quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

América Latina se compromete a reflorestar 20 milhões de hectares



Em Lima

  • Eduardo Anizelli/Folhapress
    Desmatamento da floresta amazônica dentro da reserva Chico Mendes, no Acre Desmatamento da floresta amazônica dentro da reserva Chico Mendes, no Acre
Sete países da América Latina se comprometeram neste domingo a replantar 20 milhões de hectares de terras degradadas até 2020, durante a Conferência Climática das Nações Unidas (COP20), celebrada em Lima.

Em um ato paralelo à cúpula da ONU, ministros da Agricultura e do Meio Ambiente de México, Peru, Guatemala, Colômbia, Equador, Chile e Costa Rica apresentaram o plano de recuperação de solos de seus respectivos países.

O México comprometeu-se a recuperar 8,5 milhões de hectares; o Peru, 3,2 milhões; a Guatemala, 1,2 milhão, e a Colômbia, 1 milhão.

O Equador se propõe a reflorestar 500.000 hectares; o Chile, 100.000 e a Costa Rica, 50.000. Além disso, foi lançado um plano regional para a preservação da Patagônia, que recuperaria 4,1 milhões de hectares e outro de florestas, de 1,6 milhões de hectares.

Estima-se que haja na América Latina 200 milhões de hectares de terras degradadas, segundo o Centro Internacional de Agricultura Tropical, sediado na Colômbia.

"No Peru, perdemos florestas a uma velocidade impressionante. As atividades que mais pressionam (o desmatamento) são a mineração ilegal, o sobrepastoreio e o plantio de coca", alertou o ministro da Agricultura, Juan Manuel Benites.

"Precisamos encarar um replantio produtivo e conseguir uma agricultura neutra em carbono", acrescentou.

Enquanto isso, o ministro argentino da Agricultura, Roberto Delgado, pediu que se detenha o desmatamento.

"Além de recuperar os solos, é muito importante que paremos de perder hectares", disse.

O compromisso, conhecido como Iniciativa 20x20, que terá US$ 365 milhões em apoio de parte de investidores privados, bisa a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, gerados pelo desmatamento e pela mudança no uso do solo.

Segundo especialistas, a América Latina é uma das regiões do mundo mais vulneráveis às mudanças climáticas.

No sábado, líderes de diversas etnias indígenas da Amazônia brasileira, peruana, equatoriana e colombiana se reuniram para exigir os direitos sobre seus territórios diante dos delegados de 195 países que participam da COP20.

Vestindo trajes tradicionais, com colares e plumas, cerca de 500 representantes de comunidades indígenas da selva amazônica se reuniram na praia Agua Dulce, onde desenharam com seus corpos a imagem de uma árvore, unida ao rosto de um nativo, sob o qual apareciam os dizeres: "Povos + direitos, florestas vivas".

"Queremos florestas livres de petróleo e de mineração, sem corte ilegal. Exigimos nossos direitos territoriais. Sem as florestas, os povos indígenas não podem sobreviver", disse à AFP Henderson Rengifo, líder da etnia achuar e da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Floresta Peruana (Aidesep), que convocou a mobilização.

Durante quatro horas, os indígenas fizeram várias atividades de "sensibilização" sobre a conservação florestal, bem como de seus meios de vida, com cânticos e danças tradicionais.

Os manifestantes lembraram o assassinato, em setembro, de quatro ambientalistas da etnia ashaninka, entre eles seu líder, o peruano Edwin Chota, supostamente morto a mando de madeireiros ilegais na localidade amazônica de Saweto.

"Não podem nos negar nossas terras. Estamos preocupados, não queremos mais companheiros mortos", disse Rengifo.

Segundo a Aidesep, pelo menos 1.160 comunidades indígenas reivindicam títulos de propriedade no território em que estão assentadas na Amazônia. Diante dos delegados da cúpula da ONU, que se estende até o dia 12, as comunidades indígenas pediram a titulação de 20 milhões de hectares de floresta.

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