terça-feira, 27 de outubro de 2015

EDUARDO CUNHA É A ESFINGE QUE PODE DEVORAR DILMA

Lorotas políticas e verdades efêmeras



Cunha é um enigma pior do que a Esfinge

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já está de posse de seu último cartucho – o novo pedido de impeachment apresentado nesta quarta-feira pelo ex-deputado petista Helio Bicudo, pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Jr. e pela professora de Direito Janaina Paschoal. 
Até agora foram recusados 50 requerimentos pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, há outros seis na fila, aguardando decisão, porém o pedido mais importante é o que acaba de ser encaminhado pelos três juristas, porque inclui a fundamentação jurídica que caracteriza os crimes de responsabilidade, principal requisito para a aceitação da abertura do processo pela Câmara dos Deputados.
No caso da presidente Dilma Rousseff, há provas de uma série de crimes de responsabilidade, configurados pelas diversas pedaladas fiscais e pelos dez decretos inconstitucionais liberando despesas extraordinárias, sem a indispensável autorização do Congresso. E desta vez há os decretos ilegais assinados em 2015, complicando ainda mais a situação.
COMO UMA ESFINGE…
Cunha é uma nova versão da Esfinge egípcia. “Decifra-me ou te devoro”, parece estar sempre a repetir, atrás de um sorriso verdadeiramente enigmático, porque ninguém sabe o que ele vai fazer. Todos dependem dele, inclusive o próprio país, que não pode continuar com a economia em retração, enquanto a dívida pública sobe de maneira avassaladora, enquanto o governo não está nem aí, tentando viver em ritmo de axé music.
Equivocadamente, o Planalto acha que a decisão de Cunha estaria atrelada ao julgamento dos mandados de segurança apresentados por quatro deputados federais – três do PT e um do PCdoB) – para sustar o trâmite dos pedidos de impeachment. Os ministros Teori Zavascki e Rosa Weber caíram no engodo de que Cunha havia criado um rito especial em conluio com os partidos de oposição, e deferiram três liminares, que serão julgadas pelo plenário do Supremo.
Mesmo que a maioria dos ministros apoie essas escatológicas liminares, na verdade nada mudará, por Cunha continuará senhor da situação.
NÃO VAI RENUNCIAR
O certo é que o presidente da Câmara não vai renunciar ao cargo nem ao mandato. Conhecedor dos recentes episódios do Congresso, Cunha parece confiante na impunidade. Sabe, por exemplo, que Jáder Barbalho é um político de ficha suja, teve de se afastar da presidência do Senado, mas depois conseguiu novo mandato, e há muitos outros parlamentares como ele, com passados tenebrosos que o eleitorado não levou em conta.
O pior é que Cunha estava no Congresso em 2007 assistiu quando Renan Calheiros ia ser cassado e teve de renunciar à presidência do Senado, envolvido em fraude fiscal e corrupção, mas acabou absolvido pela Comissão de Ética, depois se candidatou de novo, hoje preside novamente o Senado e até elegeu o filho para governar Alagoas. Diante dessa realidade política nauseabunda, Cunha acredita que pode sair impune, pelo menos no âmbito da Câmara. Então, por que renunciaria?
SEIS PEDIDOS NA FRENTE
Quanto ao impeachment, o fato é que o presidente da Câmara não poderá protelar indefinidamente a decisão sobre o pedido de Bicudo/Reale/Paschoal. Há outros seis requerimentos na fila, que têm preferência. Precisará despachá-los antes do pedido principal e decisivo. Pode levar uma semana, um mês, quem sabe?
Enquanto Sua Excelência não se decide, a economia do país continua derretendo, a arrecadação de impostos despenca, o desemprego aumenta, mas o governo nem se importa, só se preocupa em armações para continuar no poder, seja a que preço for.
Eduardo Cunha tem o destino do país em suas mãos e também não se importa. Prefere seguir o exemplo da presidente Dilma Rousseff e só se preocupa em continuar no poder.  Como se vê, Dilma e Cunha se merecem e vão ficar na História retratando o que há de pior na política brasileira.
26 de outubro de 2015
Carlos Newton

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