quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Cunha quer eleger líder do PMDB de sua confiança


Presidente da Câmara planeja derrotar Picciani, ex-aliado considerado seu inimigo, para tentar barrar processo de cassação no Conselho de Ética e levar adiante o impeachment de Dilma

Lula Marques/Agência PT
 
Cunha rompeu com Picciani após líder peemedebista se aproximar do Planalto


O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desconsiderou o recesso parlamentar e trabalha duro há quase duas semanas para eleger um líder da bancada do seu partido que possa ajudá-lo a se livrar da cassação do seu mandato. O processo corre no Conselho de Ética da Casa desde outubro do ano passado e foi requerido por deputados do Psol. No pedido, os parlamentares alegam que Cunha mentiu à CPI da Petrobrás ao negar que tivesse contas secretas em bancos no exterior, o que foi comprovado por comunicado das instituições financeiras.


Cunha tem chamado deputados do PMDB para conversar e apela para o companheirismo partidário ao pedir votos para qualquer um dos candidatos a líder, Hugo Motta (PB) ou Leonardo Quintão(MG) – menos para Leonardo Picciani (RJ) que se transformou de principal aliado ao mais odiado opositor. Cunha quer um líder afinado com seus propósitos. O principal deles é barrar o processo no Conselho de Ética e, para isto, precisa contar com a boa vontade do líder da maior bancada na Câmara, hoje com 68 deputados.


Foi Cunha quem incentivou e articulou o lançamento da candidatura do deputado Hugo Motta à liderança. Há uma semana a disputa pelo cargo envolvia os deputados Leonardo Quintão – que chegou a assumir o posto por algumas horas no final do ano passado – e o atual líder Picciani. O objetivo do grupo dissidente do PMDB com o lançamento do nome de Motta é tentar dividir os votos conquistados por Picciani, provocar um segundo turno na votação e aumentar as chances de um nome contra o Palácio do Planalto na liderança da bancada.


Atualmente com 26 anos, Hugo Motta foi indicado por Cunha no início do ano passado para presidir a CPI da Petrobras. Um de seus primeiros atos foi permitir que o presidente da Câmara apresentasse uma defesa prévia à comissão logo após a inclusão de seu nome na lista dos parlamentares suspeitos de participação no esquema de corrupção da Petrobras.
Contrário ao impeachment de Dilma, Picciani é apoiado pelo Palácio do Planalto.

A presidente pretende contar com um líder do PMDB simpático ao governo, o que não aconteceria com a eleição de Motta ou Quintão. As inscrições da chapa foram marcadas para 3 de fevereiro e a votação está prevista para o dia 13. As datas são contestadas pela ala dissidente que pretende realizar a votação interna já em 3 de fevereiro, segundo dia deste ano legislativo. A marcação das datas é prerrogativa do líder, segundo o regimento da Câmara. Mas a ala oposicionista do PMDB pretende alterar o calendário.

Inicialmente ligado a Cunha, Picciani se afastou do padrinho, ganhou independência e se aproximou do Palácio do Planalto. Terminou por se transformar no interlocutor preferido da presidente Dilma Rousseff junto ao PMDB, o que causou ciúmes políticos do vice-presidente da República e presidente nacional da legenda, Michel Temer, que revelou o incômodo com o papel de Picciani em carta-desabafo à presidente Dilma.

Na reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma na primeira semana de outubro, Picciani ganhou força. Ele indicou os ministros da Saúde, Marcelo Castro, e o da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. Tal intimidade política com o Planalto irritou a ala oposicionista do PMDB que passou a articular a saída do então líder.

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