A conclusão foi que dos 337 municípios do Matopiba, somente 45 apresentam alta produção e indicadores sociais que superam a média dos respectivos estados. Nestes, a concentração de riqueza é a principal característica. Já 67 do total são classificados, pelo estudo, como “injustos”, uma vez que têm alta produção e indicado­­res sociais abaixo da média. 


Ou seja, embora sejam ricos, isto não se traduz em bem estar para a população. No meio termo estão 29 municípios, onde a produção é baixa, não há riqueza, porém seus indicadores sociais são acima da média. Por fim, 196 municípios seguem pobres: a produção é baixa e os in­dicadores sociais são abaixo da média. E estes últimos compõem a maior parte da realidade desta grande área que atravessa quatro estados brasileiros.

Velhos modelos para um novo mundo

“Não é uma questão de tempo, é uma questão de modelo”, grava o autor do estudo, Prof. Arilson Favareto, da Universidade Federal do ABC. Contrário aos que afirmam que tais números possam mudar para melhor ao longo do tempo, ele defende que o aspecto é estrutural e próprio do estilo de desenvolvimento territorial que se forma ali onde a riqueza se produz de forma muito concentrada.   


Apesar de buscar a todo momento sair do maniqueísmo, e entendendo a complexa dinâmica do que significa o agronegócio no Brasil, ele defende que é preciso romper com nosso modelo de desenvolvimento econômico, buscando não só novos modelos, mas também sistemas mais eficientes, que leve em consideração a sociobiodiversidade. 


Para ele, que é sociólogo e doutor em Ciência Ambiental, será preciso buscar uma coalizão das forças sociais, formada por empresas, governos e sociedade civil para mudar esta realidade. Aliás, para Favareto, já estamos à beira de uma nova transição. 

 Acesse o relatório “Segure a Linha: A Expansão do Agronegócio e a Disputa pelo Cerrado”.