sexta-feira, 9 de março de 2018

Efetividade do CAR em reduzir o desmatamento é parcial

Efetividade do CAR em reduzir o desmatamento é parcial

09.03.2018Notícias
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Com base em nova metodologia, estudo mostra que as propriedades dentro do Cadastro Ambiental Rural (CAR) reduziram as taxas de desmatamento em algumas classes fundiárias por um determinado período, mas não foi um efeito sistemático ao longo do tempo e espaço. O artigo científico publicado em janeiro na revista “Elementa” indica que a efetividade do CAR em reduzir o desmatamento é parcial.

Foram analisados os cadastros de Mato Grosso e Pará, estados que implementaram seus cadastros em 2009 e 2008, respectivamente, com o objetivo de acelerar o processo de conformidade com o Código Florestal e melhorar as capacidades de monitoramento dos estados.

Este estudo tem implicações políticas e metodológicas. Na frente política indica que o CAR não foi capaz de reduzir o desmatamento durante certo período e nas propriedades como um todo, o que ratifica a necessidade de incentivar os produtores a se registrarem no CAR, e combater o desmatamento, informando a população sobre a capacidade do governo em monitorar e evitar o desmatamento. Do ponto de vista metodológico os modelos estatísticos propostos apresentam algumas vantagens em relação aos modelos que atualmente são aplicados para avaliar as políticas ambientais.

“É uma nova forma de responder uma pergunta inspirada em outros campos metodológicos. Esse artigo representa o avanço da ciência, ao responder de uma forma nova e mais robusta, a relação entre o cadastro e desmatamento”, afirma um dos autores do estudo e pesquisador do IPAM, Marcelo Stabile.

O CAR visa a documentar o grau de conformidade ambiental de mais de cinco milhões de propriedades rurais no Brasil. O registro no CAR é uma iniciativa voluntária do proprietário, embora obrigatória no Código Florestal. Os benefícios de se juntar ao CAR incluem uma menor chance de receber multas por não cumprir as leis ambientais, oportunidade de vender para cadeias de fornecimento que possuem acordos de desmatamento, como os da soja e do gado.

“Para melhorar as práticas de governança ambiental e garantir avanços, é crucial determinar os caminhos mais assertivos com base metodológica, por isso a importância deste estudo”, finaliza Stabile.

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