quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mercado cria ‘kit anti-Dilma’

Terça-feira, 29/04/2014, às 18:44, por Thais Herédia


Já virou rotina. Quando sai uma pesquisa sobre as intenções de votos para as eleições de outubro e sobre a avaliação da presidente Dilma Rousseff, o mercado financeiro não disfarça mais a satisfação ao constatar piora nas chances da presidente se reeleger.

Nesta terça-feira (29) não foi diferente. A bolsa de valores de São Paulo subiu, os juros futuros caíram e o dólar fechou em alta – no caso da moeda americana, ela caiu bastante durante o dia até que chegou a hora de reverter posições e ela subiu um pouco, numa operação puramente financeira.

Enquanto o quadro político se torce e retorce, os investidores vão se posicionando de acordo com seus entendimentos e esperanças sobre o futuro próximo. Na onda de otimismo com o enfraquecimento da presidente Dilma, surgiram no mercado operações com apelido de “Kit anti-Dilma”.

O “kit”, recomendado inclusive por instituições estrangeiras que estão voltando a investir no Brasil, é assim: o investidor compra ações da Petrobrás e se protege aplicando no índice futuro da Bovespa e arremata apostando na melhora das expectativas para a alta dos juros no longo prazo. No mundo financeiro, isso é dito assim: compra Petrobras contra índice Bovespa; aplica na ponta longa da curva de juros e toma na curta.

Moral da história: o investidor acredita que as ações da Petrobras vão se recuperar porque alguma medida importante será tomada pelo próximo governo para tirar a companhia do limbo atual. A outra crença está na estratégia de controle da inflação. Um governo mais pragmático vai elevar os juros no curto prazo e ser mais duro com a política econômica para poder controlar os preços e conseguir reduzir a taxa novamente no futuro.

“As apostas hoje são da chegada de um governo mais pragmático, mais duro com a politica econômica e com os ajustes necessários. No caso da Petrobrás, bastam duas medidas de ‘canetada’ para aliviar a pressão sobre a empresa: liberar o reajuste dos combustíveis e a compra de insumos estrangeiros (eliminando a exigência de conteúdo nacional na produção) - isso pode triplicar o atual valor da companhia”, disse ao G1 um experiente operador de mercado.

Num relatório enviado a clientes nesta terça-feira (29), a corretora japonesa Nomura Securities corrobora o clima de otimismo dos investidores estrangeiros com o Brasil. No documento, o economista-chefe da corretora, Tony Volpon, conta o que viu e interpretou da sua visita recente ao país.

“O mais notável é que o processo eleitoral está empurrando o debate sobre a política econômica para uma direção mais amigável ao investidor, ao contrário do que sempre testemunhamos. A insatisfação geral com a economia está levando tanto partidos de oposição quanto o do próprio governo a prometerem coisas similares a serem adotadas em 2015”, diz o documento da Nomura.

Enquanto os debates de desenrolam, o investidor estrangeiro está procurando ativos brasileiros, mesmo achando que a coisa vai piorar antes de melhorar.

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