segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Os mitos históricos seduzem mais do que os fatos: é a narrativa que importa!



Vana, ou Dilma, não queria saber de democracia nos anos 1960. Esses são os 

FATOS.
O Prêmio Nobel Hayek dizia que os mitos históricos tinham mais importância, muitas vezes, do que os fatos históricos. As crenças acerca do passado, formadas com base em superstições, tinham profundo impacto no presente. O capitalismo era visto como uma exploração dos pobres trabalhadores, por exemplo, e não importava o fato de que foi ele que retirou milhões da miséria: a imagem de exploração perdurava pela ignorância, e com isso o anticapitalismo crescia.

Denis Rosenfield, em sua coluna de hoje no Estadão, fala a mesma coisa: a narrativa que conquista a opinião pública acaba prevalecendo e, muitas vezes, distorcendo a realidade, para alterá-la no presente. O professor cita os casos dos “heróis” que hastearam uma segunda bandeira quando o combate já havia terminado, mas que foi capturada por foto que circulou o mundo, e os vietnamitas que, mesmo sem vitórias expressivas nas batalhas, saíram como os vitoriosos perante a opinião pública.

A narrativa que conquista corações tem mais relevância do que a verdade em si, para efeitos concretos no mundo em que vivemos. É por isso que os inimigos de Israel exploram tanto a propaganda enganosa, pintando a única democracia desenvolvida da região como o verdadeiro demônio, invertendo totalmente os fatos. É por isso também que os regimes comunistas sempre deram tanta importância à máquina de propaganda, para disseminar narrativas favoráveis, ignorando os fatos.

O foco do texto de Rosenfield é a “Comissão da Verdade”, que tem lutado para criar uma narrativa maniqueísta e falsa dos anos 1960, como se aqueles comunistas fossem democratas em busca da liberdade, e não jovens perigosos encantados com a ditadura cubana. Diz o autor:


Os “combatentes” que tinham o objetivo de instalar no Brasil uma “ditadura do proletariado”, nome da época da ditadura comunista, se tornam os lutadores da liberdade, da democracia, apesar de não terem compromisso algum com esses princípios e valores. O comunismo era a sua meta. Marighella, um stalinista de estrita observância, torna-se um “democrata”. Não há narrativa verídica que resista, é como se os brasileiros fossem idiotas!

Fiel a essa narrativa de cunho ideológico, a Comissão da (in)Verdade editou a Resolução n.º 2, restringindo o escopo de sua investigação aos atos cometidos pelos agentes de Estado, principalmente os militares. É como se os “guerrilheiros”, que assim se chamavam à época, fossem inocentes, meras vítimas que não teriam cometido nenhum crime. Note-se que a lei que criou a Comissão da Verdade estava voltada, muito justamente, para uma investigação isenta de todos os envolvidos em crimes durante o regime militar. No momento em que há essa restrição e unilateralidade, é a verdade mesma que é deixada de lado. Que credibilidade pode, então, ter uma comissão que prima pela parcialidade e emprega a verdade somente enquanto termo que pode ser manipulado ideologicamente?


Recentemente, a jornalista Miriam Leitão relatou que foi torturada pelos militares, o que gerou muita comoção. Escrevi um texto que depois decidi retirar, sob argumentos convincentes do editor, pois havia gerado equívocos de interpretação. Alguns poderiam pensar que eu estava igualando o fato de uma jovem de 19 anos militar pelo PCdoB e militares no poder a torturarem. Não! O foco era outro: a jornalista tem total direito a um pedido de desculpas pelo horror que sofreu, mas só não pode ser vista como uma heroína que lutava, naquela época, por algo bom e desejável.

Meu objetivo era o mesmo de Rosenfield com esse artigo: deixar claro que aqueles comunistas queriam algo terrível para o Brasil, não eram democratas, não tinham apreço algum por um regime de liberdades civis e individuais. Eram autoritários, totalitários, e estavam dispostos a praticar muitos crimes em nome de sua causa “nobre”. Caso tivessem logrado sucesso, o Brasil teria visto um verdadeiro regime de torturas sistemáticas e fuzilamentos sumários, como ocorreu em toda experiência comunista.

Por que os crimes praticados pela esquerda na época não são investigados? Como questiona Rosenfield, será que as pessoas vitimadas e assassinadas pela esquerda armada não eram “humanas”? Quais “direitos humanos” se deseja realmente defender aqui? Há aqueles que buscam de forma imparcial a verdade, e há aqueles que só querem saber das narrativas, dos mitos históricos. Infelizmente, o segundo grupo parece existir em maior quantidade no mundo…


Rodrigo Constantino


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