sexta-feira, 29 de maio de 2015

Miguel Reale Jr e o culto à malandragem



Miguel Reale Jr., apresentado como “jurista tucano”, após fazer um parecer ainda não divulgado em que diria não haver fundamentação jurídica para pedir um impeachment pelas pedaladas fiscais deu uma entrevista reveladora ao jornal “O Estado de São Paulo”. Em poucas palavras, esta pessoa que tem sua fama profissional ligada uma ciência das leis, prega certa malícia para lidar com elas. Leiam abaixo:
Os meninos da marcha têm que entender: não é porque fizeram diferente do que eles queriam que virou um traidor da pátria”, disse, numa menção a Aécio Neves. “Há uma falta de informação e cultura política. O caminho da representação, que é mais seguro e está muito bem fundamentado, leva o procurador (geral da República, Rodrigo Janot) a ter que tomar uma medida.
tucano machucadoO que Miguel Reale Jr. está querendo dizer é que falta malandragem para os “meninos da marcha”. Adaptando, ele quer dar uma aula de realpolitik que só experientes como ele poderiam dar. O culto à prática política comum num lugar em que ela é tão deteriorada como aqui só pode ser coisa de sádico. Oras, é justamente por não estarem contaminados por certas práticas ruins da política nacional  que os “meninos da marcha” são apoiados e inspiram.


Vivência política não falta aos tucanos e é isso que os afasta de qualquer idealismo ou filosofia política para nortear suas ações. Malandragem é achar que pode-se ignorar alguns crimes pois fazer a lei ser cumprida daria trabalho. A vivência política de Aécio Neves, tantas vezes parceiro do PT, é responsável por toda a desconfiança e descrédito que ele recebe agora de muitos que votaram nele e de quem faz oposição ao PT.

Aliás, a vivência e cultura política dos tucanos, em outros tempos, poderiam nos enganar. Eles tentaram isso muitas vezes nas últimas semanas, não apenas no caso da farsa do impeachment. A vergonhosa aprovação de Fachin para o STF nos brindou com dois momentos de “vivência e cultura política” dos tucanos usadas da pior maneira possível.


Quando descobrimos que Aécio Neves, Tasso Jereissatti e José Serra iriam a Nova Iorque aplaudir FHC, ninguém se preocupou em dar uma justificativa razoável para a falta ao trabalho. Pior, a assessoria de Aécio divulgou uma nota ridícula querendo nos convencer de que eles de tudo fariam para sabatinar Fachin com rigor no senado. Pura mentirinha que virou notícia (quem não leu, aqui está um link de como a jogada foi noticiada na Veja) .


Dias depois a Veja foi novamente usada para aliviar a barra de Aécio, mas desta vez de uma forma humilhante: Anastasia foi sacrificado em ritual numa das notas mais esdrúxulas já publicadas pela coluna “Radar on-line”. Ali líamos que surpreendentemente Anastasia, cria política de Aécio Neves, não apenas teria ido contra seu líder quanto o havia desafiado em frente a toda bancada tucana do Senado (relembrem aqui). É como imaginarmos o Alexandre Padilha desautorizando o Lula em frente a outros petistas!


Miguel Reale Jr. poderia colaborar de várias formas ao movimento oposicionista. Poderia dar lições aos “meninos da marcha” no campo de seu notável saber jurídico. Em vez disso serviu como mais um subalterno tucano na ação de controle de danos à imagem do partido após o posicionamento pusilânime do partido no tema do impeachment. Nós não precisamos de mais matemáticos do cálculo político à moda brasileira. 

Precisamos mudar tanta coisa no país que, só de termos ações políticas pedindo para cumprirem a lei à risca, já sentimos um alento.


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