Produtores rurais de todo o Brasil
podem contar com a plataforma WebAmbiente,
um sistema de informação interativo e gratuito que auxilia na adequação
ambiental da paisagem rural e apoia a implementação de políticas públicas
relacionadas ao meio ambiente, como o Programa de Regularização Ambiental (PRA).
Lançado em 2018 pela Embrapa, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Meio Ambiente, a plataforma
envolve o trabalho de oito unidades de pesquisa, além de universidades e
órgãos ambientais, que levantaram informações sobre espécies que
ocorrem em cada bioma brasileiro e estratégias de recuperação
ambiental.
Reprodução | WebAmbiente
Espécies nativas e orientações de preparo
No sistema, o usuário tem à
disposição o Simulador de Recomposição Ambiental que oferece sugestões de
estratégias de recomposição e uma lista de espécies para adequação ambiental da
propriedade.
Para utilizar o simulador, é necessário apenas fazer um
simples cadastro da área. Em seguida, o sistema faz algumas perguntas
relacionadas às áreas que deverão ser recompostas (se área de preservação
permanente, reserva legal, uso restrito, ou área de uso alternativo do solo),
suas características e as de seus solos, e os riscos associados àquela
recomposição.
A plataforma fornece uma lista de espécies nativas
apropriadas para o plantio, estratégias de recomposição mais adequadas às
condições da área e orientações relativas ao preparo inicial do local. Após
usar o simulador, é possível baixar ou imprimir o relatório com as sugestões
para recomposição.
“As recomendações fornecidas por meio
da ferramenta podem ser usadas não apenas como subsídio para a elaboração de
projetos visando a recuperação ambiental, mas para beneficiar a adequação das
propriedades rurais às determinações do Código Florestal brasileiro”, afirma
José Felipe Ribeiro, pesquisador da Embrapa Cerrados.
O sistema fornece um extenso glossário, não só com
definições, mas também com explicações aprofundadas sobre diversos
assuntos
envolvidos, incluindo ilustrações e links para outras fontes. Há também
uma seção multimídia na qual o usuário pode buscar por vídeos
e publicações.
Reprodução | WebAmbiente
Novas funcionalidades
Além de abrigar o maior banco de dados
já produzido no País sobre espécies vegetais nativas (cerca de 780) e de
apresentar estratégias de plantio para recomposição ambiental, a plataforma agora
conta com a Biblioteca
Digital. A nova seção reúne informações sobre experiências, manuais
e guias, além de conteúdos multimídia e outras publicações sobre ações de recuperação
ambiental já disponíveis.
Na Biblioteca Digital, as experiências se referem a publicações de
estudos específicos sobre recuperação de áreas degradadas. Ao fazer uma
consulta, o usuário pode realizar a busca de experiências utilizando filtros
por bioma, por tipo de área a ser recuperada de acordo com a legislação, por
estratégia e por técnica de plantio. No momento, mais de 230 experiências estão
disponíveis e podem ser baixadas gratuitamente em arquivos no formato pdf,
assim como os manuais e guias técnicos.
A plataforma fornece as espécies vegetais, as estratégias e,
agora, acrescentamos um acervo de informações de experiências de grupos de
pesquisa que já fizeram plantios usando essas espécies e estratégias”, explica
Ribeiro.
A analista da Embrapa Meio Ambiente (SP), Maria de Cléofas
Alencar, ressalta que a equipe que trabalha diretamente na alimentação e no
planejamento da plataforma convive com grande expectativa sobre a possibilidade
de expansão do sistema. “Somente para exemplificar a amplitude, atualmente
trabalhamos com 238 experiências de recuperação de áreas degradadas, em
diversas estratégias de recomposição florestal, mas há centenas de testes e
dissertações que ainda são passíveis de serem inseridas, uma vez que também são
experiências”, diz.
Para Cléofas Alencar, ampliar a plataforma aumenta a possibilidade
de orientação e sugestão ao produtor quanto aos caminhos a serem seguidos no
planejamento da execução da recuperação ambiental das propriedades.
Como lidar com a aridez das grandes cidades? É certo que precisa de
mais verde, porém como driblar a escassez de água? Quem se
responsabiliza pelo cuidado? A falta de manutenção dos jardins verticais
no Minhocão, na capital paulista, por exemplo, levaram alguns moradores
a pedirem a retirada na Justiça. Um experimento que está sendo
realizado em Sharjah, cidade dos Emirados Árabes Unidos, pode servir de
inspiração: adaptar técnicas e espécies às condições climáticas.
O clima em Sharjah é desértico quente e seco. A temperatura
ultrapassa facilmente os 40°, a mínima não cai mais de 10° e as chuvas
são raridade. Em tais condições, como árvores podem sobreviver? A
resposta está no próprio deserto. Ao lado de uma escola desativada da
cidade, um projeto experimental plantou espécies típicas do deserto. Os
cultivos são cercados por bacias de areia de diferentes formas e
tamanhos, construídas com solo local e entulhos da escola.
Técnica
Cada bacia forma um microclima perfeito, que otimiza a umidade do ar e
a umidade extraída do lençol freático. É uma técnica antiga que garante
a não necessidade de irrigação, segundo os idealizadores do projeto – o
escritório de arquitetura Cooking Sections, com sede em Londres, e a
empresa de engenharia AKT II, também inglesa.
“Ao usar montes de terra ou construções de pedra seca, essas
tipologias controlam as variações de vento, umidade e calor para reduzir
o estresse hídrico das plantações ou fazer a água condensar
naturalmente, afirmaram os co-fundadores da Cooking Sections, Daniel
Fernández Pascual e Alon Schwabe, à Dezeen.
Experimento em Sharjah
Batizada de Becoming Xerophile, a instalação usa plantas xerófilas,
ou seja, adaptadas aos ambientes muito secos. Para a dupla de
arquitetos, o projeto explora maneiras de apreciar as paisagens
desérticas, uma vez que consideram as representações ocidentais de tais
regiões muito estereotipadas. Geralmente, segundo a descrição do
projeto, elas são retratadas como “paisagens mortas ou vazias” e a ideia
foi justamente usá-las para trazer vida para a cidade desenvolvendo um
novo modelo de jardim ornamental, urbano e sem água.
O modelo foi construído ao lado da Escola Al-Qasimiyah, que serviu
como sede principal da primeira edição da Trienal de Arquitetura de
Sharjah realizado entre novembro de 2019 a fevereiro de 2020.
Os nove microambientes criados estão equipados com sensores que medem
chuva, radiação solar, velocidade e direção do vento, temperatura do
ar, umidade relativa, umidade do solo e umidade das folhas. Cada um será
monitorado até a próxima trienal em 2022 e o que apresentar melhor
desempenho poderá ser replicado em outros locais. “Embora nem todos os
experimentos levem a resultados perfeitos, eles sempre fornecem
informações valiosas para aplicativos futuros e mais desenvolvidos”,
afirmou Adiam Sertzu, do AKT II, à Dezeen.
Enchente em São Paulo (Luiz Paulo Marques de Souza/Creative Commons)
Nos
últimos 50 anos, os centros urbanos passaram por um processo de
urbanização acelerada e desordenada. Planejamento urbano inadequado e
insuficiente e a falta de cuidados mínimos com os impactos ambientais
trouxeram problemas severos, que se agravam a cada dia.
Ainda
pouco conhecida e menos ainda aplicada, a Ecologia Urbana é a resposta
para que os impactos sejam mitigados e, na medida do possível,
compensados. Derivada da ecologia tradicional, ela compartilha os mesmos
conceitos e visão, apenas que aplicados ao ambiente urbano.
A maior parte da população mundial vive em áreas urbanas e, no Brasil, de acordo com o PNAD 2015, 84,72% dos habitantes moram em áreas urbanas.
Ecologia
urbana é uma área que abrange diversos e importantes temas, como
poluição do ar, do solo e da água, drenagem urbana, arborização,
mobilidade, uso e ocupação do solo, gerenciamento e redução de riscos
ambientais, desastres climáticos, etc
.
Os
casos recentes das inundações em BH e SP, demonstram que a expansão
territorial destas capitais, não observou os cuidados necessários na
preservação das áreas alagáveis e na instalação de sistemas de drenagem
eficazes.
Cada
vez mais impermeáveis, as cidades não conseguem lidar com chuvas
intensas, que sem absorção pelo solo, sobrecarregam as galerias
pluviais, terminando por forçar os rios para suas áreas de várzea, que
estão impermeabilizadas e ocupadas.
Nas últimas décadas, SP e RJ investiram em piscinões, bombeamento e polderes,
visando retardar o escoamento do excesso de água no sistema de
drenagem. São sistemas funcionais, mas sua construção, operação e
manutenção são caras e complicadas, ao mesmo tempo que as novas obras
não conseguem acompanhar o ritmo, velocidade e intensidade das
tempestades agravadas pelas mudanças climáticas.
No
entanto, ao lado das grandes obras, existem alternativas e técnicas de
microdrenagem que podem e devem ser aplicadas em larga escala, contando
com o esforço coordenado dos governos, empreendimentos e da própria
sociedade.
A
substituição do asfalto atualmente utilizado, pelo asfalto drenante e
pelo concreto poroso já traria um gigantesco aumento na capacidade de
drenagem das bacias em áreas urbanas. No caso da pavimentação, asfalto e
concreto poroso, basta imaginar a sua aplicação nos imensos e
impermeáveis estacionamentos do shoppings.
O
mesmo para as calçadas, que além do concreto poroso, também poderiam
utilizar de calçadas verdes, trincheiras e valas drenantes
Aliás, trincheiras drenantes podem ser instaladas, sem grande dificuldade em casas e prédios. Sarjetas
drenantes, de acumulação e infiltração, também são soluções
relativamente simples e baratas, ao alcance da grande maioria das
cidades.
O
poder público deve oferecer incentivos para que os edifícios adotem
cisternas para captação de água de chuva, para uso onde a água não
precisa ser tratada e de telhados verdes. No caso de novos
empreendimentos, pelo menos, as cisternas de água de chuva deveriam ser
obrigatórias.
A
arborização urbana ou, em versão ampliada, o reflorestamento urbano
também é relevante, não apenas na redução da poluição do ar e na redução
das ilhas de calor, mas também na manutenção da biodiversidade e na
drenagem urbana.
Carlos Favoreto
– Eng Agrônomo – Diretor Executivo da ECP Environmental Solutions.
Pós-graduado em Ciências Ambientais. Prof. dos Cursos de Pós-Graduação
em Ciências Ambientais, Gestão Ambiental e Auditoria e Perícia Ambiental