda de áreas naturais, a fauna que antes ocupava esses espaços, ou migra para remanescentes de mata que estejam próximos, caso existam e seja possível, ou morre, pois com a destruição de habitats, populações inteiras de animais podem entrar em declínio.

O avanço dos condomínios ocorre por diversos pontos na cidade, interferindo na dinâmica de ecossistemas, dentre eles, manguezais e isso pode gerar uma série de problemas, além dos que já existem. Com isso, tem-se que o preço pelo avanço dessa cultura insustentável de construção será pago ao longo dos anos, inclusive por aqueles que não alimentam-retroalimentam essas culturas de moradias insustentáveis, sejam condomínios ou outras construções.

Acerca da importância ecológica dos mangues, para fins de fundamentação da discussão, pode-se ressaltar que o manguezal está associado às margens de baías, de barras, enseadas, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa1. A cobertura vegetal, ao contrário do que acontece nas praias arenosas e nas dunas, instala-se em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra. A riqueza biológica dos ecossistemas costeiros faz com que essas áreas sejam os grandes “berçários” naturais, tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.2.

Somente por esses serviços ecológicos, este ecossistema deveria ser conservado e preservado, mas, infelizmente, já existem pequenos pontos na cidade com o avanço dessas construções. Sabe-se que o avanço ainda não é grande por este ecossistema, mas não demorará muito para que isso se avolume.

expansão da mancha urbana e a perda de biodiversidade em porto seguro 2

Imagem capturada a partir do Google Earth, em 09 de outubro de 2021.

A culpa pela destruição não pode ser atribuída somente aos empresários que lucram com a cultura do condomínio, mas também aqueles que alimentam o sistema, comprando os produtos desse processo. Quem compra uma residência que foi construída em torno da perda de flora e de fauna deveria assumir o preço da destruição ambiental, mas fica difícil responsabilizar esses atores, haja vista que toda esta problemática é fruto de um longo processo de desligamento do natural e reforçado pelas próprias políticas nacionais. Regionais, locais que facilitam a destruição ambiental.

Dentre os paradoxos para a destruição de espaços verdes em uma cidade como Porto Seguro, apresento a ideia que se vende de cidade com belezas naturais em choque com a exploração insustentável do patrimônio natural municipal. Essa noção, conforme exposto, se esbarra com a destruição de espaços naturais na cidade e, em algum momento, diante da redução e perda de biodiversidade no município, se inviabilizará o marketing semiótico de Porto Seguro como lugar de encantos, pois em tempos de conexão, virtualidades e de informação, a depredação dos espaços será visível para todos e não somente para ambientalistas, cientistas ambientais e outros estudiosos preocupados com o que vem ocorrendo há décadas na cidade.

Diante de tudo o que fora exposto, é importante sinalizar que a questão aqui não é ser contrário à construção de moradias e, até mesmo de condomínios, mas isso deve ser feito de forma responsável-sustentável com justiça socioambiental. A construção desses complexos ou conglomerados habitacionais, seja para o turismo, veraneio ou moradia fixa poderia ocorrer em espaços em que o natural já não mais existe ou pela revitalização de espaços urbanos já existentes, contanto que isso não signifique gentrificação, outro processo tão violento quanto a destruição de espaços naturais para a construção desenfreada de moradias.

Por Elissandro Santana

Mestrando em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável – pela ESCAS – Instituto IPÊ

1 http://ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=70&Itemid=409

2 http://ecologia.ib.usp.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=70&Itemid=409

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2021

 

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