terça-feira, 13 de setembro de 2022

Alertas de desmate na Amazônia têm segundo pior agosto na série histórica, aponta Inpe







Alertas de desmate na Amazônia têm segundo pior agosto na série histórica, aponta Inpe

SÉRIE HISTÓRICA DE NOVAS MEDIÇÕES DO INSTITUTO COMEÇOU EM 2015; ÍNDICE ATUAL FICOU ABAIXO APENAS DO RECORDE DE 2019/2020 QUANDO A ÁREA FOI DE 1.714 KM².

Imagem de sobrevoo de 30 de agosto do Greenpeace. Região exata ainda está sendo georreferenciada pela organização. — Foto: © Nilmar Lage / Greenpeace / Divulgação

O acumulado de alertas de desmatamento em agosto de 2022 na Amazônia foi de 1.661 km², segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o segundo pior agosto da série histórica do Deter, atrás apenas de 2019, quando a área foi de 1.714 km².

Como mostrou o g1, 2022 registrou a maior taxa de alerta para um primeiro semestre em sete anos de medição na Amazônia Legal, região que corresponde a 59% do território brasileiro e que engloba a área de 9 estados – Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e uma parte do Maranhão.

Quando comparada toda a série de 2021-2022, o acumulado de alertas de desmatamento em 2022 na Amazônia foi de 8.590 km², terceiro ano consecutivo da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) que os alertam ficam acima da marca de 8 mil.

“Bolsonaro pode sair do governo, mas deixa de herança para seu sucessor uma crise ambiental na Amazônia como não se via desde os anos 1990 e uma crise social sem precedentes”, avalia Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“O crime organizado dominou a região, e a liberação de armas para civis torna muito mais perigosa a tarefa de retomar a fiscalização e o controle do desmatamento”, complementa.

Com 33.116 focos de queimadas no último mês, a Amazônia também teve o pior agosto de queimadas dos últimos 12 anos. Em uma semana, as queimadas na Amazônia também superam todo o mês de setembro de 2021. Ambientalistas lembram que o fogo é a finalização do desmatamento, e que uma coisa é consequência da outra.

“O avanço da estação seca, o chamado “verão” amazônico, após um primeiro quadrimestre de muita chuva, está dando aos desmatadores a oportunidade de queimar a floresta derrubada no ano passado, quando a região viu a maior taxa de desmate em 15 anos”, pontua o OC.

Recordes em janeiro e fevereiro

Como dezembro, janeiro, fevereiro e março são meses chuvosos na maioria dos estados que englobam o bioma, as taxas de desmatamento são tipicamente menores durante esses meses.

No entanto, as taxas registradas no começo do ano se comparam aos registros da estação seca em anos onde houve maior ação contra os crimes ambientais.

Em janeiro foram 430,44 km² de área sob alerta de desmatamento. A média para o mês no período entre 2016 e 2021 é de 162 km²a taxa atual foi 165% maior.

Já em fevereiro foram 199 km² de áreas sob alerta de desmate; a média entre 2016 e 2021 é de 135 km²: o número registrado neste ano foi 47% maior.

Compromisso desafiador

No ano passado, durante a COP 26, o Brasil foi um dos 127 países signatários da Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra, documento que declara o comprometimento coletivo de deter e reverter a perda de florestas até 2030.

Para Kuczach, diretora-executiva da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação, o Brasil está indo na contramão da busca de soluções no combate das mudanças climáticas e, cada vez mais, se transformando “num pária internacional”.

“Exemplos recentes disso pode ser a diminuição que aconteceu essa semana da Floresta Nacional de Brasília, num ataque surpresa promovido pelo Senado; e a extinção do Parque Estadual do Cristalino, no Mato Grosso, esse em âmbito judicial e com a clara influência de uma empresa vinculada ao maior desmatador da Amazônia, ou seja, nem dentro das unidades de conservação a floresta está de fato protegida”.

Deter x Prodes

Os alertas de desmatamento foram feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).

O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. A medição oficial do desmatamento, feita pelo sistema Prodes, costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter.

Fonte: G1

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