quinta-feira, 16 de março de 2023

Glória, preguiça-de-três-dedos roubada do Parque Lage no RJ e encontrada numa mochila, é devolvida à natureza

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Glória, preguiça-de-três-dedos roubada do Parque Lage no RJ e encontrada numa mochila, é devolvida à natureza

Este foi um episódio muito traumático e violento, mas com final feliz! O dia da soltura da Glória, a jovem preguiça-de-três-dedos roubada da mata do Parque Lage, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e encontrada dopada dentro de uma mochila (como contamos aqui), chegou!

Em 13 de março, ela foi devolvida à natureza por Roched Seba, presidente do Instituto Vida Livre, no Jardim Botânico, na companhia de uma funcionária do Departamento de Fauna da instituição, que indicou o melhor local para a missão.

Veja o cuidado com que Glorinha foi colocada por Seba na árvore e observada em sua nova trajetória, nas imagens abaixo, reproduzidas de vídeo:

Agora, assista ao vídeo produzido pelo Instituto Vida Livre e publicado em seu Instagram.

Anemia e infecção pulmonar

A preguiça – batizada de Glória pelos veterinários do instituto, como fazem com todos os animais que lá chegam – ficou em observação e reabilitação durante dez dias.

Glorinha durante a recuperação: muito chamego /Foto: reprodução do Instagram do Instituto Vida Livre

Ela passou por radiografiafluidoterapia para ficar bem hidratada e foi alimentada, principalmente com folhas de embaúba, que a espécie ama (na foto abaixo)

Glorinha comendo folhas de embaúba / Reprodução de vídeo/Instagram

Além da violência e do stress pelo qual passou, Glorinha apresentou quadro de anemia e princípio de infecção pulmonar. Somente quando estava em perfeitas condições, sua soltura na floresta da Tijuca, na zona sul da cidade, foi marcada.

“É inadmissível imaginar o trajeto pelo qual passa por um animal ao ser roubado, enfiado numa mochila, vendido numa feira (como era a intenção dos três criminosos que foram flagrados com Glória e presos). Isso é tudo menos amor!”, desabafou Seba à reportagem do G1, que acompanhou a soltura.

Em seu Instagram, o Instituto Vida Livre celebrou que a história de Glorinha foi diferente da de milhares de animais vítimas do tráfico e do cativeiro ilegal no Brasil. 

“Ela foi tratada por nossa equipe e agora vive livre e em segurança no Jardim Botânico, que é parceiro do nosso instituto em ações de cooperação técnica e suporte à fauna silvestre do Rio de Janeiro”. 

E completou: “Comemorar a Glória é um prazer! Combater o tráfico de animais silvestres, uma missão”. 

Tráfico à luz do dia

A jovem preguiça foi roubada durante o dia por Johnny de Souza Aurélio, Afonso Ferreira Silva e Tiago Junior Moreira da Silva, que foram presos em flagrante quando saiam do parque, em atitude suspeita. 

Com celular, eles gravaram a captura do animal e depois contaram, na delegacia, que tinham ido ao parque para roubar um macaco-prego. Desistiram quando viram a preguiça, que pretendiam vender numa feira de animais em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por valor entre R$ 1,5 e R$ 4 mil reais. 

Os criminosos estavam habituados a ir ao parque para capturar macacos. Eram investigados pela polícia por tráfico e outras infrações ambientais e também já haviam traficado aves e tartarugas.  

Apoio 

Instituto Vida Livre é uma organização não-governamental que trabalha na reabilitação e soltura de animais em situação de risco no Rio de Janeiro. 

Apoiado por personalidades como Ney Matogrosso, Glória Pires e Marisa Monte – que já participaram de diversas solturas – também depende da doação do público (qualquer quantia!) para manter sua estrutura. 

Quem lembra da jiboia Santinha, que foi espancada e teve sua boca destruída? Outro dia, para alegria dos veterinários, ela comeu seu primeiro rato?

Santinha, quando chegou ao instituto Foto: reprodução Facebook Instituto Vida Livre

E do sapo-cururu Rogério, que teve sua boca colada? Depois de recuperado, ele foi solto, na presença da atriz Glória Pires.

E ainda tem as histórias tristes dos macacos-prego levados com urgência ao instituto pela polícia ambiental, vítimas de descargas elétricas provenientes de postes e fios de luz – – de responsabilidade da empresa Light.

Um deleso Marcelinho, perdeu os dois braços! Se recupera bem e está se adaptando à nova condição, mas não poderá ter o final feliz de Glória: será encaminhado a um santuário.

O outro é uma fêmea, a Marcelinha, que teve um pouco mais de sorte que o macho: somente um de seus braços foi amputado, mas terá o mesmo destino.

Macaca-prego Marcelinha, que perdeu um braço devido a queimaduras causadas pela rede elétrica da Light / Foto: reprodução Instagram

O trabalho de conscientização e de luta que realiza diariamente por melhores condições para os animais silvestres que vivem na cidade e convivem com os humanos e seu estilo de vida urbano é admirável e não pode parar. Por isso é muito importante ajudar e compartilhar suas histórias (acompanhe pelo Instagram).

Sobre o impacto dos fios na vida silvestre, a Light não auxilia no resgate e na reabilitação dos animais e também parece não estar interessada em adotar medidas de mitigação. É preciso que a sociedade ajude a pressionar a companhia. Esta é outra forma de ajudar. Conto mais aqui.

Fonte: Instagram Instituto Vida Livre, G1

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