sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Em meio a rígido lockdown, falcões peregrinos se tornam xodó de moradores de Melbourne, que acompanham online o dia dia das aves

 

Em meio a rígido lockdown, falcões peregrinos se tornam xodó de moradores de Melbourne, que acompanham online o dia dia das aves

Em meio a rígido lockdown, falcões peregrinos se tornam xodó de moradores de Melbourne, que acompanham online o dia dia das aves

Desde o dia 2 de agosto, a população de Melbourne, na Austrália, vive em meio a um dos mais rigorosos confinamentos impostos no mundo para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. Os moradores podem sair de casa apenas para fazer compras essenciais e praticar esportes ao ar livre duas horas por dia e num raio de 5 km. Visitas são proibidas, restaurantes e cafés estão fechados (só funcionam para entrega e retirada de comida) e o uso de máscara é obrigatório em todos os lugares. E quem desobedecer as regras impostas pelo governo pode pagar multas. Bem caras.

Confinados ao espaço restrito da própria casa, os moradores de Melbourne se voltaram à internet para passar o tempo e espairecer. E encontraram nela uma nova razão para ligar o computador ou acessar o tablete ou o celular todos os dias: uma adorável e “nova” família de falcões peregrinos.

As aves fizeram um ninho no alto de um prédio no Distrito de Negócios no centro da cidade. No mesmo lugar, que desde 1991, outros casais de falcões peregrinos escolhem para ter seus filhotes.

Então há quatro anos foi instalada uma câmera no local pelo projeto Victorian Peregrine. Nessa beirada do edifício, também foi colocada uma caixa com um substrato de areia, que atrai essas aves.

Agora em 2020 a câmera registrou que a fêmea colocou três ovos. Desde então, milhares de pessoas, diariamente, acompanham, ao vivo, o dia a dia dos falcões, seja através do site especialmente criado para a transmissão ou do canal do projeto no YouTube.

No último dia 2 de outubro, diante dos olhos do público que estava online, os filhotes nasceram. Três pequenos falcões, que mostram estar muito saudáveis, para a alegria de todos.

Abaixo, o momento exato em que o primeiro filhote eclodiu do ovo.

Os filhotes são alimentados pelos pais com carcaças de outras aves menores. O macho e a fêmea são companheiros pelo resto da vida.

No ano passado, outro casal de falcões também usou o mesmo ninho, mas um dos filhotes morreu. Os biólogos do BirdLife Australia explicam que a espécie dificilmente usa o mesmo ninho para reproduzir mais de uma vez.

A expectativa é que, em aproximadamente um mês, em meados de novembro, os três filhotes deixem o ninho, ao alçar seus primeiros voos. Esperança compartilhada pelos moradores de Melbourne, que também sonham em poder sair de suas casas e reconquistar sua liberdade em um futuro próximo, quando a pandemia estiver controlada.

A ave mais veloz do mundo

O falcão peregrino (Falco peregrinus) é uma ave de rapina que pode ser encontrada em todos os continentes, com exceção da Antártica. Apesar de preferir montanhas e regiões costeiras, é vista também em grandes centros urbanos, como Melbourne.

É o pássaro mais rápido que existe. Há registros de voos que alcançaram mais de 300 km/h.

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Foto: reprodução vídeo The Guardian

Juiz nega pedido de afastamento de Salles apresentado pelo MPF: “não há prova cabal”

 

Juiz nega pedido de afastamento de Salles apresentado pelo MPF: “não há prova cabal”

Texto atualizado em 19/10/2020 devido a negativa do juiz que analisou o caso e também à decisão do julgamento do recurso de Salles contra a Justiça paulista:

Na terça-feira, 13/10, como divulgamos na notícia abaixo, o desembargador Ney Bello emitiu ordem para que o pedido de afastamento de Ricardo Salles – apresentado em julho pelo Ministério Público Federal em uma ação de improbidade de 12 procuradores da República – fosse analisado “imediatamente”. Pois, no dia seguinte, o juiz Márcio de França Moreira, da 8ª Vara Federal do Distrito Federal, analisou e negou o pedido. Sua justificativa: “Não há prova cabal de comportamento do Requerido que comprometa o andamento e a instrução processual, descabe a medida drástica de afastamento”.

O juiz afirmou que os argumentos apresentados pelos procuradores são “vagos” e não provam que Salles está tendo um comportamento inadequado no cargo que ocupa. “O Ministério Público Federal não apresenta elemento algum que demonstre possível embaraço do Ministro de Estado à instrução desta ação civil de improbidade administrativa, pautando seus argumentos tão somente nos danos causados ao meio ambiente em razão da política empreendida pelo atual governo”. E acrescentou: “O pedido do Ministério Público Federal, desprovido de provas de possível interferência do Ministro de Estado na condução processual e tecendo argumentos vagos sobre ameaças do Requerido a servidores do órgão, deturpa por completo o propósito do instituto previsto no art. 20, parágrafo único, da Lei nº 8.429/92, e revela uma clara intenção de antecipar os efeitos de um eventual juízo condenatório de perda do cargo público, pena que sequer admite cumprimento provisório”.

Se tudo que o MPF apresentou como prova de que Salles deve ser afastado, então, não sabemos o que é preciso para provar a incompetência do acusado para o cargo. Lembremos que ele já está condenado pela Justiça paulista, também por improbidade administrativa. Aliás, seu recurso começou a ser julgado na semana passada, 15/10, pela 1ª Câmara Reservada ao Meio Ambiente.

O primeiro voto foi do relator, desembargador José Helton Nogueira Diefenthaler, que absolveu Salles e a Fiesp (também condenada na mesma ação). Mas os outros dois juízes, Marcelo Martins Berthe e Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, pediram vista alegando que ainda não decidiram sobre o caso – que já tem mais de dois anos! – e precisam estudá-lo mais. O julgamento foi suspenso e a decisão postergada para 5 de novembro.

Abaixo, a notícia publicada por nós, em 14/10/2020 pela manhã, quando o juiz ainda não havia negado o pedido do MPF, nem o julgamento do recurso por Salles havia sido realizado.

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Parece que a maré não está mais a favor de Ricardo Salles. 

O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mandou (sim, mandou!!) a 8ª Vara Federal do Distrito Federal julgar o pedido de afastamento imediato apresentado pelo Ministério Público Federal – contra Ricardo Salles, (anti) ministro do Meio Ambiente. 

Esse pedido está parado na Justiça há mais de 3 meses! 

O ministro é acusado pela Procuradoria de desestruturar a política ambiental, que considera que a série de atos e medidas, promulgada por ele, foi realizada de forma “dolosa’, ou seja, ardilosa, mentirosa, trapaceira. Alguns exemplos? Ah, tem vários… cito, aqui, alguns:

– a desestruturação do Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente, reduzindo a participação da sociedade e aumentando a do governo, que culminou, no mês passado, com a revogação de normas de proteção ambiental, colocando em risco manguezais, áreas de restinga e mananciais. Aliás, cadê a resposta de Salles à ministra Rosa Weber, do STF, que lhe deu 48 horas para explicar a revogação dessas normas? Ficou por isso, mesmo? 

– a destruição dos órgãos de fiscalização e controle do desmatamento e de queimadas – Inpe, Ibama e ICMBio. Lembra da exoneração dos servidores do Ibama logo após operação de estouro de um garimpo na Amazônia, que foi televisionada? Os servidores em questão eram alguns dos agentes mais competentes e atuantes; 

– as decisões sobre o Fundo Amazônia (queria utilizar o dinheiro para pagar indenizações de terras a grileiros), que culminou com a desistência da Noruega e da Alemanha em manter as doações ao fundo. Com um detalhe: uma parte desse dinheiro era destinado ao combate do desmatamento e de incêndios; 

– o afrouxamento de multas ambientais;

– e, por último, uma medida recente que revela muito o caráter do ministro: ele mandou jogar substância retardante de fogo na Chapada dos Veadeiros – depois de chamar os moradores e brigadistas de “meia dúzia de maconheiros” – sem consultar estudos, nem o governo estadual. O produto não tem regulamentação em Goiás e provoca diversas sequelas para a saúde humana. Criminoso. O MPF pediu a suspensão do uso e da compra do retardante.

Mas o desembargador federal Ney Bello foi além! 

Também marcou o julgamento de recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) para que o “vai-e-vem” jurídico da ação de improbidade da Procuradoria contra o ministro seja resolvido. Será em 27/10.

Até que enfim alguém tomou uma atitude, de fato! 

Justiça paulista vai julgar recurso de Salles contra sua condenação

Coincidência ou não, Tribunal de Justiça de São Paulo marcou para a esta semana, 15 de outubro, às 9h30, o julgamento do recurso em 2ª. Instância contra a condenação de Salles, em dezembro de 2018, por improbidade administrativa.

Quando foi secretário do meio ambiente do governador Geraldo Alckmin, Salles alterou mapas de uma área de proteção ambiental para favorecer mineradora. Ele foi condenado pela Justiça paulista por improbidade administrativa, mas recorreu. É esse pedido de recurso que será julgado na próxima semana.

Não é difícil imaginar que, ao cometer tal crime em São Paulo, Salles ganhou credenciais para o convite de Bolsonaro para ser “seu” ministro do meio ambiente. 

O resto da história, todos que nos leem conhecem. À frente dessa pasta, ele tem ocupado nossas páginas e as manchetes de sites, jornais e TVs pelo país afora devido às medidas antiambientais que toma quase que diariamente. 

Salles deve ser um dos funcionários mais eficientes de Bolsonaro, sem dúvida. O que essa gente faz questão de ignorar é que eles/elas são funcionários públicos e, por isso, devem trabalhar pelos brasileiros e não contra eles. 

Por mais justiça

Torço muito para que Salles seja finalmente afastado e condenado. Preso! E que esse seja o primeiro de muitos afastamentos de membros deste governo, entre eles, o presidente.

Aqui, no Conexão Planeta, amamos escrever sobre meio ambiente, direitos humanos, educação, povos indígenas, turismo ecológico… mas gostarmos especialmente de contar boas narrativas, apresentar lindas iniciativas, que sempre existem, claro. Tá cheio de gente bacana no mundo.

E, apesar de entendermos que as más notícias fazem parte da vida, estamos fartas de noticiar tanta destruição protagonizada ou incentivada por este governo. Atuamos nesta área há mais de quinze anos e nunca vimos nada igual. E não se trata de ideologia, mas de fatos. Quem nos acompanha, sabe disso.

Foto: Lula Marques (Salles em audiência da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável que analisa o desmatamento na Amazônia e os incêndios no Pantanal, em 9/10)

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Sociedade civil divulga nota de apoio a ambientalista, vítima de intimidação pelo ministro Ricardo Salles

 

 

 Sociedade civil divulga nota de apoio a ambientalista, vítima de intimidação pelo ministro Ricardo Salles


16 de outubro de 2020 Observatório do Clima


Sociedade civil divulga nota de desagravo a ambientalista, vítima de intimidação pelo ministro Ricardo Salles

Um grupo de 88 organizações ambientalistas, científicas e jornalísticas, sociais e de direitos humanos divulgou nesta quinta-feira (15) uma nota de desagravo ao secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), Marcio Astrini. Ele sofreu uma tentativa de intimidação judicial do governo federal por ter feito críticas à atuação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Em entrevista ao jornal O Globo após a revelação do vídeo da reunião ministerial de abril no qual Salles convida os demais ministros a aproveitar a pandemia para “passar a boiada” nas regulações, Astrini declarou:

“A gente viu um ministro de Estado numa conversas de comparsas convocando para aproveitar o momento da pandemia, em que todo mundo está preocupado com a vida, para fazer uma força-tarefa de destruição do meio ambiente.” E prosseguiu: “Ele sabia que, para evitar problemas jurídicos, ele precisou encomendar pareceres jurídicos junto à AGU. É um absurdo por si só.”

A declaração motivou um pedido do ministro na Justiça para que Astrini explicasse. Para isso, Salles usou a Advocacia-Geral da União, um órgão do Estado, que alegou ver indícios de difamação na crítica ao ministro. O secretário-executivo do OC já protocolou resposta à interpelação na Justiça.

Na nota, também subscrita por 65 pessoas físicas, organizações como o Greenpeace, o ISA, a SOS Mata Atlântica, a Conectas Direitos humanos, a Coalizão Ciência e Sociedade e a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), afirmam que “a atitude de Salles ameaça a liberdade de atuação de toda a sociedade, que quer e deve ter voz ativa”

“Enquanto Salles busca utilizar o aparato do Estado para esconder sua política antiambiental, a floresta queima, a transparência diminui, o espaço democrático se encurta e a imagem do Brasil se desintegra internacionalmente. Sua atuação só demonstra que, como ministro, não está disposto a tomar qualquer tipo de ação efetiva para a proteção da Amazônia e dos demais biomas, e que não está à altura do cargo que ocupa”, prosseguem as entidades.

Leia a íntegra da nota:

Nota de desagravo à tentativa de intimidação pelo ministro Ricardo Salles ao secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini

Os valores democráticos preveem liberdade de opinião, imprensa livre e espaços legítimos para atuação de uma sociedade civil crítica. A democracia é condição indispensável para que possamos defender o meio ambiente e toda forma de vida. Mas, ao que parece, para o ministro de Meio Ambiente Ricardo Salles a democracia é um empecilho e aqueles que são críticos à sua atuação são vistos como inimigos.

Sociedade civil divulga nota de desagravo a ambientalista, vítima de intimidação pelo ministro Ricardo Salles
Ricardo Salles recorreu à Justiça Federal, amparado por advogados da AGU, a fim de intimar o ambientalista Marcio Astrini, Secretário Executivo do Observatório do Clima, para dar explicações a respeito de uma entrevista concedida ao jornal “O Globo” em 25 de maio, na qual analisa a expressão usada por Salles na reunião ministerial de 22 de abril no Palácio do Planalto de “passar a boiada” em meio a pandemia do coronavírus. A atitude de Salles ameaça a liberdade de atuação de toda a sociedade, que quer e deve ter voz ativa.

São as organizações e seus representantes, como Astrini, que ajudam a proteger o patrimônio ambiental brasileiro, seja denunciando atividades criminosas como desmatamentos ilegais e invasões de terras públicas, seja expondo o desmantelamento doloso de políticas públicas ambientais operado pelo Governo Bolsonaro. Um ministro de Estado de um país democrático deveria trabalhar todos os dias para garantir direitos a toda a população, de forma que as diferenças entre nós sejam pontes para tornar o País mais justo.

Enquanto Salles busca utilizar o aparato do Estado para esconder sua política antiambiental, a floresta queima, a transparência diminui, o espaço democrático se encurta e a imagem do Brasil se desintegra internacionalmente. Sua atuação só demonstra que, como ministro, não está disposto a tomar qualquer tipo de ação efetiva para a proteção da Amazônia e dos demais biomas, e que não está à altura do cargo que ocupa.

Nós queremos viver numa sociedade onde todas as pessoas sejam livres e respeitadas. Queremos um meio ambiente saudável, vida digna para as pessoas que vivem na floresta, no campo e na cidade. As organizações que assinam repudiam a tentativa de intimidação ao ambientalista Marcio Astrini pelo ministro. Salles pode tentar, mas não conseguirá calar a voz dos brasileiros que defendem um Brasil melhor.

Veja lista completa de signatários do documento aqui.


*Texto publicado originalmente em 15/10/20 no site do Observatório do Clima

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Foto: Gustavo Martins/OC


Impressionante e assustador: o que é o incêndio em turfa, que provocou a maior destruição do Pantanal nos últimos 50 anos

 

Impressionante e assustador: o que é o incêndio em turfa, que provocou a maior destruição do Pantanal nos últimos 50 anos

Impressionante e assustador: o que é o incêndio em turfa, que provocou a maior destruição do Pantanal nos últimos 50 anos

*Por Juliana Arini

O incêndio em turfa é considerado nos manuais de combate ao fogo como um dos mais complexo tipos de incêndios florestais. A primeira vista, parece que não há fogo na área, enquanto no subsolo um incêndio florestal de grandes proporções se desenvolve silenciosamente. 

A turfa é o tipo de material orgânico resultante da decomposição da vegetação que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade, tornando-se altamente inflamável. “Essa matéria orgânica é um tapete sob o solo do Pantanal. Isso queima igual cigarro. Se não for jogado água vai queimar até o fim”, explica Raphael Santos, que deixou temporariamente sua profissão  de guia especialista em aves para integrar uma brigada voluntária no Pantanal, em Mato Grosso. 

O bioma é um dos mais afetados pelas queimadas e teve 26% de sua área atingida pelo fogo até o início de outubro, segundo levantamento independente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após a passagem da primeira frente de queimadas, o fogo de turfa tornou-se o pesadelo dos 200 brigadistas que estão na região lutando contra a pior temporada de incêndios florestais dos últimos 50 anos no Pantanal.

“É muito quente, não dá para aproximar as mãos do solo. Parece inofensivo, mas engana”, afirma Cristiane Mazzetti, da campanha de Florestas do Greenpeace Brasil, durante a  expedição para acompanhar a situação dos incêndios no bioma que se alastram para os biomas Cerrado e a Amazônia. “Nunca tinha presenciado esse tipo de fogo. É impressionante e assustador. Geralmente vemos o fogo de copa de árvores, comum na Amazônia”. 

Impressionante e assustador: o que é o incêndio em turfa, que provocou a maior destruição do Pantanal nos últimos 50 anos

A região visitada, na Rodovia Transpantaneira (MT-060), parece ter sido queimada há dias. As cinzas da superfície escondem um incêndio ativo. A brigada voluntária na qual Raphael atua é formada por guias turísticos e empresários do turismo de natureza da Associação de Ecoturismo do Pantanal Norte – AECOPAN. Eles combatem o fogo próximo à pousada Aymara há dois meses.

Outra frente desses voluntários se ocupa no resgate de animais e na tentativa de salvar as 120 pontes da Transpantaneira, que liga Poconé a Porto Jofre, a 300 quilômetros da capital mato-grossense. 

Há uma semana, combatentes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apoiam à brigada da AECOPAN. Eles tentam construir barreiras artificiais para impedir a propagação do fogo de turfa. A linha do “aceiro”, um tipo de barricada cavada no solo para conter a propagação do fogo de turfa, serpenteia a paisagem cinza cercada por árvores queimadas. 

Ao caminhar na trilha de combate, afloramentos de focos de fogo surgem na vegetação que resta como combustível. No fim da linha, uma triste constatação, a frente de fogo expandiu-se e passou a linha de defesa criada pelos brigadistas e combatentes. Não se trata mais de fogo de turfa, mas também de fogo rasteiro na vegetação arbustiva e gramíneas.

“Há dois dias  achamos que os incêndios nessa região estavam controlados. Depois com um voo de drone vimos fumaça. Agora isso. Vivemos nesse carrossel de emoções, um misto de decepção e desespero. Aqui temos poucas vitórias. Mas não podemos desistir. Se não fosse por nós, já teria queimado muito, muito mais. O que fazemos é atrasar o fogo, até que cheguem as chuvas ou mais ajuda”, diz Giuliano Bernardon, guia especialista em aves e brigadista voluntário da AECOPAN.

O fogo de turfa está presente em quase todos os 160 mil quilômetros quadrados do Pantanal. Na Transpantaneira é possível ver o subsolo fumegante ao longo da rodovia. O vento e o ar seco criam redemoinhos de fogo. Animais e humanos são vítimas dessas armadilhas já que, muitas vezes, não é possível ver o fogo até que seja tarde demais para escapar. 

“Às vezes os animais estão caminhando pela floresta e nem tem fogo visível, eles pisam nas folhas, só que embaixo delas o chão está praticamente em brasa, a gente quase não vê fumaça, mas é muito quente” descreve Giuliano. 

Atuação de risco 

Combater o fogo no Pantanal é uma tarefa arriscada. Em agosto um zootecnista morreu ao cair no meio do fogo. Ele estava em uma das brigadas voluntárias de uma fazenda na região do Morro do Facão, em Cáceres, a 220 quilômetros de Cuiabá. Luciano da Silva Beijos, de 36 anos, teve 100% do corpo queimado. Ele foi socorrido no hospital municipal, mas não resistiu e morreu. 

Impressionante e assustador: o que é o incêndio em turfa, que provocou a maior destruição do Pantanal nos últimos 50 anos

O fogo começa de forma subterrânea e
pode passar para a vegetação acima do solo

No dia 8 de outubro, Sebastião Mendes, artista plástico de 54 anos, foi vítima de um infarto após dias de combate incessante às queimadas, em Cáceres. Ele atuava em uma brigada voluntária próxima a sua chácara. O artista era membro da academia mato-grossense de letras e expunha em países como Bélgica, Alemanha, França e Espanha. 

No mesmo dia, uma terceira tragédia, um helicóptero da Força Nacional envolvida na Operação Pantanal II, de combate aos incêndios no bioma, caiu em Poconé (104 km de Cuiabá), seu destino final era Porto Jofre. Os três tripulantes eram da Força Nacional e sobreviveram. O inspetor da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Berberick, sofreu uma fratura na perna, e foi encaminhado para um hospital em Cuiabá.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Cáceres é o terceiro município de Mato Grosso e oitavo do país em focos de calor, com 2.369 registros pelo satélite de referência desde janeiro até sexta-feira (9/10).  Corumbá, em Mato Grosso do Sul, lidera o ranking do bioma em focos de calor.

A origem do fogo no Pantanal tem múltiplos motivos. “O Pantanal queima porque tem vegetação similar a do Cerrado, e na seca fica propício a queimada. Mas também está na pior seca dos últimos 47 anos, apesar de ter esses ciclos de dez e sete anos de cheias e secas, o período atual está pior, pois a seca tem prevalecido cada vez mais”, diz Gustavo Figueiroa,  biólogo e integrante da equipe de comunicação do Instituto SOS Pantanal.

“Há muito mais matéria orgânica acumulada, não há água e ainda há o homem como vetor desse fogo. Mais de 90% das queimadas tem origem humana, mas nem todas são intencionais. Há por exemplo o uso controlado do fogo, que pode ser um apoio contra as queimadas, mas precisa ser feito na época certa, quando há umidade”, explica

Para reduzir os danos futuros do fogo, o SOS Pantanal está criando um programa para apoiar as brigadas locais. A proposta é levantar fundos para que fazendas, pousadas e principalmente comunidades tradicionais e indígenas tenham treinamento e equipamentos para combater os focos de calor antes destes se tornarem grandes incêndios.  

“Para evitar as queimadas precisamos juntar vários atores da sociedade. Primeiro é preciso controlar quando e como o homem pantaneiro fará esse uso do fogo. Educação ambiental é essencial, precisamos nos aproximar das pessoas que moram aqui e entender a problemática do homem pantaneiro. Precisamos integrar todos os atores locais, terceiro setor, empresários e o homem pantaneiro. E o principal é ter brigadas para resposta rápida ao fogo. Daí entra a nossa proposta de profissionalizar esses brigadistas”, diz Gustavo. 

Segundo dados do instituto de meteorologia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, há uma grande chance da atual seca se estender até 2021. O instituto aponta que,  entre janeiro e fevereiro de 2021, há chance de aquecimento das águas do Oceano Pacifico Sul, com formação do fenômeno El Niño, o que influencia no clima de todo Centro-Oeste do Brasil, e Pantanal. 

“O Pantanal já vinha enfrentando uma seca severa desde o ano passado, que se intensificou este ano. Ou seja, esse cenário de perigo já era previsto, mas o governo brasileiro negligenciou essas informações e, além de não atuar na prevenção, quando o fogo começou demorou para se mobilizar no combate”, afirma Mazzetti. “Mas mesmo com a crise deste ano, não só no Pantanal mas também na Amazônia e no Cerrado, o governo Bolsonaro já anunciou cortes significativos no orçamento do  Ibama e ICMBio. Essa tragédia não é um acidente de percurso, é um plano bem elaborado de destruição”, completa.

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As equipes que trabalham com o resgate de animais no Pantanal ainda precisam de muita ajuda. Veja como você pode contribuir com esses esforços nesta outra reportagem: Como ajudar o Pantanal

*Texto publicado originalmente em 14/10/20 no site do Greenpeace Brasil

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Fotos: Mayke Toscano/Secom-MT/Fotos Públicas (abertura) e Leandro Cagiano/Greenpeace

Restaurar 30% das áreas degradadas pode salvar 70% das espécies em risco de extinção e absorver quase metade do carbono da atmosfera

 

Restaurar 30% das áreas degradadas pode salvar 70% das espécies em risco de extinção e absorver quase metade do carbono da atmosfera

Esta é a conclusão do estudo realizado sob a liderança do pesquisador brasileiro Bernardo Strassburg, diretor executivo do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) e professor no Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio. A pesquisa ganhou repercussão mundial na semana passada, quando a revista científica Nature publicou, em 14 de outubro, o artigo Global Priority Areas for Ecosystem Restoration (Áreas de Prioridade Global para Restauração de Ecossistemas) assinado por Strassburg e a equipe de 27 cientistas de 12 países, que liderou.

O estudo encomendado pela Convenção da Diversidade Biológica (CBD), da Organização das Nações Unidas (ONU), indica que 30% das áreas de vegetação natural devastadas no mundo – , para dar lugar a atividades agropecuárias, podem ser restauradas com dois resultados bastante positivos e importantes para a vida no planeta:

Eles identificaram mais de 29 milhões de quilômetros quadrados de áreas restauráveis em todos os continentes e em todos os tipos de biomas, como florestas e desertos

  • salvar 72% das espécies ameaçadas de extinçãoquase 400 mil espécies terrestres, mas estão considerados mamíferos, anfíbios e pássaros – e
  • absorver quase metade do carbono da atmosferaou mais de 465 bilhões de toneladas de dióxido de carbono -, emitido desde a Revolução Industrial, ou seja, nos últimos dois séculos, e que é responsável pelo aquecimento global.

Com mais um detalhe: sem prejudicar a produtividade do setor invasor.

“Fomentar os planos de restauração de ecossistemas para seu estado natural é fundamental para evitar que as presentes crises climáticas e as ameaças à biodiversidade saiam do controle”, declara Strassburg no site do IIS. “As urgências mundiais relacionadas ao clima, à biodiversidade e às questões orçamentárias exigem soluções que possam lidar com todos esses aspectos, e nosso trabalho as oferece”.

A identificação de áreas prioritárias

Para chegar a esses números, os pesquisadores identificaram as áreas prioritárias para a revegetação. “A localização é o fator mais importante para os esforços de restauração que almejem resultados profundos em prol das metas de biodiversidade, clima e segurança alimentar. De acordo com o estudo, a restauração pode ser treze vezes mais eficaz quando feita em locais de maior prioridade”, relata o site do ISS.

Os pesquisadores também cruzaram mapas mundiais da agropecuária com dados de espécies ameaçadas da lista da IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza.

Em seguida, eles compararam o resultado com o custo de restauração de cada bioma, que varia de acordo com a região. E, assim, os pesquisadores identificaram terras nas quais a revegetação custa menos e traz mais benefícios.

As áreas prioritárias globais se concentram em países de clima tropical, como o Brasil, que aparece, na pesquisa, como “uma potência da restauração de ecossistemas“.

Para chegar às áreas identificadas, eles fizeram uma comparação importante entre o resultado em 30% de áreas prioritárias no mundo, sem levar em conta o país em que ficam, e em 30% de áreas prioritárias dentro de cada país – como se cada um fosse restaurar 30% de suas áreas convertidas pela agropecuária.

O custo-benefício da primeira proposta é melhor do que o da segunda. Isto implica em negociações diplomáticas que compensem países tropicais pela recomposição vegetação natural que beneficiaria todo o mundo.

Muito além das florestas

Poconé, no Mato Grosso – Foto: Flávio André/Embratur

Strassburg destaca que estudos anteriores que focam na recuperação vegetal dão destaque às florestas e à reflorestação, praticamente ignorando o papel da “restauração de pastagens nativas e de outros ecossistemas, cuja destruição seria extremamente  prejudicial para a biodiversidade e deve ser evitada”. E acrescenta:

“A restauração de florestas gera benefícios extremamente importantes e comprovados, porém, nosso estudo mostra que restaurar uma variedade maior de ecossistemas – pântanos, ecossistemas áridos, estepes… – pode beneficiar ainda mais a biodiversidade e contribuir mais para os objetivos climáticos”.

Aliás, as zonas úmidas (wetlands), como o Pantanal, a maior área alagável do planeta, têm papel importantíssimo nesse estudo, que é de 2017, quando esse bioma ainda não queimava como hoje.

Por isso, a publicação do artigo é como uma benção neste momento em que quase 30% do Pantanal já foi destruída. O estudo é mais uma prova de que sua proteção – com a prevenção de incêndios a partir da criação de brigadas permanentes – e sua restauração precisam ser feitas com urgência.

Estudo deve pautar negociações sobre biodiversidade e clima

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Mico leão-dourado – Foto: Art G./Creative Commons/Flickr

Em quanto tempo os pesquisadores acreditam que seria possível fazer a recomposição de 860 milhões de hectares – quase um Brasil! -, objetivando os resultados indicados? Trata-se de uma tarefa difícil, claro, mas eles acreditam que seria possível finalizá-la até 2050.

E como isso pode se tornar viável? A partir do compromisso de todas as nações e da definição de mecanismos internacionais de compensação àquelas que fizerem investimentos mais vultuosos em programas de restauração.

Por isso, o resultado do estudo liderado por Bernardo Strassburg deve subsidiar as negociações no próximo encontro da Convenção da Diversidade Biológica (CBD), em 2021, em Kunming, na China, que resultarão na definição (e adoção) de metas para 2030 (médio prazo) e 2050 (longo prazo).

O estudo tem David Cooper, secretário executivo da CBD, como coautor. A expectativa é de que um tratado mundial de proteção à natureza seja assinado nesse encontro.

No mês passado, a ONU publicou o quinto relatório do Panorama Global da Biodiversidade (Global Biodiversity Outlook 5 ou GBO-5) e alertou que estamos prestes a perder um milhão de espécies nas próximas décadas e que 193 países, incluindo o Brasil, não cumpriram as 20 metas definidas em 2010 para deter a perda da biodiversidade até 2020, batizadas de Metas de Aichi. Entre elas, está a meta de restaurar 15% dos ecossistemas do planeta (ela embasou o estudo de Strassburg e sua equipe).

O estudo também deve pautar as negociações sobre clima para redução da emissão de gases do efeito estufa da COP26, que seria realizada em novembro, mas foi adiada para 2021 devido à pandemia.

Foto: Flávio André, Embratur (Boca da Onça, na Serra da Bodoquena)

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Ibama suspende trabalho de brigadistas que combatem incêndios em todo país

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Parece até notícia velha, mas não é. Caso você não lembre, no final de agosto foi anunciada pelo Ministério do Meio Ambiente a suspensão do combate a desmatamentos e queimadas na Amazônia, Pantanal e resto do país pelo Ibama e ICMBio por causa de bloqueios de verbas destes órgãos. Mas em poucas horas, o “mal entendido”, que mais parece ser uma luta de braço entre o ministro Ricardo Salles e o vice-presidente Hamilton Mourão, coordenador do Conselho da Amazônia, foi resolvido.

Ontem (21/10), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) divulgou uma nota determinando o retorno dos brigadistas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) para suas bases (veja documento ao final do texto).

Ainda de acordo com a nota, a determinação “… acontece em virtude da exaustão de recursos. Desde setembro, a autarquia passa por dificuldades quanto à liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional. Para a manutenção de suas atividades, o Ibama tem recorrido a créditos especiais, fundos e emendas. Mesmo assim, já contabiliza R$ 19 milhões de pagamentos atrasados, o que afeta todas as diretorias e ações do instituto, inclusive, as do Prevfogo”.

Questionado pela imprensa esta manhã sobre a decisão do Ibama em interromper o trabalho dos brigadistas, Mourão afirmou que irá esclarecer a situação com Salles.

O mais bizarro é que o ministro do Meio Ambiente participou ontem, em Brasília, da reunião do Comitê Interministerial sobre Mudanças do Clima, junto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e com o ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, e não mencionou o problema financeiro do Ibama, e nem que o instituto iria divulgar a nota horas mais tarde.

E segundo informou uma reportagem do portal de notícias G1, “de acordo com relatos dos presentes na reunião, entre os temas discutidos estava justamente a repercussão negativa no exterior das queimadas e do desmatamento, além da cobrança de investidores nacionais e estrangeiros”.

Hoje mesmo publicamos, aqui no Conexão Planeta, que a degradação da Amazônia aumentou quase 150% em setembro. E um dos principais fatores para a degradação das florestas é justamente os incêndios florestais.

Vale lembrar ainda que setembro foi o mês com o maior número de queimadas no Pantanal nos últimos 15 anos, um recorde histórico.

E nesse momento crítico, Ricardo Salles decide suspender o trabalho de brigadistas. Infelizmente, parece ser uma nova tática vil para desestabilizar ainda mais, os já sucateados orgãos de proteção ambiental do Brasil.

“A retirada dos brigadistas neste momento é absurda. Na Amazônia o aumento dos incêndios florestais está na casa dos 25% e no Pantanal então, nem se fala, onde mais de 25% do bioma foi afetado. Se o governo desse a justificativa que os incêndios estão sob controle e houvesse uma avaliação técnica, mas retirar porque o governo diz não ter recursos é um absurdo muito grande”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Segundo ele, o problema atual não é a falta de dinheiro, mas de gestão. “Não é um problema de orçamento, mas de execução em primeiro lugar. Inclusive, o governo está sendo processado no Supremo Tribunal Federal porque não usou mais de 1 bilhão de reais do Fundo Amazônia. Então, não falta dinheiro. O que estamos em falta é de governo”, destaca.

Em nota, a Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialista em Meio Ambiente afirmou que “É mais um absurdo deste governo que não prioriza recursos para prevenção e combate às queimadas, fiscalização ambiental, ciência e tecnologia, saúde e vacinação contra a Covid-19. Um governo que rasga dinheiro com o fim do Fundo Amazônia e agora diz que não tem recursos”.

Ibama suspende trabalho de brigadistas que combatem incêndios em todo país

*Durante o dia, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o dinheiro será liberado.

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*Texto atualizado às 17h30 para incluir declaração de Marcio Astrini

Foto: Christiano Antonucci – Secom – MT/Fotos Públicas

Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.

Nasce em zoológico de Boston primeiro macho de gorila de espécie criticamente ameaçada de extinção

 

Nasce em zoológico de Boston primeiro macho de gorila de espécie criticamente ameaçada de extinção

Nasce em zoológico de Boston primeiro macho de gorila de espécie criticamente ameaçada de extinção

Como não se apaixonar por um ser como este e não se emocionar com o vídeo que mostra seu nascimento? O filhote de Gorila da Planície (Gorilla gorilla gorilla) chegou ao mundo no final da tarde do último dia 14 de outubro, no Franklin Park Zoo, em Boston, nos Estados Unidos.

O primeiro macho nascido no local nasceu de uma cesariana porque a mãe, Kiki, de 39 anos, teve complicações nos dias finais da gestação. O procedimento foi feito por uma equipe de veterinários e médicos e tudo correu muito bem.

Com 2,7 kg, o filhote foi considerado grande, já que a média para os recém-nascidos é entre 1,5 e 2 kg.

“Para a saúde da mãe e do bebê, era imperativo diagnosticar rapidamente a condição de Kiki e realizar uma cesariana antes que ela entrasse em trabalho de parto por conta própria. Tivemos a sorte de mobilizar rapidamente uma equipe incrível com nossos colegas do Hospital Brigham and Women e da Escola de Medicina Veterinária Cummings ”, afirmou Eric Baitchman, vice-presidente de Saúde e Conservação Animal do Zoo New England. “Este foi realmente um esforço de equipe, e estamos aliviados e felizes que a cirurgia correu bem e que a mãe e o bebê estão seguros e saudáveis”.

Nasce em zoológico de Boston primeiro macho de gorila de espécie criticamente ameaçada de extinção

Depois de sua recuperação completa da cirurgia, na manhã do dia seguinte após o parto, Kiki foi levada para junto de seu filhote.

Nasce em zoológico de Boston primeiro macho de gorila de espécie criticamente ameaçada de extinção

Gorilas das planícies ocidentais são considerados criticamente ameaçados de extinção na natureza. São encontrados em países como Nigéria, Camarões, Gabão, Guiné Equatorial, República do Congo, Angola e República Centro-Africana. As ameaças à espécie variam geograficamente, mas são principalmente devido à doenças e pelo comércio de carne de caça.

Os gorilas são os maiores primatas da Terra e os parentes biológicos mais próximos do homem. Gorilas, orangotangos e macacos compartilham 98% do DNA humano.

Os machos da espécie Gorilla gorilla gorilla medem cerca de 1,70 metros e podem pesar até 200 kg. Os indivíduos vivem em grupos, mas há sempre um macho alfa. Eles se alimentam de frutas, flores, folhas, tubérculos e pequenos animais invertebrados.

O zoo de Boston apóia um projeto para proteger gorilas no Afi Mountain Wildlife Sanctuary, na Nigéria. Nos Estados Unidos, participa do programa de reciclagem Eco-Cell, uma iniciativa que faz parceria com zoológicos de todo o país para coletar telefones celulares reciclados e restaurá-los para reutilização. Isso reduz a necessidade de mineração de coltan, que causa a destruição de habitats de gorilas ameaçados.

*Com informações e fotos do Zoo New England

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Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.