quinta-feira, 12 de junho de 2014

Para Aécio, Dilma está 'sitiada'

Depois de assistir à estreia da seleção brasileira na maternidade onde, no último sábado, nasceram seus filhos gêmeos, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, comentou o resultado do jogo e as vaias e xingamentos recebidos pela presidente Dilma Rousseff no estádio. Aécio disse que Dilma está "sitiada" e precisa se resguardar nas forças de segurança. 
 
"O que fica para a história é que temos uma Copa do Mundo em que o chefe de Estado não se vê em condições de se apresentar à população", disse Aécio.

O tucano criticou mais uma vez Dilma pela convocação de cadeia de rádio e TV para fazer um pronunciamento sobre a Copa, na última quarta-feira. "A presidente usa e abusa de instrumentos do Estado para fazer proselitismo político", criticou.


Aécio comentou rapidamente a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro, aberta a pedido do PSDB, sobre ofensas dirigidas a ele na internet, que resultou na apreensão de computadores e equipamentos de pessoas que estariam difamando o pré-candidato tucano. 


O comando da campanha tucana teme desgaste da imagem de Aécio depois da operação que envolveu a Polícia Federal. "Liberdade de imprensa é fundamental, mas o crime acontece fora e dentro da rede. Cabe à Justiça fazer essa avaliação. Está nas mãos da Justiça", respondeu o pré-candidato. 


Ele também falou sobre os confrontos entre policiais e manifestantes ocorridos nesta quinta-feira, 12, em São Paulo, horas antes do jogo no Itaquerão, e disse que atos de violência têm de ser reprimidos, ao mesmo tempo em que as manifestações pacíficas devem ser garantidas. 


"A violência a que assistimos de novo hoje, a depredação de patrimônio tem que ser contida. Vemos que o número (de manifestantes) é bem menos expressivo do que assistimos há tempos. As forças de segurança têm que conter o que nada tem a ver com manifestações. Atos de violência inibem manifestações pacíficas", disse o tucano, companheiro de partido do governador Geraldo Alckmin, que comanda a polícia paulista. 


Desde o nascimento prematuro dos gêmeos Julia e Bernardo, no sábado, 7, o senador tucano tem passado a maior parte do tempo no Rio de Janeiro. Os bebês estão na UTI Neonatal da maternidade Perinatal, em Laranjeiras (zona sul), onde Letícia também continua internada.


Fonte: Estadao Conteudo  Jornal de Brasilia

Suíça abre ação penal contra Costa por lavagem


A Suíça abriu processo penal contra o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso novamente ontem no Rio. 


Os investigadores suíços imputam formalmente a Costa "ofensa de lavagem de dinheiro". 


A Suíça bloqueou US$ 23 milhões em 12 contas atribuídas ao ex-diretor da estatal petrolífera em cinco instituições financeiras naquele País.


Outros US$ 5 milhões também embargados foram localizados em conta de João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado, suposto "colaborador" do doleiro Alberto Youssef, alvo maior da Operação Lava Jato - investigação da Polícia Federal sobre lavagem de R$ 10 bilhões deflagrada em março de 2014. 


A informação sobre a instauração de processo penal contra Paulo Roberto Costa está no Pedido de Assistência Judiciária em Matéria Penal do Ministério Público da Confederação da Suíça enviado ao Brasil no dia 28 de maio. 


O documento é subscrito pelo procurador federal suíço Luc Leimgruber.
A ordem para Paulo Roberto Costa retornar à cadeia foi decretada pela Justiça Federal no Paraná após comunicação do Ministério Público da Suíça sobre a abertura de processo penal naquele País europeu. O juiz federal Sérgio Moro, que deflagrou a Operação Lava Jato, viu "risco de fuga" do executivo. 


"Há risco à investigação e à instrução, não só em relação às ações penais em andamento, mas também quanto às investigações complementares em andamento pela Polícia Federal, evidenciado pelo fato de familiares do acusado terem sido surpreendidos, durante as buscas, destruindo ou ocultando provas, o que só pode ter sido feito a seu mando, e ainda por ter tentado dissipar valores mantidos em contas correntes a fim de ocultá-los do sequestro judicial", assinalou o juiz federal.


"Há ainda risco à ordem pública, evidenciado pela prática, nos termos da denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, de sucessivos desvios de recursos na construção da Refinaria Abreu e Lima, com posterior lavagem com auxílio de Alberto Youssef, e que teriam se prolongado mesmo depois dele ter deixado o cargo de diretor de Abastecimento da Petrobrás."


 A Suíça abriu a investigação contra o ex-diretor da estatal petrolífera em 10 de abril, quando a Unidade Financeira de Inteligência daquele País identificou as contas pelas quais transitaram os valores atribuídos a Paulo Roberto Costa.


Propina
Luc Leimgruber, o procurador federal suíço, informou que entre 2011 e 2012 Costa teria recebido "propinas para a adjudicação das obras no âmbito da construção das refinarias de Abreu e Lima, nos arredores de Recife (Pernambuco)". Segundo a Suíça, o dinheiro nas contas de Costa teria origem ainda em "desvio de fundos públicos no âmbito de outra investigação vinculada à compra pela Petrobras, em 2006, da refinaria americana Pasadena, sediada no Texas". Costa foi dirigente da estatal entre 2004 e 2012. A Polícia Federal sustenta que ele intermediou contratos entre fornecedores da Petrobrás e empresas controladas por Youssef.

A Suíça pediu ao Brasil uma série de medidas: "Quaisquer documentos e as informações úteis relativas à suposta atividade das pessoas acima mencionadas (Costa, seus familiares e Youssef), assim como quaisquer documentos e as informações que permitam estabelecer um liame entre as infrações penais supostamente prosseguidas no Brasil pelas pessoas acima mencionadas e os haveres controlados por estas últimas e que foram sequestrados na Suíça, ou seja nomeadamente cópias de quaisquer peças dos processos brasileiros pertinentes para o processo suíço (nomeadamente o que se refere aos julgamentos e decisões de tribunais, atos de acusação, relatórios de polícia, outros relatórios, oitivas, documentação bancária, financeira, contábil e social, explicações dadas pelas partes, correspondência".

Os investigadores suíços solicitam ao Brasil, "se for necessário, autorizar representantes do Ministério Público da Confederação Suíça a consultar os processos brasileiros e fazer copias das peças pertinentes".

Eles pedem, ainda, que o Brasil comunique ao Ministério Público da Confederação "o montante dos supostos ganhos ilícitos cobrados pelas pessoas mencionadas e/ou as companhias no âmbito das atividades ilícitas das que são acusadas pelas autoridades brasileiras e, sendo o caso disso, o montante dos haveres que pertencem a essas pessoas ou as suas companhias e que foram sequestrados pelas autoridades brasileiras no âmbito deste caso". 

Os investigadores suíços pleitearam ao Brasil que transmita "quaisquer outras informações ou documentos susceptíveis de fazer progredir o processo penal instruído na Suíça no âmbito do presente contexto de fatos".


Fonte: Estadão Conteúdo  Jornal de Brasília

Sobre futebol e pobreza (vocabular) - EUGÊNIO BUCCI---O ESTADO DE S.PAULO - 12/06




"Tire o seu sorriso

do caminho, que eu quero

passar com a minha dor" Guilherme de Brito

Alguém bem que poderia avisar ao governo federal que país rico é país sem miséria da informação e sem pobreza vocabular. O resto é paliativo. É pobreza de espírito. O resto é demagogia.

Na sexta-feira passada a presidente da República, Dilma Rousseff, enunciou o seu juízo acerca da antipatia com que muitos brasileiros vêm recebendo o torneio internacional de futebol que começa hoje em São Paulo, com uma partida entre o time de atletas de nacionalidade brasileira e o time dos croatas. 
 
Na opinião da mais alta autoridade do País, estaria em marcha uma "campanha sistemática contra a Copa", que, na verdade, teria alvos nem tão desportivos assim. Na sua oratória inconfundível, a presidente exprimiu seu pensamento sobre a tal "campanha": "Mas ela, de fato, não é contra a Copa do Mundo, é uma campanha sistemática contra nós".

Tais vocábulos assim justapostos nos autorizam a deduzir que, à sombra do presidencial raciocínio, quem não se fantasia de Bandeira Nacional dando pinotes e berros no meio da rua faz oposição ao Palácio do Planalto. Isso numa interpretação otimista: a de que o pronome "nós" queira dizer "nós, o governo". 
 
Aos olhos da chefe de Estado, todo aquele que vê algo de ridículo e de ostentatório no circo das obras tão faraônicas quanto inacabadas é um adversário não do técnico Felipão, não da CBF, não da Fifa, mas desse "nós" aí que, por boa-fé, presumimos tratar-se dos que agora se acham instalados nos cargos do Poder Executivo federal. 
 
 
Quem não gosta de ver os garotos correndo nos instáveis gramados dos estádios bilionários comete a heresia de confundir futebol com política. Onde já se viu? "Nem na ditadura nós confundíamos Copa com política", explanou pacientemente a candidata à reeleição. "Estava eu lá presa no Tiradentes e começou a Copa. Ninguém torceu contra o Brasil" (Estado, edição de sábado, página A4).

Pelo tom da fala, não é difícil observar que a mandatária se mostra indignada. Se nem na ditadura os presos políticos tiveram a desfaçatez de torcer contra o Brasil, como é que, agora, esses abusados ousam não se deleitar com cabeceadas em plena grama, quer dizer, em plena democracia? Que história é essa? 
 
Só pode ser mesmo coisa de gente conspiratória querendo derrubar o governo, conclui a presidente. Cidadão que é cidadão torce diligentemente para o time da CBF - time ao qual vulgarmente se chama de "o Brasil". Brasileiro que é brasileiro, sempre de acordo com a lógica do Planalto, não confunde Copa com política.

Parece não ocorrer à inteligência presidencial a hipótese de que, com a máxima vênia, talvez quem mistura Copa com futebol não sejam os que hoje não se empolgam com esses supostos "canarinhos" que descem do ônibus com o fone de ouvido no pescoço e um boné de trás para a frente, mas justamente ela mesma. É ela, a presidente, quem vê intenções eleitorais (políticas, portanto) nos que não aderem à futebolística torcida varonil. Portanto, quem embola as duas coisas é ela.

Há dois dias, a torcedora-mor foi ainda mais longe em vilanizar os que desprezam a Copa. Num discurso que recitou em cadeia nacional de rádio e TV, permitiu-se proclamar o seguinte: "Treino é treino e jogo é jogo. No jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo. Foram derrotados pela capacidade de trabalho e a determinação do povo brasileiro, que não desiste nunca".

Haja autoridade.

Sigamos um pouco mais com a hermenêutica da política futebolizante da chefe de Estado. Para ela, os "pessimistas", os tais que "já entram perdendo", foram "derrotados" pelo "povo brasileiro". Logo, a seu juízo, os pessimistas não pertencem à categoria assim designada "povo brasileiro". Não apenas não pertencem a essa categoria, como são inimigos dela e por ela foram exemplarmente derrotados. Em suma, os "pessimistas" não são brasileiros, na visão da presidente da República. Ninguém neste solo tem direito ao pessimismo. 
 
 
Quem incorrer no crime do pessimismo contra a Copa (ou "contra nós", como ela diz) será devidamente varrido e derrotado pelo "povo brasileiro, que não desiste nunca". (Não nos espantemos se, no frêmito de portarias que vem marcando a temporada da bola solta, em mais de um sentido, o governo encaminhar ao Congresso um projeto de emenda constitucional mudando o nome do país para República Otimista do Brasil. Os "pessimistas" serão automaticamente exilados.)

Aliás, do que mesmo não desistem nunca os "brasileiros"? De obedecer? De dizer amém aos que mandam? De dizer amém e agradecer? Talvez. Em seu discurso em cadeia, Dilma Rousseff deu motivos para que a torcida nacional dedique sua melhor gratidão ao governo federal. Eis o que ela anunciou: "Reduzimos a desigualdade em níveis impressionantes, levando, em uma década, 42 milhões de pessoas à classe média". É como se dissesse: "Brasileiros, não desistam nunca de agradecer".

Aqui chegamos ao ápice do ufanismo do "país sem pobreza". Note bem o improvável leitor: o "nós", o mesmo "nós" contra o qual se levantam os ingratos que não aderem ao futebolístico sorriso oficial, é sujeito dessa oração deveras impressionante, que anuncia a também "impressionante" redução da desigualdade. Nessa sintaxe, o povo entra como objeto direto, nunca, jamais como sujeito. 
 
 
Nenhum brasileiro, nem mesmo os que "não desistem nunca", alcançou o paraíso da "classe média" - seja lá o que isso for - por seus méritos próprios. Os 42 milhões de pessoas que lá chegaram foram "levados" pelas mãos gentis do governo. Foram transportados, como carga na carroceria de caminhões, na viagem que os conduziu de um ponto a outro, bem ali pertinho, na planilha dos tecnocratas do bem, na viagem estatística que os tirou da penúria para instalá-los na bonança - a bonança da Copa do Mundo.

Fala verdade: e ainda querem torcer contra?

Brasil mostra a sua cara. Está feia - CLÓVIS ROSS--FOLHA DE SP - 12/06




O orgulho 'patrioteiro' com que foi recebida a indicação à Copa transforma-se em uma razoável dor de cabeça
No dia de 2007 em que o Brasil foi oficialmente escolhido para sediar a Copa do Mundo, a comitiva brasileira exalava orgulho patriótico por todos os poros, sob o comando de um certo Luiz Inácio Lula da Silva.

Era tanto "patrioteirismo" que, no discurso em que comemorou a designação, Lula tirou o terno de presidente e vestiu o verde e amarelo de torcedor fanático, com direito a uma cutucada no presidente da Associação de Futebol Argentino, Julio Grondona, sentado nas primeiras fileiras do auditório: "O Brasil orgulhosamente organizará uma Copa do Mundo pra argentino nenhum colocar defeito".

O ambiente de exaltação patriótica (coisa que me horroriza sempre) era explicável: a escolha para agasalhar a Copa era a grande chance de o Brasil mostrar a sua cara. Era um Brasil que estava na moda no mundo e parecia destinado a uma escalada definitiva rumo ao topo do planeta, o que, de resto, a revista "The Economist" sacramentaria com sua famosa capa de 2009 em que o Cristo Redentor do Rio virava foguete em plena decolagem.

Outro parêntesis: se tivesse algum parentesco com o Taleban, a "Economist" teria queimado os exemplares com aquela capa.

Sete anos depois, no entanto, não são apenas (nem principalmente) os argentinos que estão botando um e mil defeitos no país da Copa.

São alguns brasileiros como Marcello Serpa, sócio da agência de publicidade AlmapBBDO, para quem a Copa trouxe um holofote para as deficiências de infraestrutura e para a desigualdade social no país, a ponto de acentuar o mau humor e de prejudicar a marca Brasil, como afirmou durante evento promovido por esta Folhana terça-feira (10).

São também estrangeiros dos mais diferentes quadrantes, como Shannon Sims, que fez pesquisas no Brasil durante dois anos para o Instituto para Assuntos Mundiais Atuais: "Organizar o maior evento esportivo do mundo era, supunha-se, uma oportunidade para o Brasil demonstrar sua organização, desenvolvimento e competência. Mas, com corrupção abundante, infraestrutura cambaleante e constantes crimes nas ruas, muitos brasileiros sentem que essa oportunidade oferece mais coisas más que boas".
Sims compara o Brasil que aguarda a Copa com um estudante que espera uma prova para a qual não se preparou.

De todo modo, vai ter Copa, ao contrário do que se cantava no ano passado e em alguns momentos deste ano, mas não será a Copa das Copas, como pretende a propaganda.

Afinal, se um dos jornalistas escalados para a Copa, caso de Brian Winter (da agência de notícias Reuters), sofre por cinco horas e vinte minutos para sair do aeroporto de Cumbica e chegar ao seu hotel, não dá para ser a Copa das Copas.
A questão seguinte, proposta por José Sámano (do jornal espanhol "El País"), um dos melhores jornalistas esportivos da Espanha, é se, "com tantos problemas de fundo, convém medir se, nestes tempos, a bola ainda servirá como sedativo ou, ao contrário, chegou a hora de revisar profundamente o modelo".

Respostas a partir de hoje, com o veredito final em outubro.
 

Só queremos o hexa - CARLOS ALBERTO SARDENBERG


O GLOBO - 12/06

É possível que a gente ganhe a final da Argentina; mas o projeto de celebração política do governo Dilma/Lula foi perdido


Vereadores de São Paulo, de bronca porque não receberam ingressos para a abertura da Copa, adiaram a votação de um importante projeto de lei que regula a construção de imóveis na cidade. Por falta de uma boca livre, tomaram uma decisão política até sustentável.

Já em Brasília, deputados fizeram o contrário. Aproveitaram um gesto político — a oposição à medida provisória que cria os conselhos populares — para ganhar uma folga geral durante o mês de Copa. Em protesto contra essa tentativa de formar uma estrutura paralela de controle do Estado, até uma boa atitude, abandonaram o local de trabalho para só voltar às votações quando o governo Dilma retirar a medida. Por coincidência, claro, dá para acompanhar os jogos, digamos, junto às bases.

Assim é a Copa entre nós. O mote é: todo mundo gosta do jogo e da seleção, e isso é o mais importante, certo?

Errado. A maioria gosta, mas os atores sociais e políticos envolvidos sempre procuram tirar alguma coisa extracampo.

Começa pela decisão de sediar a Copa, uma escolha de governo, portanto, uma opção política. Por que os governos fazem isso? Para promover a celebração do país no cenário internacional.

Sim, há toda uma conversa sobre ganhos econômicos e legados, mas isso é muito discutível.

Um país que está na pior, seja por razões econômicas, seja por política, não consegue sediar uma Copa. Só conseguem os países desenvolvidos e/ou emergentes que passam por um bom momento e cujos governos pretendem exibir isso ao mundo.

Foi o caso, evidente, da África do Sul, que promoveu a primeira Copa naquele continente. Seu governo quis mostrar que ali estava um país capaz. Foi o caso das Olimpíadas da China, cuja liderança quis se apresentar ao mundo como a nova potência.

A Alemanha não precisava demonstrar nada a ninguém, mas em 2006 o governo quis fazer a Copa do país reunificado.

Sete anos atrás, quando se candidatou e levou a Copa, o Brasil de Lula vinha bem e já estava com lugar garantido no grupo dos principais emergentes. Por que não consagrar isso com uma Copa, especialmente no país pentacampeão, amante fiel do jogo?

Também teve a conversa do legado, mas era basicamente um projeto político. Isso vinha mais ou menos bem até pouco tempo atrás. As pesquisas mostravam clara maioria a favor da realização do Mundial. A população começava a se animar e a maior preocupação era com o time, que não engrenava.

No dia da inauguração, a percepção se inverteu. A população está superconfiante na seleção, fechou com Felipão, como se viu na final da Copa das Confederações, mas perdeu o encanto com a realização do Mundial. A maioria agora acha que não era uma prioridade e que o governo deveria gastar seu dinheiro com educação, saúde e segurança.

Como tudo por aqui, o ambiente mudou depois das manifestações de junho do ano passado.

E ficamos assim: a celebração em campo é muito provável; é possível até que que a gente ganhe uma final da Argentina, suprema felicidade; mas o projeto de celebração política do governo Dilma/Lula foi perdido.

A presidente está na defensiva diante das críticas que surgem aqui e lá fora ao processo de organização. Está tão na defensiva que precisou apelar para um patriotismo sem sentido. Críticas são consideradas ataques ao Brasil. E a esses “inimigos” Dilma atribui o desejo de ver catástrofes.

Ora, ninguém disse isso. O que muitos disseram, fora do governo, é que havia casos de dengue em número superior ao “normal” nesta época do ano. E há. E que o sistema elétrico estava trabalhando no limite, havendo risco de uns 25% de falta de energia em certos lugares. E há.

Daí a dizer que essas pessoas queriam ver os turistas estrangeiros com dengue, jogados em hospitais públicos sem energia, como sugeriu Dilma, em rede nacional, vai alguma diferença, não é mesmo?

Também é sintomática a reação da militância Dilma/Lula. Se é óbvio que muita coisa não ficou pronta, o pessoal responde: E daí? O importante é que vai ter jogo. Diante do fato de que já ocorre espera longa em aeroportos, o pessoal responde: também há demora nos desembarques em Miami...

Quer dizer, se é tudo meia-boca, estão reclamando de quê, seus...?

Mas dá para entender a bronca de Dilma e de Lula. Tanto esforço e, na hora, nem podem fazer uma bela celebração nos estádios?

Tudo considerado, não vamos cair no extremo oposto. Tem muita coisa que não saiu bem, mas queremos mesmo é ganhar a Copa. Melhor ainda: com um golaço de Messi, superado por dois espetaculares de Neymar, que tal?

PT = diabo - Assim, o PSDB não é uma boa opção é a ÚNICA opção; depois do corrupto PT, qualquer governo é melhor

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O Golpe da Reeleição 
Com boa dose de sabedoria, a constituição de 1988  manteve a vedação prevista nas anteriores do  direito à reeleição do Presidente da República,Governadores e Prefeitos.



Mas, em 1997, Governo FHC (1º mandato), começou o festival de “emendas constitucionais”, que hoje tomou contornos incontroláveis. Qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade pretendida pelos que mandam na política,”eles”conseguem praticar simplesmente alterando a constituição ou a lei de modo a poder ser feito aquilo que não podia.



Esse ardiloso expediente pode ser chamado de GOLPE LEGAL. É muito mais eficiente, inteligente e rápido do que um GOLPE ou CONTRAGOLPE MILITAR, como aquele de 64. É, por assim dizer, a sofisticação do golpe. É o golpe do “canetaço”. Causa muitos estragos na sociedade, mas não derrama uma só gota de sangue (pelo menos aparentemente).



Apesar de paradoxal, o responsável maior pelos 12 (ou possíveis 16) anos do PT no poder é o seu mais forte opositor,o PSDB. Como assim? O “trator” que também existia no Governo de Fernando Henrique Cardoso,onde foi feito tudo que eles queriam (privatizações quase-doações, com gorjetas para todos os lados, reeleição,etc), chegou à conclusão que o período do mandato de 4 anos seria muito curto para ultimar tudo o que queriam. Haveria que ser, no mínimo, dobrado esse período.



Recorreram, então, a uma “emenda constitucional” permitindo a reeleição para os chefes de poder executivo, inclusive na presidência da república. Assim, a Emenda Constitucional nº 16, de 1997, deu nova redação ao parágrafo 5º do art.14 da Constituição de 1988. FHC foi reeleito para mais um período de quatro anos.



Certamente esse “pessoal”não olhou para o futuro. Esse dispositivo que eles “inventaram” poderia também legitimar por muito tempo o “inimigo” no poder, posteriormente. Foi o que aconteceu. O tiro saiu pela culatra, pouco tempo depois. Como algo “indigesto”, eles estão assistindo 12 anos de PT, e talvez mais 4, no mínimo.



Ocorre que o princípio do direito à reeleição foi consagrado como um DIREITO SUBJETIVO do titular do mandato, só dependendo da sua vontade,em querer,ou não querer. Por conseguinte ele é um “candidato nato”, acima do próprio partido e de qualquer outro poder. Mas considerando as muitas facilidades que o uso (e abuso) da máquina administrativa oferece para uma reeleição,é quase certa que ela ocorrerá.



O “cara” tem que ser muito ruim de voto mesmo para não conseguir se reeleger. Essa “agressão” à democracia ocorre não só em relação ao candidato à reeleição, mas também,apesar de em menor escala,de um outro candidato do mesmo partido. Portanto, o direito a “reeleição”de um partido é por tempo indeterminado. Sendo indeterminado, deixa de ser REPUBLICANO, é óbvio, porquanto a república, por definição, consiste na renovação periódica do poder. Mas essa “novidade” que criaram em 1997, a reeleição, tem que ser costurada com a organização dos Três Poderes. Aí se aplica, com todas as letras,o brocardo que “o diabo está nos detalhes”. 


Nessas circunstâncias, o direito à reeleição, tanto do titular do mandato executivo, quanto do seu partido, e na medida da repetição, possibilitará que os Três Poderem se concentrem num só: no poder executivo. Na visão que teve Aristóteles, seria, então, o regime da TIRANIA, forma corrompida, impura, da MONARQUIA, ambos, “governo de um só”. Explicando: como o poder executivo guarda a chave do cofre público,com facilidade ele compra com favores os parlamentares do legislativo. Com o judiciário a forma de domínio é diferente. Os membros do Supremo Tribunal Federal, instância maior do Judiciário, são nomeados pelo presidente da república, da mesma forma com que o são os titulares dos ministérios do governo. Todos são gente da sua extrema confiança.



Ora, como os ministros do STF são obrigados à aposentadoria quando completam 70 anos,e geralmente não entram no Supremo quando ainda jovens,é claro que ali ficam pouco tempo. Em poucos anos, portanto, TODOS (ou quase) se aposentarão e outros tantos serão nomeados e da confiança do presidente da república ou seu partido. Completa-se, assim, o poder único do Executivo, instalando-se a tirania, com o reforço de uma parcial democracia deturpada, chamada por Políbio de OCLOCRACIA. 



Chegando a esse ponto, como parece que agora já chegou, o governo não precisa mais respeitar a constituição, nem as leis. Os outros Dois Poderes (Legislativo e Judiciário), que deveriam intervir no sistema de freios e contrapesos do poder do Estado, estão inteiramente submissos, pelos mecanismos diferentes antes apontados.



Uma sociedade que ainda tivesse um pouco de brio e vergonha na cara jamais toleraria humilhações como essas.



Por: Sérgio Alves de Oliveira é Sociólogo e Advogado (RS).

Adeus Justiça , adeus Barbosa!

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Quando li que Joaquim Barbosa estava se aposentando prematuramente vi o abismo à minha frente


 

Na minha infância e lá se vão bons 40 anos – uau, sim 40 anos – eu tinha um ídolo. Era o Wilson Vasconcelos Vianna, o Capitão Aza. Não perdia um programa. Cheguei a encontrá-lo uma única vez quando ele entrou na loja em que eu trabalhava. O tempo passou. 






Hoje aos 46 anos poderia dizer que tenho dois ídolos: Zico e Joaquim Barbosa. E se formos analisar, eles são até parecidos no que diz respeito à integridade, ao caráter e suas maneiras de ver as coisas. Quando li que Joaquim Barbosa estava se aposentando prematuramente, vi o abismo à minha frente. Parece que o chão se abriu logo ali. Vi a balança da Justiça subir de um lado e baixar do outro. Barbosa que poderia ficar até 2024, quando completará 70 anos, resolveu dar tchau, deixando todos nós – ou parte de nós, porque sempre vai ter um cabra que vai dizer que o Joaquim é isso ou aquilo – e a Justiça órfãos. 


Sinceramente, não sei o que será daqui pra frente. Mas, como diz a música de Roberto Carlos, com certeza tudo vai ser diferente. Ainda não me conformo e lamento pelo país que perde um perseguidor da Justiça, que mostrou com todas as letras que para ele não interessa quem o colocou lá no Supremo. Para ele, se fez “malfeitos”, como a presidente gosta de chamar os atos ilícitos cometidos por seus colegas políticos, ele não aliviava, mesmo sendo amigo de alguém que continua dizendo que o mensalão nunca existiu. Não é, Lula?


Se eu pudesse impedir a saída de Barbosa, entrava com um recurso no STF. Mas infelizmente não dá. Vamos ter que engolir. Agora caberá a Dilma indicar um novo nome para ocupar a vaga deixada por Barbosa. E aí podemos esperar qualquer coisa. Já tivemos uma amostra com Teori Zavascki e com Luís Roberto Barroso, que foram votos decisivos nos embargos infringentes que aliviaram a pena de condenados no julgamento do mensalão. 


Barbosa vai deixar saudades e a Justiça caolha e capenga.

Obrigado, Barbosa!

Fonte: Opinião & Notícia 


Procurador-geral não tem poder decisório; sua opinião é um mero parecer. No caso do Genoíno o procurador contraria laudos médicos oficiais



Genoino deve voltar à prisão domiciliar, diz procurador-geral


Defesa argumenta que ex-deputado sofre de cardiopatia grave e não tem condições de cumprir pena em um presídio

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou parecer ao STF nesta quarta-feira, 4, no qual se mostra favorável à volta de José Genoino ao regime de prisão domiciliar. O ex-deputado José Genoino foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão em regime semiaberto no processo do mensalão. Após ser preso em novembro, Genoino, que tem problemas cardíacos, passou mal e obteve direito a cumprir a pena em prisão domiciliar.

No mês passado, o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, baseado em um laudo médico do Hospital Universitário de Brasília, decidiu que Genoino deveria voltar a cumprir pena no presídio da Papuda. Rodrigo Janot diz, entretanto, que há dúvidas sobre as garantias de que Genoino terá atendimento médico adequado na Papuda, ressaltando que o Estado deve garantir a integridade física do preso.

A defesa de Genoino defende, por sua vez, que o ex-deputado cumpra prisão domiciliar definitiva, pois sofre de cardiopatia grave e não tem condições de cumprir pena em um presídio, por ser “paciente idoso, vítima de dissecção da aorta”.  



[até que o Joaquim Barbosa se aposente Genoíno permanecerá enjaulado como merecem monstros capazes de fazer o que ele fez - além dos crimes do MENSALÃO - PT, Genoíno nos tempos da Guerrilha do Araguaia mandou esquartejar vivo, na frente dos pais, um jovem mateiro.Os sicários sob comando do Genoíno começaram cortando as orelhas e depois os dedos, falange a falange, do João Mateiro.]


 

Protesto da Frente Internacionalista dos Sem-Teto - conhecem esta? - fecha acesso ao Galeão



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Protesto fechou parcialmente via de acesso ao Galeão e complica o trânsito



O protesto é de integrantes da Frente Internacionalista dos Sem-Teto e conta com apoio de alguns aeroviários



Uma manifestação de cerca de 50 pessoas causou a interdição parcial da Avenida Vinte de Janeiro, sentido Galeão, na Ilha do Governador. A via só foi liberada por volta das 9h, após mais de duas horas de bloqueio. 

Apesar da liberação, ainda há reflexos na Estrada do Galeão e na Linha Vermelha, sentido Baixada. O protesto é de integrantes da Frente Internacionalista dos Sem-Teto e conta com apoio de alguns aeroviários.



 


Trânsito parado na Linha Vermelha devido ao protesto na Avenida 20 de Janeiro


No Aeroporto Internacional Tom Jobim, a greve dos aeroviários que acontece no Rio desde o primeiro minuto desta quinta-feira ainda não causa transtornos. Na madrugada, o movimento no saguão dos terminais 1 e 2 era tranquilo, sem filas e sem espera. 

No entanto, os problemas podem começar a surgir nesta manhã, quando o número de voos aumenta. A paralisação dos aeroviários será de 24 horas, segundo o Sindicato municipal da categoria, e acontece nos aeroportos Galeão, Santos Dumont e de Jacarepaguá. No Santos Dumont, a paralisação dos aeroviários aparentemente não afetou a rotina.

Não há bloqueios, mas o terminal está cheio por causa da quantidade de voos na manhã desta quinta-feira. Os passageiros enfrentam filas nos guichês. Segundo informações de funcionários da Infraero, todos os voos previstos até as 7h45m saíram normalmente.

Os trabalhadores lutam por melhores condições e a assinatura da convenção coletiva. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte Aéreo do Município do Rio, José de Andrade Cruz, a categoria quer que as empresas aceitem a convenção coletiva de trabalho proposta pelo sindicato, entre os direitos que ela propões, segundo Cruz, é um abono Copa.

De acordo com ele, a categoria quer um salário a mais pelo trabalho que será realizado no período. — Só o Rio terá um aumento de quase 2 mil voos. O trabalho aumentou e nosso efetivo tem diminuído. Não queremos atrapalhar o público. Garantimos o efetivo de 80% no serviço das empresas auxiliares e 70% para as regulares. Os aeroportos estão funcionando sem problemas — garantiu Cruz.

Fonte: O Globo 

Brasil e seus governantes - sempre nos lembram palhaços; Da euforia quando a Fifa confirmou o Mundial no país, aos protestos e às obras inacabadas

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Mundial no Brasil: E se passaram sete anos de atrasos e críticas de 2007 a 2014


“A bola está na cancha brasileira”. Era quinta-feira, dia 28 de setembro de 2006, quando o então presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto um animado Joseph Blatter, presidente da Fifa. A regra de Blatter era clara: 

o Brasil só não faria a Copa do Mundo de 2014 se não quisesse. Único candidato a sediar o ainda distante Mundial, o Brasil de Lula - que seria reeleito um mês depois, com 60,57% dos votos válidos [sempre deve ser destacado que 60,57% dos votos válidos NÃO representa a metade dos eleitores; por uma alquimia do TSE os votos NULOS, em BRANCO e as ABSTENÇÕES NÃO SÃO CONSIDERADAS. 


Se somarmos os votos dados ao adversário do Ignorantácio Lula da Silva naquele segundo turno as VOTOS NULOS, em BRANCO e as ABSTENÇÕES o resultado representará MAIS de 50% do TOTAL DE ELEITORES.


Convenhamos que quem vota NULO, em BRANCO ou se ABSTÉM não está votando em nenhum dos candidatos, portanto, não votou, naquela eleição, $talinácio Lula.] derrotando em segundo turno o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin - era festejado no exterior, a economia ia bem e o escândalo do mensalão passava longe do presidente. 



NA COPA DAS CONFEDERAÇÕES, DILMA E BLATTER VAIADOS


 

 Joseph Blater e Dilma Roussef na abertura da Copa das Confederações, quando foram vaiados no estádio Mané Garrincha - Ivo Gonzalez/15-06-2013 / Agência O Globo


Temendo novas vaias a cérebro baldio optou por pronunciamento em rede nacional de Rádio e TV - no qual cometeu as asneiras habituais - e hoje irá ao Itaquerão apenas para declarar aberta a Copa da Petralhada

Na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, a presidente Dilma passou pelo constrangimento de ser vaiada três vezes por milhares de torcedores. Ela estava ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que também foi vaiado. A primeira manifestação da torcida veio antes do início do jogo Brasil x Japão, quando foi anunciada a presença da petista.



“Ora, eu cansei de ir estádio para ver o Corinthians jogar. Nunca tivemos problemas em andar a pé. Anda a pé, vai descalço, vai de bicicleta, de jumento, de qualquer coisa. A gente está preocupado (sic) em ter metrô para ir até dentro do estádio? Mas que babaquice é essa?”. Lula, em maio de 2014, 

reagindo, em seu estilo, às críticas gerais ao atraso nas obras prometidas pelo governo para a Copa.



Um ano depois, surfando na onda de otimismo, veio a confirmação em Zurique, na Suíça: a Copa voltava a ser no Brasil, 64 anos depois. No discurso de agradecimento, o presidente prometeu: "Vocês verão a capacidade que teremos de construir bons estádios", "o Brasil saberá fazer a sua lição de casa".


Passada a euforia, era hora de trabalhar. E os problemas começaram a aparecer. Em 2010, com três anos de atraso, o governo lançou a Matriz de Responsabilidade da Copa. No cardápio, 12 estádios e 81 obras de infraestrutura e mobilidade urbana nas cidades-sede, que seriam o "grande legado" para o povo brasileiro. Mas as execuções passaram longe do gol. 


Do total previsto, 22 obras foram retiradas do planejamento nos anos seguintes. Mesmo com parte das obras inacabada, o custo da Copa das Copas já é o maior da História dos Mundiais: R$ 25,5 bilhões. 


Na construção dos estádios, foram contabilizadas nove mortes de funcionários. No rol das promessas não cumpridas, há ainda o trem-bala, que ligará o Rio a São Paulo. A garantia de que ele estaria pronto foi dada pela própria Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil de Lula.

A obra não foi sequer licitada, mas já custará pelo menos R$ 1 bilhão até o fim deste ano. Houve atrasos também na entrega dos estádios - apenas a Arena Castelão, em Fortaleza, e a Arena Pantanal, em Cuiabá, foram entregues no prazo estipulado pela Fifa -, dos aeroportos e das obras de mobilidade. 



Em junho de 2013, o país foi surpreendido por uma onda de protestos que demonstrou um mau humor generalizado - do qual o Mundial virou alvo, marcado pelo mote "Não vai ter Copa".  

Os dirigentes da Fifa, antes animados, começaram a criticar o Brasil e a temer a violência das manifestações. A prévia veio com a vaia a Dilma no Mané Garrincha, em Brasília, na abertura da Copa das Confederações. Às vésperas da abertura do Mundial, Dilma foi à TV: “Estamos prontos”. Vai ter Copa.

MUITOS RISOS NA SUÍÇA APÓS A ESCOLHA DO BRASIL
Em outubro de 2007, a Fifa de Joseph Blatter anunciou que o Brasil era o escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014. Os ventos sopravam a favor do então presidente Lula, que começava seu segundo mandato e levou para Zurique, na Suíça, uma grande delegação de políticos, ex-atletas e personalidades brasileiras. Mas o Brasil era o único país inscrito para receber o Mundial.


 
“Vocês verão no Brasil a capacidade que teremos de construir bons estádios. Estejam certos de que o Brasil saberá, orgulhosamente, fazer a sua lição de casa, realizar uma Copa para argentino nenhum colocar defeito”. Lula, em 30 de outubro de 2007. 



Em Zurique, diante de políticos, ex-jogadores e personalidades, no anúncio do Brasil como sede da Copa. Em 2010, com os atrasos nos preparativos, o então presidente ainda afirmou: “Se o Brasil não tiver condições, garanto que volto da África a nado”.

De 2007, quando o Brasil foi escolhido para sediar o Mundial, até 2010, pouco foi feito em termos de obras de infraestrutura nas 12 cidades-sede. Quase três anos depois do anúncio, começaram as obras em estádios e aeroportos, já com o prazo apertado. O aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, conseguiu cumprir o prazo e inaugurou o terminal 3 a tempo do início dos jogos.



“As coisas não estão funcionando. Muitas coisas estão atrasadas. O Brasil merece um chute no traseiro”. Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, em março de 2012. 


A mais de dois anos da Copa, o dirigente da Fifa perdeu a paciência depois de fazer muitas cobranças de maior celeridade nas obras de construção dos estádios e não ser ouvido. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se queixou do tom da crítica, e Valcke acabou se desculpando. Mas as obras se mantiveram no passo de tartaruga, e as críticas continuaram.  


[Aldo Rebelo o campeão em recomendações bobas para o sucesso da Copa - uma delas foi garantir que nada ocorreria com os turistas, desde que: evitassem sair as ruas, evitassem carregar dinheiro e objetos de valor, evitassem locais onde estivesse ocorrendo manifestações, evitassem andar em favelas pacificadas e outras mais que somadas = não vão assistir aos jogos da Copa, permaneçam enclausurados nos hotéis e estarão seguros.]


Em junho de 2013, milhares de pessoas foram às ruas de todo o país. As pautas eram as mais variadas: contra o aumento da passagem, a favor de mais dinheiro para saúde e educação, e contra a Fifa e a Copa. O clima de euforia deu lugar à má vontade generalizada com as enormes quantias gastas no evento, e os dirigentes da Fifa passaram a criticar - e temer - a realização do Mundial.


“O Brasil acabou de se dar conta de que começou tarde demais. É o país com mais atrasos desde que estou na Fifa, e foi o que teve mais tempo, sete anos, para se preparar”. Joseph Blatter, presidente da Fifa, 

em janeiro deste ano Blatter fez sua crítica mais incisiva aos atrasos do Brasil na construção dos estádios e nas obras de mobilidade prometidas para a Copa do Mundo. Um tom bem diferente da animação demonstrada pelo cartola em 2007, quando afirmou: “O país que produziu os melhores jogadores do planeta, que tem cinco títulos mundiais, terá o direito, mas também a responsabilidade, de sediar a Copa em 2014”.



Em novembro do ano passado, um acidente no estádio do Itaquerão, em São Paulo, matou dois operários que trabalhavam na obra. A cobertura do estádio desabou de um guindaste e também destruiu parte da arquibancada. Em março deste ano, outro funcionário morreu. O acidente foi causado por um cabo de aço de comprimento insuficiente. Houve mortes em outros estádios.


“As obras que não ficarem prontas para a Copa ficarão prontas em agosto, setembro. E daí? Qual é o problema?”. Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, em 3 de junho

 Numa tentativa de minimizar o fato de obras prometidas na Matriz de Responsabilidade da Copa não terem sido concluídas para o Mundial. Algumas semanas antes, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, desabafou


“Nunca na sua vida faça uma Copa e uma Olimpíada ao mesmo tempo. Isso fará a sua vida praticamente impossível”.

DEPOIS DE INAUGURADAS, OBRAS VOLTAM A DAR PROBLEMAS


Trabalhadores puxam água que se acumulou no saguão do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, após forte chuva - Carlos Vieira/03-06-2014 / Agência O Globo


Foi cogitado improvisar uma cobertura usando 'escudos' da Tropa de Choque da PMDF, alinhados um ao outro. Mas, prevaleceu utilizar o know-how dos 'movimentos sociais', entre os quais a quadrilha do MST, coordenados pelo 'gilbertinho'

Com as obras, o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, ganhou novas áreas que já estão em funcionamento. A nove dias do início da Copa, porém, uma forte chuva expôs a precariedade da nova estrutura. No saguão, formaram-se bolsões d’água no teto, e parte da área foi inundada. Houve problemas em obras de outros aeroportos.



“O Brasil venceu os principais obstáculos rumo à Copa. (...) Os pessimistas diziam que não teríamos Copa porque não teríamos estádios. Os estádios estão aí, prontos. Diziam que não teríamos Copa porque não teríamos aeroportos. Praticamente, dobramos a capacidade dos nossos aeroportos”. Dilma Rousseff, a dois dias da Copa, esquecendo que parte das obras está inacabada.