quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Professor brasileiro recebe reconhecimento da Unesco por projeto de descontaminação da água do Rio Doce

Professor brasileiro recebe reconhecimento da Unesco por projeto de descontaminação da água do Rio Doce

Professor brasileiro recebe reconhecimento da Unesco por projeto no Rio Doce
Depois de ser o grande vencedor do prêmio Educador Nota 10, promovido pela Fundação Victor Civita, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, em 2016, e ficar entre os dez finalistas do Global Teacher Prize, considerado um Nobel da Educação, no começo deste ano, o professor capixaba Wemerson Nogueira foi um dos convidados para participar de um evento internacional de educação na Coreia do Sul, que começou esta semana e vai até 15 de setembro.

O fórum Global Capacity Building Workshop é promovido pelo programa Global Citizenship Education (GCED), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), e tem como objetivo promover um futuro pacífico e sustentável através da educação.
Nogueira, de apenas 26 anos, desenvolveu um projeto com seus alunos na escola pública estadual de Boa Esperança, no norte do Espírito Santo. A ideia surgiu após a tragédia ambiental ocorrida em Minas Gerais, com o rompimento da barragem da mineradora Samarco, em novembro de 2015, que destruiu completamente o vilarejo de Bento Rodrigues, deixando mais de 20 pessoas mortas, e levou um mar de lama tóxica para toda a bacia do Rio Doce, poluindo e contaminando a água e tirando a vida de animais que viviam ali.

Através do projeto “Filtrando as Lágrimas do Rio Doce”, o professor criou, juntamente com seus alunos, um filtro bioativo de areia, capaz de limpar a água contaminada com os rejeitos de minérios (metais pesados). O trabalho prático fez com que os estudantes conseguissem entender conteúdos relacionados à disciplina de Química, sobretudo, a tabela periódica.

O projeto contou com a parceria da Secretaria de Educação do Estado e empresários do município de Nova Venécia e Boa Esperança. “No início, conseguimos atender a comunidade capixaba de Vila de Regência, com 55 filtros”, conta Nogueira. “Atualmente já são mais de 8 mil famílias usando o filtro, tanto no Espírito Santo, como em Minas Gerais”, garante.

O docente brasileiro apresentou o projeto para professores de outros 28 países, que também compartilharam suas experiências pessoais.

“Estou encantado com tanto aprendizado que estou adquirindo aqui neste evento e com o o olhar educacional que cada um desses países – África, Argentina, Colômbia, Japão, China, Indonésia, Índia, Chile, entre muitos outros – têm para a educação”, disse em suas redes sociais.

Envolvimento com a comunidade

Wemerson Nogueira sempre estudou em escolas públicas. Formou-se em Ciências Biológicas e em 2012, logo após a graduação, começou a dar aulas. O primeiro colégio em que trabalhou fica localizado em uma área carente, com indíces de violência muito altos. A taxa de evasão escolar chegava a 50%.

O professor capixaba propôs então à administração o desenvolvimento do projeto “Jovens Cientistas: Criando um Novo Futuro”. O objetivo era melhor o comportamento dos alunos dentro do ambiente escolar.

Através de um método mais dinâmico e divertido, o educador conseguiu atrair a atenção dos estudantes nas aulas de Ciências. Nogueira costuma levar os jovens para fora da sala de aula e instigar a curiosidade deles com elementos da natureza. Além disso, usa muitas músicas e paródias para ensinar os conceitos da química. Foi dentro deste projeto que surgiu a pesquisa sobre a água do Rio Doce.

O resultado da iniciativa foi um sucesso. Em um período de quatro anos, a escola conseguiu reduzir drasticamente a taxa de abandono, além de tirar das ruas alunos envolvidos com drogas e crimes.

O professor brasileiro, junto com colegas na Coreia do Sul,
sentado logo na primeira fila, no canto direito
Foto: divulgação Global Teacher Prize e arquivo pessoal
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante seis anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para várias publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, acaba de mudar para os Estados Unidos

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