quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Brasil otimista:: Aécio e o resgate da autoestima da oposição


Qualquer que seja o resultado nas urnas, o candidato do PSDB estimulou milhões de brasileiros a “sair do armário” e a enfrentar sem medo o bullying ideológico

Aécio Neves, durante ato de campanha em Copacabana, no Rio de Janeiro, que reuniu 20 mil pessoas

Depois de 12 anos de hegemonia quase absoluta do PT, durante os quais a oposição pouco fez para desempenhar de forma efetiva o seu papel, a campanha eleitoral de 2014 está revelando os contornos de um novo Brasil. Qualquer que seja o resultado das urnas no dia 26, as eleições deste ano ficarão marcadas por um fenômeno que muitos analistas, como o marqueteiro do PT, João Santana, consideravam improvável: a possibilidade concreta de derrota do PT e o resgate da autoestima da oposição. ...

Não apenas a autoestima dos políticos dos partidos oposicionistas e de seus militantes, mas principalmente a de dezenas de milhões de cidadãos e cidadãs que até pouco tempo atrás evitavam declarar abertamente suas posições, com receio da reação das milícias petistas e das patrulhas ideológicas que proliferaram no país desde que Lula assumiu o poder, em 2003...

Sem medo de enfrentar as críticas da tropa de choque do PT e de partidos mais radicais de esquerda, como o PSOL e o PSTU, que defendem o marxismo-leninismo, apesar de se beneficiarem da “democracia burguesa” para existir, milhões de brasileiros decidiram “sair do armário”. Nas ruas das grandes e pequenas cidades do país, é possível observar hoje o renascimento do “orgulho” oposicionista, incensado pela bandalheira instalada pelo PT no governo federal e nas empresas estatais, como a Petrobras e os Correios, que foram aparelhadas para servir de ponta de lança à máquina de arrecadação petista. Não importa a idade, a classe social ou a profissão. Hoje, a ação dos ativistas de esquerda, por meio do bullying ideológico, já não intimida ninguém (ou quase ninguém) no país.

Obviamente, com sua postura altiva na campanha, Aécio Neves, o candidato do PSDB e da oposição, está dando uma contribuição milionária para levantar o astral de quem não concorda, nem compactua, com tudo-isso-que-está-aí. Com suas reações duras às manobras e manipulações de dados e informações pelo PT, Aécio está atraindo um exército de seguidores, que estavam órfão de líderes verdadeiros, daqueles que não fogem da raia na hora em que a disputa aperta.

Ao contrário das campanhas de José Serra e Geraldo Alckmin em 2002, 2006 e 2010, Aécio deixou de ouvir calado todos os tipos de acusações. Em vez de apanhar em silêncio e, como Jesus, dar a outra face para o adversário estapeá-lo, Aécio adotou a estratégia do “bateu, levou”. Não por acaso, alguns analistas começam a questionar se ainda faz sentido manter o tucano, conhecido por suas bicadas suaves, como símbolo do PSDB. Apesar de a troca de acusações pessoais entre Aécio e Dilma ter pouco ou nada a ver com a campanha propositiva que se espera numa eleição presidencial, sua atitude enérgica, em resposta às acusações do PT, acabou reforçando os brios oposicionistas de boa parte do eleitorado e o sentimento de indignação e inconformismo com os rumos do país.

Ao assumir com orgulho o passado do PSDB e as realizações de Fernando Henrique em seus dois mandatos como presidente, como o Plano Real, o lançamento de programas sociais e a privatização de estatais como a Telebras, a Vale e a Embraer, Aécio também está reforçando o ânimo dos brasileiros que acreditam que um Estado mais eficiente e produtivo, que atenda melhor às necessidades dos cidadãos, não precisa, necessariamente, ser um Estado-empresário, como o que existe hoje. É claro que a autoestima da oposição vai subir ainda mais se Aécio vencer a eleição, mas, desde já, pode-se dizer, sem medo de errar, que os tempos de subserviência ao governo petista chegaram ao fim. Se Dilma ganhar o pleito, certamente as trincheiras oposicionistas estarão bem montadas para resistir ao rolo compressor do governo no Congresso, nos estados e nos municípios.

Fonte: Revista Época. Por JOSÉ FUCS. Foto: Gustavo Miranda/ Agencia O Globo - 22/10/2014 - - 07:17:42
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