terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Laser ajuda cientistas a estudarem o Cerrado típico com mais precisão

20.12.2019 • Notícias
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Um estudo inédito publicado por pesquisadores do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), da UnB (Universidade de Brasília), da UEG (Universidade Estadual de Goiás) e da agência de pesquisa australiana Csiro (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) – mostra o potencial da tecnologia LiDAR (Laser Detection And Rangingou Sistema de Varredura a Laser) para melhor compreender a vegetação do Cerrado típico, com árvores retorcidas e mais baixas. É a primeira vez que essa tecnologia é aplicada no bioma.
Em artigo científico publicado na revista “Forest Ecology and Management”, os autores descrevem como o LiDAR pode, por exemplo, otimizar e dar melhor precisão às estimativas de biomassa das árvores, especialmente onde a estrutura da vegetação é esparsa. Isso é importante para, por exemplo, saber qual é o impacto do desmatamento de uma área de Cerrado típico para o agravamento das mudanças climáticas, ou quanto de carbono a regeneração tira da atmosfera.
Os métodos mais comuns para medir a composição e estrutura da vegetação – como o diâmetro ou a altura das árvores – são os de campo, nos quais os pesquisadores realizam as medições de forma manual. Essa coleta pode ser destrutiva ou não destrutiva. Na primeira, tem-se o corte da árvore, a partir do qual mede-se o seu diâmetro, a sua altura, o seu peso e a densidade da madeira. Esse é o método mais preciso e é com ele que os cientistas criam uma equação que será usada como referência pelo método não destrutivo. Neste último – o mais utilizado pelos pesquisadores – uma área de savana é definida – conhecida como “parcela”, geralmente medindo 20×50 metros –, na qual não há corte da árvore e são feitas as coletas dos dados de altura e diâmetro. Após definido os dois parâmetros, aplica-se a equação de referência para a estimativa de biomassa e, posteriormente, a quantidade de carbono de cada árvore.
Segundo o estudo, no caso da varredura por laser terrestre, esses processos manuais, se realizados em florestas de Cerrado típico, podem ser acelerados, obtendo resultados em 3D bem mais precisos
 “Ter métodos que meçam a biomassa de forma precisa e rápida é muito importante nesse contexto de degradação e desmatamento. Precisamos saber o que estamos perdendo. Essa otimização aparece como uma aliada para desenvolver mais conhecimento acerca dessas ameaças”, explica a pesquisadora do IPAM e uma das autoras do estudo, Barbara Zimbres. “Compreender as variações estruturais nos ecossistemas, como eles funcionam, quais são suas respostas a perturbações e a mudanças ambientais ajudam no planejamento de medidas de mitigação dos impactos induzidos pelo homem”, complementa.
Pesquisadora do IPAM, Bárbara Zimbres, utilizando o LiDAR para estimar a biomassa no Cerrado. Foto: Divulgação/IPAM
Pesquisadora do IPAM, Bárbara Zimbres, utilizando o LiDAR para estimar a biomassa no Cerrado. Foto: Divulgação/IPAM
Até onde a luz alcança
A pesquisa foi realizada em três áreas do Cerrado cujas formações são distintas: o Jardim Botânico do Distrito Federal, uma área protegida onde há o Cerrado típico (árvores mais dispersadas); a Fazenda de Água Limpa, propriedade da UnB, em Brasília, que abriga mata de galeria (aquela que acompanha cursos d’água); e a Fazenda Clementino, em Goiás, com vegetação arbórea mais densa e alta do que o Cerrado típico, também chamada de “Cerradão”.
“No Cerrado típico, conseguimos calibrar com o LiDAR um modelo bem preciso para a biomassa. Nas outras fisionomias, contudo, essa varredura foi menos certeira. Por serem mais altas, com sub-bosque mais denso, é possível que o scanner não tenha conseguido capturar pontos da parte mais elevada das árvores, resultando em um modelo pouco adequado”, afirma Zimbres.
Confira o vídeo feito pelos pesquisadores utilizando o LiDAR:


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