segunda-feira, 31 de maio de 2021

Dia da Mata Atlântica: SC perde 887 hectares e é o 4º estado que mais desmatou entre 2019 e 2020

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Dia da Mata Atlântica: SC perde 887 hectares e é o 4º estado que mais desmatou entre 2019 e 2020

DADOS SÃO DO RELATÓRIO DO ATLAS DA MATA ATLÂNTICA QUE MOSTRA AUMENTO EM 25% DO ÍNDICE DE DESMATAMENTO EM COMPARAÇÃO AO ANO ANTERIOR. 'FICAR ENTRE OS 5 PRINCIPAIS DESMATADORES É VERGONHOSO', DIZ BIÓLOGO.

Bioma da Mata Atlântica em Florianópolis (SC) — Foto: Pedro Peloso/Arquivo Pessoal

Dos 17 estados brasileiros que têm a Mata Atlântica presente no território, Santa Catarina é o quarto que mais desmatou o bioma entre 2019 e 2020. Segundo uma pesquisa divulgada na quarta-feira (26) em alusão ao Dia da Mata Atlântica comemorado nesta quinta-feira (27), o estado perdeu 887 hectares no período.

Em comparação ao relatório do Atlas da Mata Atlântica de 2018 a 2019, o estado aumentou em 25% o índice de desmatamento. Um ano antes foram destruídos de forma irregular 710 hectares em Santa Catarina.

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Para o biólogo e ex-professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), João de Deus, o resultado no Atlas não era esperado

“Temos áreas já alteradas mais do que suficientes para acomodar atividades e empreendimentos. Não é razoável que tenhamos ainda o estado e municípios autorizando supressão de vegetação de Mata Atlântica. Ficar entre os 5 principais desmatadores de Mata Atlântica é vergonhoso”, afirmou o biólogo.

Até a noite desta quinta, o G1 tentava contato com o Instituto do Meio Ambiente do estado para posicionamento em relação aos dados.

Figura mostra (em verde) a área de mata perdida entre 2019 – 2020 em Santa Catarina — Foto: Atlas da Mata Atlântica/Reprodução

A pesquisa, que é realizada desde 1989, mostrou variação dos índices de destruição ao longo dos anos no estado. Nos últimos dez anos, a menor marca registrada de desmatamento foi de 499 hectares, entre 2011-2012 (veja mais abaixo).

Santa Catarina conserva 2.183.862 hectares de áreas de florestas remanescentes da Mata Atlântica. O bioma abriga diversas formações florestais como restingas, manguezais e campos de altitude e está presente nas áreas urbanas e rurais do estado.

Desmatamento da Mata Atlântica em SC

AnoDesmatamento (hectares)
19-20887
18-19710
17-18905
16-17595
15-16846
14-15598
13-14692
12-13672
11-12499
10-11568
Fonte: Atlas da Mata Atlântica

Estudo

O levantamento foi feito por meio de imagens de satélite e tecnologias na área da informação, do sensoriamento remoto e do geoprocessamento. O objetivo é determinar a distribuição espacial dos remanescentes florestais e de ecossistemas associados da Mata Atlântica, monitorar as alterações da cobertura vegetal e gerar informações permanentemente aprimoradas e atualizadas desse bioma.

O estudo é uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica em convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações – MCTI iniciada em 1989.

“A manutenção de um alto patamar de perda da vegetação nativa da Mata Atlântica, com o aumento do desmatamento em alguns estados, mantém o bioma em um grau elevado de ameaça e risco. […] a proteção e a restauração do bioma são fundamentais para garantir serviços ecossistêmicos para 70% da população que vivem em seus domínios e 80% da economia brasileira”, aponta o relatório.

Importância Mata Atlântica em SC

Mata Atlântica em Balneário Camboriú (SC) — Foto: Luíza Fregapani/G1 SC

O biólogo João de Deus explica que a preservação da Mata Atlântica é essencial para manutenção de organismos importantes para polinização que realizam o controle de herbívoros, o que gera reflexos diretos na agricultura.

“A sequência de períodos de estiagem nos mostra claramente a importância da Mata Atlântica para a segurança hídrica, com reflexos diretos na produção industrial e agropecuária e, sem dúvida, na qualidade de vida de todo cidadão catarinense”

Na área costeira do estado, segundo João, também tem interferência da mata na proteção das restingas e manguezais. É ela que evita a erosão costeira e garante até a sustentabilidade das atividades ligadas à pesca, de acordo com ele.

“A redução da poluição e manutenção da qualidade do ar também se vincula diretamente a manutenção de remanescentes de vegetação nativa. […] Para isso é essencial fortalecer as entidades organizadas da sociedade civil, para ter maior atuação com a geração dessas demandas, tentando frear medidas tomadas pelo estado que contribuem para a ampliação dessa degradação da Mata Atlântica em Santa Catarina”, conclui.

Fonte: G1

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