quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Registro de armas por caçadores, atiradores e colecionadores quase triplica em três anos no Brasil: na Amazônia aumento foi de 300%

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Registro de armas por caçadores, atiradores e colecionadores quase triplica em três anos no Brasil: na Amazônia aumento foi de 300%

Registro de armas por caçadores, atiradores e colecionadores quase triplica em três anos no Brasil: na Amazônia aumento foi de 300%

Há um número cada vez maior de armas circulando na Amazônia. E o acesso mais fácil a elas obviamente tem conexão direta com o aumento de crimes na região, como o assassinato bárbaro do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, em junho.

Segundo o relatório “Descontrole no Alvo – Amazônia no alvo“, divulgado no mês passado pelo Instituto Igarapé, entre 2018 e 2021, o registro de armas por pessoas físicas nos estados da Amazônia Legal cresceu 219%. Eram 57.737 armas registradas no ano em que o presidente Jair Bolsonaro foi eleito. Mas em apenas três anos esse número saltou para 184.181. Já no mesmo período no Brasil todo houve um crescimento de 130,4% nos registros.

“O aumento da circulação legal de armas na região em ritmo ainda maior do que no restante do país é muito preocupante. No complexo ecossistema de crimes e ilegalidades, essa constatação é um alerta importante”, ressalta Melina Risso, diretora de Pesquisas do Instituto Igarapé. “É fundamental que os órgãos de segurança pública da Amazônia Legal avancem em suas capacidades de rastreamento sistemático das armas apreendidas usadas em crimes para identificar sua origem”, concluiu.

A análise coloca luz especial sobre o aumento ainda mais alarmante entre as armas registradas na Amazônia pelo grupo chamado de CACs: caçadores, atiradores e colecionadores: desde 2018 foi de quase 300%. Os estados onde esse pulo foi maior são Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.

Desde que Bolsonaro assumiu o governo e incentivou uma política de apoio ao armamento da população civil, atiradores esportivos podem possuir até 60 armas, sendo 30 de uso restrito, incluindo aí fuzis semiautomáticos. Já “caçadores esportivos” tem um limite de até 30 armas, sendo 15 de uso restrito. No caso de colecionadores, não há limite.

Vale lembrar que no Brasil somente está liberada a caça de controle a uma espécie animal exótica e invasora, o javali-europeu (Sus scrofa) e a seu híbrido, o porco-doméstico (javaporco).

A ironia é que, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a presença de javalis na região amazônica é muito pequena. Então o que estarão procurando todos esses “caçadores esportivos” na Amazônia?

E não é só o presidente que apoia o amplo porte e posse de armas em nosso país. Em 2020, o seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, apresentou um projeto de lei que propõe liberar a publicidade de armas em jornais, revistas, rádios, TV e nas redes sociais (leia mais aqui).

Aumento de registro de armas de CACs explode em todo Brasil

Não é só na Amazônia que há uma explosão nos pedidos de posse e porte de armas. Uma reportagem publicada pelo portal de notícias G1, com dados do Exército obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação pelo Igarapé e o Instituto Sou da Paz, revela que o Brasil atingiu a marca de 1 milhão de armas registradas pelos CACs – ou seja, ela triplicou desde julho de 2019, quando esse número era de 433.246.

Para efeitos de comparação, em 2017 eram pouco mais de 290 mil registros e o crescimento para o ano seguinte foi de “somente” cerca de 50 mil, chegando a 350.683. Mas daí em diante há um pulo exponencial nos registros.

A análise do G1 mostra que, em média, 449 pessoas obtêm licença para usar armas no país a cada 24 horas.

Ainda segundo as informações fornecidas pelo Exército, desse total de 1 milhão de armas, aproximadamente 674 mil estão na mão de caçadores, atiradores e colecionadores.

“O aumento das armas registradas pelo Exército é ainda mais grave quando consideramos que muitas delas têm maior poder de fogo do que as armas registradas pela Polícia Federal*”, salienta Michele dos Ramos, do Instituto Igarapé, ao G1.

Todos contra a Caça

Atualmente tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado, em Brasília, doze projetos de lei que pretendem legalizar e facilitar a caça profissional e esportiva a animais silvestres no Brasil, atividades proibidas no país há mais de 50 anos, por meio do Código de Fauna (Lei nº 5.197/1967).

Se você também é contra a liberação da caça –  uma das maiores responsáveis pela extinção de milhares de espécies de animais no mundo -, se junte a mais de 1 milhão de pessoas que já assinaram a petição online “Todos contra a Caça”, no site da Change.org.

*A Polícia Federal é responsável por conceder o o registro de armas para pessoas civis que tenham direito a porte e posse, como promotores, juízes, policiais e guardas municipais.

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Imagem: reprodução do movimento Todos contra a Caça

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