quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Parabens PT!Continue permitindo invasões e fracionamemto ilegal dos lotes das agrovilas!



Vicente Pires: Se não há estrutura, imagine segurança

Enquanto obras são esperadas há anos, a criminalidade se torna um novo problema na região
Isa Stacciarini
isa.coelho@jornaldebrasilia.com.br


Em Vicente Pires, não é apenas a falta de escritura dos imóveis que tira o sossego da comunidade local. Na mesma via de mão dupla, a população convive  com a criminalidade que bate à porta e com a ausência de infraestrutura. Sem rede de águas pluviais, o asfalto não suporta o volume da chuva, e o resultado são os incontáveis buracos. 

“É como se vivêssemos em uma terra sem lei, sem o amparo do governo. Saí de uma região regularizada para Vicente Pires após ouvir tantas promessas de que a legalidade estava próxima. Uma cidade com administração regional não pode ser considerada ilegal. Afinal, a figura de um administrador é um mero cabide político?”, questiona o servidor  Gerson Lima, 45 anos. Para o morador,  a segurança deve ter tratada com o mesmo cuidado necessário à infraestrutura.
 Os casarões da região, que abrigam brasilienses de classe média, são alvo constante dos bandidos. Em 2013, a Secretaria de Segurança registrou  194 roubos e furtos em residências de Vicente Pires. Além disso, 126 carros foram levados por criminosos, entre 66 assaltos e 60 furtos. Ou seja, nem mesmo a vigilância dos condomínios fechados e comércios intimida os ladrões.

Assalto 

De dia ou à noite, os criminosos agem em Vicente Pires e deixam a população acuada diante de tanta violência. Foi o que aconteceu com uma professora de 50 anos, que na última sexta-feira foi vítima de dois homens.  Ela  esperava a filha em uma rua residencial, por volta das 14h30, quando foi surpreendida pelos criminosos.  Armados, eles exigiram o carro e apontaram uma arma semelhante à de calibre 38 em direção à motorista.

“Tenho reumatismo e quase não consegui sair do carro porque minhas pernas e meus joelhos doem muito. Disseram que iriam me matar. Eu só pedi para tirar meu neto de quatro anos da cadeirinha do banco de trás, que estava dormindo”, relata.

Versão Oficial 
 
O comandante do 17º Batalhão da  PM, responsável pela área, tenente coronel Paulo Henrique Tenório, afirma que duas viaturas  fazem o patrulhamento em   Vicente Pires. Outros dois carros do Grupo Tático de Operações e quatro motocicletas são responsáveis por fazer o policiamento nas principais áreas comerciais das ruas 3, 4, 4A, 5, 8, 10 e 12. As áreas residenciais também são   alvo de visita da PM. “Nesta semana vamos dar início à Operação Cerco Total, que prevê diminuir o índice de furtos e roubos a veículos e comércios”, esclarece. No entanto, segundo Tenório, Vicente Pires é uma área facilitadora para furtos e roubos de veículos em razão da saída pela Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e Estrutural. “Até que a PM seja acionada, em minutos os suspeitos já fugiram por essas vias”, explica.
 
Carro é roubado pela segunda vez
 
No caso do assalto à professora, além do carro, os criminosos levaram cerca de R$ 3 mil que estavam no interior do veículo, roupas, documentos pessoais e cartões de crédito. O prejuízo ainda está sendo contabilizado. Dois dias depois, o carro foi encontrado carbonizado  em Ceilândia. O Fiat Línea   ainda vai ser pago por três anos e meio.
 
 “Não sobrou nada. Isso deixa a gente com um sentimento de muita revolta. Não existe mais carro, pois o que tem agora é uma lataria velha. O nosso policiamento precisa ser mais eficaz”, lamenta a vítima.
 
O mesmo carro havia sido tomado de assalto em junho   passado. O veículo foi achado no Gama.  “Ando com medo e estou refém das grades de proteção da minha casa.  Ainda bem que tive a minha vida e a do meu neto poupadas, mas isso vai acontecer até quando?”, questiona.
 
Alto poder aquisitivo atrai bandidos
 
O delegado-adjunto da 38ª DP (Vicente Pires), João Maciel, explica que a região é visada por bandidos em razão do poder aquisitivo médio alto da população. Além disso, ele argumenta que nem todos os condomínios  possuem aparatos de segurança que inibem a entrada de estranhos. “O período de férias também contribui para um maior número de assaltos e furtos na região”, completa.
O delegado conta que  os carros roubados e furtados costumam ser levados para uma região próxima a   Goiás, onde é feito o desmanche. E, segundo Maciel,  a maioria destes veículos que são produto de roubo acabam sendo incendiados, para dificultar o trabalho da perícia ao buscar impressões digitais. 
 
Insegurança
 
A sensação de insegurança também paira sobre os comerciantes. A dona de uma loja de material elétrico,  Cinthia Gomes, 31 anos, trabalha há seis anos próximo a um posto da Polícia Militar em Vicente Pires. A distância é de aproximadamente 600 metros, mas, segundo a empresária, a instalação não inibe os assaltos ao comércio. 
 
“A gente não percebe nenhuma abordagem aos suspeitos aqui na região do comércio, e de fato a sensação de insegurança existe. Os assaltos são constantes e o jeito é apelar para a segurança privada”, diz.
 
A situação é a mesma para o dono de uma loja de conveniência de um banco,  Divino Mendonça Ribeiro, 61 anos. O empresário já foi roubado, e na época levaram cerca de R$ 7 mil do estabelecimento. Depois do episódio, o comerciante investiu em 12 câmeras de segurança e um sistema de alarme. 
 
“Brasília não tem segurança, e aqui em Vicente Pires é só Deus e o que a gente tem de segurança interna para poder nos ajudar. Infelizmente câmera não inibe ladrão, e patrulhamento da polícia a gente nem vê. Eu que às vezes ligo quando vejo alguém suspeito rondando a área”, conta.
Em contrapartida, o administrador da cidade, Glênio José, garante que Vicente Pires é uma das cidades menos violentas do DF. Ele ressalta que a polícia faz rondas ostensivas constantemente. Entretanto, segundo ele,  é feito um trabalho para diminuir os índices de criminalidade. “Uma das iniciativas que a administração adotou, junto às forças de segurança pública,   foi determinar o fechamento mais cedo de bares e restaurantes”, diz.
 
Buracos nas pistas
 
As imensas crateras nas pistas de Vicente Pires são outro impasse longe de solução definitiva. Mesmo em tempos de seca, os buracos se espalham pelas vias. Em períodos de chuva, a realidade é ainda pior. Além da crateras, há os alagamentos. Em algumas vezes, a água chega a encobrir as rodas dos veículos e ainda assim alguns motoristas insistem em atravessar. 
 
Embora toda a região esteja comprometida, os locais mais ameaçados são a Colônia Agrícola Samambaia e a Vila São José, além das ruas 3, 8, 19 e a chácara 122. 
Para tentar solucionar o problema, foi liberada do PAC 2 uma verba de R$ 420 milhões para a construção de um sistema pluvial, e mais R$ 80 milhões do GDF para construir a drenagem pluvial.
 
Burocracia
 
O administrador de Vicente Pires, Glênio José da Silva, explica que já existe um projeto e há um planejamento definido para a obra. “Já foi feita até audiência como parte de uma das exigências. O que ainda está pendente é a assinatura do contrato junto à Caixa Econômica Federal, que será a responsável por liberar o recurso para a obra. O compromisso inicial do governador é que as obras sejam iniciadas até o primeiro semestre deste ano”, diz. Apesar da expectativa, ele acredita ser difícil fazer as obras no período chuvoso. “Enquanto isso vamos adotar medidas emergenciais.”
 
Morador de Vicente Pires, Eurico da Silva Oliveira, 44 anos, já teve os dois carros danificados por causa da buraqueira. O eletricista diz já ter gasto mais de R$ 9 mil com reparos. “A situação é precária”, reclama.
 
Obras quando?
 
A Secretaria de Obras explica  que a solução definitiva para a cidade só é possível com as obras de drenagem pluvial e pavimentação asfáltica. 
 
Os projetos já foram selecionados. Falta assinatura da Caixa Econômica, prevista para este primeiro semestre.
 
Sobram problemas nas ruas da cidade
 
Para não danificar o carro, o morador de Vicente Pires Wabson Martins Pinto, 44 anos, prefere dar uma volta maior dentro da cidade. O percurso fica mais longe. “O governo até vem e tenta asfaltar os buracos, mas a medida não resolve. Sempre que chove, as crateras voltam a aparecer. Não adianta consertar se não existe um sistema de águas pluviais”, afirma.
 
Além de enfrentar problemas com buracos e alagamentos, quem vai a Vicente Pires também precisa lidar com os endereços confusos. 
 
Sem contar outros obstáculos no meio do caminho, como um quebra-molas construído na entrada da cidade por quem entra na região por Águas Claras. A comunidade local diz que a construção foi feita para ajudar a água da chuva a escoar para as bocas de lobo, mas a administração não confirma. “Um quebra-mola não é suficiente para segurar a velocidade de uma chuva”, garante o administrador regional da cidade.
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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