segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Zerar desmate em terras não-designadas reduziria em um terço a taxa anual


Zerar desmate em terras não-designadas reduziria em um terço a taxa anual

28.11.2019Notícias
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Se o desmatamento em terras públicas da Amazônia fosse combatido, a taxa de derrubada de floresta cairia em mais de 3 mil quilômetros quadrados somente no último ano. O dado foi apresentado hoje em Brasília pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) durante seminário na Câmara dos Deputados.

De acordo com análise do instituto, a participação dessas categorias fundiárias no desmatamento registrado no último ano chega a 36%. No total, 9.762 km2 de floresta foram destruídos entre agosto de 2018 e julho de 2019, de acordo com o sistema Prodes, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). A média dos anos anteriores é similar.

“Acabando com o desmatamento em terras públicas não-designadas e sem informação, haveria redução de pelo menos um terço do desmatamento nos últimos anos. Isso é patrimônio dos brasileiros, não é patrimônio privado”, explicou a pesquisadora sênior e diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar.

Outras terras públicas também necessitam de atenção. No mesmo seminário, o WWF Brasil divulgou uma análise mostrando como pelo menos 15 das 20 unidades de conservação mais desmatadas neste ano foram objeto de algum processo de alteração de seu limite ou grau de proteção. As terras indígenas sofrem igual pressão: segundo análise do IPAM, uma única TI, no Pará, respondeu por 26% da derrubada registrada nesse tipo de área protegida em 2019 – como ainda não foi homologada, há indicação de disputa por aquela terra.

Esses grandes maciços verdes são fundamentais para o equilíbrio do sistema climático regional. Estudo de 2015 em Mato Grosso, com autoria de pesquisadores do instituto, mostrou que a produção ao redor do Parque Indígena do Xingu é beneficiada pela floresta ali mantida, tanto pelo controle da temperatura quanto pelas chuvas.


Temporada de fogo
Alencar também destacou no seminário que, apesar de o fogo ter sido controlado nos últimos meses, há muita floresta derrubada em 2019 que ainda não foi queimada, o que pode acontecer no próximo ano.

Além disso, o agravamento das mudanças climáticas aumenta a probabilidade de incêndios acontecerem na região, em florestas e em terras cultivadas. “A mudança da paisagem, com aumento do desmatamento e degradação, tem um impacto importante na incidência do fogo. Há mais casos de fogo acidental e incêndios florestais, num efeito de retroalimentação que pode levar a mais perdas de floresta e de áreas agrícolas”, afirmou.

Apesar da importância da manutenção das florestas, somente R$ 15 mil dos R$ 253 mil autorizados de orçamento federal dedicado a políticas e estratégicas de prevenção e controle do desmatamento e de manejo e recuperação florestal em 2019 foram gastos até agora, segundo levantamento divulgado no evento pelo Inesc.

O seminário “Desmatamento e queimadas na Amazônia: tendências, dinâmicas e soluções” foi uma realização da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados e do GT Infra.

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