domingo, 13 de julho de 2014

Deletem Dilma!



Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por João Vinhosa

Em uma época remota, anterior ao nascimento de Cristo, o poderoso império romano vivia em contínua guerra com uma pequena cidade chamada Cartago. Situada no norte da África, onde hoje se localiza Túnis, a capital da Tunísia, Cartago tinha uma posição geográfica privilegiada, e dominava a mais avançada tecnologia de construção de navios existente naqueles tempos. Contando com essas vantagens e um comércio muito desenvolvido, Cartago chegou a impor grandes derrotas militares à potência que então dominava o mundo.

A necessidade de Roma destruir Cartago era tida como prioritária pelo império. No final de todos os seus discursos no senado romano, Catão batia sempre na mesma tecla, ao salientar esse objetivo. Para tanto, em todas as oportunidades, usava a mesma frase, que se transformou em um instigante bordão. Resumida, tal frase entrou para a história como “Deletem Cartago!”.

Insuflada pelo bordão de Catão, Roma invadiu Cartago, degolou seus habitantes, arrasou a cidade, incendiou-a e, para que nada mais pudesse ser nela cultivado, espalhou sal em sua terra.

É certo que os adversários de Dilma não pretendem que ela tenha um destino tão trágico como o de Cartago.

Contudo, é certo também que não existe alternativa para aqueles que preferem o Brasil livre de Dilma: eles terão que ser tão implacáveis para derrotá-la como Roma foi com Cartago. Afinal, o fato de Dilma estar no comando de um Estado aparelhado, por si só, a torna uma adversária dificílima de ser batida.

Em outras palavras, para aspirar a vitória, a oposição terá que fazer uma campanha implacável, nos moldes de “Deletem Dilma!”.

E, incontestavelmente, a mais perfeita maneira de abalar a candidatura de Dilma é obrigá-la a se manifestar publicamente sobre graves acusações contra as quais ela já deixou claro que não tem a menor chance de defesa.

Essa situação nos remete a duas óbvias questões. A primeira delas é: como obrigá-la a se manifestar? A segunda questão é: quais são as graves acusações contra as quais a atual presidente da República não tem chance de defesa?

Como obrigar Dilma a falar

Sem a menor dúvida, as melhores oportunidades para obrigar Dilma a falar ocorrerão nos debates a serem transmitidos pela televisão. Nessa ocasião, ela terá que responder a perguntas feitas por outros candidatos. E, o que é melhor, o candidato que lhe dirigir a pergunta terá direito a treplicar.

Um aspecto não deve ser desprezado: a conveniência de alertar Dilma sobre quais delicados assuntos ela será questionada. Considerando que Dilma não tenha explicação para determinada acusação, informar-lhe que deverá ser questionada sobre tal assunto a colocará em uma incômoda expectativa, o que prejudicará seu desempenho no debate de um modo geral.

Para que se avalie o efeito provocado no desempenho de um debatedor por essas circunstâncias, basta que seja lembrado o ocorrido no debate Collor-Lula na campanha presidencial por eles disputada.

Naquela ocasião, deixaram vazar para a assessoria de Lula que Collor compareceria ao debate com uma pasta de documentos que aniquilariam a figura de Lula. O experiente sindicalista ficou completamente desarticulado, e foi arrasado por Collor. Lula mostrou-se apavorado durante todo o debate; principalmente, quando Collor fingia que ia abrir a pasta que, supostamente, continha os comprometedores documentos. Se existiam de fato tais documentos, ninguém pode até hoje afirmar. 

Perguntas fatais para Dilma

Uma gravíssima acusação contra a qual já está provado que Dilma não tem a mínima chance de defesa diz respeito à Gemini – espúria sociedade da Petrobras com uma transnacional para produzir e comercializar Gás Natural Liquefeito.

Tal sociedade foi arquitetada em 2003, época em que Dilma acumulava os cargos de Ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Pior: com Dilma ainda acumulando tais cargos, foi firmado, em 29 de janeiro de 2004, um fraudulento Acordo de Quotistas que possibilita incomensuráveis superfaturamentos em detrimento da Petrobras. Pior ainda: durante anos, diversas denúncias sobre o assunto foram protocoladas para Dilma, que nunca se dignou a respondê-las.

Não se alegue que os prejuízos causados à Petrobras pela Gemini são insignificantes comparados com os causados pela refinaria de Pasadena e pela refinaria de Abreu e Lima. Em outras palavras, não se alegue que o caso Gemini é um crime menor. O exemplo de Al Capone – o lendário gangster norte-americano cuja prisão só foi possível pelo fato de ter sido provado que o mesmo havia lesado o imposto de renda – demonstra que, às vezes, é mais fácil pegar um transgressor da lei em crimes menores que em maiores.

Para que sejam preparadas perguntas para Dilma sobre a Gemini, recomenda-se serem usadas as cartas para ela protocoladas, a denúncia feita à Procuradoria Geral da República e o depoimento dado à Polícia Federal, disponíveis no site “Maracutaias na Petrobras”. Outras fontes de consulta encontram-se na série de vídeos “Saia do Armário, Dilma!” e nos arquivos do blog Alerta Total. Os links para tais fontes encontram-se ao final.

Dilma e a propaganda enganosa

Ao questionar Dilma sobre os comprovados atos lesivos ao interesse nacional envolvendo a Gemini, a oposição não deverá ignorar a propaganda enganosa que ela faz sobre temas como “gerente eficiente”, “administradora transparente” e “combate à corrupção”.

A propósito, em entrevista concedida à rede americana CNN em 10 de julho de 2014, Dilma afirmou que seu governo fortaleceu as instituições de combate à corrupção e ampliou a transparência. Foram as seguintes as suas palavras: “Eu defendo, e a minha vida toda demonstra isso, eu defendo tolerância zero com a corrupção (...) nós criamos um Portal da Transparência (...) demos à Controladoria-Geral da União poder de investigar e de criar todos os mecanismos de imposição de melhores práticas dentro da Administração.”

Para ser coerente, a mesma Dilma, que diz defender tolerância zero com a corrupção, e que ampliou a transparência em seu governo, poderia se dignar a falar pelo menos sobre as providências que foram tomadas diante dos dois seguintes casos:

1 – As sugestivas charges publicadas no jornal do Sindipetro que denunciou o caso Gemini. (uma das charges, publicada em matéria datada de 23/03/06, mostra um corruptor carregando uma mala recheada de dinheiro contendo o nome da sócia da Petrobras; outra charge, que emoldura a matéria “Petrobrás entrega mercado de GNL aos EUA”, publicada em 03/08/07, mostra a mão do Tio Sam acionando um cilindro de gás de onde jorra dinheiro.)

2 – As acusações por mim feitas segundo as quais o fraudulento Acordo de Quotistas da Gemini deixou, para sempre, a Petrobras refém da sócia majoritária da Gemini, que poderá, inclusive, superfaturar contra a empresa a seu bel-prazer, amparada pelas cláusulas 3.2 e 3.3 do Acordo. É de se destacar que referido Acordo foi firmado em janeiro de 2004, apenas um ano após o início do primeiro governo Lula, e mais de nove meses antes da aprovação da participação da Petrobras na sociedade.

Conclusão  


Diante de tudo que foi apresentado, Dilma fica eticamente proibida de se apresentar como uma gerente eficiente, uma administradora transparente e, principalmente, afirmar que “defendo tolerância zero com a corrupção”.

A seguir, a relação de links:

https://www.youtube.com/watch?v=Mch9yUu6aGs  (“SAIA DO ARMÁRIO, DILMA!” – PARTE 1)
https://www.youtube.com/watch?v=5H6MIj-ytAg (“SAIA DO ARMÁRIO, DILMA!” – PARTE 2)
https://www.youtube.com/watch?v=302F6USwq7s  (“SAIA DO ARMÁRIO, DILMA!” – PARTE 3)

João Vinhosa é Engenheiro.

Nenhum comentário: