sexta-feira, 11 de abril de 2014

Quem vai segurar a gastança irresponsável do estado?

Rodrigo Constantino
10/04/2014
às 15:19 \ 


Leviatã faminto: o retrato do estado brasileiro.

Deu na Folha: Projeto que alivia Estados avança no Senado

Duas comissões do Senado aprovaram ontem o projeto de renegociação de dívidas de Estados e municípios que abate parte dos débitos com a União e abre a possibilidade de tomar novos empréstimos.

Já aprovado na Câmara, o projeto segue agora para votação no plenário do Senado, sem data definida. Depois, tem que ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff para entrar em vigor.

O Palácio do Planalto tentará adiar a votação para depois das eleições de outubro.

O governo havia se posicionado contra a medida nos últimos meses por temer que ela sinalizasse um afrouxamento das contas públicas e contribuísse para o rebaixamento da nota do país pelas agências de classificação de risco -o que acabou sendo feito no mês passado pela agência Standard & Poor’s.
O texto foi aprovado em sessão conjunta da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Governadores e prefeitos são os principais defensores das medidas, entre eles estão os petistas Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, e Fernando Haddad, prefeito de São Paulo.

Traduzindo, altera-se o indicador das dívidas estaduais de forma retroativa e, com isso, permite-se a expansão do nível de endividamento dos Estados, principalmente São Paulo. Tudo pela gastança irresponsável do estado.

E por falar em gasto público irracional, esse foi exatamente o tema de um artigo de José Agripino publicado hoje na mesma Folha. Segundo recomendação do Planalto, o Senado deixou de aprovar uma PEC que iria limitar os gastos públicos, dificultando a criação de estatais e ministérios.

O senador do DEM começa seu texto colocando o dedo na ferida: “O governo federal acaba de rejeitar oportunidade única de sinalizar aos mercados e à sociedade de que está de fato comprometido com a diminuição dos gastos públicos”. Ele continua:

O que poderíamos evitar com a PEC? Que se repetissem os abusos que ocorreram nos últimos 12 anos: fundaram-se 43 empresas ou autarquias novas, além de 18 ministérios, que ainda não disseram a que vieram além da barganha política com a distribuição de cargos. São estruturas que servem para gastar dinheiro público e levar o Brasil a perder pontos nas avaliações de risco.
A inépcia de gestão tem ameaçado vários pilares da economia brasileira. Entre as diversas razões que a S&P apontou para rebaixar a nota do país de BBB para BBB- estão o medíocre crescimento do PIB, com média inferior à da América Latina e dos países emergentes; a baixa taxa de investimento; a vulnerabilidade externa; e a fragilidade fiscal.

Quem vigia o vigia? Como vamos controlar os gastos públicos se os próprios políticos são os mais interessados em seu aumento descontrolado? Falta senso cívico, responsabilidade, convicção ideológica liberal, visão de longo prazo, postura de estadista, que olha para as próximas gerações e não só para as próximas eleições. Agripino conclui com um alerta firme:

Exatamente para conter o deficit público era fundamental aprovar a PEC. Pelo menos criaríamos expectativa e o governo do Brasil poderia sinalizar um caminho de austeridade e progresso.

Mas a proposta foi derrubada. Uma prova de que o Planalto, mesmo com a nota rebaixada, insiste em não racionalizar a qualidade do gasto público. Ou seja, erra e insiste no erro. Daqui a pouco estaremos fora do grau de investimento. Aí a vaca vai pro brejo.

Rodrigo Constantino
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