quinta-feira, 26 de junho de 2014

Tiro pela culatra – Petrobras perde R$ 13 bilhões na Bolsa depois de acordos sobre área do pré-sal


Por Fernanda Nunes e Karin Sato, no Estadão:

  Os R$ 15 bilhões em bônus e antecipações, a serem pagos pela Petrobrás à União por quatro áreas do pré-sal da Bacia de Santos, são pouco perto dos investimentos para explorar o petróleo. A petroleira deverá gastar de US$ 245 bilhões a US$ 380 bilhões na instalação de plataformas e infraestrutura de escoamento da produção, segundo cálculo do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

O CBIE utilizou como base a estimativa de gasto de US$ 200 bilhões para o campo de Libra, também no pré-sal, licitado em 2013. A avaliação do mercado um dia após o anúncio da contratação direta é de que o projeto exigirá muito mais do caixa da empresa, o que contribuiu para desvalorizá-la.

A perspectiva de que os gastos da estatal vão crescer nos próximos anos e de que faltam fontes de recursos continuou incomodando o mercado nesta quarta-feira, 25, com quedas nas cotações. As ações ordinárias (com direito a voto) caíram 3,34% e as preferenciais, 1,98%. Em dois dias, o valor de mercado (multiplicação do total das ações pela cotação final do pregão) da Petrobrás recuou R$ 13,25 bilhões, para R$ 217,65 bilhões.

Confirmado, o investimento em plataformas e infraestrutura corresponderá a US$ 35 bilhões em cinco anos, no mínimo, ou a um adicional na área de Exploração e Produção da Petrobrás de 22%, considerando os US$ 153,9 bilhões previstos para a área no Plano de Negócios da companhia, relativo ao período de 2014 a 2018.


As condições geológicas e técnicas das áreas são parecidas, o que permite comparar as áreas envolvidas na contratação direta – Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi – e Libra, disse Adriano Pires, diretor do CBIE. A diferença está na dimensão das reservas. Em Libra, são 8 bilhões de barris de óleo equivalente (boe, que inclui gás natural) e nas quatro áreas variam de 9,8 bilhões a 15,2 bilhões.


“É claro que se trata de um número aproximado, porque pode ser que a Petrobrás realmente consiga reduzir de alguma forma o custo por aproveitar infraestruturas já existentes, como mencionou a presidente da estatal, Graça Foster. Mas o investimento por barril não fugirá muito daquele de Libra”, disse Pires. Na área licitada ano passado, cada 1 bilhão de boe deve custar US$ 25 bilhões à Petrobrás e aos seus sócios. (…)

Por Reinaldo Azevedo

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