quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Onze municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo assinam compromisso pela promoção de políticas públicas para conservar a Mata Atlântica

 

Onze municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo assinam compromisso pela promoção de políticas públicas para conservar a Mata Atlântica

Dez municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo assinam compromisso pela promoção de políticas públicas para conservar a Mata Atlântica

Uma carta compromisso foi assinada por representantes de onze municípios dos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo pela promoção e estímulo a ações e políticas públicas em favor da conservação da Mata Atlântica. O comprometimento dessas cidades com a preservação desse ecossistema tão importante do país se deve à adesão delas à Grande Reserva Mata Atlântica, uma iniciativa entre diversas instituições, que trabalha pela proteção e o desenvolvimento sustentável do maior remanescente contínuo do bioma no Brasil.

Até este momento, os municípios que assinaram o documento foram: Antonina, Morretes, Guaraqueçaba e Piraquara (PR), Jaraguá do Sul (SC) e Barra do Turvo, Piedade, Iporanga, Cananéia, Ilha Comprida e Peruíbe (SP). No total, 50 cidades dos três estados estão sendo convidadas a aderir ao termo.

“Acreditamos em uma visão de futuro compartilhada, por isso, temos feito o convite às prefeituras dos municípios que fazem parte deste extenso e importante remanescente do bioma a aderir oficialmente à iniciativa, de modo voluntário e sem custos”, afirma Ricardo Borges, coordenador de comunicação e relacionamento da Grande Reserva Mata Atlântica pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

Ele explica ainda que a adesão ao compromisso também formaliza o compromisso dos municípios a participarem da chamada “Rede de Portais da Grande Reserva”, composta por grupo que reúne cidades, pessoas, entidades e organizações. “Elas compartilham da disposição de encontrar estratégias e planejar ações focadas no desenvolvimento da qualidade de vida da população, com base na valorização do aproveitamento de atrativos naturais, culturais e históricos”.

Na prática, as ações da Grande Reserva da Mata Atlântica têm como objetivo estimular o turismo responsável e favorecer o desenvolvimento socioeconômico local, e ao mesmo tempo respeitar o meio ambiente e a conservação da biodiversidade.

A Grande Reserva da Mata Atlântica

A Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais exuberantes do planeta, mas infelizmente, uma das mais ameaçadas também. Foi reduzida a menos de 13% de seu tamanho original, aquele com o que os portugueses se depararam quando aportaram no Brasil.

Ao longo de seu maior remanescente contínuo estão localizadas sete cidades históricas, ricas em cultura e tradições populares. Além disso, se abriga em suas matas a única população de mico-leão-da-cara-preta do mundo.

Ou seja, não há dúvida de que precisamos fazer de tudo para protegê-la!

Mapa mostra onde está este remanescente da floresta

Abaixo um vídeo produzido pela iniciativa da Grande Reserva da Mata Atlântica:

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Fotos do mosaico de abertura: Zig Koch

Presença de dezenas de espécies em risco de extinção em reserva no Paraná é prova da importância de áreas protegidas

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Presença de dezenas de espécies em risco de extinção em reserva no Paraná é prova da importância de áreas protegidas

Presença de dezenas de espécies em risco de extinção em reserva no Paraná são prova da importância de áreas protegidas

Jacutinga, gavião-pombo-pequeno, onça-pintada, gato-mourisco, gato-do-mato, onça-parda e gato-maracajá são apenas algumas das muitas espécies de animais, ameaçadas de extinção, que circulam tranquilamente – e com segurança -, pela Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba, no litoral norte do Paraná. A área de Mata Atlântica, com mais de 2 mil hectares, é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), mantida pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Reconhecida pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade, a reserva é um exemplo de porque áreas de proteção são essenciais para a conservação da nossa biodiversidade. Um levantamento recente realizado na região contabilizou a presença de ao menos doze espécies em risco de extinção, como as citadas logo mais acima.

monitoramento foi feito ao longo dos últimos dez anos através de imagens captadas por câmeras de armadilhas fotográficas colocadas na reserva. Segundo os pesquisadores do Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar, responsável pelo trabalho, são mais de 4 mil registros de animais. No total, foram documentadas 638 espécies diferentes de aves (61%), mamíferos, répteis e anfíbios.

“A Mata Atlântica é o bioma que possui mais espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção, sobretudo por ser um hotspot, área que possui muita riqueza natural e espécies endêmicas, que só são encontradas ali. Ter nossa reserva como refúgio para parte dessas espécies que estão ameaçadas é um grande indicativo, pois mostra que a área possibilita habitats saudáveis suficientemente capazes de abrigar espécies com tamanha importância para a conservação do bioma”, diz Ginessa Lemos, gerente da Reserva Natural Salto Morato.

Os especialistas destacam a importância da presença de grandes felinos, animais de topo de cadeia, indicadores da qualidade ambiental em grande escala, já que necessitam de amplo territórios para caçar, se reproduzir e encontrar refúgio.

Outro ponto que chamou a atenção, positivamente, dos pesquisadores foi o enorme número de filhotes flagrados na Reserva Natural Salto Morato.

“Em 2021 e 2022, tivemos o maior número de registro de espécies adultas com filhotes. Ao todo foram seis: dois de gato-mourisco, um de onça-pintada, um de gato-do-mato e outro de jaguatirica. Em 2021, tivemos o primeiro registro de filhote de puma. Isso é uma grande vitória para a conservação”, comemora Ginessa.

Ela lamenta, entretanto, que muitas vezes essas imagens não possam ser divulgadas para não atrair a cobiça de caçadores.

Segundo relatório divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta terça-feira (31/01), o bioma perdeu 6.850 hectares de floresta, entre os meses de agosto e outubro de 2022. Os estados de Minas Gerais e do Piauí somam juntas quase 50% do desmatamento. A expansão agrícola é apontada como a principal responsável pela devastação (leia mais aqui).

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Registro de uma onça-pintada na Reserva de Salto Morato
(Imagem armadilha fotográfica/divulgação Fundação Boticário)

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Foto de abertura: armadilha fotográfica/divulgação Fundação Boticário

Extensão dos corais da Amazônia é seis vezes maior do que estimado inicialmente

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Extensão dos corais da Amazônia é seis vezes maior do que estimado inicialmente

Extensão dos corais da Amazônia é seis vezes maior do que estimado inicialmente

Em 2014, pesquisadores ficaram fascinados com o material recolhido, apenas com redes, em águas profundas, próximo à foz do Rio Amazonas. Em janeiro do ano passado, uma nova expedição foi realizada no local, com a presença de biólogos e a equipe da organização ambiental Greenpeace, que levou o submarino Esperanza para a região, como noticiamos aqui.

“Estou me sentindo como alguém que volta de outro planeta”. Foi assim que o professor Ronaldo Francini Filho, da Universidade Federal da Paraíba, descreveu, em 2017, a experiência de observar os recifes de corais na Amazônia. Para ele, foi desvendado um mundo oculto, de natureza exuberante, num local inóspito na qual seria quase impossível existir tanta vida.

A 220 metros de profundidade e a mais de 100 quilômetros da costa brasileira, foram observados recife de corais, rodolitos (algas calcárias) e esponjas numa profusão estonteante de cores e formas.

Inicialmente, acreditou-se que o recife, que se estende da Guiana Francesa ao estado do Maranhão, teria cerca de 960 km. Todavia, no mês passado, o Esperanza voltou ao Brasil, para realizar uma nova expedição científica na região. O resultado foi surpreendente!

Em artigo divulgado hoje (23/04), na publicação Frontiers in Marine Sciencepesquisadores brasileiros, americanos e franceses revelam que o chamado Sistema de Corais da Grande Amazônia é seis vezes maior do que acreditava-se, tendo cerca de 56 mil km2, e sua profundidade também é maior do que o estimado em 2017.

Os cientistas destacam que a biodiversidade contida ali é complexa, ou seja, habitat de centenas de espécies da fauna e flora. Ainda segundo o estudo, o Sistema de Corais da Grande Amazônia pode ajudar a entender melhor se existe uma conexão entre o Mar do Caribe e o Oceano do Atlântico Sul.

“Quanto mais pesquisamos sobre os Corais da Amazônia, mais descobertas fazemos. Ainda sabemos muito pouco sobre este ecossistema fascinante e o conhecimento obtido até o momento indica que qualquer atividade de extração de petróleo poderá causas danos a este sistema único”, alertou Fabiano Thompson, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em entrevista à publicação IFL Science.

A ameaça a que Thompson se refere é o interesse de empresas petrolíferas em perfurar na região. Para evitar que isso aconteça, o Greepeance lançou uma campanha global para defender os Corais da Amazônia. Além de uma petição online, que já tem mais de 1,6 milhão de assinaturas, os ativistas realizaram protestos na França, Bélgica, Inglaterra e Brasil contra a francesa Total, uma das companhias que queriam explorar o local.

Em agosto do ano passado,  o Ibama deu parecer contra a licença de exploração de petróleo pela Total na região. Era a terceira vez que a empresa tentava a autorização desde 2015. Já em novembro, a demora na aprovação dos Estudo de Impacto Ambiental da Total e da BP (outra petrolífera multinacional) foi tão grande que o governo brasileiro retirou a oferta de blocos perto dos corais.

No mês passado, a mineradora australiana BHP anunciou oficialmente a desistência de explorar petróleo no Amazonas.

Fotos: divulgação Greenpeace 

Petrobras quer extrair petróleo na Amazônia, impactando a biodiversidade e comunidades locais

 Amazônia Meio Ambiente  

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Petrobras quer extrair petróleo na Amazônia, impactando a biodiversidade e comunidades locais

Petrobras quer extrair petróleo na foz do rio Amazonas, impactando a biodiversidade e comunidades locais

*Por Lu Sudré

A movimentação da Petrobras para conseguir a licença ambiental na Amazônia acontece desde o ano passado. O plano para a Margem Equatorial, como é chamada a “nova fronteira exploratória”, conta com a previsão de 16 poços exploratórios que se estendem do Amapá ao Rio Grande do Norte, com investimentos de aproximadamente US$ 3 bilhões. 

Quando uma empresa petrolífera inicia atividades em uma área, junto delas vêm o risco de derramamentos acidentais que ameaçam diretamente a vida das espécies de animais e plantas. Quando se trata da Foz do Amazonas, onde o rio encontra o Oceano Atlântico, a situação é ainda mais delicada pois estamos falando de uma biodiversidade gigantesca, única e ainda desconhecida – os corais foram descobertos em 2016 e ainda há muito a ser estudado e catalogado pela ciência (leia mais aqui).

O projeto da Petrobras também é uma ameaça iminente para as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas, que têm a biodiversidade dos mares como fonte de renda e subsistência. Exatamente por isso, as unidades do Ministério Público Federal do Pará e do Amapá emitiram uma recomendação conjunta ao Ibama (Instituto Brasileiro de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e à Petrobras, para que a perfuração marítima na região seja suspensa.

Segundo os órgãos, a atividade vai impactar quatro povos indígenas no Amapá (Karipuna, Palikur-Aruk Wayne, Galibi Marworno e Galibi Kali), localizados no município de Oiapoque, e comunidades no Pará. Além disso, não houve a consulta prévia, livre e informada, um direito desses povos garantido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. 

A companhia também não apresentou estudos suficientes sobre os riscos de um possível vazamento de óleo. Caso a Petrobras consiga o necessário aval do estado do Pará e a licença final do Ibama, a costa da Amazônia Atlântica pode ser alvo de danos ambientais com potencial para atingir até o mar territorial da Guiana Francesa (Participe de nosso abaixo-assinado e apoie a criação do Tratado Global dos Oceanos)

Há um histórico de mobilização a ser levado em conta. Em 2017, a petroleira francesa Total também tentou perfurar perto dos Corais da Amazônia, mas o projeto foi barrado quando 2 milhões de pessoas ao redor do mundo se uniram e participaram da campanha “Defenda Os Corais da Amazônia”. O Ibama negou a permissão para a empresa após pressão pública, uma vitória para a biodiversidade brasileira.

“A Petrobras assumiu a operação de blocos os quais gigantes do petróleo, como a francesa Total e a britânica BP, desistiram devido à pressão da sociedade brasileira e aos riscos socioambientais, econômicos e reputacionais. Vemos este movimento com grande preocupação, já que a estatal deveria ser a primeira a zelar pela soberania dos povos e ter responsabilidade sobre nossos recursos naturais”, afirma Marcelo Laterman, da campanha de Oceanos do Greenpeace Brasil.

O especialista complementa ainda que episódios como o derramamento criminoso de óleo no nordeste em 2019, mostram que o Brasil está despreparado para lidar com esse tipo de evento.

Uma imagem aérea da orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, com a mensagem "Defenda os Corais da Amazônia" escrita na areia.

Em 2018, na praia de Copacabana, uma imagem de 100 metros de comprimento foi formada por mais de 500 pessoas. Cerca de 200 eram estudantes de escolas públicas do Rio de Janeiro. A ação foi coordenada pelo artista John Quigley junto ao Greenpeace Brasil para a campanha Defenda os Corais da Amazônia.

Os corais da Amazônia 

Os corais tiveram sua existência registrada pela ciência em 2016. No início do ano seguinte, o Greenpeace Brasil realizou uma expedição com pesquisadores que revelou, de forma inédita, imagens de dezenas de espécies de peixes, esponjas-do-mar, corais e rodolitos (algas calcárias).

Os primeiros registros mostraram ao mundo um verdadeiro tesouro natural. Um ecossistema rico em texturas, cores e formatos, que sobrevive em águas profundas e com pouca luminosidade. O recife dos corais da Amazônia está próximo ao encontro do Rio Amazonas com o Atlântico, e, de uma maneira única, se adaptou bem a uma mistura de água doce e salgada. 

A princípio, os pesquisadores imaginavam que corais tivessem 9,5 mil quilômetros quadrados, mas, após a expedição, os cientistas estimam que a área dos recifes possa ter até 56 mil quilômetros quadrados – o tamanho do estado do Rio de Janeiro. 

Corais da Amazônia

Estrela-do-mar encontrada na região de corais da Amazônia
(Foto: divulgação Greenpeace)

*Texto publicado originalmente em 27/01/23 no site do Greenpeace Brasil. Lu Sudré é jornalista do Greenpeace Brasil em São Paulo. Tem experiência na cobertura de temas relacionados ao meio ambiente, direitos humanos e política.

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