quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Esconde-esconde econômico de Dilma funciona

Blog do Josias de Souza


Josias de Souza

Dilma Rousseff atravessa a campanha eleitoral sem dizer o que fará para recolocar a economia nos trilhos. Ela nem sequer admite o descarrilamento. Os operadores do mercado fazem cara de interrogação. A Bolsa de Valores cai na proporção direta da subida da candidata do PT nas pesquisas. Dilma dá de ombros. O esconde-esconde pode ser péssimo para os negócios. Mas o Datafolha informa que é ótimo para a reeleição.



Campanha presidencial 2014

22.out.2014 - O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, concede entrevista coletiva em Belo Horizonte, capital mineira. Aécio Neves afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "apequena a sua biografia" com o papel que vem executando nesta campanha eleitoral. "Lamento que um ex-presidente da República se permita cumprir um papel tão inexpressivo nessa final da campanha eleitoral. Só quem perde com isso é ele, ele apequena a sua biografia com ataques torpes e absurdos", afirmou o tucano. No último dia 21, no Recife, o ex-presidente disse que Aécio Neves agride Dilma Rousseff (PT) e o povo do Nordeste "como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra" Evelson de Freitas/Estadão Conteúdo
 
 
.No último debate, Aécio Neves evocou uma notícia que lera no jornal sobre o renascimento do hábito de estocar alimentos. O medo da inflação está de volta, ele disse. E o Datafolha: há seis meses, 64% dos eleitores achavam que a carestia ia aumentar. Hoje, apenas 31% do eleitorado acha a mesma coisa.


O otimismo não encontra amparo nos fatos. Em setembro, puxada pela alta dos alimentos, a inflação bateu em 6,75%, acima da margem de tolerância do governo, que é de 6,5%. Mas metade do eleitorado enxerga em Dilma a solução, não o problema.


Aécio dispõe de um porta-voz econômico. Armínio Fraga já foi inclusive nomeado ministro da Fazenda de um hipotético governo tucano. Dilma desnomeou Guido Mantega, que trabalha na Esplanada em regime de aviso prévio. Ela dispensa porta-vozes econômicos. Em matéria de economia, prefere o silêncio. Não tem muito a dizer. Apenas repete o seu mantra: vivemos em situação de pleno emprego!


Aécio diz que restabelecerá o tripé instituído sob FHC: metas para a inflação, taxa de câmbio flutuante e superávit nas contas públicas. Dilma mandou o tripé para o beleléu faz três anos. Como dizia o finado Eduardo Campos, madame entregará um Brasil pior do que o país que recebeu de Lula. Mas ela se compara a FHC, não ao antecessor.


A quatro dias da eleição, o mutismo econômico de Dilma produziu uma esfinge. Devora-me ou te decifro, diz ela aos céticos do mercado, que se dividiram. Metade está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem mas sabe que ela está mentindo e prepara ajustes para o caso de ser reeleita. A outra metade está nervosa porque Dilma diz que a economia vai bem e sabe que ela acredita mesmo nisso e não preparou nenhum ajuste.

Antes de obter a vantagem numérica sobre Aécio —52% a 48%, segundo a reiteração do placar no novo Datafolha—, Dilma também estava nervosa. Não sabia se dizia que faria ajustes que ainda não preparou ou se preparava os ajustes e não dizia. Ou vice-versa.


Editoria de Arte/Folha

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