sexta-feira, 18 de abril de 2014

Corpo de Gabriel García Márquez será cremado, informa família


  18/04/2014 01h19

Comunicado foi lido aos jornalistas na porta da casa do escritor.


Autor de "Cem anos de solidão" morreu nesta quinta (17), aos 87 anos.

Do G1, em São Paulo



O corpo do escritor colombiano Gabriel García Márquez, morto nesta quinta-feira (17) aos 87 anos na Cidade do México, será cremado em uma cerimônia privada. A informação foi confirmada pela família mediante um comunicado lido para jornalistas na porta da casa do escritor, segundo divulgaram as agências de notícias France Presse e EFE.

O comunicado foi lido pela diretora do Instituto Nacional de Belas Artes, María Cristina García. Ainda de acordo com Cristina, em respeito a um desejo da família, nenhum outro ato fúnebre será realizado. Por enquanto, apenas uma homenagem nacional será feita ao escritor no Palácio de Belas Artes, na próxima segunda-feira (21).

Segundo a France Presse, uma das irmãs do escritor, Aída, disse à imprensa colombiana que espera que o corpo do escritor seja levado para sua terra natal. "Gabito é da Colômbia, têm de trazer Gabito, quer dizer, não tive tempo de pensar nisso, mas não há dúvida de que ele tem de vir e de que vão trazê-lo para nós", declarou Aída García Márquez.


VALE ESTE - Linha do tempo - Gabriel García Márquez (Foto: G1)


"Ele é da Colômbia, ele é o Nobel de Literatura da Colômbia, o primeiro Nobel, então ele vem, é claro que vão trazê-lo para nós", insistiu a irmã, reconhecendo que a decisão final é do núcleo familiar mais próximo do escritor, ou seja, a viúva Mercedes Bacha e os filhos de García Márquez, Gonzalo e Rodrigo.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, decretou três dias de luto oficial no país pela morte do autor.

García Márquez morreu às 14h (16h de Brasília), segundo o Conselho Nacional para a Cultura e as Artes do México (Conaculta). Com dificuldades para passar pelo batalhão de jornalistas de plantão, o carro fúnebre partiu da casa do escritor horas depois da morte acompanhado de três viaturas policiais e fez um breve trajeto até a funerária J. García López, que fica próxima, localizada no bairro de San Ángel.

Em 8 de abril, depois de passar oito dias internado por um quadro de pneumonia, García Márquez deixou o Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán, na Cidade do México. Seu estado ainda inspirava cuidados. Desde então, o escritor permaneceu sob atenção médica em sua residência na capital mexicana. Segundo sua família, a saúde de 'Gabo' era "muito frágil". Ele lutava contra um câncer linfático desde 1999.

Em julho de 2012, o mais novo de seus dez irmãos, Jaime García Márquez, revelou que o autor sofria de demência senil “há alguns anos” e que estava lutando contra a perda de memória. O escritor era casado com Mercedes Barcha Pardo desde 1958. Eles tiveram dois filhos: Rodrigo, que nasceu em 1959, e Gonzalo, nascido em 1962.

Vivendo no México há mais de três décadas, García Márquez passou seus últimos anos afastado da vida pública. Em suas raras aparições, preferiu não dar declarações à imprensa. A última aparição pública de Gabo foi em 6 de março passado, dia de seu aniversário, quando foi até a porta de sua casa e recebeu as felicitações de jornalistas, amigos e fãs.

Considerado um dos mais importantes escritores do século 20 e um dos mais renomados autores latinos da história, Gabriel García Márquez nasceu em 6 de março de 1927, em Aracataca, na Colômbia. Chegou a estudar direito e ciências políticas na Universidade Nacional da Colômbia, mas não concluiu o curso, preferindo iniciar carreira no jornalismo.

O sucesso internacional, no entanto, veio principalmente após a publicação de seu romance mais famoso, “Cem anos de solidão”, em 1967. A obra-prima de García Márquez vendeu, até hoje, mais de 50 milhões de exemplares.

É considerado, ao lado de “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes, um dos livros mais importantes da literatura em língua espanhola. Foi traduzido para 35 idiomas. Exemplo máximo do realismo fantástico – gênero característico do boom latino-americano da segunda metade do século XX –, “Cem anos de solidão” se passa na fictícia aldeia de Macondo e acompanha, ao longo de gerações, a saga da família Buendía.

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