segunda-feira, 30 de julho de 2018

Um quilômetro quadrado desmatado na Amazônia equivale a 27 novos casos de malária

Incidência da doença é maior em pequenos focos de desmatamento próximos a assentamentos rurais




Pesquisa buscou demonstrar a correlação entre incidência de malária e o padrão de fragmentação da mata nativa causado pela criação de assentamentos rurais e extração de produtos da floresta. Na imagem, produção de carvão vegetal pela queima lenta de madeira – Foto: Leonardo Suveges Moreira Chaves / FSP
.
.
Cada quilômetro quadrado de floresta tropical nativa derrubado na Amazônia está associado a 27 novos casos de malária por ano, no período entre 2009 e 2015, revela pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. A comparação da incidência da doença com dados sobre áreas impactadas pelo homem também mostra que a ocorrência é maior quando há abundância de pequenas áreas devastadas, detectadas por imagens de satélite. O risco é aumentado pela capacidade do mosquito vetor da malária se adaptar às áreas impactadas, aliada à maior presença tanto de pessoas suscetíveis como infectadas pelo parasita que causa a doença. A essa situação podem se somar as condições precárias de vida da população, baixo nível educacional, desconhecimento sobre a transmissão da infecção e difícil acesso aos serviços de saúde.


Maior incidência de malária está associada a áreas de floresta
nativa devastadas
com menos de 5 km2 de extensão – Foto: cedida pela pesquisadora

“A pesquisa buscou demonstrar a correlação entre incidência de malária e o padrão de fragmentação da mata nativa causado pela criação de assentamentos rurais e extração de produtos da floresta”, afirma a professora Maria Anice Mureb Sallum, da FSP, que supervisionou a pesquisa. “Para isso, foi feito um cruzamento dos dados de casos de malária notificados de 2009 a 2015 nos nove Estados da Amazônia (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima), fornecidos pelo Ministério da Saúde, com os dados de desmatamento ao longo dos anos, disponibilizados na plataforma digital do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)”.

Os pesquisadores demonstraram que há uma correlação positiva entre o tamanho da área desmatada e o aumento de casos de malária. “O impacto é maior quando o desmatamento acontece em extensões menores que cinco quilômetros quadrados (km²), pois em vários casos a derrubada é feita por pessoas ligadas à precarização e alta rotatividade da mão de obra, em total desacordo com a legislação”, relata a professora. “A formação dos assentamentos movimenta pessoas que muitas vezes residiram em áreas com transmissão de malária e podem abrigar o parasita sem ter a doença, atuando na sua dispersão. Para cada quilômetro quadrado (km²) de desmatamento, acontecem 27 novos casos de malária.”


Expansão da área de transmissão da malária dificulta o controle 
da doença;
na foto, rede para coleta de mosquitos ao redor de casa em Lábrea – 
Foto: cedida pela pesquisadora

Maria Anice explica que quando a floresta é contínua e íntegra, sem áreas de desmatamento, o mosquito anofelino, transmissor do protozoário causador da doença (Plasmodium), quando está presente, é em baixa densidade e somente onde as condições ambientais são adequadas. “Mas com o desmatamento, ocorrem mudanças ecológicas importantes que favorecem o mosquito vetor”, ressalta. “Por ser uma espécie oportunista e generalista, ela se adapta com facilidade ao ambiente modificado, e se dispersa rapidamente.”

Habitações inadequadas

Como o mosquito tem afinidade por áreas próximas à margem da mata, onde ficam os domicílios das comunidades rurais, ele passa a viver próximo do ambiente humano, que oferece muitas fontes de sangue para os insetos. “Além de picar as pessoas, os mosquitos também se alimentam do sangue de animais domésticos como cães, gatos, cabras, porcos, galinhas, papagaios e macacos”, destaca a professora. “As habitações em geral são inadequadas, feitas com pedaços de madeira, folhas secas de palmeiras ou até uma simples lona apoiada em troncos de árvores derrubadas. Os abrigos dos animais são tão precários que não impedem o contato dos mosquitos com fontes de sangue, fato que favorece o aumento da população do vetor e a exposição do homem às picadas.”


Professora Maria Anice Mureb Sallum pesquisa sobre malária 
pela Faculdade
de Saúde Pública (FSP)- Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Segundo Maria Anice, o modelo de ocupação da Amazônia nem sempre permite a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais, entretanto facilita a maior transmissão e distribuição da malária. “Normalmente, são populações muito pobres, com nível educacional baixo, que vivem em processo contínuo de migração, devido à malária, condições precárias de vida e falta de recursos financeiros para se estabelecerem”, diz. “A migração gera novos assentamentos em áreas de floresta, causando mais alterações nos ambientes naturais e a expansão da malária.”


Com as migrações constantes, as pessoas infectadas levam o parasita, muitas vezes sem ter sintomas de malária, para novas áreas desmatadas, expandindo a área de transmissão da doença e dificultando o controle. “Quando várias pessoas passam a conviver em uma mesma região, com a presença do mosquito vetor, em geral a maioria é suscetível”, destaca a professora. “Portanto, ao mesmo tempo em que o agente é introduzido no novo ambiente, ocorrem surtos da doença.”

.
Maria Anice enfatiza que os programas de controle da malária deveriam levar em conta fatores da ecologia humana que atuam na dinâmica de transmissão, como atividades de trabalho, condições de moradia e migração. “Por exemplo, é necessário melhorar a condição de vida e as moradias, para diminuir o contato do homem com o mosquito”, aponta. “Também é preciso ampliar o acesso à educação de qualidade e voltada para as necessidades locais, intensificar programas de controle, facilitar o acesso aos testes diagnósticos e ao tratamento e fortalecer pesquisas sobre a ecologia da transmissão, que poderiam gerar novos conhecimentos e auxiliar no delineamento de programas para o controle de vetores.”


A pesquisa é descrita na tese de Leonardo Suveges Moreira Chaves, doutorando do Departamento de Epidemiologia da FSP. As conclusões do estudo também foram relatadas no artigo “Abundance of impacted forest patches less than 5 km² is a key driver of the incidence of malaria in Amazonian Brazil”, publicado no site Scientific Reports em 4 de maio. O trabalho integra um projeto temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) intitulado Genômica de paisagens em gradientes latitudinais e ecologia de Anopheles darlingi.


Mais informações: e-mail masallum@usp.br, com a professora Maria Anice Mureb Sallum
.





Substâncias produzidas pela indústria podem afetar o sistema hormonal

Substâncias produzidas pela indústria podem afetar o sistema hormonal

Professor Sonir Antonini explica o que são os disruptores endócrinos e como eles afetam o organismo

 


O professor Sonir Antonini é o convidado do programa Saúde sem Complicações desta semana. Antonini é professor do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e fala sobre disruptores endócrinos, também conhecidos como desreguladores endócrinos, que são substâncias químicas não existentes na natureza formadas pela indústria de alimento, cosmético, farmacêutica e química. 


O professor explica que os disruptores têm a capacidade de interagir com estrutura do organismo e modificar o comportamento modulando para menos ou para mais, sempre de maneira anormal, o funcionamento do sistema hormonal do organismo. “O disruptor endócrino pode agir no organismo tanto de forma positiva quanto negativa, mas não pode ser confundido como benéfico ou maléfico; positivo quando estimula a produção do hormônio e negativo quando inibe ou diminui.”


Antonini diz que já foram realizados diversos estudos em animais e humanos sobre os disruptores que atuam no sistema reprodutor, tanto em animais quanto na espécie humana. “Algumas substâncias diminuem  a capacidade reprodutiva, principalmente nos homens, diminui também o número de espermatozoides, a qualidade e a fertilidade.”


Toda a população está convidada a participar do Saúde sem Complicações, tirando dúvidas sobre saúde ou encaminhando sugestões de assuntos para novas discussões pelo e-mail imprensa.rp@usp.br. 


O programa Saúde sem Complicações é produzido pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Júlia Gracioli, da Rádio USP Ribeirão, com trabalhos técnicos de Mariovaldo Avelino e Luiz Fontana. Apresentação de Mel Vieira e direção de Rosemeire Soares Talamone. Ouça acima, na íntegra, o programa Saúde sem Complicações.

Em artigo na “Science”, brasileiros saem em defesa da biodiversidade

Em artigo na “Science”, brasileiros saem em defesa da biodiversidade

Eles alertam para o risco do comprometimento de pesquisas científicas com a Nova Lei da Biodiversidade

Pesquisadores criticam lei que, segundo eles, pode comprometer pesquisas científicas – Foto: https://www.xapuri.info/
Em artigo publicado na última edição da revista Science, de 25 de maio, pesquisadores brasileiros fazem duras críticas à chamada Nova Lei da Biodiversidade (Lei 13.123, regulamentada pelo Decreto 8.772). Segundo os pesquisadores, essa lei, “disfarçada de marco de progresso para a pesquisa científica e endossada por alguns setores científicos, constitui um revés monumental”.  

De acordo com a lei, segundo o artigo, praticamente toda atividade de pesquisa sobre biodiversidade brasileira deve ser registrada no Sistema Nacional de Gestão de Recursos Genéticos e Conhecimento Tradicional Associado (SisGen), criado para auxiliar o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen). O prazo para cumprir essas regras, que eles chamam de draconianas, é 5 de novembro.

Os pesquisadores alertam que o descumprimento, incluindo a disseminação não registrada de resultados científicos, mesmo com base apenas em bancos de dados públicos como o GenBank, ou dados, ou resultados previamente publicados, trará pesadas multas.
No texto, os pesquisadores lembram que, “paradoxalmente, as atividades comerciais que envolvem a biota brasileira, como a exportação de peixes ornamentais, plantas, grãos e outros produtos comercializáveis, não são afetadas pela lei”.

Para finalizar, alertam que “se não for revogado ou substancialmente reformulado, esse labirinto bizantino de exigências e ameaças desnecessárias dizimará pesquisas científicas sobre a biodiversidade brasileira”. E, ainda, que o governo brasileiro deve implementar leis que “facilitem a colaboração internacional e incentivem a pesquisa sobre a biodiversidade, em vez de sufocá-la. Caso contrário, uma parte substancial da biodiversidade do mundo e seus benefícios podem desaparecer silenciosamente atrás de um muro de burocracia”.


Assinam o artigo pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), do Instituto de Biociências (IB),  do Museu de Zoologia (MZ) da USP, e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Leia a íntegra do artigo aqui.

Crianças brasileiras estão expostas a moléculas que mudam equilíbrio hormonal

 Crianças brasileiras estão expostas a moléculas que mudam equilíbrio hormonal

Crianças brasileiras estão expostas a moléculas que mudam equilíbrio hormonal

Cosméticos são prováveis fontes de muitos disruptores endócrinos, que podem favorecer o desenvolvimento de doenças.

1538
Por Jornal da USP
As crianças brasileiras estão expostas a níveis altos de parabenos e benzofenonas. Estas são, duas classes de disruptores endócrinos: um tipo de molécula que não ocorre de forma natural no organismo e que pode alterar o equilíbrio hormonal. Eles estão presentes em cosméticos e produtos de cuidado pessoal. É a principal conclusão de um estudo publicado na revista Environmental International, realizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP em colaboração com pesquisadores norte-americanos.


No estudo, os pesquisadores analisaram amostras de urina de 300 crianças entre 6 e 14 anos, coletadas em 2012 e 2013 nas cinco regiões do Brasil. Nas amostras foi avaliada a presença de disruptores endócrinos. Apesar de também afetarem a saúde dos adultos, a exposição a essas substâncias é especialmente preocupante em crianças, já que o balanço hormonal é fundamental para um desenvolvimento saudável.

Uso de cosméticos

Em comparação com estudos feitos em outros países, a principal peculiaridade da amostra brasileira foi a alta concentração nas amostras de urina de disruptores endócrinos que costumam fazer parte da formulação de cosméticos.

“Compostos como os parabenos, as benzofenonas, o triclosan e o triclocarban são frequentes em produtos relacionados ao cuidado pessoal. No geral, as concentrações das substâncias que foram maiores no Brasil foram aquelas relacionadas a esse tipo de produtos”, explica Bruno Alves Rocha, primeiro autor do trabalho, que lembra que o Brasil é um líder mundial na venda de produtos de cuidado pessoal.

Além disso, a presença dessas substâncias foi maior nas amostras de crianças das regiões Norte e Nordeste, o que condiz com os dados de vendas de cosméticos.

“Na região Norte e no Nordeste do Brasil o uso desses produtos é maior do que na região Sul”, diz Rocha. “Talvez por serem regiões mais quentes, as pessoas usam mais protetor solar, mas não sabemos”, especula.


Bisfenol A

 

Outro disruptor endócrino que se destacou nos resultados foi o bisfenol A, uma substância utilizada na produção de alguns tipos de plásticos e resinas. Embora seu uso em mamadeiras seja proibido no Brasil desde 2012, o bisfenol A foi detectado em 98% das amostras. De acordo com Rocha, a exposição ao bisfenol A é grande. Dentre outros lugares, a molécula está presente em alimentos enlatados, garrafas de água, brinquedos, papel térmico e inclusive na poeira de ambientes fechados.


Apesar do achado, os níveis de bisfenol A encontrados nas amostras brasileiras foram similares aos de países como EUA e Canadá, e muito menores do que os observados em Índia e China.




Saiba mais no Jornal da USP

Cidades devem pensar em árvores como infraestrutura de saúde pública

 Cidades devem pensar em árvores como infraestrutura de saúde pública


Cidades devem pensar em árvores como infraestrutura de saúde pública

Plantar árvores é uma maneira incrivelmente barata e simples de melhorar o bem-estar das pessoas em uma cidade.

19398
Respirar ar puro é o sonho de qualquer morador de uma grande cidade, ainda que ele goste muito do meio urbano. E as ruas arborizadas, além de bonitas e agradáveis, são comprovadamente benéficas para a saúde física e mental. Então, porque não incluí-las nas verbas de financiamento da saúde? É isso que questiona a organização The Nature Conservancy, que criou um documento onde explica e demonstra em números as razões pelas quais isso deve ser feito.

Um White Paper é uma espécie de guia, um documento oficial, que detalha um determinado problema, indicando causas, conceitos e, principalmente, soluções para enfrentá-lo. O documento tem com base os Estados Unidos, onde se gasta menos de um terço de 1% dos orçamentos municipais em plantio e manutenção de árvores e, como resultado, as cidades norte-americanas perdem quatro milhões de árvores por ano.

“Imagine se houvesse uma ação simples que os líderes da cidade pudessem tomar para reduzir a obesidade e a depressão, melhorar a produtividade, aumentar os resultados educacionais e reduzir a incidência de asma e doenças cardíacas entre seus residentes. As árvores urbanas oferecem todos esses benefícios e muito mais” afirma a organização.

Mas, sabemos, alguns só se convencem quando os números entram na jogada. Por isso, foi estimado que gastar apenas oito dólares por pessoa, uma vez por ano, em média, em uma cidade americana poderia suprir a lacuna de financiamento e impedir a perda de árvores urbanas e todos os seus benefícios potenciais. Apesar do número não ser uma sugestão de valor, ele mostra que o investimento não é impossível.

Investimento desigual

 

O investimento no plantio de novas árvores – ou mesmo em cuidar daquelas que existem – é perpetuamente subfinanciado. Apesar das evidências, diz o relatório, as cidades estão gastando menos em árvores do que nas décadas anteriores.

Além disso, com muita frequência, a presença ou ausência da natureza urbana está ligada ao nível de renda de um bairro, resultando em enormes desigualdades na saúde. Em algumas cidades americanas, as expectativas de vida em diferentes bairros, localizadas a poucos quilômetros de distância, podem diferir em até uma década. Nem toda essa disparidade de saúde está conectada à cobertura arbórea, mas os pesquisadores estão cada vez mais certos de que bairros com menos árvores têm piores resultados de saúde, por isso a desigualdade no acesso à natureza urbana piora estes diferentes níveis de saúde.

Como ter mais árvores na cidade

 

O documento traz uma série de dicas que podem ser aplicadas pelo poder público e privado. Confira abaixo as principais delas:


– Implementação de políticas para incentivar o plantio privado de árvores.

– Mais trocas municipais que facilitem a colaboração de vários departamentos -, como órgãos de saúde pública e agências ambientais.

– Vincular o financiamento de árvores e parques a metas e objetivos de saúde.

– Invistir tempo e esforço na educação da população sobre os benefícios tangíveis da saúde pública e o impacto econômico das árvores.

Sentir o cheiro da natureza evita estresse e doenças

 Sentir o cheiro da natureza evita estresse e doenças

Sentir o cheiro da natureza evita estresse e doenças

1493
Um grupo de pesquisadores acredita que os cheiros da natureza podem evitar o estresse e até o câncer nas pessoas. O estudo, produzido no Japão, avalia o efeito terapêutico dos aromas das árvores e pode dar origem a um novo tratamento alternativo de aromaterapia.

De acordo com os especialistas, quando os cheiros da floresta começam a agir no organismo, já diminuem o estresse e a irritação. Sendo assim, caminhar numa área verde pode estabilizar a pressão arterial e fortalecer a imunidade das pessoas.

O estudo analisou os efeitos que os óleos essenciais e os odores emitidos pelas árvores exercem no organismo. Qing Li, um dos cientistas que coordenam a pesquisa, desconfia que os pinheiros estejam entre as árvores que tenham um dos maiores potenciais terapêuticos na natureza.
Foto: iStock by Getty Images
Li criou o centro de pesquisa International Society of Nature and Forest Medicine, o qual viabiliza a aplicação do cheiro das árvores em tratamentos alternativos. A ação inspirou os finlandeses, que criaram o Finnish Forest Research Institute, centro de referência que também estuda os fins terapêuticos dos cheiros das árvores.

Embora os cientistas ainda não tenham concluído as pesquisas sobre os efeitos dos que sentimos nas florestas, já foi comprovado que olhar para fotografias com temas relacionados ao meio ambiente relaxa o cérebro da mesma maneira que se o indivíduo estivesse no local fotografado.
Clique aqui para acessar o estudo completo.
Redação CicloVivo

Conheça a tradição japonesa do ‘banho de floresta’ (shinrin-yoku)

Início Vida Sustentável Bem Estar Conheça a tradição japonesa do ‘banho de floresta’ (shinrin-yoku)


Conheça a tradição japonesa do ‘banho de floresta’ (shinrin-yoku)

O "banho de floresta" é uma forma de aumentar nossas ligações com a natureza.

14350
No Japão, o processo de experimentar profundamente a natureza, tomando-a lentamente através de todos os sentidos, chama-se shinrin-yoku, que se traduz como “banho de floresta”. Que é bom ficar rodeado pela natureza, todo mundo já sabe, mas esta prática também pode ser usada como meditação, com benefícios para a saúde física e psicológica.
Os efeitos da prática no corpo e na mente foram estudados desde que foi desenvolvido no início dos anos 80 e os resultados mostram diminuição de cortisol, principal hormônio causador do estresse, e a redução da pressão arterial. Além disso, a prática promove melhora na concentração, aumento da imunidade e fortalecimento do metabolismo, entre outros efeitos emocionalmente positivos.

Como funciona o banho de floresta

Uma sessão típica envolve caminhar muito lentamente e deliberadamente através da floresta, mas você também pode experimentar esta técnica em outros ambientes naturais na cidade, como em um parque ou jardim botânico. Enquanto você anda, é preciso expandir seu olhar para admirar ainda mais a beleza da natureza, notando coisas que não percebia antes.
Você também pode simplesmente se sentar e observar as diferenças sutis na cor das coisas, tomando um momento para fazer uma pausa e respirar profundamente o oxigênio limpo abundante das árvores. Passe os dedos pela grama, sentindo sua textura. Abra seus ouvidos para sintonizar o ruído de abelhas zumbindo, de pássaros cantando, da água e da folhagem se movimentando. Respire profundamente pelo nariz, inalando os aromas variados.

Respire e sinta os aromas. | Foto: iStock by Getty Images
Para desfrutar melhor da prática é melhor estar sozinho e não levar equipamentos eletrônicos, como telefones celulares e câmeras fotográficas. Se estiver acompanhado, combinem antes de não interagirem durante a prática, e quando terminarem, vocês podem se sentar em uma roda e conversar sobre o que observaram.
Você pode praticar shrinrun-yoku quantas vezes quiser. Apenas uma tarde pode trazer sentimentos positivos de bem-estar que duram semanas.

Sinta diferente texturas. | Foto: iStock by Getty Images
A prática do “banho de floresta” não é apenas para melhorar a saúde, é também uma forma de aumentar nossas ligações com a natureza, estimulando práticas mais sustentáveis em nosso dia a dia.
Um estudo também avaliou que sentir o cheiro da naturza reduz estresse e doenças, veja aqui.

Cotia (SP) troca araucárias, árvore nativa de mata atlântica ameaçada por extinção, por..... impressoras!!!

ício Planeta Meio Ambiente Cotia (SP) troca araucárias por impressoras

Secretaria municipal autorizou a troca de compensação ambiental de 800 mudas nativas por.... três impressoras!!!.

1930
Exemplares de araucária, árvore nativa de mata atlântica ameaçada por extinção, foram suprimidos no condomínio Reserva Magnólias, localizado no município de Cotia, a sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo. Em reviravolta processual, a compensação ambiental, que seria realizada pelo plantio de cerca de 800 mudas nativas, foi renegociada para a doação de três impressoras para a Secretaria do Meio Ambiente e Agropecuária (SMAA), no valor total de R$ 6.343,99. 

A manobra estaria amparada pelo Decreto Municipal número 8.119/2016, que permite o “recebimento de equipamentos à gestão ambiental do município”, porém, de acordo com o advogado Gonçalo Junior, especialista em direito imobiliário e membro da comissão do meio ambiente da OAB de Embu das Artes, o poder executivo do município de Cotia não poderia regulamentar por decreto a compensação ambiental, por exceder sua competência Constitucional que é de caráter suplementar, neste tema, e contrariar também a Constituição do Estado de São Paulo, o Decreto Federal nº 4.340/2002 e as Leis Federais nº. 12.651/2012 e nº 9.985/2000. 


Gonçalo diz ainda que “o Decreto 8.119 de Cotia, contraria o tratamento cauteloso assegurado pela Constituição Federal, ignorando os princípios ambientais e invertendo valores e disposições existentes, enquanto há uma vedação expressa para a aquisição de bens e equipamentos permanentes (art. 33, parágrafo único, II, Decreto 4.340/2002). Com o resultado da compensação, o município de Cotia aceita impressoras e autoriza, no lugar da Cetesb, a supressão das araucárias, ignorando a Resolução SMA nº. 84”.

Posição da prefeitura

Em resposta ao questionamento para a reportagem da Sociedade Ecológica Amigos de Embu – SEAE, a prefeitura informou que, para este caso, “a compensação pode ter se realizado por meio da doação de equipamento, no caso as impressoras, para uso da Secretaria de Meio Ambiente, de forma a melhorar a qualidade dos serviços prestados pela Secretaria, como a emissão de multas por infração ambiental” e que “tal medida pode ter ocorrido devido ao volume de mudas e a capacidade do viveiro municipal na data do recebimento”. 


A troca das 800 mudas nativas de compensação por impressoras ocorreu após o condomínio alegar falta de espaço para o plantio e sugerir doação das mudas para o viveiro municipal, que fez a mesma alegação. No entanto, a SMAA pontua no processo que havia espaço no mesmo local de supressão das árvores.  


Na autorização emitida pela secretaria, a qual esta reportagem teve acesso, consta a informação de que a supressão foi concedida para as 17 unidades nativas “desde que as mesmas não façam parte do grupo de espécies raras ou em extinção e ou de algum maciço florestal”. A observação deveria excluir as araucárias da autorização de corte ou ao menos seguir com a compensação adequada.  


De acordo com a Instrução Normativa Federal (IN) de nº 02/2015, o Ministério do Meio Ambiente determina que, por se tratar de espécie ameaçada por extinção, o órgão licenciador deve garantir junto ao empreendedor “medidas de mitigação e compensação que assegurem a conservação das espécies, nos termos do art. 27 da Lei Federal nº 12.65.

Condomínio tenta derrubar araucárias desde 2011

Em ofício para o Ministério Público, após receber denúncias, a SEAE, que atua há mais de 40 anos na região, informou que, segundo processo datado de 2011, ainda em projeto para a implantação do condomínio, as araucárias já eram alvo de supressão. Na ocasião, a promotoria de Cotia determinou “a modificação do projeto original, de forma a poupar as árvores; e redução do número de casas a serem edificadas, de forma a poupar nascente e araucárias existentes”. 

O Decreto Municipal nº 8.119 foi criado em 2016, mesmo ano em que o condomínio Reserva Magnólias entrou com novo pedido de autorização de corte para a prefeitura, com alegação de perigo iminente de queda e risco para os moradores e funcionários. Porém, o laudo para a análise da saúde das plantas (fitossanitário), do mesmo período, atestou que os exemplares estavam saudáveis e assim continuaram por dois anos, até o início de 2018, quando foram suprimidos.  

O corte das árvores resultou em nova Representação Civil no Ministério Público, para averiguar os fatos, e no boletim de ocorrência na polícia civil nº 003/2018, onde foi reforçada a informação de que as árvores estavam saudáveis, por isso não poderia ser “crível a hipótese de iminente risco”. 


Rodolfo Almeida, presidente da SEAE, comenta que “este Decreto de Cotia pode beneficiar outras áreas que não foram objeto de denúncia, descaracterizando o dever do município de proteger o meio ambiente de seu território, em prol do desenvolvimento urbano que trará consequências indesejadas no futuro. A natureza cobra o seu preço e a sociedade nem sabe pelo que está pagando, tendo em vista que o tema foi objeto de um decreto e não de uma Lei”. 

A prefeitura de Cotia, por meio de sua assessoria de comunicação, informou que atualmente a “supressão de árvores nativas é autorizada mediante a análise técnica com a devida compensação regrada pela Lei nº 1989, de 25 de Outubro de 2017”. 

Máquina super rápida remove lixo de praia e devolve areia limpa

 Máquina super rápida remove lixo de praia e devolve areia limpa
Por onde passa, ela nivela as áreas irregulares da areia, garantindo uma superfície uniforme.
1606
Uma incrível máquina que limpa as praias está fazendo sucesso nas redes sociais. O vídeo, que mostra a tecnologia em ação, já possui mais de 20 milhões de visualizações no Facebook. De forma rápida e eficaz, a máquina retira todo o lixo plástico, as conchas afiadas, vidros e quaisquer outros resíduos que infelizmente podem ser encontrados nas areias das praias. 


Batizada de Surf Rake, a máquina de limpeza é acoplada em um trator. Por onde passa, ela nivela as áreas irregulares da areia, garantindo uma superfície uniforme. São retirados desde grandes objetos até os mais difíceis de capturar, como pontas de cigarro e resíduos de óleo.


Fabricada pela empresa norte-americana H. Barber and Sons, o produto possui três versões. Há máquinas de tamanhos e capacidades diferentes, que podem atender a diversas necessidades. Para se ter uma ideia, o modelo mais compacto é capaz de limpar 20 mil metros quadrados em até uma hora.
Com “dentes” de aço inoxidável, ela recolhe os materiais indesejados -, raspando todo o lixo da areia. 

Depois peneira a areia de volta para a praia. Confira abaixo como funciona a máquina: 

 https://youtu.be/RNtKoksa-_w


Chilenos criam sacos plásticos que dissolvem rapidamente na água

Início Planeta Desenvolvimento Chilenos criam sacos plásticos que dissolvem rapidamente na água

Chilenos criam sacos plásticos que dissolvem rapidamente na água

O produto que dissolve em minutos na água foi desenvolvido para reduzir a média de 1 trilhão de sacolas plásticas que são usadas por ano no mundo.

1282
Num cenário onde a contaminação ambiental gerada pelas sacolas plásticas se tornou um problema mundial e mais de vinte países já proibiram ou adicionaram impostos a sua utilização, a empresa Solubag inovou para enfrentar este problema de maneira sustentável, criando uma matéria-prima similar ao plástico, amigável com o meio ambiente e solúvel em água. 


“Após estudar a indústria, e considerando que por ano são usadas em torno de um trilhão de sacolas plásticas no mundo inteiro, percebemos que não havia sido desenvolvida no plano massivo a ideia de criar um produto de uso cotidiano com base em insumos que não fossem nocivos para nosso entorno”, explicou Roberto Astete, gerente geral da empresa, numa conferência organizada pela Imagen Chile, agência público privada que promove a imagem do país internacionalmente. 


Foi assim ele que viajou para Guangzhou, China, para trabalhar com novas tecnologias, criar alianças comerciais e pedir a assessoria de especialistas em engenharia química. Após meses de trabalho, encontrou uma solução que, utilizando carbureto de cálcio, produz PVA (álcool polivinílico), o qual, ao incorporar outros componentes, leva à fabricação de um novo material que reproduz as condições do plástico. A nova matéria-prima ainda traz o valor agregado de se dissolver em poucos minutos, quando em contato com a água, sem contaminá-la.


“A grande diferença deste produto é que, por ser desenvolvido com estes materiais, não contém nenhum derivado do petróleo, o que se ajusta perfeitamente ao projeto de lei que está sendo implementado no Chile para proibí-las no comércio, cumprindo padrões mundiais”, afirmou Cristian Olivares, gerente comercial de Solubag. 


“O preço inicial deste novo material foi elevado, no entanto, através de melhorias contínuas de processos e certificando fornecedores, este valor pode ser reduzido em cinco vezes. E, à medida que integrarmos os volume de demanda ao mercado, o preço deverá chegar num futuro próximo, a valores similares do preço atual do polietileno”, comentou Roberto Astete.

Reconhecimento

Graças a este invento, Astete e Olivares foram os ganhadores do prêmio SingularityU Chile Summit 2018, como um empreendimento catalisador de mudança, e participarão de um estágio de 10 semanas no Silicon Valley, onde planejam desenvolver o negócio para o mercado estadunidense e de forma global. 


Bárbara Silva, CEO de BeSTinnovation e diretora de Singularity Chile, afirmou que “Solubag resolve um problema local com impacto global. O Chile possui empreendedores de classe mundial e minha função tem sido identificar esse potencial abrindo oportunidades de vínculo, crescimento e desenvolvimento em ecossistemas avançados de inovação como o Silicon Valley”. 


A empresa já conta com patentes internacionais em trâmite, certificações e testes, tanto locais como estrangeiras, incluindo o teste de contato com alimentos da FDA (Food and Drug Administration), o que lhe permitirá expandir-se além das fronteiras chilenas e dos países onde já se encontram estabelecidos, como China, Colômbia, Equador, Panamá e República Tcheca. 


Jorge Cortés, gerente de Marketing Digital de Imagen de Chile, ressaltou que “nossa nação está se posicionando globalmente graças a este tipo de inovações, que trazem uma contribuição real para o meio ambiente. Deste modo, nos projetamos como um polo de inovação científica e tecnológica, onde profissionais altamente qualificados protagonizam a busca de soluções para desafios globais. Isto, sem dúvida, impacta favoravelmente nossa imagem de país”, conclui.

https://youtu.be/y-fIAhAWWrY