quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Uma das aves mais raras do mundo está mais ameaçada do que se pensava

 

Uma das aves mais raras do mundo está mais ameaçada do que se pensava

Estudo mostra que, apesar dos esforços de preservação, sobrevivência de periquitos-de-ventre-laranja caiu de 51% para 20% nas últimas décadas

Periquito-de-ventre-laranja (Foto: Australian National University)

Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália mostra que, mesmo após décadas de esforços, preservar o periquito-de-ventre-laranja, um dos pássaros mais raros do mundo, ainda é um desafio.

Por muitos anos, iniciativas de preservação na área de reprodução do animal, na Tasmânia, conseguiram aumentar as taxas de procriação da ave na natureza. Ainda assim, 80% dos periquitos-de-ventre-laranja jovens nascidos em seu único criadouro da região morrem durante o período de migração e de inverno.

“Nossos resultados são muito preocupantes”, disse Dejan Stojanovic, autor principal do artigo publicado em maio na Emu: Austral Ornithology, em comunicado. “Descobrimos que, ao longo do tempo, a sobrevivência das aves juvenis caiu de 51% em 1995 para apenas 20% nos últimos anos.”

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores usaram dados coletados ao longo de 22 anos pelo Departamento de Indústrias Primárias, Parques, Água e Meio Ambiente (DPIPWE) da Tasmânia.

“Embora mais periquitos-de-ventre-laranja nasçam na natureza como resultado dos esforços de recuperação na Tasmânia, esses benefícios são reduzidos por ameaças durante a migração e o inverno, que não são identificadas ou abordadas”, afirma Shannon Troy, bióloga, coautora da pesquisa e líder do programa de preservação do periquito-de-ventre-laranja da DPIPWE.

Os cientistas suspeitam que as maiores dificuldades encontradas pelas aves sejam no trecho de migração do Estreito de Bass, que separa a ilha da Tasmânia do restante da Austrália. Com um bando reduzido de aves, os periquitos-de-ventre-laranja sofrem durante a travessia e, no inverno, tem dificuldade de encontrar abrigo no estado de Victoria.

“Determinar por que os pássaros não sobrevivem à migração e ao inverno é parte da solução para prevenir a extinção, que pode ser inevitável a longo prazo se esses problemas não puderem ser resolvidos”, afirma Troy.

Os periquitos-de-ventre-laranja estão criticamente ameaçados, ou seja, na última etapa antes da extinção. Em 2016, por exemplo, apenas três fêmeas conseguiram retornar aos criadouros após a migração. Mesmo que a quantidade tenha aumentado nos anos seguintes, chegando a 13 fêmeas em 2019, o tamanho total da população dessa espécie é muito pequeno.

“A Austrália tem uma das piores taxas de extinção do mundo e nosso estudo mostra que corrigir décadas de declínio populacional de papagaios-de-barriga-alaranjada é extremamente difícil e, apesar de nossos melhores esforços, pode não ter sucesso”, afirma Stojanovic. “Esperamos que nosso estudo incentive outros a pensarem holisticamente sobre a maneira como implementamos esforços de conservação para espécies migratórias, de modo que um bom trabalho feito em um momento e lugar específico não seja desfeito quando os animais migram.”

Fonte: Revista Galileu

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