sábado, 24 de julho de 2021

O papel das florestas protegidas no combate às mudanças climáticas

 


O papel das florestas protegidas no combate às mudanças climáticas

PRESERVAR A BIODIVERSIDADE E SEQUESTRAR CARBONO DA ATMOSFERA SÃO ALGUNS DOS BENEFÍCIOS DE ASSEGURAR A CONSERVAÇÃO DE ÁREAS FLORESTAIS, SOBRETUDO NA AMAZÔNIA. ENTENDA

Vista aérea da Amazônia no Pará (Foto: Bruno Cecim/Ag.Pará)

Existem no mundo pelo menos 4 bilhões de hectares de florestas, sendo que, destes, 726 milhões são oficialmente protegidos. Essa área é um pouco menor que o território continental contíguo (sem Alasca) dos Estados Unidos. O Brasil possui 497 milhões de hectares do seu território ocupado por florestas (12% das florestas do mundo), dos quais cerca de 30% estão em áreas protegidas. No território nacional, as áreas de proteção são amparadas pela Lei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Ele classifica as áreas protegidas, ou unidades de conservação (UC), em dois grandes grupos: unidades de conservação de proteção integral (UCPI) e unidades de conservação de uso sustentável (UCUS).

As UCPI têm como objetivo básico preservar a natureza, evitando o quanto possível a interferência humana, e só admitem uso indireto dos recursos naturais — isto é, que não envolvam consumo, coleta ou dano, com exceção dos casos previstos em lei. Já nas UCUS, o intuito é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável, permitindo uma exploração do ambiente com a garantia da perenidade dos recursos naturais e processos ecológicos. Do total de UC do território continental brasileiro, 76% estão localizadas na Amazônia, cobrindo uma área de 118 milhões de hectares, dos quais 42 milhões encontram-se em UCPI e 75 milhões de hectares em UCUS (veja o mapa abaixo).

Distribuição das unidades de conservação na Amazônia e desmatamento acumulado até 2020 (Foto: TNC Brasil a partir de dados do Prodes/INPE, MMA e Funai)

Proteger as florestas em UC é importante, pois, além dessas áreas contribuírem como barreiras ao avanço do desmatamento, elas também abrigam uma imensa biodiversidade, fornecem diversos serviços ecossistêmicos e contribuem para a mitigação das mudanças climáticas. Isso porque, quando contemplados nas diversas categorias de conservação, esses biomas formam um mosaico que impede a especulação da terra e evita que boa parte do território se transforme em pastos e áreas agrícolas.

No entanto, as unidades de conservação não estão completamente imunes à perda de áreas florestais. Desde 2010, as UCPI da Amazônia perderam 0,13% de suas florestas, num total de 57,3 mil hectares. Nas UCUS, que deveriam ter um destino sustentável, essa perda foi de 420 mil hectares, ou 0,56% da área ocupada por elas. O desmatamento em unidades de conservação de uso sustentável foi 7,3 vezes maior que nas áreas de proteção estrita.

Fogo e garimpo ilegal são outras ameaças que rondam as UC. Embora nenhum desmatamento devesse ocorrer em unidades de conservação de proteção integral e muito pouco em UCUS, a perda florestal acontece porque ainda são comuns na Amazônia brasileira os chamados “parques de papel”, ou seja, unidades de conservação que são decretadas e desenhadas, mas que não têm implementação, gestão e proteção territorial efetivas.

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