quarta-feira, 19 de abril de 2023

Resgatada com menos de um mês de vida, Pequi ganha enfim a liberdade no Cerrado

 


Resgatada com menos de um mês de vida, Pequi ganha enfim a liberdade no Cerrado

Resgatada com menos de um mês de vida, Pequi ganha a liberdade no Cerrado

Foi um momento emocionante para todos aqueles que puderam presenciar os primeiros passos de Pequi rumo à liberdade. Ontem, na segunda-feira (17/04), a jovem loba-guará caminhou lentamente para fora do recinto onde viveu por pouco mais de um ano, sendo preparada pela equipe da ONG Jaguaracambé para poder sobreviver sozinha após sua reintrodução na vida livre.

“Vamos registrar para sempre o momento glorioso em que a Pequi caminhou em direção à sua liberdade! Simplesmente maravilhosa!”, compartilhou a organização em suas redes sociais.

Pequi foi solta em uma área de mais de 800 hectares de Cerrado, na Reserva Paraíso na Terra, em Brazlândia (DF).

Através de um rádio colar com GPS, ela será monitorada pelos próximos dois anos. Depois de um certo período, ele se abre automaticamente e deixa de funcionar.   .

Desde 2020 acompanhamos a história de Pequi aqui no Conexão Planeta. Ela e seus irmãos Mangaba, Araticum, Seriguela e Baru tinham menos de um mês de vida quando perderam a mãe. menos de um mês de vida quando perderam a mãe sozinhos, numa toca, localizada nos arredores da Fazenda Trijunção, em Goiás, foram resgatados porque a mãe, a fêmea Caliandra, era monitorada através de um colar GPS pelos pesquisadores do Onçafari, que notaram a ausência de sinais de deslocamento.

Os filhotes, que ficaram alguns dias sem serem alimentados, foram levados então para o berçário do Zoológico de Brasília, o lugar mais próximo da região e que tinha condições de cuidar apropriadamente dos pequenos animais.

Resgatada com menos de um mês de vida, Pequi ganha enfim a liberdade no Cerrado

Registro dos cinco irmãos, quando resgatados
(Foto: Ivan Mattos)

Todavia, com o passar dos meses, o espaço foi ficando pequeno para os cinco irmãos e como a meta era reintroduzi-los na vida selvagem, era necessário prepará-los para a soltura. Como a espécie tem hábitos de vida solitários e filhotes podem competir entre si, decidiu-se pelo encaminhamento deles para organizações diferentes, que ficaram responsáveis por treiná-los para a volta à natureza.

Mangaba e Araticum ficaram no Onçafari e Baru*, Seriguela e Pequi, inicialmente com o Parque Vida Cerrado, na Bahia. 

Mas após um ano lá, Pequi foi transferida no começo de 2022 para o recinto em Paraíso na Terra, sob os cuidados da Jaguaracambé.

Resgatada com menos de um mês de vida, Pequi ganha enfim a liberdade no Cerrado

Pequi saindo do recinto logo após a abertura do portão
(Foto: Catarina Tokatjian)

O projeto de reintrodução de todos os cinco filhotes de lobo-guará faz parte de um Plano de Ação Nacional para a Conservação da Espécie, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e que ajudará na elaboração de um protocolo a ser utilizado por outros indivíduos, no futuro, que se encontrem na mesma situação que Mangaba, Araticum, Seriguela, Baru e Pequi.

Espécie típica do Cerrado brasileiro, o Chrysocyon brachyurus é o maior canídeo selvagem da América do Sul. Infelizmente, ele encontra-se ameaçado de extinção, devido principalmente à destruição de seu habitat pelo desmatamento.

O nome guará vem da língua indígena e significa “vermelho”. Com aproximadamente 90 cm de altura, pesa, em média, 23 kg. Macho e fêmea se encontram somente para reproduzir e cuidar dos filhotes.

Apesar de carnívoro, o lobo-guará gosta muito de frutas. Uma inclusive, leva seu nome: a fruta-do-lobo
(Foto) Catarina Tokatjian)

*Infelizmente, Baru morreu. Em setembro do ano passado, seu colar GPS revelou que ele não estava se movimentando, emitindo então um sinal de alerta para a equipe de que algo havia acontecido. Ele foi encontrada sem vida e uma necropsia indicou que sua pata foi mordida por uma serpente peçonhenta.

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Foto de abertura: Catarina Tokatjian

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