segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Saiba como seu filtro solar pode afetar a vida dos corais

Saiba como seu filtro solar pode afetar a vida dos corais

Sabrina Rodrigues
quinta-feira, 18 abril 2019 17:45
A campanha do Instituto Coral Vivo visa proteger os corais dos efeitos nocivos da oxibenzona 
presente nas fórmulas da maioria dos filtros solares. Foto: Athila Bertoncini.
Tendemos a pensar que o filtro solar é algo tão benéfico à pele que não fazemos ideia de que ele pode agredir o meio ambiente. Como? Através da substância presente na maioria dos protetores solares: a oxibenzona. E pensando nos efeitos nocivos que esse elemento exerce, o Instituto Coral Vivo, com o slogan “O feriadão também está chegando”, se inspira na série Game of Thrones para lançar uma campanha de conscientização para que as pessoas deixem de usar filtros com oxibenzona na composição. A ação começou no dia 14 de abril e irá até 18 de maio.

Com o feriadão da Páscoa, as praias tendem a ficar cheias, principalmente no Nordeste. O extremo sul da Bahia é a área de maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, onde ocorrem os recifes de coral conhecidos como Abrolhos. E um volume alto de oxibenzona está chegando aos ambientes coralíneos, através dos banhistas. 

Como identificar a oxibenzona e por que ela é prejudicial aos corais?
A oxibenzona é uma substância química que ajuda na proteção da pele protegendo dos raios ultravioletas do tipo A (UV-A) e do tipo B (UV-B) e está presente em muitos filtros solares. O problema é que, ao entrar no mar, o banhista libera esse composto nos oceanos, chegando aos corais, que absorve o produto e morre. Os sobreviventes ficam incapazes de suportar o aquecimento das águas no verão e, tem também o seu sistema reprodutor comprometido. O resultado é o embranquecimento dos corais que ficam com seus esqueletos expostos, que são brancos naturalmente e recobertos por uma camada de tecido translúcido. A cor dos corais é dada por microalgas fotossintetizantes, chamadas zooxantelas.

Os Estados Unidos, por exemplo, recomendam protetores com ingredientes minerais como óxido de zinco e óxido de titânio. No México, o uso de produtos com oxibenzona está proibido em reservas marinhas. No Havaí, a proibição começará a partir de 1º de janeiro.

Mas não é só em protetores solares que podemos encontrar a oxibenzona, ela também está presente em produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Para identificar os produtos que possuem essa substância, basta verificar nas embalagens os seguintes ingredientes:  Oxybenzone, B3, Benzophenone-3, (2-Hydroxy-4-Methoxyphenyl) Phenyl- Methanone, (2-Hydroxy-4-Methoxyphenyl) Phenylmethanone; 2-Benzoyl-5-Methoxyphenol; 2-Hydroxy-4-Methoxybenzophenone; 4-Methoxy-2-Hydroxybenzophenone, Advastab 45; Ai3-23644; Anuvex; 2-Hydroxy-4-Methoxy.

Como alternativa é aconselhável filtros solares à base de óleos naturais que não agridem o meio ambiente, como Aloe Vera, Camellia sinensis (chá verde), entre outros. 

Campanha busca conscientizar as pessoas a evitar a oxibenzona
A campanha começou a ir ao ar no último domingo (14), junto com o início da série de grande sucesso do canal a cabo HBO, Game of Thrones, e irá até o dia 18 de maio. A ação está sendo realizada pelas redes sociais e na TV Climatempo Bio, que passa em canais de assinatura como Sky, NET.

Além do slogan, que tem como referência o mote da série “O inverno está chegando”, a campanha tem como imagem um trono feito com esqueletos de corais da costa brasileira, em alusão direta ao cobiçado trono feito de espadas e armas de ferro na série medieval. O Instituto também irá lançar três vídeos da campanha. O primeiro foi lançado no dia 14, o segundo será no sábado dia 20 e o último, no dia 27.

“Desejamos, com essa campanha, que as pessoas continuem usando protetor solar, mas que fiquem atentas à composição e prefiram consumir produtos livres de substâncias nocivas aos recifes de coral o quanto antes”, explica o oceanógrafo Miguel Mies, que é pesquisador da Rede de Pesquisas do Coral Vivo e do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). “Lembramos que essas substâncias, mesmo em pequenas quantidades, causam doenças e mortalidade nos corais”, completa Miguel.

Assista ao primeiro vídeo da campanha:

  https://youtu.be/05ULHOpw1pE


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