terça-feira, 15 de dezembro de 2015

"Daqui não saio, daqui ninguem me tira". O Carnaval da Vergonha


Flávio Faveco Corrêa

Até parece carnaval o que está acontecendo na política brasileira. Alguns jovens como eu hão de se lembrar da famosa marchinha de 1950 “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”.

Parece que a Dilma e o Eduardo Cunha estão aí para protagonizar esta moderna e infeliz ópera bufa, este circo, no qual os palhaços somos nós que temos que assistir as barbaridades perpetradas por esta senhora e por este senhor que menosprezam nossa inteligência.


Ainda que não tenham pulado nas ruas 66 anos atrás, Dilma e Cunha sabem a letra de cor e a transformaram em seu hino de guerra, que provavelmente cantam todos os dias na frente do espelho imitando os Vocalistas Tropicais


Como tudo no Brasil é carnaval, é bom lembrar que antes de 50, mais precisamente em 1937, Carmen Miranda havia imortalizado a marchinha de Jararaca e Vicente Paiva “Mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar”, retrato do Brasil moderno.



O carnaval de 2015 ainda não terminou. Não querem perder a boca nem deixar de mamar nas tetas gordas da nação.


Segundo as pesquisas de opinião, a maioria dos brasileiros quer o impedimento de Dilma e a saída de Cunha da presidência da Câmara.


A primeira, acusada de pedaladas fiscais e o outro de ter contas secretas na Suíça para esconder os milhões que recebeu do esquema do petrolão.


Há quem diga que as pedaladas fiscais não seriam suficientes para defenestrar Dilma que, na verdade, deveria ser acusada de Pedaladas Mentais, muito mais vergonhosas dos que as fiscais.

Um novo pedido de impeachment foi ou será protocolado no Congresso, baseado na Lei 1.079/50, que tem no capítulo 5º, artigo 9º, inciso 7 o seguinte texto: “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”. Alguma dúvida de que a Presidente deva ser impedida, mesmo que ela se disponha a lutar contra “diuturna e noturnamente”?


O segundo, o Cunha, vai perder a boca por ser mentiroso e corrupto, ferindo de morte a dignidade parlamentar, se é que ainda existe alguma, a julgar pelos últimos e deprimentes  acontecimentos no plenário, recheado de cenas de pugilato, ofensas verbais e baixarias por todos os lados.

Aliás, a marchinha de carnaval preferida dele deve ser, com certeza, “Me dá um dinheiro aí”, composta em 1959 por Ivan, Homero e Glauco Ferreira, e que foi uma dos “hits” de 1960 nas vozes de Moacir Franco, Marlene e Elizeth Cardoso, hoje na do tenor Eduardo Cunha.


E ainda perguntam, cinicamente, porque os brasileiros não confiam nos políticos. Dá para encarar uma pergunta dessas?


Mas o fato é que ambos vão resistindo bravamente, contra tudo e contra todos, barganhando apoios e comprando votos, certos de que, como geralmente acontece, a santa impunidade prevalecerá.

É uma vergonha.


Uma saudando a mandioca e lamentando que não podemos estocar ventos, o outro desfilando de Porsche e viajando de primeira classe com a família, cuspindo na cara de todos nós, inclusive na da incauta maioria que os elegeu.


Mas, como diria minha tia Fifina, deixa estar jacaré que a lagoa há de secar.


A Operação Lava Jato que o diga.


E está secando mesmo, inclusive em vias de deixar o sapo barbudo sem oxigênio para respirar à beira do pantanal de roubos e infâmias que orquestrou.


Tudo indica que Dilma, Cunha e Lula não vão resistir por muito mais tempo. Dilma provavelmente será impedida, Cunha será cassado e Lula ficará cada vez mais complicado com a justiça. Acaba de ser quebrado o sigilo fiscal do caçulinha do ex-presidente, que embolsou 2,5 milhões de reais de lobistas para produzir um relatório chupado da internet.


O clamor das ruas nas manifestações programadas para o dia 13 vai exigir mudanças.
O destino de Dilma será voltar para casa de cabeça baixa e tentar ser a dona de casa que  nunca foi, já que comerciante não tem competência para ser, como ficou demonstrado na sua falida experiência com a lojinha de bugigangas que teve em Porto Alegre.

O destino de Eduardo Cunha será a cadeia, onde já estão muitos dos seus companheiros de trabalho.

Neste momento voltaremos a ter orgulho de ser brasileiros.


Mesmo porque não dá mais para aguentar tanta vergonha.

Faveco Corrêa é jornalista e presidente da Brandmotion Consultoria
Blog: www.faveco.com.br


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