segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Reservatório de Funil, no RJ, chega ao nível mais baixo desde 1969. Mas continuam desmatando e regularizando as invasões, não é GDF?


  26/01/2015 07h53

Água fica perto do volume morto, que impossibilita a geração de energia.
Reservatório fica perto de várias indústrias, como a CSN.


Do G1 Rio
O Reservatório de Funil, em Itatiaia, no Sul Fluminense, atingiu, no sábado (24), o nível mais baixo da história. É desse reservatório que sai água para a Usina Hidrelétrica de Funil, responsável por parte do abastecimento de energia de Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.


Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em apenas um dia, o volume do reservatório caiu de 4,15 % para 3,49% de sua capacidade. Esse é o menor nível do reservatório desde que ele começou a operar, em1969.


Com esse nível, a água fica perto do chamado volume morto, em que o reservatório fica impossibilitado de gerar energia. O Reservatório de Funil fica numa região estratégica, onde há várias indústrias, entre elas a Companha Siderúrgica Nacional (CSN), e é responsável por gerar 216 megawatts por hora de energia.


Na quarta-feira (21), o nível do reservatório de Paraibuna, o maior de quatro que abastecem o estado do Rio de Janeiro, atingiu o volume morto pela primeira vez desde que foi criado, em 1978. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina hidroelétrica foi desligada após o nível atingir zero.


O volume morto é a água que está abaixo do nível das comportas e precisa ser puxada por bombas. O do reservatório de Paraibuna tem 2 trilhões de litros de água e, segundo especialistas, duraria de seis meses a um ano. Segundo a Secretaria Estadual do Ambiente, não haverá mudanças no abastecimento para a população do estado e o racionamento a curto prazo está descartado, mas os moradores terão que colaborar, economizando água.


Nível de reservatórios do RJ cai a 3%, mas Cedae nega risco de falta d'água

Volume útil médio de água do Rio Paraíba do Sul em 2013 era de 48,2%.


Cedae diz que volume morto poderia ser utilizado em caso de emergência.


Do G1 Rio
Rio Paraíba do Sul está baixando em Campos, RJ (Foto: Divulgação/Prefeitura de Campos) 
Rio Paraíba do Sul abaste Rio, São Paulo e Minas (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Campos)
O volume útil médio dos reservatórios do Rio Paraíba do Sul no Rio de Janeiro caiu para 3% nesta terça-feira (9), de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). O nível é considerado muito baixo por técnicos da companhia e caiu mais da metade em um mês (era de 6,8%). A Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), no entanto, garante que o abastecimento não será prejudicado em nenhum município do estado.


Segundo a companhia, mesmo que o volume útil de água se esgote, ainda existe a possibilidade de o volume morto – parte dos reservatórios concentrada abaixo da tomada d’água de hidrelétricas – ser utilizado.

Se comparado com anos anteriores, os dados da ANA são ainda mais significativos. Em outubro de 2013, o volume médio era de 48,2%. O nível chegou a 80,8% em 2009.

Transposição Paraíba do Sul
Em meio à crise da falta d'água, os governadores de São Paulo,  Geraldo Alckmin (PSDB); do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); e de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho (PP), fecharam um acordo no dia 27 no Supremo Tribunal Federal (STF) para dar início a obras de infraestrutura a fim de reduzir os efeitos da seca.

Pelo acordo, mediado pelo ministro do STF Luiz Fux, os três estados devem apresentar até 28 de fevereiro propostas para o enfrentamento da crise de falta d'água. Uma dessas propostas é a transposição do rio Paraíba do Sul, cuja bacia abrange áreas dos três estados..

A transposição é um projeto do governo paulista que pretende desviar água do rio para abastecer o Sistema Cantareira, que enfrenta uma crise hídrica por conta da estiagem no Sudeste. O Rio de Janeiro era inicialmente contrario à obra porque a bacia do Paraíba do Sul abastece diversos municípios do estado, incluindo a região metropolitana da capital fluminense.

Os governadores e representantes dos órgãos responsáveis pelos estudos técnicos ambientais se comprometeram, no acordo assinado após a audiência, a não realizar obras sem o consentimento de todas as partes envolvidas. Os governadores se comprometeram a respeitar, nas obras, estudos de impacto ambiental e realizar ações de compensação ambiental.

Na época, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que "ninguém quer prejudicar" nenhum ente federativo. "Os três estados chegaram a um consenso e esse prazo é suficiente. É importante a gente ter a solidariedade dos três entes federativos [...] Ninguém quer prejudicar nenhum estado. É ter as garantias para o futuro, e nós temos certeza que desse limão saiu uma grande limonada", brincou Pezão.

Cantareira pode secar em setembro, mostra simulador

Em São Paulo

Mantidos os atuais volumes de entrada e retirada de água do Cantareira, o maior manancial paulista pode secar por completo em setembro. A projeção resulta de uma simulação feita em uma ferramenta inédita lançada pelo portal estadao.com.br, que permite calcular quando ou se a água dos principais reservatórios que abastecem a Grande São Paulo vai acabar.


O simulador mostra que, no atual cenário, a segunda cota do volume morto do Cantareira, captada pela Sabesp desde outubro do ano passado, deve se esgotar em março, como o presidente da empresa, Jerson Kelman, admitiu há duas semanas. Até sexta-feira, restavam nas represas apenas 51,3 bilhões de litros da reserva profunda, ou 5,2% da capacidade.


Diante desse cenário, a Sabesp já prepara o uso de uma terceira cota do volume morto na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista. Segundo o diretor metropolitano da companhia, Paulo Massato, a quantidade estudada é de 41 bilhões de litros. Se a vazão afluente ao sistema - que são o volume de água da chuva e o que entra pelo rio nas represas - continuar como está hoje, e a quantidade de retirada for mantida, essa terceira reserva acaba no início de maio, ou seja, em menos de cinco meses.
Nesse caso, restariam cerca de 160 bilhões de litros nas profundezas dos reservatórios, de uma capacidade total de 1,4 trilhão de litros, incluindo volume útil e morto.


Questionada, a Sabesp não informa até que ponto é possível retirar água do Cantareira com qualidade mínima para abastecimento humano. O ex-secretário paulista de Saneamento e Recursos Hídricos Mauro Arce disse em setembro de 2014 que o governo estava disposto a tirar "até a última gota". Ele foi substituído pelo presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.


A Sabesp conseguiu reduzir em cerca de 45% o volume de água retirado do Cantareira em relação ao que era captado antes da crise. A medida, contudo, tem sido insuficiente para estancar a queda do manancial, porque a vazão afluente aos reservatórios é a mais baixa em 85 anos de registros.


Até sexta, o volume de entrada de água era de 7,5 mil litros por segundo, 12% da média histórica do mês, que é de 62,8 mil litros por segundo, e quase metade dos 14,3 mil litros que entraram por segundo no sistema em janeiro de 2014, quando a crise foi declarada. O resultado é um déficit de 24 bilhões de litros no fim do mês, ou 2,4% da capacidade do manancial.


O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, disse que pretende reduzir a retirada de água para 13 mil litros por segundo, mas há ainda outros 2 mil litros por segundo sendo liberados para a região de Campinas. "O ano passado estava uma coisa horrível, agora está pior. Temos de estar preparados para atravessar o deserto de 2015", disse no dia 14. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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