quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

As ONGs, a Amazônia e o general Augusto Heleno

As ONGs, a Amazônia e o general Augusto Heleno


Por Reinaldo Azevedo - Atualizado em 22 fev 2017, 22h57 - Publicado em 24 abr 2008, 14h19







Segundo manchete de hoje do Estadâo (aqui, link aberto), “o Planalto vai fechar o cerco às organizações não-governamentais (ONGs), na tentativa de coibir a biopirataria, a influência internacional sobre os índios e a venda de terras na floresta amazônica”. O texto informa: “A primeira ação de controle consta do projeto da nova Lei do Estrangeiro, que está na Casa Civil e será enviado ao Congresso até junho. Se a proposta for aprovada, estrangeiros, ONGs e instituições similares internacionais, mesmo com vínculos religiosos, precisarão de autorização expressa do Ministério da Defesa, além da licença do Ministério da Justiça, para atuar na Amazônia Legal. Sem esse procedimento, o ‘visitante’ do exterior terá seu visto ou residência cancelados e será retirado do País.”

Podem esperar que vem gritaria por aí. HÁ NADA MENOS DE CEM MIL ONGs atuando na Amazônia, e o projeto do governo indica que ninguém sabe quem é e o que quer essa gente. Cem mil? Quer dizer que, se cada organização tiver um único indivíduo, já serão cem mil pessoas só para cuidar da região? As outras contas, vocês fazem sozinhos, né? Como se vê, não existe área mais bem cuidada no Brasil…

Aí vem o ministro da Justiça, Tarso Genro, e manda ver: “Grande parte dessas ONGs não está a serviço de suas finalidades estatutárias. Muitas delas escondem interesses relacionados à biopirataria e à tentativa de influência na cultura indígena, para apropriação velada de determinadas regiões, que podem ameaçar, sim, a soberania nacional.”

Ah, é? Então o general Augusto Heleno, comandante geral da Amazônia, estava certo? Mas não foi este mesmo Genro quem disse que o STF, ao sustar a operação da Polícia Federal na reserva Raposa Serra do Sol, estava agindo em função do clamor criado pela “mídia”? Espero que o tribunal, ao julgar o caso, leve, então, em consideração as palavras do próprio ministro da Justiça.

Cem mil ONgs na Amazônia? Queremos saber quais são, quantas pessoas as integram, do que vivem e qual é o seu objeto. O governo estava prestes a expulsar brasileiros de terras brasileiras sem nem mesmo saber quantos são e o que fazem os estrangeiros que estão lá.

O lobby dessas organizações já começa a pressionar, acusando um viés “militarista” no debate. O onguismo, com raras exceções, é um meio de vida. Hoje, já deve “empregar” milhões de pessoas.

Parte considerável recebe dinheiro de fora; outro tanto mama nas tetas oficiais; outro pedaço ainda é só pretexto para abater pagamento de Imposto de Renda — já que o onguismo ligado a grandes grupos empresariais também prospera.

Estranho que o país não seja ainda um paraíso, com tanta gente para nos ensinar a ser verdadeiros patriotas. O Brasil é a velhinha cega do planeta. Todo mundo quer ajudá-lo a atravessar a rua.

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