segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Repetindo pela milionésima vez:“Está chegando a hora da prisão de Lula”

Aleluia: “Está chegando a hora da prisão de Lula”

“Zé Dirceu é apenas o coordenador de captação de dinheiro sujo da organização criminosa que tomou de assalto o país. É preciso pegar o chefe”, disse o deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA), em entrevista à rádio CBN, referindo-se ao ex-presidente Lula, que comanda o esquema petista de corrupção, mas até agora permanece ileso, sobrando para os companheiros as punições.
Por ser um quadro que sempre se dedicou ao partido e ao projeto de poder petista, Aleluia não crê que o ex-deputado federal e ex-presidente do PT, José Dirceu, seja o autor da delação do companheiro. 

“Seria bom que ele entregasse logo o chefão. Mas indubitavelmente as investigações da Lava Jato vão acabar chegando a Lula”.(Ah!)
Para Aleluia, o dinheiro e o poder subiram à cabeça de Lula, que não teria formação forte de valores. 

“Basta lembrar, como ele mesmo admitiu, o tratamento indecoroso que dava às viúvas de seus companheiros metalúrgicos no sindicato. Lula não respeita a moral cristã”. 

O deputado baiano, no entanto, observa que o ex-presidente não é inimputável e o inteligente e responsável juiz Sérgio Moro vai prendê-lo na hora certa.
O governo da presidente Dilma, na opinião de Aleluia, chegou ao fim. (Ah!)

“Eu participei do impeachment de Collor e a situação de Dilma hoje é muito pior que a dele, que nos últimos dias ainda conseguia aprovar projetos no Congresso, porque tinha fortes aliados. Dilma não consegue aprovar mais nada”. 

O deputado democrata entende que a sociedade brasileira está convencida de que os crimes de Collor naquela época foram um roubo de galinhas diante do rombo bilionário perpetrado pelo PT.
(Ah!)
 

MANIFESTAÇÕES DO DIA 16 DE AGOSTO ASSUSTAM O PLANALTO. DILMA CONVOCA UNE E MST DE NOVO!

10 Aug 2015

*Luciano Lima

O jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira (10) traz uma reportagem sobre uma possível reunião nesta semana da presidente Dilma Rousseff com a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), braços políticos do PT disfarçados de movimentos social e estudantil, respectivamente. 

Segundo o jornal, embora ainda não haja uma medição interna sobre o público das manifestações do próximo domingo, a cúpula do governo avalia que os protestos terão uma grande adesão. Alguns integrantes do PT afirmaram, na semana passada, que poderia "ser o começo do fim", caso o governo não reagisse. 

A grande verdade é que a presidente Dilma Rouseff está acuada e bastante fragilizada. O PT e sua militância tentam a todo custo criar factóides e desmoralizar as instituições que trabalham para desmobilizar a corrupção que foi institucionalizada no Brasil nos últimos anos. E não tenho dúvida que convocar a UNE e o MST para fazer contraponto as manifestações do 16 de agosto pode trazer consequências desastrosas. Vale lembrar que as últimas manifestações da UNE e do MST em prol do governo Dilma Rouseff foram um fracasso. 





Comentário

Eu não sei o que vcs estão sentindo mas eu não aguento mais ouvir essa frase:" O governo Dilma está fragilizado, a Presidenta vai cair...O PT está sem base de apoio , acabou.." e NADA acontece!!

Ou cai ou não cai mas essa espera, esta indecisão estão me irritando!

Anonimo

COP21: ‘Qual é a prioridade? O meio ambiente ou a economia’. Entrevista com José Marengo


Publicado em agosto 10, 2015 por


“Para a definição de uma política sustentável, a agenda climática é um dos componentes, mas é preciso ter vontade política e compromissos de longo prazo; é algo que escapa um pouco da ciência climática”, afirma o meteorologista.
Foto: estadão.com.br 
Se os participantes da Conferência das Partes – COP-21, que acontece no mês de dezembro em Paris, conseguirem preparar as bases para um novo protocolo, que substituirá o Protocolo de Kyoto, a COP poderá ser considerada um “sucesso”, diz José Marengo à IHU On-Line.


Apesar de reconhecer os avanços das Conferências do Clima, seja para discutir as questões climáticas, seja para estimar metas de redução de gás carbônico, Marengo é categórico: “Não sei se os membros irão assinar ou não um novo acordo, duvido”. Entretanto, lembra que “o Protocolo de Kyoto foi criado dentro de uma COP, mas foi assinado depois, em outro evento, na cidade deKyoto”.


As metas brasileiras para a COP-21, frisa, deveriam levar em conta alguns setores estratégicos, como o de energia, adaptando a matriz energética para absorver mais fontes renováveis. “O Brasil, agora, já se comporta como país desenvolvido, e a maior poluição já não vem da queima de biomassa, mas sim do uso de combustíveis fósseis de desenvolvimento, ou seja, o Brasil também tem que adaptar sua matriz de energia e ter uma combinação de combustíveis fósseis — porque é praticamente impossível eliminar combustíveis fósseis — com biodiesel, energia solar, fotovoltaica, eólica, portanto, energias renováveis. No caso da energia elétrica, por exemplo, a matriz é limpa, mas o problema é que quando falta água passam a funcionar as termoelétricas, que consomem muito carvão”, pondera.


Na entrevista a seguir, concedida por telefone, Marengo também comenta as principais previsões dos possíveisimpactos que as mudanças climáticas poderão causar tanto no Brasil quanto na América do Sul e na América Central. “Na América Central tem um agravante, que são os furacões, porque toda a América Central é afetada pelos dois lados – Pacífico e Atlântico – por furacões. Em um planeta mais quente, os modelos mostram que haveria menos furacões no futuro, porém muito intensos, e esses países não estão preparados para resistir aos impactos de um furacão de categoria cinco, por exemplo. (…) Essas são áreas que não estão preparadas e que estão muito expostas e vulneráveis, e se não conseguirem reduzir essa vulnerabilidade com adaptação, poderão ser facilmente afetadas”, explica.


José Marengo possui graduação em Física e Meteorologia, é mestre em Engenharia de Recursos de Água e Terra, pela Universidad Nacional Agraria, no Peru, e doutor em Meteorologia pela University of Wisconsin nos EUA. Fez pós-doutorado em modelagem climática na NASA-GISS e Columbia University em Nova York e na Florida State University na Florida, EUA.


Foi coordenador científico da previsão climática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. Atualmente é pesquisador titular e Chefe de Pesquisa no Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – CEMADEN ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MCTI, onde trabalha com eventos extremos e desastres naturais. É professor na pós-graduação do INPE e é membro de vários painéis internacionais das Nações Unidas. Também é membro de grupos de trabalho no Brasil e no exterior sobre mudanças de clima e mudanças globais.


Confira a entrevista.
Foto: ecodesenvolvimento.org 
IHU On-Line – Como devemos entender o conceito de mudanças climáticas? Trata-se somente de um processo de aquecimento do planeta ou inclui outros fenômenos?
José Marengo – Na verdade, na meteorologia usamos dois termos. O primeiro é variabilidade climática, ou seja, no verão é quente e no inverno é frio, hoje é quente e amanhã entra uma frente fria, ou o fenômeno do El Niño e todos aqueles fenômenos que nós observamos em dias, horas e anos, que são o que chamamos de variabilidade climática.


Obviamente esses eventos da variabilidade terminam e nós voltamos ao que chamamos de normalidade. Já o termo mudança é usado para um tipo de comportamento que caminha em uma direção por longo prazo, ou seja, gradativamente a temperatura aumenta em todo o mundo, e isso tem impactos nas chuvas, na temperatura e na precipitação, tendo também consequências na população.


Atualmente temos um processo de aquecimento global que está gerando uma mudança climática. Claro que mudança climática, no contexto do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, é uma escala que corresponde à vida dos seres humanos num contexto de 200, 300 anos. No passado já aconteceu esse tipo de fenômeno, por exemplo, no período geológico, que chamamos de Holoceno, quando há 11 mil anos o eixo da Terra mudou e, como consequência, tivemos uma mudança climática, grandes áreas da América do Sul, que agora estão mais quentes, passaram a ser muito frias.



Naquela época essa mudança foi um processo natural, não teve interferência humana, através do desmatamento ou do uso de combustíveis fósseis, mas essa foi também considerada uma mudança climática. Do mesmo modo, quando um meteoro impactou a Terra na península de Iucatã e esse impacto produziu fogos e queimadas em todo o mundo, essa camada de fumaça bloqueou a radiação solar e permitiu que a terra entrasse na Era do Gelo; isso também gerou uma mudança climática.



 Essa mudança climática é algo de longo prazo, que dura, em alguns casos, centenas de milhares de anos e que pode ter uma causa natural. Então, são duas coisas diferentes: não necessariamente toda mudança climática é aquecimento; já houve períodos de resfriamento também.


IHU On-Line – Além da intervenção humana, há outros fenômenos climáticos que contribuem para esse processo de aquecimento?
José Marengo – O que nós podemos dizer é que o aquecimento global é um processo natural. É claro que com milhares de anos, você não percebe naturalmente de um ano para o outro se o planeta esquentou ou não. Além de ser um processo natural, estamos em uma era interglacial, ou seja, de interglaciações, relativamente mais quente. Na escala geológica, 200, 300 anos não são nada se comparados com milhões de anos. Então, uma das coisas que se observa nos últimos 150 anos, mais ou menos, é que além deste processo natural, existe uma interferência humana, geralmente na forma de emissões de gases de efeito estufa – GEE, e associadas à queima de combustíveis fósseis.


Portanto, é como se o homem estivesse contribuindo mais para um processo natural que já está acontecendo. Ou seja, podemos dizer que a causa da mudança climática é a combinação de fatores naturais com fatores antropogênicos, só que fica muito difícil dizer, em porcentagem, qual é mais importante.


O que o IPCC demonstra, com técnicas estatísticas, é que o efeito humano não pode ser desconsiderado, não pode ser ignorado; ele é importante e significativo. Mas o IPCC não diz que 100% do aquecimento advém da atividade humana. Esse é um ponto, por exemplo, que os geólogos questionam, porque o ser humano não esquenta o planeta, o ser humano ajuda em um processo natural que leva a um maior aquecimento do planeta. Mas o ser humano, sozinho, não esquenta o planeta.


IHU On-Line – Quais medidas podem ser adotadas para conter as mudanças climáticas? Elas podem conter esse quadro?
José Marengo – Essa é um pouco a ideia, pois quando o processo é natural e gradativo, demora muitos anos para sentirmos os seus efeitos. Então, a ideia é um pouco “manter a naturalidade” do processo natural e tentar reduzir a interferência. Como reduzir a interferência? Primeiro, por um lado, atacar a fonte, que são os combustíveis fósseis. Para isso é necessário reduzir as emissões de gás carbônico, como alguns países estão propondo. Mas, por outro lado, existe muito dióxido de carbono na atmosfera, que está aí e que está esquentando, com o qual ainda temos de fazer alguma coisa.



As florestas, geralmente a vegetação em geral, funcionam como sumidouros de carbono através do processo de fotossíntese, ou seja, absorvem carbono. Por isso, aquelas ideias de reduzir o desmatamento, aumentar as florestas através de um programa mundial de reflorestamento, são alternativas para poder reduzir os problemas humanos.



Ou aquelas soluções de bioengenharia de pegar todo o CO² e injetar no fundo do planeta para poder deixar a atmosfera mais limpa. Essas são formas que nós humanos estamos adotando para tentar reduzir a nossa culpa, limpando a atmosfera e deixando o aquecimento, que obviamente vai continuar, nos menores índices possíveis.



Com aquecimento, por exemplo, de 2ºC ou menos, é possível a adaptação, e os impactos nos ecossistemas poderão ser muito menores. Mas com um aquecimento muito grande, ainda que o ser humano possa se adaptar com diferentes tecnologias — ar-condicionado, energias alternativas —, os ecossistemas naturais não têm essa facilidade de adaptação e poderemos perder muita biodiversidade.

“No Brasil, este inverno, com certeza, será um dos mais quentes a nível mundial”


IHU On-Line – Como o senhor avalia, por outro lado, estudos de alguns pesquisadores que afirmam que o mundo entrará num processo de esfriamento daqui a 30 anos? Como esse tipo de estudo se relaciona com os do IPPC na discussão sobre mudanças climáticas?
José Marengo – O resfriamento é considerado no contexto de mudanças climáticas. Mas se observamos as séries de temperatura, quando falamos em aquecimento gradativo, é possível ver uma tendência de aquecimento. Houve, entretanto, hiatos de resfriamento observados durante cinco anos, e todo mundo achou que o aquecimento havia acabado e tínhamos entrado em uma era fria, mas isso não se cumpriu. Nós estamos, novamente, na tendência de aquecimento.


No Brasil, este inverno, com certeza, será um dos mais quentes a nível mundial. Os seis primeiros meses de 2015 aparecem como os mais quentes do registro histórico. Acredito que é pouco provável que esta tendência se reverta e que dentro dos próximos 20 ou 30 anos tenhamos um resfriamento. O resfriamento pode acontecer na nossa escala geológica, no futuro, daqui a milhares de anos, quando o Planeta Terra passar por uma nova mudança geológica.


IHU On-Line – Como estão os estudos sobre os impactos das mudanças climáticas na flora e na fauna da Amazônia? Já é possível vislumbrar se há impactos decorrentes das mudanças climáticas na região ou prever possíveis impactos?
José Marengo – Os modelos preveem os possíveis impactos. Um modelo é uma representação matemática da realidade e nem sempre é algo que acontecerá, mas é algo que pode acontecer. Por exemplo, os primeiros estudos feitos entre pesquisadores ingleses e brasileiros, a partir do ano 2000, mostravam que o aumento de temperatura acima de 3,5ºC ou 4ºC e um aumento na concentração de CO² poderia gerar um colapso da floresta Amazônica.


Atualmente, a floresta Amazônica funciona como um sumidouro de carbono, ou seja, absorve carbono. Contudo, imagine que vamos a uma festa e começamos a comer sem parar, mas de repente não é possível comer mais e começamos a vomitar. Na floresta seria assim, ou seja, ela absorve CO², mas chega a um limite de saturação e depois começa a emitir CO². Nesse momento, quando se passa de um sumidouro para uma fonte, acontece o que os modelos chamam de um colapso da floresta Amazônica. Ou seja, o que é uma floresta pode passar a ser outro tipo de vegetação, uma floresta secundária ou algum tipo de Savana, o que alguns chamam de um processo de “savanização” da Amazônia; isso é algo que fisicamente pode acontecer.



No entanto, não temos muitas evidências de que isto, por exemplo, já está acontecendo na Amazônia; muitos estudos não mostram isso. As chuvas, por exemplo, não estão diminuindo significativamente na Amazônia; é possível ver que temos extremos e enchentes, então, por enquanto, não há indicadores de que a floresta está ficando mais seca.


Tivemos anos de seca, obviamente, como 2005 e 2010, com muitas queimadas, mas depois de uma seca veio uma enchente, então meio que equilibrou. Mas esta possibilidade pode existir, ainda que o grau de incerteza seja muito alto.



IHU On-Line – Que dados permitem estimar que a Amazônia poderia virar Savana em 35 anos?
José Marengo – Trata-se de uma estimativa possível, mas não é um fato comprovado. O relatório do IPCC mostrou que o nível do mar, no futuro, pode chegar a 60 centímetros, mas se a Groenlândia derreter totalmente, o nível do mar pode chegar a subir metros em algumas áreas e poderá acabar com toda a fauna costeira de água doce no Brasil.


Nesse caso, a Groenlândia desapareceria. O mesmo caso aconteceria na Amazônia: se a Amazônia virasse um Cerrado, haveria um colapso em toda a fauna e flora, porque a temperatura seria maior, áreas de água doce seriam invadidas por água salgada, espécies animais poderiam migrar para outras áreas e outras espécies poderiam entrar na Amazônia, a vegetação entraria em colapso e seria substituída por outro tipo de vegetação. Tudo isso é como uma reação em cadeia.


Nós estamos assumindo esse tipo de cenário possível de, por exemplo, daqui a 35 anos a Amazônia virar uma Savana ou a floresta colapsar. Mas, como todo o tipo de projeção tem certas condições que são assumidas, novamente, todos esses são possíveis cenários, porém não significa que isso é o que acontecerá com certeza.


IHU On-Line – E o que poderia acontecer com o Cerrado, que hoje é um bioma que está sendo bastante degradado?
José Marengo – O Cerrado correspondente a uma área onde os modelos não funcionam bem e têm certo grau de dificuldade. Onde os modelos funcionam melhor é no Sul, Norte e Nordeste do Brasil. Mas o que se mostra para o futuro é que, assumindo que teremos uma temperatura maior e reduções na precipitação, de fato isso pode dar lugar a um ar mais seco, a um aumento na frequência de queimadas, ou seja, o ecossistema seria muito impactado negativamente.

“É pouco provável que esta tendência se reverta e que dentro dos próximos 20 ou 30 anos tenhamos um resfriamento”

IHU On-Line – Os pesquisadores de clima sempre alertam para o fato de que os países mais pobres serão os mais impactados pelas mudanças climáticas. O senhor pode nos falar sobre impactos e possíveis impactos tanto na América do Sul quanto na América Central?
José Marengo – Normalmente se fala isso porque os países pobres são aqueles que estão mais expostos e vulneráveis. O primeiro caso que vemos é o do Nordeste, que é relativamente mais pobre e exposto, e tem histórico de secas — temos atualmente uma seca e provavelmente essa seria uma das primeiras regiões mais impactadas.


Nesse sentido, a seca aumentaria, a migração do pessoal do Nordeste para outras áreas aumentaria, gerando um problema social, a Caatinga poderia ser afetada em algumas áreas, porque hoje o clima ali é semiárido — chove apenas metade do ano —, mas poderia passar a ser um clima árido, e com isso o bioma entraria em um processo de desertificação.


A Amazônia é mais ou menos similar: os ecossistemas seriam afetados e a população ribeirinha também. Mas, talvez, os impactos poderiam ser maiores em áreas que não são tão pobres, como São Paulo, Rio de Janeiro, Sudeste em geral e Sul, onde nós já temos uma mostra do que pode acontecer — veja a seca do Sudeste e os extremos de chuvas intensas e tornados que acontecem na região Sul. Nessas áreas o clima pode virar mais extremo.


Na América Central tem um agravante, que são os furacões, porque toda a América Central é afetada pelos dois lados — Pacífico e Atlântico — por furacões. Em um planeta mais quente, os modelos mostram que haveria menos furacões no futuro, porém muito intensos, e esses países não estão preparados para resistir aos impactos de um furacão de categoria cinco, por exemplo. Agora, Estados Unidos também não, é só lembrar do Katrina, que matou mais de mil pessoas em New Orleans.


Mas o furacão Andrew, se não me engano, matou 10 mil pessoas em Honduras, consequência das enxurradas e deslizamento de terras. Então, essas são áreas que não estão preparadas e que estão muito expostas e vulneráveis, e se não conseguirem reduzir essa vulnerabilidade com adaptação, poderão ser facilmente afetadas. Contudo, para adaptação precisa dinheiro e, por conta disso, os países mais pobres serão os mais afetados e impactados, porque eles não têm dinheiro para a adaptação.


IHU On-Line – O senhor tem falado sobre a necessidade de os governos definirem novos cortes de emissões de gases de efeito estufa. No que se refere ao Brasil, que tipos de cortes poderiam ser feitos, em quais setores, e que metas o Brasil deveria assumir para a COP-21, considerando que o país ainda não divulgou quais serão suas metas?
José Marengo – Como você falou, não sei exatamente quais serão as metas. Mas entre os setores que são mais importantes, o primeiro deles é o desmatamento — o ideal seria reduzir a taxa a zero, coisa que é pouco provável e pouco possível, mas pelo menos é preciso reduzir as taxas o máximo possível.



O Brasil, agora, já se comporta como país desenvolvido, e a maior poluição já não vem da queima de biomassa, mas sim do uso de combustíveis fósseis de desenvolvimento, ou seja, o Brasil também tem que adaptar sua matriz de energia e ter uma combinação de combustíveis fósseis — porque é praticamente impossível eliminar combustíveis fósseis — com biodiesel, energia solar, fotovoltaica, eólica, portanto, energias renováveis. No caso da energia elétrica, por exemplo, a matriz é limpa, mas o problema é que quando falta água passam a funcionar as termoelétricas, que consomem muito carvão.


O Brasil tem que mostrar metas que sejam significativas e possíveis, porque muitos países da América Latina veem o Brasil como líder. Desse modo, basicamente o que o Brasil faz, será seguido por outros países, isso é importante porque todo mundo tem de reduzir emissões. Nesse sentido, não adianta o Brasil reduzir suas emissões e China e Estados Unidos continuarem aumentando. O planeta é global, o clima é mundial, o que acontece na China, no longo prazo, pode afetar o que acontece no Brasil em termos de clima.



IHU On-Line – Nesse sentido, o que pode ser feito em termos de política de favorecimento para o uso de combustíveis alternativos? Se formos comparar o preço da gasolina e do etanol, embora o etanol seja ecologicamente melhor e mais barato em relação à gasolina, o rendimento é menor e, do ponto de vista econômico, que é o que as pessoas levam em conta nesse caso, não vale a pena usar etanol.
José Marengo – Sim, é verdade. No momento eu uso mais gasolina do que etanol. Mas uma das coisas que devem ser pensadas também, é que nesse momento, por exemplo, comparado com a situação que foi definida em Copenhague ou um pouco antes, quando todos os países se comprometeram com planos e políticas ambientais, veio a crise econômica mundial e a agenda ambiental passou para segundo plano.



O Brasil, por exemplo, vive uma crise econômica que está piorando, e quando isso acontece, os países, primeiro, tentam resolver a crise econômica e política, e a agenda ambiental tende a ficar em segundo plano. É lógico, é preciso primeiro anteder necessidades da população, ainda que o estabelecimento de metas possa ajudar a população nos próximos 10 anos, mas primeiro tem que trabalhar com a população.



Então, o que nos preocupa é que países em crise comecem a deixar seus compromissos de redução de emissões não favoráveis, muito aquém do que deveria ser, mas que também os países se comprometam e, devido à crise econômica, não consigam alcançar esse acordo. Esse é um problema. Todos pensam que desenvolvimento é ir para os Estados Unidos, em um carrão, com TV de Plasma, ar-condicionado, chuveiro, e isso consome energia. Esse modelo de desenvolvimento tem que ser mudado, ou seja, ser menos dependente de combustíveis fósseis.

“A ciência climática fornece as evidências para que os governos tomem decisões para políticas ambientais. Mas aí vem a prioridade, e qual é prioridade?”

IHU On-Line – Quais são as alternativas para se ter desenvolvimento sustentável?
José Marengo – Essa é uma questão difícil: o famoso desenvolvimento sustentável pode funcionar em escala pequena, em uma cidade. Tenho escutado de algumas pessoas que o Rio de Janeiro zerou suas emissões e, portanto, já fez a sua parte, mas as pessoas não se dão conta de que os ventos podem levar a poluição de São Paulo para o Rio de Janeiro, e continuará na mesma.


Por isso, para a definição de uma política sustentável, a agenda climática é um dos componentes, mas é preciso ter vontade política e compromissos de longo prazo; é algo que escapa um pouco da ciência climática.



Por exemplo, a ciência climática fornece as evidências para que os governos tomem decisões para políticas ambientais. Mas aí vem a prioridade, e qual é a prioridade? O meio ambiente ou a economia? Muitas vezes a prioridade é a economia e, então, a sustentabilidade passa para segundo plano ou para uma pequena escala. Mas a sustentabilidade deve ser em escala nacional, não somente na cidade ou na pequena empresa, tem de ser em todo o país. No entanto, isso é muito difícil de alcançar, em todo o mundo; não é impossível, mas é muito complicado.



IHU On-Line – Que avaliação faz das COPs enquanto instrumento para tratar das questões de mudanças climáticas? Qual a expectativa para a COP-21?
José Marengo – Sou otimista. As COPs têm tido muitos avanços, por exemplo, chegou-se a banir o uso dos carbonos para evitar perdas na camada de ozônio. As COPs são a única oportunidade de todo mundo colocar as cartas na mesa, de mostrar seus problemas, de discutir, não existe outro ambiente onde se tome esse tipo de discussão.


Tudo bem que, talvez, em Lima, por exemplo, na COP-20 do ano passado, não se chegou a muitos acordos porque todo mundo guardava material para Paris, para a COP-21, mas pelo menos se conversou sobre o problema e isso já é um avanço.



Agora, já existem compromissos pré-COPs: a Europa está levando a discussão a sério, a China e os Estados Unidos se comprometeram, o Brasil também está muito ativo. Com isso, creio e espero que saia um material dessa COP para ter um novo protocolo. Eu não sei exatamente se assinarão um novo protocolo na COP, mas espero que pelo menos seja estabelecido algo para que no futuro possa ser assinado.


O Protocolo de Kyoto, por exemplo, foi criado dentro de uma COP, mas foi assinado depois, em outro evento, na cidade de Kyoto. Mais ou menos o que se espera é isso: preparar avanços para o novo protocolo; isso já é bastante. Não sei se os membros irão assinar ou não, duvido. Mas pelo menos devem preparar avanços para um novo protocolo e grupos de trabalho em nível mundial; isso já seria um sucesso para a COP-21.



IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
José Marengo – Dizer que a comunidade científica brasileira que trabalha questões de clima está contribuindo ativamente com subsídios científicos para o governo, porque a representação nas COPs é feita pelos governos, pelo Ministério de Relações Exteriores, pelo Itamaraty, pelo Ministério do Meio Ambiente, mas todos os políticos que vão, levam os nossos subsídios científicos. Então estamos felizes que nos considerem seriamente agora.
Por Patriacia Fachin



(EcoDebate, 10/08/2015) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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A importância das Metas Sustentáveis do Milênio, artigo de Laís Vitória Cunha de Aguiar

Publicado em agosto 10, 2015 por

artigo
[EcoDebate] As metas do milênio são bem conhecidas aqui no Brasil, sendo disseminadas em aulas escolares e até provas, mas e quanto aos objetivos sustentáveis do milênio (ODS)? O processo de mudança das metas ainda está ocorrendo, porém o essencial já foi acertado. 
O que seria o essencial? As dez primeiras metas, por exemplo, fazem parte do pacote essencial. 
E o cidadão com isso? O Brasil, nos últimos doze anos, tem tido um papel importante nas negociações, especialmente as climáticas, mas esse papel não tem sido divulgado pela mídia tradicional. 


O que o Brasil tem feito? Criado plataformas para discussão das metas sustentáveis, para que ‘as metas brasileiras sejam mais ambiciosas que as próprias metas sustentáveis do milênio, pois cada país vai fazer sua história.’- Mário Mottin, chefe da Coordenação-Geral de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria-Geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores na Cúpula Social do Mercosul. 


Discutido, assim como outros em desenvolvimento e subdesenvolvidos, com os desenvolvidos, já que ‘a ênfase dos países desenvolvidos é que cada país é responsável pelo seu próprio desenvolvimento, mesmo que a América Latina tenha sido responsável por 95% das metas do milênio efetuadas aqui, sendo que as metas do milênio que não foram cumpridas é graças a falta de recursos internacionais, de cooperação. Eles tinham que vir com mecanismos completos. E mesmo assim nós somos a região que mais retirou gente da pobreza’– Mário Mottin. 


Basicamente as nações desenvolvidas não querem assumir suas responsabilidades em relação aos países subdesenvolvidos, ou seja, ignorar o sétimo princípio da declaração da Eco 92 (realizada no Rio, em 1992), que afirma a existência de responsabilidades comuns dos países, além das diferenciadas, graças ao nível de desenvolvimento de cada um.


Felizmente alguns mecanismos de cooperação estão sendo realizados: ‘O Brasil conseguiu um compromisso concreto sobre financiamento com a França.’- Mário Mottin. Quando será realizado ou em que objetivos o dinheiro será aplicado não foi dito pelo Chanceler, mas creio que em pouco tempo poderemos ter acesso a essas informações


Porém, nem tudo que poderia ter sido realizado foi, como admite o Chanceler: ‘Gostaria de ter ido mais longe em universos de outros temas igualmente complexos, como a questão indígena, a igualdade de gênero, o empoderamento (sic) das mulheres, mas muitos acabaram sendo nivelados por baixo.’ –Mário Mottin.

Apesar de em um primeiro momento a falta de inclusão de outros temas ser ruim para a sociedade, no final ela pode ter uma breve vantagem: ‘ Mas isso nos apresenta oportunidades futuras, pois essa negociação está sendo feita de maneira diferente das anteriores: a sociedade civil está conseguindo um espaço maior nas negociações; as negociações estão mais limpas.’ – Mário Mottin.

O Brasil procurou ampliar o espaço com consultas, por exemplo, assim o tema que a sociedade civil indicou tornou-se o mote da posição brasileira. O objetivo dez (relativo a miséria) não foi fácil de aprovar, pois há países que não se interessam na redução da desigualdade.’- Mário Mottin.

Se até no que parecia desvantagem há vantagem, então qual o lado negativo? O Chanceler foi claro que não acredita na realização de todas as metas, pois também é uma questão financeira, então a desvantagem é escrever e se comprometer com objetivos que não podem ser totalmente realizados. Não seria melhor se comprometer apenas com o que é possível se realizar? 

Como tudo isso se adequa a nossa realidade? Ou seja, o que nós podemos fazer para auxiliar e o que isso muda o nosso dia a dia? 

Para auxiliar podemos, por exemplo: denunciar escolas que não estão funcionando e auxiliá-las a funcionar por meio de cooperação entre professores e pais (a quarta meta refere-se à educação de qualidade), lutar contra preconceitos diários a respeito de mulheres para concretizar a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres (quinto objetivo), entre tantas outras ações que podemos realizar para tornar os objetivos sustentáveis do milênio realidade. 

O que isso muda no nosso dia a dia? Especialmente aqui no Brasil, em que a educação pública não tem qualidade, transforma toda nossa realidade: já pensou se pudéssemos ter uma educação completa e boa sem gastar um centavo? Muda até mesmo a quantidade de violência, pois sem pobreza assaltos não ocorrerão com tanta frequência. 

É possível e provável que alguns objetivos permaneçam no papel, mas se conseguirmos realizar metade deles, como acabar com a pobreza, já teremos feito do mundo um lugar melhor para as futuras gerações. 

Por Laís Vitória Cunha de Aguiar, Adopt a Negotiator.

in EcoDebate, 10/08/2015

"A importância das Metas Sustentáveis do Milênio, artigo de Laís Vitória Cunha de Aguiar," in Portal EcoDebate, 10/08/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/08/10/a-importancia-das-metas-sustentaveis-do-milenio-artigo-de-lais-vitoria-cunha-de-aguiar/.

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Suplemento para vaca reduz gases e é arma contra mudança climática

7/08/2015 


Criação de gado representa 44% das emissões de metano no planeta.


Em testes, saúde da vaca não foi afetada pelo suplemento alimentar.

Da France Presse
 Vacas leiteiras em fazenda em Granby, Quebec, no Canadá, em foto de julho; suplemento alimentar promete reduzir quantidade de gases produzidos por vacas  (Foto: Reuters/Christinne Muschi) Vacas leiteiras em fazenda em Granby, Quebec, no Canadá, em foto de julho; suplemento alimentar promete reduzir quantidade de gases produzidos por vacas (Foto: Reuters/Christinne Muschi)
Um novo suplemento alimentar para vacas leiteiras diminuiu em 30% as emissões de gás metano destes animais, prometendo se converter em uma arma valiosa na luta contra as mudanças climáticas.
A criação de gado representa 44% das emissões de metano no planeta derivadas da atividade humana.


E a redução deste gás pode ser um grande passo na luta contra as mudanças climáticas, segundo os autores do estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicado nesta quinta-feira pela revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS).

"Se for aprovado pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) e adotado pela indústria de agropecuária, este inibidor de metano pode ter um impacto significativo nas emissões de gases de efeito estufa do setor de gado", disse Alexander Hristov, professor de nutrição da universidade Penn State e principal autor do estudo.

Cada vaca produz até 550 gramas de gás por dia
A fermentação no estômago do gado, ovelhas e cabras produz metano como resultado da ação de micro-organismos durante a digestão. No entanto, estes animais precisam expulsar estes gases para sobreviver. Assim, cada vaca leiteira emite entre 450 e 550 gramas de metano por dia.
 Vacas leiteiras interagem com gatinho em fazenda de Granby, em Quebec, Canadá  (Foto: Reuters/Christinne Muschi) Vacas leiteiras interagem com gatinho em fazenda de Granby, em Quebec, Canadá (Foto: Reuters/Christinne Muschi)
 
Os cientistas descobriram que uma substância denominada 3-nitrooxypropanol, desenvolvida pela empresa alemã DSM Nutritional Products e fornecida como um suplemento alimentar para os bovinos, bloqueia uma enzina usada para produzir metano sem afetar a digestão, determinou o estudo.

A pesquisa foi realizada durante três meses em estábulos da Pensilvânia (nordeste dos Estados Unidos) com 48 vacas Holstein Breed. O suplemento também permitiu que os animais ganhassem peso devido à redução da formação de metano.

Este ganho de massa corporal é explicado porque o carbono que não é utilizado na formação do metano é aproveitado pelo organismo para produzir mais tecido.

Os investigadores disseram que a saúde das vacas e a produção de leite não foram afetadas pelo suplemento.

Ermias Kebreab, professor de ciência animal na universidade da Califórnia em Davis (oeste), que não participou do estudo, disse que o resultado é encorajador.

'Grande promessa'
"É uma grande promessa porque não esperávamos chegar a este nível de redução ao aplicar este complemento", afirmou o acadêmico.

Trinta por cento é um valor enorme e pode significar uma grande diferença nos gases de efeito estufa emitidos pelo setor agropecuário", disse à AFP.

"Eu recomendaria fazer este tipo de estudo por um período mais longo. Deve ser feito durante um ano e em diferentes locais", sugeriu.

No total, a agropecuária é responsável por 24% das emissões mundiais totais de gases de efeito estufa, principalmente CO2 e metano.

Organizações do Mundo Inteiro Dizem à ONU “Não Jogue no Lixo a Declaração Universal dos Direitos Humanos”


Stefano Gennarini
NOVA IORQUE, EUA (C-Fam) À medida que os países negociam a reformulação do sistema de desenvolvimento da ONU, eles estão também renegociando o lugar da família nas políticas da ONU.
Mais de 70 organizações do mundo inteiro fizeram um pedido para que a ONU mantenha a linguagem há muito sagrada da Declaração Universal de Direitos Humanos sobre a família como a “unidade natural e fundamental da sociedade” num novo acordo influente da ONU.
 
Governos esquerdistas, inclusive os Estados Unidos, estão tentando convencer a Assembleia Geral a descartar a linguagem pró-família da Declaração Universal e em vez disso usar frases que os críticos consideram como ideologicamente carregadas, especificamente “todas as famílias” e “várias formas da família.” 
 
Esses tipos de frases têm sido rejeitados em anos recentes, mas o governo de Obama transformou em prioridade usá-las neste importante documento de desenvolvimento.
 
“Setenta anos depois da fundação da ONU, essa linguagem continua a ser a base de praticamente todas as resoluções e conferências da ONU que mencionam a família,” as organizações dizem numa declaração conjunta sobre o acordo que está atualmente sendo negociado e será adotado em setembro enquanto a ONU celebra o aniversário de 70 anos de sua fundação.
A declaração acrescenta que seria “trágico” ver a inclusão de linguagem ambígua sobre família no acordo em vez disso.
 
A declaração exorta os países membros das ONU a incluir a linguagem da declaração a fim de “garantir que o resultado da cúpula pós-2015 reflita a opinião da maioria de que a família é a unidade natural e fundamental da sociedade, onde crianças são o fruto natural do amor entre homens e mulheres.”
 
O artigo 16 da Declaração Universal de Direitos Humanos tem feito parte de praticamente todas as referências sobre família nos acordos da ONU desde que a declaração foi adotada pela primeira vez em 1948. Esse poderá não ser o caso por muito mais tempo.
 
O parágrafo que menciona a família na versão preliminar do acordo que está no momento sendo negociado deixa de fora linguagem da Declaração Universal de Direitos Humanos.
 
O grupo africano, que consiste de 57 nações africanas, e o maior bloco regional de negociação na ONU, é o único grupo de nações que expressa seu desejo para que a linguagem da Declaração Universal de Direitos Humanos seja incluída no novo acordo de desenvolvimento até agora nesta semana. Eles disseram que prefeririam não ter nenhuma referência sobre família no documento final do que não incluir a linguagem da declaração.
 
Outros blocos de negociação que normalmente ficariam do lado dos africanos, tais como o grupo árabe e as nações caribenhas, têm estado indecisos sob pressão dos Estados Unidos e países europeus. Embora não fizessem o compromisso de reconhecer relações de mesmo sexo, estão aceitando deixar de fora a linguagem da declaração.
 
Durante as negociações os países da Europa e América disseram que a família é irrelevante para o desenvolvimento social e econômico, e pediram a eliminação do parágrafo sobre reconhecimento de “várias formas da família” — uma frase com a qual eles também querem dizer relações de mesmo sexo. Nenhum deles tem apoiado a inclusão da linguagem da declaração.
 
Pessoas bem informadas sabem que isso é uma tática de negociação.
 
Os europeus e os americanos não querem uma referência à família com a linguagem da Declaração Universal de Direitos Humanos porque exclui todo reconhecimento internacional de relações de mesmo sexo como capazes de constituir uma família. Uma referência à família acompanhada pela linguagem da declaração especificaria todas as referências à família no contexto da implementação do novo acordo de desenvolvimento.
 
Ao deixar de fora a linguagem da declaração esses países sentirão que têm a flexibilidade necessária de interpretações para promover relações de mesmo sexo como famílias no sistema da ONU.
 
Tradução: Julio Severo
Fonte: Friday Fax

Mackenzie e sua professora abortista

Julio Severo
A liberalização do aborto no Brasil foi discutida numa audiência no Senado Federal em 6 de agosto de 2015. Entre os debatedores estavam feministas pró-aborto. A grande surpresa foi que o Senado fez a apresentação de uma delas como “Márcia Tiburi, professora de pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.” O Mackenzie é a instituição educacional calvinista mais elevada do Brasil.
A fala pró-aborto de Márcia, gravada pela TV Senado, começou dizendo que por onde viaja pelo Brasil todo em seu ativismo pró-aborto ela leva o nome Mackenzie com ela, frisando que ela não é a única no Mackenzie que é a favor do aborto. Para assistir à gravação da TV Senado, confira este link: https://youtu.be/DLxm7U0OEes
Na audiência, a professora do Mackenzie disse: “Vociferar contra o aborto é apenas um modo biopolítico de controlar a vida das mulheres… e sobretudo de angariar adeptos para causas autoritárias… O que se ganha e quem ganha com isso? Sacerdotes da fala antiabortista promovem o discurso com que se convencem as massas ignaras. Em um país de pessoas analfabetas, inclusive as mulheres, e de corrupção desmedida em termos morais, estão garantidos os votos, o dízimo e o consumo em geral. A legalização do aborto é portanto parte fundamental de um processo democrático socialmente responsável.”
Segundo o currículo dela, ela está ligada oficialmente ao Mackenzie desde 2008. Sua especialidade é dar aulas de filosofia e ética. Mas as palavras que ela vociferou contra a vida dos bebês em gestação no Senado demonstram exatamente o contrário: uma total falta de ética. Qualquer filosofia que despreza a vida mais inocente é um desprezo à própria ética.
Márcia, que em seu ativismo feminista pró-aborto é louvada até mesmo pelo Partido Comunista do Brasil, expõe sua falta de ética desde antes de 2008. Antes de se tornar professora do Mackenzie, ela defendeu o aborto no site oficial do Partido Comunista do Brasil. Se o contratante (Mackenzie-IPB) tivesse tido o cuidado de fazer uma averiguação básica, teria facilmente constatado, até mesmo por uma simples busca no Google, que estava contratando não uma simples e inocente professora, mas uma ativista radical sedenta do derramamento legal de sangue inocente.
Como, nesses 7 anos em que Márcia está no Mackenzie, não houve nenhum problema e escândalo? A contratada está diretamente ligada ao movimento de militância pró-aborto. O contratante está diretamente ligado à Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).
A mera presença de Márcia como professora numa universidade evangélica é vitória para os abortistas e derrota para os evangélicos, que deveriam evangelizar, não contratar, propagandistas de assassinatos de bebês.
Quando Márcia escolheu como designação no Senado “professora do Mackenzie,” fatalmente comprometeu a instituição, que, por ser abertamente confessional (Universidade PRESBITERIANA Mackenzie), escolheu contratar uma professora que é militante feminista pró-aborto. O caso não é que ela merece ser demitida do Mackenzie. Ela nunca mereceu ser contratada.
A culpa não é dos contratados. É dos contratantes que escolhem muito mal seus candidatos de emprego.
Se Silas Malafaia ou um televangelista neopentecostal tivesse cometido o erro de contratar uma ativista feminista pró-aborto para uma de suas instituições confessionais, é certeza que os auto-proclamados apologetas calvinistas (“defensores da fé” e da “Sola Theologia”) estariam matando a pauladas os condenados e mandando-os para os quintos dos infernos.
No caso do Mackenzie e sua professora abortista, todos os apologetas calvinistas estão envoltos num silêncio sepulcral, como se tivessem sob juramentos monásticos de nunca fazer cobranças da universidade presbiteriana. Nesse escândalo, nenhuma abortista, ou quem a contratou, vai ser “queimado” na fogueira da Santa Inquisição Calvinista. Se fosse Malafaia, ele já teria virado cinzas na estaca de condenação.
Apesar disso, o Mackenzie divulgou no mesmo dia uma nota oficial que declara:
Nota de esclarecimento
06/08/2015 Chancelaria Reitoria
Em 6 de agosto de 2015, o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie emitiu uma nota lida na Comissão de Direitos Humanos do Senado pelo deputado Leonardo Quintão aos participantes do debate cujo tema versava sobre o aborto. Abaixo, a íntegra do texto:
Exmo. Deputado Leonardo Quintão,
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, com base em seus princípios e valores, repudia qualquer ato de atentado à vida e afirma que as posições expostas por seus professores são fruto da liberdade de expressão inerente ao ser humano e à vida intelectual. Por isso, reafirma a posição de sua entidade mantenedora, a Igreja Presbiteriana do Brasil, que repudia tanto a legalização do aborto, com exceção do aborto terapêutico, quando não há outro meio de salvar a vida da gestante, quanto o uso de anticoncepcionais abortivos.
Benedito Guimarães Aguiar Neto
Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie
É evidente que o Mackenzie não tem culpa pelas posturas desequilibradas de seus professores. Mas uma instituição que se confessa evangélica não pode fazer uma triagem e contratar apenas professores moralmente hábeis e de acordo com princípios cristãos e éticos básicos? Está havendo tanta escassez de candidatos calvinistas competentes para cargos na instituição calvinista que foi necessário contratar uma promotora de assassinatos de bebês? Por que o Mackenzie não escolheu um calvinista pró-família? Não há, em toda a IPB, nenhum calvinista que possa, no lugar da abortista, dar aula de filosofia e ética no Mackenzie?
E agora o Mackenzie quer se desvincular da ativista contratada apelando, num aceno cinicamente democrático, para a defesa de um suposto “fruto da liberdade de expressão”?
Nesse ponto, estou chocado! Defesa do aborto é “liberdade de expressão”? E a defesa do Holocausto? E a defesa do nazismo? E defesa da Inquisição Católica, que massacrou milhares de judeus e protestantes?
Falta de ética é “liberdade de expressão”?
E se no lugar da professora abortista, o Mackenzie tivesse um Julio Severo que, na sua vida fora do Mackenzie, expressasse opiniões contra a heresia cessacionista, a Teologia da Missão Integral e a maçonaria? O Mackenzie defenderia então que as posturas de Julio Severo são “fruto da liberdade de expressão,” sem maiores traumas?
A nota do reitor do Mackenzie deixou claro que a Igreja Presbiteriana do Brasil “repudia a legalização do aborto, com exceção do aborto terapêutico.” Ele teve de citar a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), pois a Universidade Presbiteriana Mackenzie está subordinada à IPB — tornando, de certa forma, a abortista Márcia estranhamente ligada à IPB.
Mas por que a IPB também não repudia o chamado aborto terapêutico? O Dr. Brian Clowes, em sua obra volumosa “The Facts of Life” (Os Fatos da Vida), diz:
Aborto terapêutico: A atual literatura médica iguala “aborto legal” com “aborto terapêutico.” A definição da palavra “terapêutico,” porém, significa “tratamento de doença.” O uso de “terapêutico” é outra tentativa pró-aborto de sanear um ato repugnante, e também sugere que a gravidez é uma doença — uma declaração que muitos abortista fazem diretamente.
O Dr. Roy Heffernan da Escola de Medicina da Universidade Tufts disse que “Qualquer um que realize um aborto terapêutico ignora os métodos médicos modernos ou não quer gastar tempo e esforço para aplicá-los.”
Se o Mackenzie estiver de fato tão cheio de ativistas de mentalidade semelhante à mentalidade de Márcia Tiburi, conforme ela mesma alegou no Senado, vou receber uma enxurrada de vaias e resmungos deles. E talvez até processos. Mal posso esperar as manchetes: “Professores Pró-Aborto da Universidade Presbiteriana Mackenzie Processam Ativista Pró-Vida Julio Severo!”
Seja como for, nenhuma instituição que se confessa cristã é obrigada a contratar militantes feministas cuja falta de ética as leve a defender o massacre legal de bebês em gestação. Se o fizerem, têm de arcar com as consequências do mau testemunho cristão.
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