domingo, 23 de novembro de 2014

PSB: Independência do governo Dilma

Do Alto da Torre 

 

Eduardo Brito

Publicação: Domingo, 23/11/2014


Independência do governo Dilma
A direção nacional do PSB reúne-se na quinta-feira para definir sua posição diante do novo governo Dilma Rousseff. Em função dos incidentes de campanha, dos ataques à sua candidata Marina Silva e principalmente do relacionamento com o PT, a tendência em alta era, até há pouco, a de fazer oposição ao Planalto. A posição que deve prevalecer, porém, é a do governador eleito do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. Ele propõe que o partido se declare independente.



Agenda voltada para a política local
O governador eleito Rodrigo Rollemberg aparece pouco no comitê da transição, no centro de convenções, mas está em plena atividade política. Teve ao menos três contatos relevantes com figuras do atual governo. Nos últimos dias chamou para conversas uma série de parlamentares, na maioria distritais. Nem todos os convidados o apoiaram nas eleições. Há até parlamentares que, ao menos oficialmente, não votaram em Rollemberg nem no primeiro, nem no segundo turno.



Basta às ousadias
Uma das frases ditas com maior frequência ao governador eleito é de alerta. Dizem-lhe que, se não der um basta às ousadias da Câmara Legislativa desde o início, terá problemas sérios mais tarde. O conselho parece dispensável. Rodrigo Rollemberg foi deputado distrital e, na essência, a Câmara Legislativa não mudou muito de lá para cá.



Desempenho na percussão
O governador eleito (foto) encontrou tempo para visitar a Escola Classe nº 8, em Taguatinga, onde foi recebido por alunos. Recebeu um desafio. E aceitou. Tocou na percussão de um trio composto por sanfona, triângulo e zabumba.



Nomes de projeção nacional
Ao menos dois interlocutores frequentes do governador eleito ouviram dele que pretende ter em seu secretariado nomes de projeção nacional. Rollemberg gostaria de ver figuras com esse perfil ao menos na educação, na saúde e na segurança pública.



Boas notícias para os professores
O senador brasiliense Cristovam Buarque concluiu seu trabalho de relator da comissão especial criada para examinar o financiamento da educação brasileira. Presidida pela senadora Ângela Portela, de Roraima, a comissão deve agora examinar o texto de Cristovam, reunido em dois volumes. A proposta é animadora para o sistema de ensino. Aposta na educação integral e pretende fixar para os professores um padrão salarial muito superior aos atuais.



Revelações sobre Stálin
Biografias de Stálin não são propriamente raridades. A biblioteca Harvard registra mais de 1.200 obras sobre o tirano russo. Mesmo assim, novo livro que acaba de ser lançado nos mercados norte-americano e europeu despertou grande interesse, principalmente pelo volume de material examinado. Seu autor Stephen Kotkin, professor de História na Universidade de Princeton examinou 3 mil textos, citados em sua bibliografia de 50 páginas, e analisou documentos originais, inclusive o famoso testamento em que Lênin recomendou o afastamento de Stálin do comando do partido.



Autenticidade contestada
A propósito, Kotkin descobriu que a autenticidade do documento nunca foi comprovada, o que facilitou os esforços de Stálin para que fosse ignorado. No texto, que surgiu quando Lênin já havia sofrido o segundo e violento acidente vascular cerebral, ele diz que se tornou intolerável a permanência de Stálin na Secretaria Geral do Partido Comunista e sugere não só sua transferência de posto como a substituição por alguém que tivesse "mais paciência, mais lealdade, maior cortesia, mais atenção aos camaradas e menos caprichos". Era tarde demais. O texto só foi conhecido na União Soviética trinta anos depois.



Fazia as coisas acontecerem
Stalin: Paradoxes of Power, ou seja, Paradoxos do Poder, cobre o período de 1878, quando o futuro ditador nasceu na Georgia, até 1928, quando já havia consolidado seu mando sobre a União Soviética. Kotkin avalia toda a segura ascensão de Stálin ao poder, rejeitando o retrato feito dele pelo rival Trótsky como "a ostensiva mediocridade de nosso partido". Ao contrário, diz, ele era letrado, leal e, principalmente, capaz de conseguir que as coisas fossem feitas. Mais, tinha um profundo senso político, com memória prodigiosa para nomes de interlocutores e para episódios biográficos. Mas era também uma pessoa prática. Contrastava com os outros integrantes do grupo próximo a Lênin, em geral intelectuais livrescos. Foi justamente a capacidade de organização que levou Lênin a impulsionar sua carreira.



Lá fora, nada de revolução
Nem sempre Stálin concordou com Lênin. Quando o maior líder bolchevique chegou a São Petersburgo e determinou a ruptura com o Governo Provisório que sucedera ao Tsar, Stálin manifestou suas reservas sobre a tese de que a Revolução se estenderia por todo o mundo industrializado. Kotkin identificou um texto em que Stálin diz que "não há movimento revolucionário no Ocidente, nada existe, só potencial, e nos não podemos contar com potenciais". Mesmo assim, ocupou no governo bolchevique o comissariado das nacionalidades posto-chave na medida em que mais da metade da população da futura União Soviética era já composta por não-russos.



Impulso de Lênin
A partir desse momento — e apesar de seus choques com o então poderoso Trotsky — Stálin fortaleceu-se na hierarquia. No final de 1921 já era ele quem fixava a agenda do Politburo e manipulava nomeações de quadros. A saúde de Lênin se deteriorava, o que o levou, no ano seguinte a indicar Stálin para a Secretaria-Geral, o posto mais poderoso do partido. Ficava claro quem seria o herdeiro de Lênin. Stálin era o mais assíduo visitante do chefe, mas sabia que seu poder estava assegurado. A partir daí, mesmo com as arestas que foram surgindo, tornou-se cada vez mais poderoso.

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