quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Risco-Brasil dobra em 3 meses. Pior, só na Venezuela chavista.


O risco-Brasil é o quarto maior entre os países emergentes. A percepção do mercado só é pior para Venezuela, Ucrânia e Paquistão. Para os economistas, isto é reflexo da crise político-econômica e da incerteza gerada no país. E Dilma continua lá:


O Brasil foi o país emergente que experimentou a maior piora na percepção de risco dos investidores nos últimos três meses. Levantamento do GLOBO com base em dados da Bloomberg mostra que o risco-país brasileiro medido pelo CDS (Credit Default Swap, na sigla em inglês, espécie de seguro contra calote da dívida soberana) saltou 95,9% no período, a maior variação percentual entre 43 emergentes. Com a deterioração no sentimento dos investidores, o Brasil saltou da 12ª para a 4ª posição no ranking de emergentes mais arriscados, atrás apenas de Venezuela, Ucrânia e Paquistão. Para analistas, um reflexo da crise político-econômica e da incerteza no país.
O levantamento considerou a pontuação do CDS brasileiro (contrato de cinco anos) registrada no meio da tarde de ontem, de 478 pontos. Foi a 5ª alta seguida desse tipo de seguro, oferecido por bancos internacionais a investidores de títulos brasileiros em busca de proteção contra eventual calote do governo.

A pontuação brasileira está bem acima da de países menos desenvolvidos como Cazaquistão (310 pontos), Marrocos (205), Lituânia (87) e Estônia (69). O Brasil só está em melhor situação do que nações que passam por intensa turbulência político-econômica ou conflitos armados: Venezuela (5.708), Ucrânia (1.113) e Paquistão (494).
— A percepção de risco dos investidores está exagerada, uma vez que é considerado muito pouco provável que o governo brasileiro dê um calote, o país tem reservas sólidas e não dá para comparar o Brasil com economias como a do Líbano, por exemplo. Mas há uma combinação de cenários adversos e preocupantes para os quais não se vê saída. Ao contrário, só piora — disse Silvio Campos Neto. — Os investidores sentem que o ajuste fiscal está ficando pelo caminho e a relação entre a dívida e o PIB ruma para um futuro explosivo.
POUCA CHANCE DE CALOTE

A probabilidade de o Brasil declarar default de sua dívida nos próximos 12 meses é de só 0,07%, segundo modelo da Bloomberg que considera fatores como dívida externa, reservas internacionais e estimativa de crescimento. Nação com pontuação inferior de CDS, a Turquia (301), por exemplo, tem probabilidade bem maior: 1,95%. No Cazaquistão, o percentual é de 7,16%.

Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, a escalada do CDS brasileiro está ligada à expectativa dos investidores de novo rebaixamento. Desde que o país perdeu seu grau de investimento pela agência Standard & Poor’s, no início do mês, o salto em seu CDS foi de 28,5%:

— O investidor já coloca no preço a possibilidade das outras agências rebaixarem o Brasil, além da incerteza em torno de questões centrais para o país.

Ipek Ozkardeskaya, analista do London Capital Group, observou que a disparada de 35,8% do dólar em três meses também explica a maior percepção de risco:
— Além do dólar, preocupa o fato de as conversas sobre o Orçamento não estarem andando.
Campos Neto destacou os impactos na economia real:

— O CDS é o prêmio de risco que os mercados cobram de qualquer emissão do governo ou de empresas brasileiras. Assim, ficou mais caro captar. (O Globo).
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