terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Policiais federais em greve denunciam falta de efetivo e estrutura 'caótica'



Servidores realizam manifestações em frente a unidades da PF usando macas, máscaras e balões de oxigênio 
 
por Viviane Claudino, da RBA publicado 11/02/2014 15:53 
 
Marcelo Camargo/Abr
A paralisação terá duração de 24 horas, e os serviços de atendimento à população não serão afetados 


São Paulo – A paralisação dos policiais federais, hoje (11), atinge 21 estados e o Distrito Federal, segundo informações da federação nacional da categoria, a Fenapef. Com o tema a "PF está na UTI", os trabalhadores também realizaram manifestações usando macas, ambulâncias, máscaras e balões de oxigênio, para alertar a sociedade a respeito da estrutura “caótica” da instituição. A PF não se pronunciou.

Em Brasília, cerca de 70% dos agentes, escrivães e papiloscopistas aderiram à greve. Em São Paulo, a manifestação começou às 12h, quando os trabalhadores saíram em caminhada da sede da PF, na Lapa (zona oeste), pela pista local da Marginal Tietê. No Rio de Janeiro, os policiais protestaram durante o período da manhã, nos aeroportos Santos Dumont e Galeão. A greve terá duração de 24 horas, mas pode ser retomada nos dias 25 e 26.

Os policiais federais reivindicam mudanças na carreira e aumento salarial, afirmando estar sem reajuste há sete anos. "A questão salarial é relevante para nós, porque é difícil manter um trabalhador motivado sem qualquer reposição inflacionária há tanto tempo, no entanto buscamos algo mais amplo, que é a reestruturação da carreira desses policiais", disse o diretor do sindicato da categoria em São Paulo (Sindpolf-SP) Marcos Costa, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

"Há um número enorme de policiais que ficam envolvidos diariamente apenas com burocracia e nós buscamos o melhor aproveitamento desses policiais já que a atividade-fim da PF é investigar crimes. Nossas atribuições, sobretudo, se dão nas áreas de investigação e inteligência", acrescenta Costa. Segundo o sindicato, a falta de estrutura e de efetivo comprometem a segurança durante a Copa do Mundo, além de causar limitações a ações institucionais,  como o combate ao tráfico de drogas e armas. 

Para o sindicato que representa os servidores administrativos da PF (Sinpec), a falta de policiais federais nas operações está relacionada ao desvio de função na polícia, que ocorre em razão do baixo número de trabalhadores também nos setores administrativos. 

Os sindicalistas afirmam que o último concurso realizado para carreira administrativa na PF ocorreu em 2004, e cerca de 50% dos aprovados já deixaram a instituição, pela falta de perspectiva na carreira administrativa e em busca de oportunidades em outros órgãos públicos ou iniciativa privada. O próximo concurso, que ocorrerá no domingo (16), abrirá 566 vagas, mas a estimativa é de que seriam necessários 3 mil novos servidores administrativos, segundo o Sinpec.

"Muitas atribuições da Polícia Federal estão sendo repassadas a terceiros, como emissão de passaporte e controle de entrada de voos internacionais. O governo federal não pode delegar essas atividades para terceiros. É necessário que nossas funções sejam reconhecidas por lei, recompor o efetivo da Polícia Federal e tornar a profissão atraente”, afirma o presidente em exercício do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal do Rio de Janeiro, Andre Luís Vaz de Mello.

A paralisação ocorre em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Paraíba, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal. Segundo os sindicalistas, os serviços de atendimento à população não serão afetados.

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