terça-feira, 23 de maio de 2023

80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

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80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

Um mapeamento em quatro unidades de conservação no interior do estado de São Paulo soou um grave alerta: das 358 espécies de aves registradas há algumas décadas nessas áreas, apenas 278 foram observadas durante o mais recente monitoramento de campo. Ou seja, 80 delas podem ter deixado de ocorrer na região.

O trabalho, realizado entre setembro de 2021 e janeiro de 2022 por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), aconteceu na Reserva Biológica de Andradina e nas Estações Ecológicas de Marília, de Paulo de Faria e de Santa Maria. As aves eram identificadas por meio de binóculos e também de seus sons.

“Foram realizados inventários de aves nessas unidades de conservação de proteção integral porque elas são pouco conhecidas e estudadas. Nosso intuito era atualizar as informações sobre as suas aves, bem como aumentar a sua visibilidade para demais atividades, como pesquisa e educação ambiental”, diz Vagner Cavarzere, professor do Instituto de Biociências da Unesp e um dos autores do trabalho.

Das 80 espécies que não foram observadas nesse levantamento, 50% são florestais, que vivem apenas dentro das matas.

“Isso é um indicativo de que, depois da degradação ambiental que o interior paulista sofreu, mesmo as áreas destinadas para a preservação, sofrem com a falta de qualidade ambiental e não garantem a sobrevivência de determinadas espécies”, explica Cavarzere.

O pesquisador destaca que degradação ambiental envolve desde a fragmentação da vegetação nativa até a retirada ilegal de madeira, a ocorrência de queimadas e incêndios florestais e a ausência de proteção contra a entrada de gado.

“Não é uma batida de martelo, pois nosso esforço amostral não foi enorme. No entanto, conhecemos as espécies sem registro de anos de estudos de campo, então a não-detecção delas é um indicativo de que algo está errado com a vegetação”, diz o pesquisador.

Ainda segundo ele, o que chama atenção é que mesmo nessas áreas mais protegidas, as espécies florestais não foram registradas. Infelizmente, apesar de em geral unidades de conservação serem mais conservadas, ainda assim sofrem com queimadas caça ilegal.

Entre as espécies não registradas, todas endêmicas da Mata Atlântica, estão a juruva, o macuru-de-barriga-castanha, o surucuá-variado e o miudinho – na imagem que abre este post.

“Já entre aquelas ameaçadas [de extinção] e não avistadas estão a arara-vermelha, o mutum-de-penacho e a maracanã”, relata o especialista.

O artigo científico publicado na Revista do Instituto Florestal pode ser lido, na íntegra, neste link.

80 espécies de aves deixam de ser observadas no interior paulista devido à degradação ambiental

O surucuá-variado, também conhecido como surucuá-de-peito-azul
Foto: Dario Sanches from São Paulo, Brazil, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons

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Foto de abertura: Dario Sanches from São Paulo, Brasil, CC BY-SA 2.0 via Wikimedia Commons

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