quinta-feira, 13 de abril de 2023

O Arco do Desmatamento: A maior ameaça à Amazônia

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No dia 21 de março é comemorado o Dia Internacional das Florestas, data que busca  conscientizar a população sobre a importância de todos os tipos de florestas. Nesta data, aproveitamos para compartilhar informações sobre uma das regiões que mais ameaça a maior floresta tropical do mundo, o arco do desmatamento. Desde a década de 70, o arco do desmatamento vem ameaçando floresta amazônica adentro e toda a sua biodiversidade. Essa região concentra 75% de toda área desmatada da Amazônia e ameaça acabar com um dos maiores hotspots de biodiversidade do planeta. Vem ler e entender esse problema!

O que é o arco do desmatamento?

O Arco do Desmatamento compreende a uma região onde concentram-se os maiores índices de desmatamento da Amazônia. O território possui grande área, somando cerca de 500 mil km², e se estende do Maranhão ao sul do Pará, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre, englobando 256 municípios. 

Mapa ilustrando a região que compreende o Arco do Desmatamento (polígono em preto). Fonte: PRODES/INPE.

A região amazônica contém cerca de um terço das florestas tropicais de todo o planeta e abriga metade de toda a biodiversidade mundial, contudo, somente na área correspondente ao arco do desmatamento, concentra-se aproximadamente 75% das áreas mais desmatadas da Amazônia. É nessa região que ocorre o encontro entre a agricultura, que avança de maneira desenfreada, e a floresta, que resiste com muita luta.

Desde os anos de 1970, essa região vem sendo pressionada para que haja expansão da fronteira agrícola e pecuária. Nos últimos anos as ameaças ao território intensificaram-se ainda mais, devido ao aumento da grilagem (roubo de terras), garimpos ilegais, ampliação das áreas desmatadas e dos incêndios criminosos. Como consequência dessas atividades, a área de floresta diminuiu drasticamente nos arredores do arco do desmatamento, tendo 50% de seus cerca de 365 mil hectares, desmatados.   

O desmatamento na Amazônia provoca a perda de uma infinidade de espécies animais e vegetais, gerando sérios impactos sociais e ameaçando o bioma como um todo. O bioma amazônico já teve quase 20% de sua cobertura vegetal desmatada, o que contabiliza ao redor de 729 mil km² de área. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)somente 300 mil km² foram desflorestados nos últimos 20 anos

Infográfico da cobertura vegetal e uso da terra do bioma amazônico. Fonte: MapBiomas.

Os dados são alarmantes e ano após ano, a Amazônia vem perdendo sua cobertura florestal

A flexibilização das leis ambientais, a falta de fiscalização e o desmonte dos órgãos de proteção, serviram de aval para que grileiros, garimpeiros ilegais e desmatadores avançassem o sinal e cometessem atrocidades contra o meio ambiente. Durante o governo de Jair Bolsonaro, houve o aumento de invasões às áreas protegidas e da violência contra os povos tradicionais.

O quadro é realmente desafiador, mas há algumas instituições comprometidas em reverter essa situação, dentre elas, o Instituto Libio. Para isso, estamos trabalhando constantemente em defesa da área que compreende o arco do desmatamento e lutando para impedir o avanço da agricultura.   A floresta amazônica é indispensável na manutenção do equilíbrio climático e ecológico do planeta, servindo de abrigo para a fauna silvestre e para muitas comunidades.

O investimento em reservas ambientais

As reservas ambientais são muito importantes para a manutenção da biodiversidade, além de assegurar o uso sustentável de recursos naturais. As Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs), consistem em um modelo de unidades de conservação, que são administradas por pessoas físicas ou jurídicas, de forma voluntária, representando uma excelente alternativa para conservar a diversidade biológica.

O Instituto Libio redefiniu seus pilares de atuação. Clique aqui e conheça nossas frentes de trabalho.

Para conter o avanço da destruição da floresta amazônica, em 2021, com apoio da Re:wild, o Governo do Pará criou uma área protegida, o Refúgio de Vida Silvestre dos Rios São Benedito e Azul, com aproximadamente 30 mil hectares. A iniciativa soma forças com alguns proprietários e organizações locais, como o Instituto Libio, a adquirir áreas para proteção ambiental. 

A região sul da Amazônia, localizada entre os estados do Mato Grosso e Pará, é um hotspot da vida selvagem dentro da própria Amazônia, sendo considerada uma das áreas mais ricas em biodiversidade de todo o planeta. O local detém mais de 1.350 espécies de plantas, 600 espécies de aves, e um número crescente de mamíferos, invertebrados, peixes e fungos. 

Com frequência, novas espécies são descobertas na região devido sua riqueza, classificando-a como área de biodiversidade alfa. Espécies raras, como o primata zogue-zogue (Plecturocenus grovesi), são encontradas apenas nesta região. Por isso, investimentos em reservas naturais são tão importantes, pois esta é uma região estratégica para a conservação da Amazônia

Zogue-zogue (Plecturocenus grovesi). Foto: Diego Silva/Divulgação Agência FAPESP.

A Reserva Rio Azul

O Instituto Libio tem a preservação das florestas como uma de suas prioridades, por isso, uma de nossas frentes de atuação é voltada para a criação de refúgios de vida silvestre e manutenção de áreas verdes. 

Foto: Acervo Instituto Libio.

Pensando nisso, adquirimos uma área de reserva, a Reserva Rio Azul, que faz parte da Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre Rio São Benedito e Azul, uma UC que representa a última barreira que impede a entrada da soja na floresta amazônica e logo, a sua devastação.

Na reserva, desenvolvemos o turismo ecológico, a educação ambiental e atividades científicas, e trabalhamos pela conservação da biodiversidade e proteção da floresta amazônica.

As florestas fornecem recursos para a nossa subsistência, garantem o equilíbrio do planeta e são vitais para combater o avanço das mudanças climáticas. Preservá-las é essencial e urgente.

Autor: Juliana Cuoco Badari – Greenbond. 

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