quinta-feira, 13 de março de 2014

SORTE NA CORRIDA ELEITORAL DEPENDE DO IMPONDERÁVEL E DO INESPERADO


 

 

 

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Atualmente, a previsão do tempo não é algo completamente imprevisível. 
 
O mercado de commodities agrícolas se utiliza largamente das previsões para fazer investimentos e saber quando e como a oferta de determinado produto será maior ou menor.

Já o Brasil entra em crise, pela segunda vez, com a possibilidade de falta de energia. 
 
Na primeira vez, em 2002, foi por deficiência de geração. 
 
Hoje, o risco de apagão se deve à demora na construção de linhas de transmissão e à falta de chuvas, dois problemas que poderiam ser razoavelmente previstos. 
 
Não é o que acontece.

O Brasil de hoje está com a sua economia pendurada no clima, como disse Miriam Leitão (“O Globo”, 22.2.2014). 
 
É o cúmulo da imprevidência, ainda mais em ano eleitoral. 
 
Porém, a eventual falta de energia está sendo considerada um evento inesperado. Só é inesperado pela incapacidade de as autoridades do setor estarem atentas à questão.

Dilma poderá ser afetada eleitoralmente caso ocorra apagão? Sim e não. 
 
Se houver um apagão de verdade, seu prestígio será abalado. 
 
Se as dificuldades não forem sistêmicas, serão assimiladas pela atmosfera de festa da Copa do Mundo.

O resultado econômico de 2013 – outra surpresa – terminou aliviando o ambiente na equipe econômica. Afinal, levando-se em conta as circunstâncias, um crescimento de 2,3% não é horrível. 
 
É evidente que os mal-humorados podem dizer que o apagão vai acontecer, o que não é garantido. 
 
Ou que a economia foi muito mal em 2013. Também não é preciso.

O INESPERADO


Conforme disse, o resultado de 2013 é bem mais fraco do que podíamos apresentar, mas melhor do que muitos esperavam: algo abaixo de 2%. 
 
No fim das contas, fica claro que o inesperado – ruim, como a ameaça de apagão; e bom, como o resultado econômico de 2013 – afeta, e muito, as expectativas.

Assim, a corrida eleitoral deste ano vive um cenário bastante complexo. 
 
A presidente Dilma Rousseff (PT) começa a disputa como favorita. Embora as pesquisas apontem a possibilidade de Dilma vencer ainda no primeiro turno, a batalha eleitoral promete ser acirrada. 
 
Em que pese a boa avaliação do governo (41% de aprovação, segundo a última pesquisa Datafolha), existe um sentimento difuso de mudança em parcela expressiva da sociedade brasileira.

Além disso, a presidente terá pela frente dois adversários fortes: o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE). 
 
Embora apareçam bem atrás nas pesquisas (Aécio tem 17% das intenções de voto e Eduardo aparece com 12%), o desconhecimento das duas candidaturas por parte dos eleitores é um fator que leva PSDB e PSB a acreditarem na possibilidade de um segundo turno contra Dilma Rousseff.

 
Aliás, sabendo das dificuldades que representa um segundo turno dentro desse ambiente de mudança existente, o Palácio do Planalto realizará todos os esforços possíveis para liquidar a fatura ainda em primeiro turno. 
 
Justamente por isso Dilma trabalha para montar uma ampla e competitiva coalizão. 
 
Vale destacar que o governo também teme uma eventual aliança entre Aécio Neves e Eduardo Campos, o que pode tornar as coisas ainda mais complicadas, principalmente se a economia estiver mal e a Copa do Mundo não for o sucesso que se espera.

Mesmo com todas essas variáveis no tabuleiro, a presidente Dilma Rousseff preserva uma importante vantagem. 
 
Além do controle da máquina administrativa, ela terá a presença do ex-presidente Lula ao seu lado. Vale destacar que Dilma é um produto do sucesso do lulismo.

Assim, o ex-presidente fará todos os esforços possíveis para que Dilma saia vitoriosa, assim como ocorreu em 2010.

 
(transcrito de O Tempo)


12 de março de 2014

Murillo de Aragão

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