segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Falta de verba atinge programas da Saúde no Distrito Federal .Saúde Pública em risco!( Para os pobres falta verba, mas para a COPA e para aumentar o salario dos queridinhos do PT tem verba, não é?)

Pasta garante que projetos estão regulares. Coordenadores, porém, apontam falhas no funcionamento

jessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br


O Distrito Federal mantém 30 programas de saúde pública que, segundo a Secretaria de Saúde, não serão apenas mantidos, como também aprimorados na nova gestão.

Apesar da situação crítica vivida pela área, que ocasionou, inclusive, declaração de estado de emergência pelo governador e Termo de Cooperação com o Governo Federal, a pasta afirma, categoricamente, que não houve interferência no funcionamento dos projetos.

No entanto, coordenadores apontam falhas provocadas pelos problemas de verba, que ultrapassam o planejamento feito. 


A Saúde não sabe quantas pessoas são assistidas pelos programas governamentais. Os dados ainda não puderam ser consolidados porque “as equipes estão priorizando as ações voltadas para a situação de emergência”. Contudo, suspensão de contratos é apontada como as interferências mais recorrentes nos projetos.

Na semana passada, a falta do fornecimento de próteses dentárias prejudicou o funcionamento do programa Saúde Bucal. Risomar de Sousa Alves, responsável pela área em Ceilândia, diz que a empresa terceirizada responsável pela confecção está sem contrato.

“Hoje, no setor, esta é a única dificuldade”, revela. Isso porque “os responsáveis tiveram um zelo grande e conseguiram utilizar os recursos específicos para garantir esse suporte”. Na odontologia, segundo ele, não há falta de material básico como em outras áreas porque houve planejamento.


Demanda
Cerca de 700 consultas são feitas por dia na Atenção Básica. “A demanda é grande e a necessidade acumulada dos pacientes adultos, que é uma demanda reprimida, é maior. Apesar do alto número de atendimentos, não há tanta rotatividade porque é preciso acompanhamento”, revela Risomar. Hoje, 300 pessoas estão em tratamento. Entre elas, as que aguardam a confecção das próteses.  
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A Secretaria de Saúde informou que “a atual gestão está empenhada nas ações relacionadas ao estado de emergência, que refletirão no funcionamento desses programas, de forma a aprimorá-los”. Além disso, o Gabinete de Situação, instituído no início da gestão, estaria trabalhando em um diagnóstico minucioso da situação da saúde pública do DF. Entre as diversas atribuições, a prioridade é o abastecimento de medicamentos e insumos em toda a rede, “de forma a manter na normalidade o funcionamento unidade de saúde”.


De acordo com a pasta, a esperança é de que “as decisões tomadas gerem resultados positivos e proporcionem melhorias nos serviços oferecidos à população”. Além disso, o Termo de Cooperação firmado com o Ministério da Saúde deve proporcionar melhorias nos programas desenvolvidos.


Bancos de leite têm dificuldades
O Banco de Leite é um programa que tem, como principal função, o apoio à amamentação. São feitos acompanhamentos com mães e familiares e, como consequência, conseguem leite humano para fornecer aos bebês prematuros que ficam no hospital. “A doação, muitas vezes, é uma consequência desse trabalho. As mulheres que vêm, mesmo que não consigam doar, são as maiores propagandistas”, diz a coordenadora dos Bancos de Leite do DF, Miriam Santos.


A advogada Roberta Franco, de 31 anos, precisou do auxílio do programa quando, no ano passado, viu sua produção de leite diminuir. “No início, tinha muito leite, mas depois parou. Tive acompanhamento semanal e esclarecimento. Mais tarde, descobri que foi por conta do estresse”, lembra.


Para fazer o acompanhamento, os funcionários ligam para os pacientes. Ou, pelo menos na prática, deveriam ligar.


 “Não existe uma verba específica disponível para o programa, vem junto com a da Secretaria da Saúde. É o que nos mantém. Temos alguns problemas, sim. Em alguns locais há dificuldades com telefones e internet. Criamos grupos de comunicação pelas redes sociais e tivemos problemas para fazer o contato”, revela Miriam.


Por causa disso, ela relata que os profissionais usam celulares pessoais para conseguir manter contato com pacientes. “Como se fosse por cota”, explica.


 Outro problema apontado pela coordenadora é o abastecimento dos veículos que fazem coleta. São quase três mil visitas domiciliares por mês. “Entre colocar um carro para rodar para a coleta e ter uma ambulância para fazer o socorro, o gestor tem que analisar. Mas são coisas pontuais, que são resolvidas em poucos dias”, assegura.


Reprodução Humana
O planejamento antecipado de troca de gestão faz a Reprodução Humana respirar. Criado com o objetivo de auxiliar casais que, por motivos diversos, não conseguem engravidar, o projeto presta assistência ao planejamento familiar.


“Nasce menos gente do que morre. Isso é muito ruim para um país em desenvolvimento. A técnica é muito cara, os remédios também. Se engana quem pensa que o pobre, que não consegue arcar com tratamento particular, não tem o direito de engravidar e perpetuar através dos anos”, explica a coordenadora Rosaly Rulli Costa.


Saiba mais
O programa  Saúde Bucal está estruturado inicialmente na Atenção Básica. Os atendimentos são feitos nos Centros de Saúde e pelas equipes do Saúde da Família, já que a especialidade odontológica está incluída em muitos grupos. 
 
 
São coletados cerca de 1,5 mil litros de leite humano por mês, mas, de acordo com a Secretaria de Saúde, seriam necessários três mil para garantir o atendimento a bebês prematuros em todo Distrito Federal. Em 2014, foram coletados 300 litros a mais do que em 2013. Em média há 150 bebês por dia, tomando até 55 ml de leite na rede pública. 
 
 
No ano passado, foram 55 mil partos. Segundo a coordenadora dos Bancos de Leite do DF, isso indica que apenas 10% das mulheres foram doadoras. 
 
 
Referência nacional, a coordenadora do Reprodução Humana considera que a principal característica do programa é o acolhimento. Com o trabalho, aparece uma luz no fim do túnel dos casais. 
 
Ponto de vista
Os programas podem até sofrer com os problemas enfrentados pelo GDF no início de governo, mas a médio e longo prazo, deverão, sim, funcionar normalmente. A opinião do economista e especialista em gestão pública, José Luiz Pagnussat, é de que “conjunturalmente, o GDF está em uma situação fiscal difícil, mas tem uma receita fiscal das mais elevadas, comparado a outros estados”. Para ele, “basta uma disciplina fiscal e um controle maior dos recursos para manter o funcionamento dos programas”. 
 
Atendimento e orientação a casais inférteis
O serviço de Reprodução Humana foi implementado há 17 anos e já é referência nacional. A coordenadora do projeto, Rosaly Rulli Costa, explica: “Não é que somos os melhores, mas somos diferentes. Acolhemos os pacientes, temos programas de aconselhamento, aulas, orientações. O casal infértil sofre muito. Tem gente que é clara ao dizer que preferia ter um câncer, porque morre ou cura, a não ter um filho. Com nosso trabalho, há uma luz no fim do túnel”.
 
 
São atendidos pelo menos 30 casais por mês, contabilizando quase três mil assistências e 400 crianças nascidas. A fila, no entanto, ainda tem mais de quatro mil pessoas aguardando por, em média, três anos. Desde 2013, o programa recebe apoio do Ministério da Saúde. “Não de uma maneira como gostaríamos, mas já repassam alguma verba para a manutenção do programa”, esclarece Rosaly. 
 
 
Previsão
Até o momento, Rosaly ressalta que tudo está mantido, mesmo com os recorrentes problemas enfrentados pela Saúde no DF. “Somos muito organizados. Temos o planejamento para o ano inteiro e, antes da troca de gestão, planejei para que ficassem assegurados os ciclos de atendimento aos casais que já estão há três anos aguardando na fila”.
 
 
Para ela, se a antecipação não tivesse existido, certamente seriam afetados negativamente pela crise. “Fui feliz de prever até janeiro. Agora, vou à secretaria conversar para saber como ficamos nesse plano emergencial para que não haja descontinuidade da oferta. Se isso ocorrer, em fevereiro paramos”, analisa.  
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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