Após chuvas intensas no Rio Grande do Sul, governo alerta para seca “muito
terrível” na Amazônia
Por Vitor Abdala*
Mesmo com os trabalhos de resposta às enchentes no
Rio Grande do Sul ainda em andamento, o governo brasileiro já se
preocupa com a ocorrência de novo evento climático extremo no país.
Segundo a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni,
uma seca “muito terrível” está prevista para ocorrer em
breve na Amazônia.
“O governo já está tentando se adiantar, entendendo que
municípios provavelmente vão ser atingidos, que tipo de prevenção [será
necessária]. Isso está sendo liderado pelo Ministério da Integração
Regional, onde está a Secretaria [Nacional] de Defesa Civil, já
pensando em ações de prevenção”, afirmou Ana, em seminário do Centro Brasileiro
de Relações Internacionais (Cebri) sobre descarbonização da economia,
no Rio de Janeiro.
Ana Toni,
conselheira do Centro Brasileiro de Relações Internacionais e secretária
nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente / Foto: Tomaz
Silva/Agência Brasil
Na última semana, a Defesa Civil do Amazonas divulgou
alerta de que a estiagem, este ano no estado, deve ser tão ou mais severa que a registrada em 2023.
A orientação é para que pessoas estoquem água,
alimentos e medicamentos a fim de que possam enfrentar o período mais
crítico da seca.
A estiagem na Amazônia ocorre no segundo semestre, com
o pico da vazante dos principais rios da região se
concentrando entre os meses de outubro e novembro.
Em 2023, a Amazônia já havia enfrentado uma das piores secas
de sua história (como contamos aqui), com grande redução do nível
dos rios, o que prejudicou o transporte para comunidades ribeirinhas e,
consequentemente, seu acesso a água, comida e remédios.
Estudos indicaram que a principal causa para o fenômeno
foi a mudança do clima, decorrente de ação humana. De acordo com
a secretária, os eventos extremos provocados por essas alterações do
clima mostram que não basta apenas mitigação e adaptação,
mas é necessário também ter recursos para reconstruções.
Aloízio
Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) / Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
“Tem o custo da mitigação. Tem o custo da adaptação das
cidades brasileiras, da infraestrutura, da energia, da agricultura. Mas a gente
já está vivendo o custo das perdas e danos”, destacou Ana Toni.
“Nesse desastre, que está acontecendo agora no Rio Grande do Sul,
provavelmente vai precisar de algo entre R$ 50 bilhões e R$ 100 bilhões [para
reconstrução do estado]”.
A necessidade de financiamento para
reconstrução é uma preocupação também do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A gente precisa criar [com
bancos multilaterais] uma solidariedade e fundos para
reconstrução. Imagina se esse dilúvio [do RS] tivesse caído no Uruguai? Como
eles sairiam dessa sozinhos?”, destacou o presidente do banco, Aloizio
Mercadante.
Ele lembrou que os bancos públicos precisarão
de recursos para financiar a reconstrução de locais atingidos por eventos
extremos e disse que o BNDES deve realizar uma série de seminários para
discutir experiências internacionais nessa área.
“Estaremos, segunda-feira (27), operando uma linha de R$ 5
bilhões no Rio Grande do Sul, com todos os bancos parceiros. Entramos com o
fundo garantidor de R$ 500 milhões, mas precisamos de taxas de juros
menores para a reconstrução do Rio Grande do Sul”, declarou.
* Este texto foi originalmente publicado no site da Agência
Brasil em 22/5/2024
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Foto (destaque): Alex Pazuello/Secom
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