sábado, 5 de julho de 2014

Plano de governo de Aécio promete cinco reformas e um choque de infraestrutura.



O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse ontem que a base dos investimentos em infraestrutura em um eventual governo do partido serão as parcerias com o setor privado. Na fase final de elaboração do plano de governo que será registrado na Justiça Eleitoral, Aécio afirmou que o Brasil precisa de um choque de infraestrutura. Questionado se manteria investimentos como o Minha Casa, Minha Vida, o candidato não quis se comprometer.

"Obras que foram iniciadas e forem importantes, serão finalizadas, mas sem o sobrepreço que existe hoje", disse o candidato, falando sobre infraestrutura em geral e não especificamente sobre o programa de habitação.

Mais cedo, em entrevista por telefone à rádio São Luiz AM, do Maranhão, Aécio prometeu se eleito manter programas sociais que considerou como "bem sucedidos", como o Bolsa Família, o ProUni e o Minha Casa Minha Vida. "Sou de uma escola política que diz que boas experiências têm de ser mantidas e aprimoradas. Então, a primeira afirmação que faço é que os programas sociais que vêm dando certo, como por exemplo o Bolsa Família, que na verdade se iniciou lá atrás, no governo do PSDB, com o Bolsa Escola e Bolsa Educação, serão mantidos e aperfeiçoados", disse.

"Outros programas importantes, que têm dado oportunidades ao jovens brasileiros, como o ProUni, ou mesmo o Minha Casa Minha Vida, serão mantidos e aperfeiçoados, principalmente nessa faixa de renda mais baixa, de até três salários mínimos", prometeu Aécio.

Para Aécio, a presidente Dilma Rousseff - que nesta semana anunciou a ampliação do Minha Casa Minha Vida, está aproveitando os últimos momentos do prazo estabelecido pela Justiça eleitoral para prometer o que o governo não conseguiu fazer em 12 anos. "O Brasil assiste a um governo à beira de um ataque de nervos, que aproveita os últimos instantes para prometer fazer, nos anos que ainda não adquiriu de governo, o que não conseguiu em 12 anos", completou o candidato, ressaltando que será preciso criar um ambiente de confiança, de previsibilidade para viabilizar as parcerias com o setor privado.

Questionado sobre a Petrobras, ele disse que suas propostas para a Petrobras serão tratadas no programa de governo. Não quis dar detalhes, mas voltou a criticar a falta de transparência.. "O importante é discutir à luz do dia, e não nas madrugadas insones do governo, as medidas mais eficazes para o país e para a Petrobras. Há um conjunto de medidas tomadas pelo governo sem uma avaliação racional das consequências. Vamos avaliar com tranquilidade", disse.

Aécio reuniu-se com o coordenador do programa de governo do PSDB, o ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia, para tratar dos últimos detalhes da proposta que será registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) amanhã. Na base, explicou Anastasia, o texto propõe cinco reformas estruturais nas áreas de segurança pública, serviço público, política, tributária e infraestrutura.

"O diferencial da proposta em relação ao que está em execução no Brasil é que estamos ouvindo antes de fazer. No Brasil de hoje, se faz antes de ouvir", disse Aécio, ressaltando que o documento apresenta diretrizes que serão discutidas com a sociedade.

A reunião com a equipe aconteceu a portas fechadas no bairro do Leblon, zona sul do Rio, onde funcionará o comitê de campanha do PSDB. Antes, o candidato comemorou os resultado da última pesquisa de intenções de voto do Datafolha, publicada ontem no jornal "Folha de S.Paulo". "A pesquisa é positiva para a oposição porque garante o segundo turno e mostra que, no segundo turno, a oposição ganha", disse.

No rádio, o tucano lembrou os 20 anos do Plano Real e afirmou que terá "tolerância zero com a inflação, que atormenta a dona de casa", caso seja bem sucedido na disputa presidencial. "O nosso crescimento é o pior da América do Sul. A inflação de alimentos atormenta novamente", destacou.

Se eleito, o candidato disse que terá "generosidade maior com municípios brasileiros. Sou um federalista por natureza. Hoje só o governo federal tudo pode e tudo arrecada". A redefinição dos repasses, afirmou, será uma "refundação da federação".

Aécio também se comprometeu a formular, nos primeiros meses de seu possível governo, uma reforma do sistema tributário: "Criarei uma única secretaria extraordinária, no primeiro dia de governo, para no prazo de alguns meses apresentar ao Congresso um projeto de simplificação do sistema tributário. Hoje, no conjunto das nossas empresas brasileiras, são mais de R$ 40 bilhões gastos apenas para manter a máquina pagadora de impostos."

Aécio prometeu começar sua campanha pelo Nordeste e lembrou ações de seus tempos como governador de Minas Gerais. "Nós temos um 'nordeste' no nosso território, para muito orgulho nosso. O Vale do Jequitinhonha, o norte de Minas e o Vale do Mucuri são regiões que têm os mesmos índices de desenvolvimento humano do Nordeste brasileiro. Quando terminei o meu governo, eu havia gasto três vezes mais per capita nessa região. Você só consegue diminuir as desigualdades se você tratar de maneira desigual os desiguais." (Valor Econômico)
 
 

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