terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Exoneração de chefe da área de multas gera nova crise interna no Ibama

 ((o))eco

Exoneração de chefe da área de multas gera nova crise interna no Ibama

Duda Menegassi
quinta-feira, 14 janeiro 2021 17:35
Sede da superintendência do Ibama em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. 
Imagem: Google/Reprodução

Servidores da Superintendência do Rio Grande do Sul do Ibama enviaram ao presidente do órgão, Eduardo Bim, uma carta na qual manifestam sua indignação com a exoneração do chefe da Coordenação Nacional do Processo Sancionador Ambiental, Halisson Peixoto Barreto, publicada nesta quinta-feira (14), no Diário Oficial da União. “A exoneração se dá em meio a um momento crítico para a administração, justamente na área do processo sancionador. Vale aqui ressaltar que o senhor Halisson trabalhou exaustivamente na construção e implementação de todo o processo sancionador ambiental, nos moldes em que está se almejando que funcione”, apontam os servidores. Em reação à saída de Halisson, as chefias de áreas vinculadas à área planejam uma exoneração coletiva.

((o))eco teve acesso à carta, enviada à Bim no dia 12, antes de publicada a exoneração de Halisson, que era o líder técnico do processo sancionador do Ibama e coordenava o processamento de multas ambientais. Até a tarde desta quinta (14), o documento já contava com a assinatura eletrônica de mais de 70 servidores.

De acordo com a apuração da repórter Ana Carolina Amaral para Folha de São Paulo, o presidente do Ibama tentou reverter a saída de Halisson ao longo da semana, mas teve que acatar a decisão de Wagner Tadeu Matiota, que assumiu a chefia da superintendência de apuração de infrações ambientais do Ibama (Siam) em dezembro de 2020 e tem autonomia para exonerações na equipe.

Conforme apurado pela jornalista da Folha de São Paulo, Halisson comandava uma equipe de cerca de 300 servidores e em resposta à saída do coordenador, os chefes titulares e substitutos da Divisão de Contencioso Administrativo (Dicon), Serviço de Apoio à Equipe Nacional de Instrução (Senins), Divisão de Conciliação Ambiental (Dicam) e Serviço de Apoio à Análise Preliminar (Saap) colocaram seus cargos à disposição.

“Tal situação causa extrema insegurança e estranheza pelo fato de ocorrer justamente quando o rito vai finalmente ser implementado. A saída das pessoas que estão diretamente envolvidas no desenvolvimento da nova configuração do processo sancionador e da conciliação ambiental provocará imensuráveis prejuízos para a administração e desmotiva todos os demais servidores integrantes da ENINS [Equipe de Instrução Nacional] e das ECACs [Equipe de Condução de Audiências de Conciliação]”, aponta a carta.

Halisson Barreto vinha se dedicando à implementação do processo de conciliação ambiental. O novo método foi instituído pelo ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles junto ao presidente Jair Bolsonaro, em abril de 2019 (Decreto nº 9.760), e está atrelado aos “núcleos de conciliação” responsáveis por marcar audiências, analisar os casos e validar – ou anular – cada multa aplicada pelo Ibama no país.

O novo formato, apesar de vigorar oficialmente desde outubro de 2019, ainda não emplacou. Com a saída de Halisson e, se confirmada, a exoneração coletiva das outras chefias, o processo deve permanecer adormecido.

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